- Cameron Diaz -
- 14 -
NOIVA
Nara se
assustou com a pergunta feita e gritou mesmo baixo como se estivesse em um
sonho e acordou tão de repente:
Nara;
--- Ô pai!
Conversa? – declarou desapontada a moça.
Dona Ceci
reprovou a seu modo a questão de Sisenando;
Ceci:
--- Isso é
pergunta que se faça? – vez ver a mulher olhando brava para o marido.
E Sisenando
respondeu de volta como se nada houvesse.
Sisenando:
--- Ora! O que
é que tem? Ele não tem noiva? – perguntou o velho a mastigar galinha.
Euripedes:
--- Não tenho
noiva. E nem namoro. Estou livre nesse tal sentido! – falou o rapaz a olhar
para Nara.
Sisenando.
--- Ah bom.
Está explicado. Não namora. – falou o velho destroçando uma colcha de galinha.
Ceci:
--- Ele podia
dizer muito bem que a noiva estava viajando! Que besteira! Homem mais besta!
Sai daí, sua besta! – reprovou a mulher e se levantou da cadeira posta à mesa.
Euripedes
então sorriu e continuou a comer e a olhar com risos para a sua amiga Nara.
Esse quase morria de raiva do seu pai. Trincava os dentes e nem queria saber de
conversa. Então o jovem buscou saída para distrair a moça. Ele informou para
ver no que ponto ter no domingo de ir à praia, logo cedo da manhã, negocio de 9
horas. E indagou da moça se estava disposta para lhe fazer companhia. A moça
freou em seu pensamento e ficou a meditar:
Nara:
--- Tenho um
filho! – respondeu a moça sem dizer “não”.
Euripedes:
--- Que tem a
ver? Leva o pequeno também. - declarou o rapaz como a seduzir a moça.
No domingo
pela manhã logo cedo o carro de Euripedes estava estacionado na frente da casa
de Nara. O sol espraiava por toda a cidade. Gente vinda da Santa Missa na
Catedral. Algumas conversavam. Outras apenas caminhavam. O garoto do jornal
jogava um exemplar para dentro de uma casa de gente rica. O homem do munguzá
caminha sem pressa a oferecer a comida sempre quente:
Homem;
--- Tem
côco! Tá quente! – recitava o homem com
a cabeça abaixada.
Nos seus
ombros o peso do galão com duas latas do quente munguzá. Em outra parte da rua
o vendedor de caranguejos caminhava e oferecia:
Vendedor;
---
Caranguejo! Olha o caranguejo! Cada corda tem vinte! – falava o vendedor com
suas cordas de caranguejos.
Nesse passo de
coisas estava dona Ceci. Ela chegou a sua casa e se despediu de outra mulher
com um adeus. A mulher seguiu em frente dizendo qualquer coisa onde ninguém
entendia. Ao acertar a porta se topou com o marido. Esse começava a sair e lhe
declarou apenas ir comprar os jornais do dia. Nara veio ao encontro da sua mãe.
O menino estava em seu colo. Nara conversou com sua mãe a declarar ser o rapaz
já presente. A mulher com seu corpo gordo de certo modo observou o rapaz. Esse
estava ao piano. Tão entretido estava Euripedes a não dar conta de dona Ceci.
Somente quando a mulher se acercou do piano ele sorriu e falou.
Euripedes:
--- Dona Ceci!
– e se levantou do banquinho onde estava a sentar.
A mulher olhou
para o piano e sorriu para Euripedes a declarar com emoção.
Ceci.
--- O senhor
toca magistralmente. Um gênio! – disse a mulher. Logo após se ausentou.
Euripedes
sorriu e olhou para Nara. Essa fez uma menção de agradecimento e foi atrás de
sua mãe levando o menino. O rapaz tocava a peça Nutcracker, de Tchaikovsky, obra difícil de arranjar e tocar ao
piano. Em seguida o rapaz continuou com
outras melodias. Ele nem sentia o tempo correr com sua maestria em tocar apenas
de ouvido todas as peças.
Ao paço de
algum tempo o rapaz notou a presença da jovem Nara junto ao piano de forma
encurvada, com a mão de queixo, ouvindo a melodia de Tchaikovsky – Concerto Número Um – o qual Euripedes
caminhava a tocar. Ela, embevecia, observava terna como um moço tão sem a maior
importância dava-se ao jeito de tocar piano igual a ele. Música dolente como a
tal e o rapaz sem ver o que fazia dos acordes uma maestria sem par. Uma lágrima
correu a sua face e de pronta emoção nem sentiu de verdade. O vento morno da
manhã dava à moça um sentido de placidez onde as folhas do roseiral não
brotavam além do poder. Ela delirava ao som eterno do piano evocando o simples
desejo de estar a sentir o doce afago da venturosa emoção. Desvarios encantos
da afetuosa e eterna juventude. Ao chegar ao fim do maravilhoso ensaio
Eurípedes perguntou:
Eurípedes:
--- Vai mesmo?
– a indagou a sorrir.
Nara:
--- Incrível.
Não sei como tu podes pensar em outra coisa! – relatou a moça a verter
lágrimas.
Euripedes:
--- É apenas
um piano! – disse ele a sorrir.
A jovem moça
olhou com tristeza a peça tão bela a qual alguém chamara do “meu mundo”.
Às nove horas
ou pouco mais os dois amigos – Nara e Euripedes – estavam na praia do Meio, a
principal praia de Natal. O rapaz levou um guarda sol para armar e evitar tomar
banho de sol durante o dia. Ele ainda levou toalhas e uma cesta com frutas.
Nara não levou o seu filho Neto por causa do sol ardente. O menino ficou aos
cuidados da sua avó Ceci, pois era muito mais quieto se ficar em casa, pelo
menos para uma criança de braço. A praia estava se enchendo de gente. A maior
parte, gente da Cidade. Pescadores
arrastavam a rede de peixe com cuidado, numa mansidão incrível. Eram dez homens
de cada lado da rede de pesca. E a meninada a recolher alguns peixes miúdos
para levar à casa onde suas mães os esperavam. Outros garotos brincavam
distraídos dos afazeres dos seus pais. Carros, muito poucos, estavam a
estacionar na parte de cima da praia. Os pescadores faziam o arrastão mais a
frente, em outro lugar da praia, um ponto da imensidão do mar. O vendedor de
sorvete passou oferecendo o seu conteúdo. Uma mulher bem gorda mergulhou nas
águas do mar como se ali estivesse em casa. O vento do oceano soprava sem
trégua. Os soldados da PM na Delegacia da Praia estavam a olhar os banhistas
como se tudo fosse natural. O garotinho acabara de fazer seu serviço por detrás
de uma pedra negra e saiu correndo em busca de sua mãe. A mulher advertiu o
garoto com um sinal com o dedo como se dissesse:
Mãe;
--- Você não
vem mais para a praia, ouviu? – admoestou a mãe com severidade.
E a manhã
corria solta. Com um tempo a mais Euripedes convidou Nara a beber algo. A
bebida, em sua maior parte laranjada, estava acondicionada em um saco com
pedrinhas de gelo. O rapaz pôs dessa forma para não esquentar. Além da bebida
tinha os pasteis e empadas, quase sempre feitas com carne de camarão. Ele
ofereceu a Nara e essa aceitou com um leve sorriso na face. Nara tinha o desejo
de ouvir algo. Porém o rapaz nada se referia ao pensar da moça. Foi então ela
tocar no assunto:
Nara;
--- Você nunca
teve uma namorada? – perguntou a moça deitada em cima de uma toalha estirada no
chão.
Eurípedes:
--- Para não
menti, eu tive duas. Uma no tempo do Grupo Escolar. Eu apenas a olhava. E tinha
como sendo minha namorada. Às vezes eu saia da classe com ela. E nada mais. A
segunda foi um caso mais sério. Nós estávamos comprometidos. Mas veio a sorte e
me tirou Amanda. Febre tifo. Ela morreu. Desde esse tempo vivo a vagar. Às
vezes eu recordo Amanda e, de repente, procuro esquecer. Eis a verdade. Nunca
mais arranjei outra “pequena”. – falou o rapaz com muita sinceridade.
Com isso Nara
ficou a meditar como uma pessoa de calibre tão bom, passa por adversidades e
talvez remorso, cuidando a procurar ter por toda a sua vida. Imagens surgem na
memoria da moça e assim Nara fica a relembrar um tempo, não muito longo, por
que passou certa vez em sua vida. Um rapaz a convidou para uma festa. E ela
acedeu em ir para a alegria do rapaz. O rapaz ficou feliz em Nara ir à festa.
Em lá chegando o ambiente era tão diferente do pensado por ela. Não teve maior
preocupação em entrar na festa, pois o rapaz a convidou com insistência sem
contar para tal em brotar leve sorriso. Por isso Nara adentrou. Mas seu
instinto lembrava não ter a certeza de se colocar à mostra. Mesmo assim, entre
os celebrantes pela tal festa, tudo era natural. Por isso Nara não temeu de
ficar à celebração. Então, após algum
tempo, o rapaz a chamou para um quarto úmido e escuro onde os dois ficaram ao
leu. Foi então ter Nara descoberto a
cena por ela enfeitiçada.
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