segunda-feira, 18 de março de 2013

"NARA" - 22 -

- KIKO PEGORARO -
- 22 -
VIOLINO
Naquele momento Nara se lembrou de qualquer coisa. Uma: foi a de perguntar se a irmã de Eurípedes sabia tocar algum outro instrumento, fora o piano. O rapaz estava entretido por mais uma vez em rebuscar a ideia a procura de uma melodia mais ou menos antiga e ouviu o acerto de Nara, porém não entendeu muito bem. E a moça perguntou por mais uma vez se Rócia tinha algum outro órgão que lhe fizesse tanto afeto. Nesse instante Eurípedes atentou para a questão e relatou:
Eurípedes:
--- Violino. Ela sempre toca violino. – respondeu o rapaz enquanto percorria o teclado.
Nara:
--- Violino?! Você tem ciência que toca violino? – indagou perplexa a moça.
Entre uma resposta e outra da conversa ele sempre a dedilhar o piano e sem tirar a vista do teclado respondeu;
Eurípedes:
--- Sim. Na escola ensinam toda sorte de instrumento. O aluno é quem escolhe o que dá certo com ele. Ela escolheu o piano, mas toca violino. – argumentou o rapaz pesquisando as notas.
Nara;
--- Você não está percebendo o que eu falo. Droga! – respondeu a moça com a boca trombuda.
Em dado instante um rapaz bateu à porta da casa de Nara e ela se deslocou até o ponto. O rapaz era uma espécie de enfermeiro ou ajudante de enfermeiro. Ele estava com pressa. E foi somente Nara chegar à porta e o rapaz indagar com o máximo vexame:
Moço:
--- O doutor Eurípedes está? – perguntou o moço muito vexado.
Nara:
--- Sim. Um momento. Eu vou chamá-lo. - responde Nara.
E caminhou para encontrar Eurípedes quando esse estava entretido ao piano. Mesmo assim de qualquer modo, Nara chamou Eurípedes e logo foi dizendo ter um moço aparentemente do hospital a chamá-lo. Eurípedes reclamou qualquer coisa e voltou para Nara. E perguntou;
Eurípedes.
--- Que ele quer? – indagou o médico sem saber mais que notas faltavam.
Nara:
--- Não perguntei. Vi apenas que era alguém da enfermaria do hospital. – relatou sem mais conversa.
Euripedes:
--- Droga! – e se levantou da cadeira de veludo e rumou sem presa para a porta da casa.
Ao chegar à porta percebeu Eurípedes se tratar de um auxiliar de enfermagem do Hospital “Miguel Couto”. Por isso, já admitindo ser um caso grave, o médico indagou qual seria o fato. O auxiliar, vindo em uma ambulância disse apenas ter o mar avançado na praia e atingindo várias casas de pescadores e gente nobre. A direção do hospital estava chamando todos os médicos com a máxima urgência para prestar auxilio às vitimas do mar revolto. Foi algo de impressionar. O oceano atingiu uma altura de cinco metros arrastando todas as casas em sua margem. Foi o que pode dizer o auxiliar já estando a morrer de pavor.
Eurípedes:
--- Como você adivinhou que eu estava aqui? -  indagou abusado o médico.
Moço;
--- Eu estive na casa do senhor e uma moça me informou. – disse o rapaz com toda pressa.
Eurípedes:
--- Espere um pouco! Ou melhor! Pode ir que eu sigo em meu veículo! – respondeu meio sem graça o médico.
Não foi nem preciso dizer a Nara e dona Ceci, pois essas estavam próximo à entrada da casa e ouviram muito bem o estado de calamidade pública a qual se abatia na parte da orla marítima da cidade. E Eurípedes observou a moça e fez um gesto de apenas suspender os ombros. Ele se despediu das pessoas e foi a dizer ter naquele momento o sacrifício de sua semana.
Eurípedes:
--- Se houve o que estou a imaginar, vai ser osso duro de roer! – relatou o rapaz e de imediato se despediu de todos.
Quando o veículo de Euripedes se deslocava para o hospital, o seu motorista ouviu a sirene de um carro de bombeiro a passar com toda urgência percorrendo a Avenida Rio Branco e ingressando na Rua João Pessoa com a máxima pressa. E Eurípedes percorreu o caminho no mesmo sentido do carro de bombeiros. Na  sua mente ele recitava ter sido um volume de água sem precedentes, pois assim era chamado com a máxima urgência o Pronto Socorro. Para o médico era melhor se destinar ao hospital. Então em seu serviço tomaria instruções de o que poderia ser feito. Com muita urgência Eurípedes nem chegou a notar a falta de luz elétrica na posteação da Rua Nilo Peçanha por onde ele prosseguia até o ponto de estacionar em frente ao Hospital. Gente muita em frente aquela casa de saúde, umas chorando, outras em desmaio sem contar com o número de gente vinda das encostas do morro da Rua do Motor, logo abaixo do Hospital, pelo lado esquerdo de quem vem. Parecia um mercado público o movimento de pessoas àquela hora ainda cedo da noite. Outro de Bombeiros seguia as pressas a entrar da Avenida Atlântica formando uma zoada infernal com outros veículos vindo ou indo e as misteriosas ambulâncias a chegar à entrada da casa de saúde com seu contingente de gente ferida ou em desmaio. Tudo isso o médico percebeu no instante em que estacionou o seu carro e entrar no Hospital “Miguel Couto”.
No local onde houve o estrondoso maremoto o pessoal era uma verdadeira confusão para se entender com certa dificuldade. O terrível holocausto aconteceu em um verdadeiro instante de maneira surpreendente. Um repórter estava presente aquele cenário de angustia e dor. Choros e lamentos eram ouvidos por todos os lados. O Padre do lugarejo conseguiu chegar de forma apressada em meio aos homens da saúde e as equipes de socorro. Veículos do Exercito e da Aeronáutica se fazia presente em derradeiro instante com o auxilio da Polícia Militar. Homens desses efetivos corriam para todos os lados a movimentar os restos de casebres tragados pela onda imensa do mar. Após muitas perguntas, o repórter conseguiu apurar de uma garota dos seus 15 anos o que na verdade ocorreu. Com muito vexame, a garota fez saber ao repórter ter o mar secado cerca de cem metros e de poder se locomover somente a pé. Ela acrescentou ter visto tudo do alto da colina onde estava. De repente, o mar encheu e uma onda gigantesca veio como se fosse um espanto e tragou as casas simples ao redor da praia de Areia Preta.
Garota:
--- Era um monstro! Era um monstro meu senhor! Um monstro! – dizia a pequena moça de forma alarmante.
Repórter:
--- E o pessoal? Como escapou? – indagou o repórter quase alarmado.
Garota;
--- Ninguém escapou! Ninguém! Todos foram tragados pela imensa e infernal onda de mais de cinco metros de tamanho! Ninguém! Mas ninguém mesmo! – relatou a moça a chorar e a clamar a Deus pelas almas das pobres criaturas.
O pessoal da Aeronáutica procurava informações de um avião transporte caído naquela praia há algum tempo. Com a queda da aeronave se salvou a tripulação e nada mais. Nesse instante o avião de carga pode ser visto caído há alguns metros da beira mar. O Exército fazia apenas o bloqueio da faixa onde ainda moravam poucas pessoas. A praia de Areia Preta era um sossegado recanto onde havia pescaria por jangadas. Tais jangadas foram tragadas pelo mar mesmo estando em uma encosta do morro ainda existente após a estrada de areia por onde transitavam os burros de carga com areia e barro. A praia tinha outra subida bem ampla de cerca de trinta metros. O mar revolto tragou as moradias em baixo onde havia o comércio de bebidas e de alimentos para os pescadores e suas famílias. Poucas casas de alvenaria havia ao longo da Rua Sem Nome e quem morava nessas casas diziam apenas residir de Areia Preta. O desastre sem precedentes tomou conta da noite e madrugada inteiras com os técnicos de engenharia e operários a rebuscar os escombros dos casebres vendo se existia alguma vítima. O mar carrancudo avançou cerca de cinco metros por ampla imensidão, atingindo casas da Rua do Motor, Redinha e por extensão o rio Potengi destruindo moradias de palafitas armadas à beira do rio. Nesse trecho, a onda foi menor, mas conseguiu atrair o Canto do Mangue e parte de arrabalde das Rocas em sua parte mais baixa. Os moradores das Rocas tiveram tempo de sair de suas habitações  e busca de lugares mais seguros no alto da cercania. O mesmo não ocorreu com a Redinha onde os moradores tiveram tempo apenas de recolher a roupa do couro. A notícia do maremoto se espalhou de repente por toda a cidade com muito temor. Ninguém sabia ao certo a informar o acontecido.
Alguém:
--- Foi uma avalanche? – indagou a mulher sem saber ao certo.
Outro:
--- Parece que derrubaram o mar. – respondia outro com bastante cisma.
Terceiro:
--- Onde foi essa coisa? –

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