segunda-feira, 11 de março de 2013

"NARA" - 15 -

- Scarlett Johansson
- 15 -
RECUSA
De imediato, Nara notou a má intenção do belo rapaz e a folia era tão somente uma “festa privada” onde os convidados faziam de tudo. Nara saiu da folia e foi para longe a procura de alguém o qual pudesse lhe conduzir a cidade. Ela jamais contou essa história a outrem, e mesmo assim jamais se encontrou como tal “namorado”. Por ouvir dizer tempos após, a festa desse dia teve de tudo com a turma usando a mescalina (botão de mescal) extraída de um cacto. O “mescal era um novo paraíso artificial” e seus efeitos na mente humana duravam dias seguidos.  Na praia do Meio Nara se lembrou do tal caso, porém nada revelou a Eurípedes. Aquilo ficou como um segredo para sempre com a moça.
O sol já estava esquentado por demais e um grito se ouviu na praia.
Pessoa:
--- A mulher está se afogando!!! – disse assustado um rapaz.
Diante de tal informe a beira da praia se encheu de gente assustada como de imediato. Entre outras pessoas a acudir a mulher um tanto gorda estava igualmente Eurípedes. De imediato o rapaz mergulhou na água do oceano e a braçadas longas chegou de imediato para acudir a senhora. Foi sacrifício incrível, pois a mulher tinha mergulhado na região mais profunda da praia e ele ouviu alguém alarmado falar ter ali um “caldeirão” e, se a gorda mulher não resistisse por mais tempo morreria certamente. Eram quatro homens a socorrer a afogada. Na sua saída para o mar, Eurípedes nem notou a sua amiga a gritar:
Nara:
--- Cuidado! – disse a moça ao desespero.
O povo na beira da praia custava a creditar de nobre empreitada tivesse o grupo salvar aquela mulher gorducha de querer se afogar. Os quatro homens navegaram com a mulher até a beira da praia e, de imediato, Eurípedes procurou esvaziar os seus pulmões. O caso era promover o cérebro e pulmões de oxigênio. A mulher tinha vida, e por tal, o médico passou a inflar os pulmões e o coração com massagens a duas mãos. O  médico colocou a mulher de bruços para cima e passou a forçar a senhora a pôr para fora o conteúdo da água tragada durante o tempo em que estava a se afogar. Foram gastos alguns minutos até a senhora começar a verter todo o líquido. Quando isso se deu, Eurípedes se aquietou, pois sabia da mulher ter se  recuperado. Toda a água tragada pela vítima estava em seu estômago e não dos pulmões. Após esse trauma o médico procurou acalmar a vítima, fazendo-a repousar e a trocar-lhe as roupas pondo trajes secos guardados na cesta do médico. Então Eurípedes pediu à sua amiga Nara um pouco de café ou bebidas para a mulher. Enquanto isso a mulher foi posta em decúbito dorsal.
Os curiosos foram afastados da cena e dois soldados acudiram de imediato saindo do seu posto de vigia para o local onde Eurípedes colocou a gorda mulher salvando de se afogar. Os três outros companheiros de serviço permaneceram em pé, no mesmo local confabulando sobre a sorte da mulher naquela manhã de domingo. De repente chegaram mais três pessoas: duas moças e um garoto. E a mais velha indagou quem salvou a sua mãe. Três ficaram calados e depois de certo tempo um falou:
Salvador:
--- Fomos nós. Ela estava se afogando perto de um “caldeirão”. – relatou o rapaz.
A segunda filha mais o garoto se aproximaram de sua mãe para acolher a mulher. Nesse ponto o médico os advertiu.
Eurípedes:
--- Não toque na doente. É melhor logo chamar uma ambulância no Hospital. A mulher está amortecida. – falou o doutor aos dois irmãos.
Moça:
--- Onde é que eu chamo? – indagou perplexa a moça.
O médico olhou para os soldados e fez menção para eles poderem ajudar a mulher ainda pondo água para fora. E nesse momento pediu um papel e um lápis a algum dos soldados e este prontamente entregou o lápis e uma folha de caderno trazido em um dos bolsos da farda. O médico escreveu algo e devolveu o papel e lápis ao soldado entregando do bilhete à moça, filha da mulher gorda. E falou:
Eurípedes:
--- Leve esse bilhete com a mulher. Procure entregar a um enfermeiro no Hospital. – destacou o rapaz.
Moça:
--- O senhor é medico? – indagou surpresa a moça.
Eurípedes sorriu e sua amiga, Nara, respondeu em troca para a menina se aquietar:
Nara;
--- É médico. Faça o que ele determina! – falou sem graça a moça.
A moça olhou depressa para Nara e sem entender ainda declarou:
Moça:
--- Tão moço! – falou como a desacreditar a jovem.
E juntaram-se os três rapazes e mais uma das outras filhas da mulher e, com a carga pesada nos braços conduziram a mulher até a delegacia onde já estava a primeira moça a telefonar para o Hospital. No local, Nara sentiu-se orgulhosa pelo desempenho do seu querido amigo. Além de saber tocar piano ele também era capaz de salvar vidas. Eurípedes ainda estava a olhar para a delegacia e dessa vez Nara foi quem falou:
Nara;
--- E a camisa?- indagou não querendo sorrir a moça.
Euripedes continuava distraído não prestando atenção ao falar de Nara. Levou ainda alguns segundos para ele olhar Nara e sorriu a dizer:
Eurípedes:
--- Estou de camiseta. – sorriu o rapaz.
Nara:
--- E de calção! – falou a moça a sorrir.
Eurípedes olhou as suas pernas brancas e sorriu também. Três prostitutas desciam à praia a conversar o ganho de cada uma na noite quando estavam elas no bar da 15. Esse era como se chamava a Rua 15 de Novembro o paraíso das damas da noite. As três mulheres “da vida” passaram a sorrir quase batendo no rapaz. Uma delas olhou ainda para o médico e fez um leve sorriso. Eurípedes se lembrou do Rio de Janeiro nas noites dos fins de semana. Ele apenas lembrou-se das moças. Elas entoavam cantigas para os nobres garotos. Esses tocavam piano, batiam violão, tamborins e outros instrumentos. Eurípedes convidou Nara a tomar um banho e os dois foram para o mar já enchendo. Os garotos eram repreendidos por suas mães de modo autoritário. As mocinhas mergulhavam mais ao fundo na praia enchendo. Pescadores tinham  desaparecidos, com certeza com bom lucro no seu arrastão. Dois homens ébrios eram uma novidade na praia.
Mãe:
--- Cachaceiros! – dizia uma mulher com repugnância.
Um navio passava ao longe. Aparentava ser cargueiro, pois um Ita teria ancorado no Cais do Porto. Talvez fosse um Lloyd, por certo. Tais navios formavam a Companhia de Navegação Lloyd Brasileiro, estatal ou paraestatal fundada em 1894 após a proclamação da República. Era natural aportar um navio do Lloyd em Natal. Alguns passavam dias e mais dias descarregando mercadorias. Havia um detalhe nesse, porém. Pessoas podiam enviar telegramas ou correspondências via marítima por essas embarcações. A questão era a incrível demora em se receber tal correspondência. A mala postal chegava a um tempo de seis meses. E se fosse telegrama avisando a “passagem” de um parente, esse, podia-se acreditar: já teria renascido. Se fosse de um casamento, a noiva já estaria com a barriga pela boca.
Curioso:
--- E o bebê nasceu? – indagava a sorrir um curioso da família.  
Após algum tempo, com os amigos brincando na praia a sacudir água um no outro, como se fazia constantemente tal fato, os dois resolveram voltar. Já quase onze horas, sol quente, maré cheia, pescadores a bebericar numa bodega existente entre as casas de taipa dos moradores, Eurípedes pegou o seu carro, um conversível cor vermelha e chamou Nara rumando em seguida para a residência da moça. A cidade estava tranquila. Apenas o bonde de Petrópolis trafegava a subir a ladeira do Hospital. Ao passar pelo Hospital, Nara teve a curiosidade de olhar e indagar do rapaz se era naquele trecho que ele estava a trabalhar.
Eurípedes:
--- Sim. Em baixo. Em cima. O Hospital é extenso. Equipe de enfermagem e auxiliares. É um mundo. – sorriu o rapaz.
Nara:
--- Não raro eu penso em ser enfermeira. Até eu vi um filme sobre uma enfermeira prestando socorro aos enfermos da guerra. – falou a moça em devaneio.
Eurípedes:
--- É bom negócio. Apesar de existir homens ajudantes de médicos. Um dia, talvez se acabe com esse tipo de ajuda. –falou o médico a sorrir.

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