- Scarlett Johansson
- 15 -
RECUSA
De imediato,
Nara notou a má intenção do belo rapaz e a folia era tão somente uma “festa
privada” onde os convidados faziam de tudo. Nara saiu da folia e foi para longe
a procura de alguém o qual pudesse lhe conduzir a cidade. Ela jamais contou
essa história a outrem, e mesmo assim jamais se encontrou como tal “namorado”.
Por ouvir dizer tempos após, a festa desse dia teve de tudo com a turma usando
a mescalina (botão de mescal) extraída de um cacto. O “mescal era um novo
paraíso artificial” e seus efeitos na mente humana duravam dias seguidos. Na praia do Meio Nara se lembrou do tal caso,
porém nada revelou a Eurípedes. Aquilo ficou como um segredo para sempre com a
moça.
O sol já
estava esquentado por demais e um grito se ouviu na praia.
Pessoa:
--- A mulher
está se afogando!!! – disse assustado um rapaz.
Diante de tal
informe a beira da praia se encheu de gente assustada como de imediato. Entre
outras pessoas a acudir a mulher um tanto gorda estava igualmente Eurípedes. De
imediato o rapaz mergulhou na água do oceano e a braçadas longas chegou de
imediato para acudir a senhora. Foi sacrifício incrível, pois a mulher tinha
mergulhado na região mais profunda da praia e ele ouviu alguém alarmado falar
ter ali um “caldeirão” e, se a gorda mulher não resistisse por mais tempo
morreria certamente. Eram quatro homens a socorrer a afogada. Na sua saída para
o mar, Eurípedes nem notou a sua amiga a gritar:
Nara:
--- Cuidado! –
disse a moça ao desespero.
O povo na
beira da praia custava a creditar de nobre empreitada tivesse o grupo salvar
aquela mulher gorducha de querer se afogar. Os quatro homens navegaram com a
mulher até a beira da praia e, de imediato, Eurípedes procurou esvaziar os seus
pulmões. O caso era promover o cérebro e pulmões de oxigênio. A mulher tinha
vida, e por tal, o médico passou a inflar os pulmões e o coração com massagens
a duas mãos. O médico colocou a mulher
de bruços para cima e passou a forçar a senhora a pôr para fora o conteúdo da
água tragada durante o tempo em que estava a se afogar. Foram gastos alguns
minutos até a senhora começar a verter todo o líquido. Quando isso se deu,
Eurípedes se aquietou, pois sabia da mulher ter se recuperado. Toda a água tragada pela vítima
estava em seu estômago e não dos pulmões. Após esse trauma o médico procurou
acalmar a vítima, fazendo-a repousar e a trocar-lhe as roupas pondo trajes
secos guardados na cesta do médico. Então Eurípedes pediu à sua amiga Nara um
pouco de café ou bebidas para a mulher. Enquanto isso a mulher foi posta em
decúbito dorsal.
Os curiosos
foram afastados da cena e dois soldados acudiram de imediato saindo do seu
posto de vigia para o local onde Eurípedes colocou a gorda mulher salvando de
se afogar. Os três outros companheiros de serviço permaneceram em pé, no mesmo
local confabulando sobre a sorte da mulher naquela manhã de domingo. De repente
chegaram mais três pessoas: duas moças e um garoto. E a mais velha indagou quem
salvou a sua mãe. Três ficaram calados e depois de certo tempo um falou:
Salvador:
--- Fomos nós.
Ela estava se afogando perto de um “caldeirão”. – relatou o rapaz.
A segunda
filha mais o garoto se aproximaram de sua mãe para acolher a mulher. Nesse
ponto o médico os advertiu.
Eurípedes:
--- Não toque
na doente. É melhor logo chamar uma ambulância no Hospital. A mulher está amortecida.
– falou o doutor aos dois irmãos.
Moça:
--- Onde é que
eu chamo? – indagou perplexa a moça.
O médico olhou
para os soldados e fez menção para eles poderem ajudar a mulher ainda pondo
água para fora. E nesse momento pediu um papel e um lápis a algum dos soldados
e este prontamente entregou o lápis e uma folha de caderno trazido em um dos
bolsos da farda. O médico escreveu algo e devolveu o papel e lápis ao soldado
entregando do bilhete à moça, filha da mulher gorda. E falou:
Eurípedes:
--- Leve esse
bilhete com a mulher. Procure entregar a um enfermeiro no Hospital. – destacou
o rapaz.
Moça:
--- O senhor é
medico? – indagou surpresa a moça.
Eurípedes
sorriu e sua amiga, Nara, respondeu em troca para a menina se aquietar:
Nara;
--- É médico.
Faça o que ele determina! – falou sem graça a moça.
A moça olhou
depressa para Nara e sem entender ainda declarou:
Moça:
--- Tão moço!
– falou como a desacreditar a jovem.
E juntaram-se
os três rapazes e mais uma das outras filhas da mulher e, com a carga pesada
nos braços conduziram a mulher até a delegacia onde já estava a primeira moça a
telefonar para o Hospital. No local, Nara sentiu-se orgulhosa pelo desempenho
do seu querido amigo. Além de saber tocar piano ele também era capaz de salvar
vidas. Eurípedes ainda estava a olhar para a delegacia e dessa vez Nara foi
quem falou:
Nara;
--- E a
camisa?- indagou não querendo sorrir a moça.
Euripedes
continuava distraído não prestando atenção ao falar de Nara. Levou ainda alguns
segundos para ele olhar Nara e sorriu a dizer:
Eurípedes:
--- Estou de
camiseta. – sorriu o rapaz.
Nara:
--- E de
calção! – falou a moça a sorrir.
Eurípedes
olhou as suas pernas brancas e sorriu também. Três prostitutas desciam à praia
a conversar o ganho de cada uma na noite quando estavam elas no bar da 15. Esse
era como se chamava a Rua 15 de Novembro o paraíso das damas da noite. As três
mulheres “da vida” passaram a sorrir quase batendo no rapaz. Uma delas olhou
ainda para o médico e fez um leve sorriso. Eurípedes se lembrou do Rio de
Janeiro nas noites dos fins de semana. Ele apenas lembrou-se das moças. Elas
entoavam cantigas para os nobres garotos. Esses tocavam piano, batiam violão,
tamborins e outros instrumentos. Eurípedes convidou Nara a tomar um banho e os
dois foram para o mar já enchendo. Os garotos eram repreendidos por suas mães
de modo autoritário. As mocinhas mergulhavam mais ao fundo na praia enchendo.
Pescadores tinham desaparecidos, com
certeza com bom lucro no seu arrastão. Dois homens ébrios eram uma novidade na
praia.
Mãe:
---
Cachaceiros! – dizia uma mulher com repugnância.
Um navio
passava ao longe. Aparentava ser cargueiro, pois um Ita teria ancorado no Cais
do Porto. Talvez fosse um Lloyd, por certo. Tais navios formavam a Companhia de
Navegação Lloyd Brasileiro, estatal ou paraestatal fundada em 1894 após a
proclamação da República. Era natural aportar um navio do Lloyd em Natal.
Alguns passavam dias e mais dias descarregando mercadorias. Havia um detalhe
nesse, porém. Pessoas podiam enviar telegramas ou correspondências via marítima
por essas embarcações. A questão era a incrível demora em se receber tal
correspondência. A mala postal chegava a um tempo de seis meses. E se fosse
telegrama avisando a “passagem” de um parente, esse, podia-se acreditar: já
teria renascido. Se fosse de um casamento, a noiva já estaria com a barriga
pela boca.
Curioso:
--- E o bebê
nasceu? – indagava a sorrir um curioso da família.
Após algum
tempo, com os amigos brincando na praia a sacudir água um no outro, como se
fazia constantemente tal fato, os dois resolveram voltar. Já quase onze horas,
sol quente, maré cheia, pescadores a bebericar numa bodega existente entre as
casas de taipa dos moradores, Eurípedes pegou o seu carro, um conversível cor
vermelha e chamou Nara rumando em seguida para a residência da moça. A cidade
estava tranquila. Apenas o bonde de Petrópolis trafegava a subir a ladeira do
Hospital. Ao passar pelo Hospital, Nara teve a curiosidade de olhar e indagar
do rapaz se era naquele trecho que ele estava a trabalhar.
Eurípedes:
--- Sim. Em
baixo. Em cima. O Hospital é extenso. Equipe de enfermagem e auxiliares. É um
mundo. – sorriu o rapaz.
Nara:
--- Não raro
eu penso em ser enfermeira. Até eu vi um filme sobre uma enfermeira prestando
socorro aos enfermos da guerra. – falou a moça em devaneio.
Eurípedes:
--- É bom
negócio. Apesar de existir homens ajudantes de médicos. Um dia, talvez se acabe
com esse tipo de ajuda. –falou o médico a sorrir.
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