- Eva Mendes -
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IRMÃS
Quando
Eurípedes avançava com seu carro a passar pelas imediações do Hospital, um
grupo de freiras seguia a descer a leve ladeira. As Irmãs talvez tivessem ido
do Hospital para a Maternidade, casas de atendimento. A Maternidade ficava
próxima ao Hospital. Nara divisou as Irmãs e falou para Euripedes serem aquelas
as Irmãs, porém não ela sabia quais. Nara teve lembrança de algumas freiras no
bairro do Alecrim sem saber de qual Ordem. Contudo a moça lembrou-se de um
grupo de Irmãs a cuidar dos desamparados e de outras, talvez Clarissas ou coisa assim. Essas Irmãs tomavam conta das
moças “arrependidas”. Sempre mocinhas de pouca idade. As meninas moças eram
sempre vítimas de agressões sexuais por parte de familiares – padrastos ou
namorados. Tais vítimas eram amparadas
pelas Irmãs.
Eurípedes:
--- Essas
Irmãs eram mesmo de amparo às necessitadas? – indagou o homem.
Nara;
--- Não sei ao
certo. As Irmãs viviam em Claustro. Eram elas Reclusas. Mosteiros, por assim
dizer. Dizia-se serem elas as Irmãs dos Pobres. Pelo que eu me lembre, elas
eram chamadas de Ordem de Santa Clara. Por isso a denominação de Irmãs
Clarissas. Santa Clara era quem fundou os Mosteiros em vários países europeus.
– relatou a moça.
Eurípedes:
--- Eu já ouvi
falar nessa Ordem. Pelo que alguém me disse é uma Ordem muito severa. – fez ver
o rapaz.
Nara:
--- Mosteiro!
(arrepiou Nara) – Só o nome? – quis dizer a moça.
Euripedes;
--- Não há
nada demais nisso. Mosteiro é uma habitação de oração e trabalho para monges e
monjas. O Mosteiro é chamado também de
Abadia, priorado, convento. As freiras vivem em Conventos. A vida comum de um
Mosteiro é chamada cenobítica. A palavra Mosteiro provém do grego. Quer dizer
mono, ou seja, “sozinho”. Os monges foram e são eremitas. - relatou o rapaz.
Nara:
--- Chega me
dar arrepios! – falou a moça.
Eurípedes:
--- Engraçado!
Você mora perto de um Mosteiro. Ali, na Igreja de Santo Antônio. Os Frades
capuchinhos. – sorriu o rapaz.
Nara:
--- Jura? –
indagou alarmada a moça.
E o rapaz
então sorriu. Ao dirigir seu veículo, Eurípedes tomou rumo diferente chegando a
uma casa em local aprazível e de muito bom gosto. Era naquela casa onde ele
morava com a sua família. E Eurípedes teve que dizer ter de parar por alguns
minutos para trocar de roupa, uma vez ter doado parte das vestimentas para a
mulher resgatada por ele e três outras pessoas. Com isso, Nara se tranquilizou,
pois não sabia o porquê do caso. Até aquele ponto Nara não sabia ao certo onde
era a habitação do seu amigo. Quase como um suspiro dado, a moça se comportou e
tentou ficar no interior do carro. Contudo, ao estacionar o veículo o rapaz
falou com seus bons modos:
Eurípedes:
--- É aqui que
eu moro. Ou melhor: nós moramos. Minha família e eu! Vamos descer? – fez ele o
convite.
Nara ficou
reticente não sabendo o que falar. Apenas juntou suas pernas como uma criança
com medo de alguma coisa. Em sua mente o tempo passou rápido. Criança, sua mãe,
chegar a casa e até mesmo situações vexatórias pela qual passou. Ela olhava
para o rapaz com seus olhinhos, serenos e ao mesmo tempo com espanto. E o rapaz
com a mão da direção e um pé do lado de
fora do veículo fazia sorrisos esperando
a resposta. O mundo era pequeno para a moça naquele instante. Então se via
completamente despida diante de uma multidão. Era tão somente vergonha de enfrentar as feras, com certeza
bravas. Pai, mãe, irmãs e quem sabe mais o haver. Após delirantes momentos Nara falou quase
ébria com o tempo:
Nara:
--- Eu estou
suja. Desarrumada! Não posso! – confessou a moça.
O rapaz sorriu
de forma amena e respondeu ser ele também algo sujo. E então entraria para
tomar banho e se vestir melhor.
Eurípedes:
--- Eu também
estou sujo. Apenas vou trocar de roupa! – sorriu o rapaz a desnorteada moça.
Com essa
conversa Nara despertou do seu sonho e resolveu descer e, se apoiando em seus
preconceitos entrou no portão da casa e, de então, na própria casa. Um
jardineiro estava de cócoras por entre as flores e cumprimentou o doutor Eurípedes. Um cão peludo se acercou do médico
esse lhe fez carinho na cabeça. O cão se voltou para a moça e obedeceu a ordem
do clínico de ficar quieto. Com isso, sem medo, porém precavida, Nara entrou na
casa ampla onde na sala tinha de tudo, bem diferente de onde Nara morava.
Retratos antigos nas paredes da sala, vulto de imagens de Santos postos em uma
espécie de altar na primeira esquina da mesma sala. Candelabros pendidos,
quadros de pintores famosos, espelhos, lustres e tantas coisas a impressionar
um arteiro visitante. No chão, um tapete longo por onde o caminhante deveria
andar. Mesa enfeitada e um piano vertical chegado à parede. Um belo piano. Tão
belo quanto o de Nara, presente de Eurípedes a contragosto da moça. A moça se
assombrou com tal primoroso enfeite já na primeira secção da ampla casa. Quando
o rapaz entrava no corredor curto da residência uma senhorita surgiu contente a
aclamar a visita de Nara e então a convidou a se sentar enquanto seu “noivo”
trocava de roupa. Nara se sentiu ofendida e respondeu o agravo de uma forma
delicada;
Nara:
---
Desculpe-me. Mas nós somos apenas amigos. – sorriu a moça ainda de pé.
Senhorita:
--- Eu sei.
Foi apenas uma forma de dizer. Sente-se. – sorriu a senhorita.
Nara então
retribuiu sem graça o convite feito e explicou está completamente suja naquele
instante.
Nara:
--- Estou
suja. Veja? – relatou Nara a mostrar suas vestes.
Senhorita:
--- Ah.
Tolices. Pode se sentar assim mesmo. Meu nome é Rócia. Não creio que o “leso”
tenha já falado a você. – sorriu a moça ao definir o seu irmão.
Então Nara
esboçou um leve sorriso e pediu desculpas por ainda está toda molhada do banho
de mar. E confessou ser melhor Rócia mandar buscar um tamborete, pois não
corria o risco de deixar molhado o estofado da cadeira. A moça não lhe deu
ouvidos e mandou se sentar na cadeira daquele jeito mesmo. E puxou a cadeira
para a moça sentar. Isso feito com toda presa apesar de delicada em seu gesto. E então ficaram as duas a conversar. Como Nara
era de total desconhecer de Rócia, essa indagou algo como namorado. Nara
respondeu não ter. Apenas conhecia Eurípedes há bastante tempo, pois era
costume da rapaziada se divertir no carnaval e coisa e tal. Nara também entrava
da algazarra. Eles formaram um grupo, porém nunca foi à frente. Apenas os dois
eram amigos e por último, Eurípedes estava com a ideia de formar algo a se
apresentar no Festival da Juventude a ter lugar em Natal.
Rócia:
--- Ele falou
desse Festival. Você, Fred e mais alguém. – falou a moça.
Nara:
--- Verdade.
Mas o negócio anda tão sem graça. Eu me admiro em que vai dar a “festa”. –
disse a moça um pouco desencantada.
Rocia:
--- Por
Eurípedes, eu ponho fé. Mas, como você disse; os outros. – sorriu a moça.
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