terça-feira, 12 de março de 2013

"NARA" - 16 -

- Eva Mendes -
- 16 -
IRMÃS
Quando Eurípedes avançava com seu carro a passar pelas imediações do Hospital, um grupo de freiras seguia a descer a leve ladeira. As Irmãs talvez tivessem ido do Hospital para a Maternidade, casas de atendimento. A Maternidade ficava próxima ao Hospital. Nara divisou as Irmãs e falou para Euripedes serem aquelas as Irmãs, porém não ela sabia quais. Nara teve lembrança de algumas freiras no bairro do Alecrim sem saber de qual Ordem. Contudo a moça lembrou-se de um grupo de Irmãs a cuidar dos desamparados e de outras, talvez Clarissas  ou coisa assim. Essas Irmãs tomavam conta das moças “arrependidas”. Sempre mocinhas de pouca idade. As meninas moças eram sempre vítimas de agressões sexuais por parte de familiares – padrastos ou namorados.  Tais vítimas eram amparadas pelas Irmãs.
Eurípedes:
--- Essas Irmãs eram mesmo de amparo às necessitadas? – indagou o homem.
Nara;
--- Não sei ao certo. As Irmãs viviam em Claustro. Eram elas Reclusas. Mosteiros, por assim dizer. Dizia-se serem elas as Irmãs dos Pobres. Pelo que eu me lembre, elas eram chamadas de Ordem de Santa Clara. Por isso a denominação de Irmãs Clarissas. Santa Clara era quem fundou os Mosteiros em vários países europeus. – relatou a moça.
Eurípedes:
--- Eu já ouvi falar nessa Ordem. Pelo que alguém me disse é uma Ordem muito severa. – fez ver o rapaz.
Nara:
--- Mosteiro! (arrepiou Nara) – Só o nome? – quis dizer a moça.
Euripedes;
--- Não há nada demais nisso. Mosteiro é uma habitação de oração e trabalho para monges e monjas.  O Mosteiro é chamado também de Abadia, priorado, convento. As freiras vivem em Conventos. A vida comum de um Mosteiro é chamada cenobítica. A palavra Mosteiro provém do grego. Quer dizer mono, ou seja, “sozinho”. Os monges foram e são eremitas. - relatou o rapaz.
Nara:
--- Chega me dar arrepios! – falou a moça.
Eurípedes:
--- Engraçado! Você mora perto de um Mosteiro. Ali, na Igreja de Santo Antônio. Os Frades capuchinhos. – sorriu o rapaz.
Nara:
--- Jura? – indagou alarmada a moça.
E o rapaz então sorriu. Ao dirigir seu veículo, Eurípedes tomou rumo diferente chegando a uma casa em local aprazível e de muito bom gosto. Era naquela casa onde ele morava com a sua família. E Eurípedes teve que dizer ter de parar por alguns minutos para trocar de roupa, uma vez ter doado parte das vestimentas para a mulher resgatada por ele e três outras pessoas. Com isso, Nara se tranquilizou, pois não sabia o porquê do caso. Até aquele ponto Nara não sabia ao certo onde era a habitação do seu amigo. Quase como um suspiro dado, a moça se comportou e tentou ficar no interior do carro. Contudo, ao estacionar o veículo o rapaz falou com seus bons modos:
Eurípedes:
--- É aqui que eu moro. Ou melhor: nós moramos. Minha família e eu! Vamos descer? – fez ele o convite.
Nara ficou reticente não sabendo o que falar. Apenas juntou suas pernas como uma criança com medo de alguma coisa. Em sua mente o tempo passou rápido. Criança, sua mãe, chegar a casa e até mesmo situações vexatórias pela qual passou. Ela olhava para o rapaz com seus olhinhos, serenos e ao mesmo tempo com espanto. E o rapaz com a mão da direção e  um pé do lado de fora do veículo  fazia sorrisos esperando a resposta. O mundo era pequeno para a moça naquele instante. Então se via completamente despida diante de uma multidão. Era tão somente  vergonha de enfrentar as feras, com certeza bravas. Pai, mãe, irmãs e quem sabe mais o haver.  Após delirantes momentos Nara falou quase ébria com o tempo:
Nara:
--- Eu estou suja. Desarrumada! Não posso! – confessou a moça.
O rapaz sorriu de forma amena e respondeu ser ele também algo sujo. E então entraria para tomar banho e se vestir melhor.
Eurípedes:
--- Eu também estou sujo. Apenas vou trocar de roupa! – sorriu o rapaz a desnorteada moça.
Com essa conversa Nara despertou do seu sonho e resolveu descer e, se apoiando em seus preconceitos entrou no portão da casa e, de então, na própria casa. Um jardineiro estava de cócoras por entre as flores  e cumprimentou o doutor  Eurípedes. Um cão peludo se acercou do médico esse lhe fez carinho na cabeça. O cão se voltou para a moça e obedeceu a ordem do clínico de ficar quieto. Com isso, sem medo, porém precavida, Nara entrou na casa ampla onde na sala tinha de tudo, bem diferente de onde Nara morava. Retratos antigos nas paredes da sala, vulto de imagens de Santos postos em uma espécie de altar na primeira esquina da mesma sala. Candelabros pendidos, quadros de pintores famosos, espelhos, lustres e tantas coisas a impressionar um arteiro visitante. No chão, um tapete longo por onde o caminhante deveria andar. Mesa enfeitada e um piano vertical chegado à parede. Um belo piano. Tão belo quanto o de Nara, presente de Eurípedes a contragosto da moça. A moça se assombrou com tal primoroso enfeite já na primeira secção da ampla casa. Quando o rapaz entrava no corredor curto da residência uma senhorita surgiu contente a aclamar a visita de Nara e então a convidou a se sentar enquanto seu “noivo” trocava de roupa. Nara se sentiu ofendida e respondeu o agravo de uma forma delicada;
Nara:
--- Desculpe-me. Mas nós somos apenas amigos. – sorriu a moça ainda de pé.
Senhorita:
--- Eu sei. Foi apenas uma forma de dizer. Sente-se. – sorriu a senhorita.
Nara então retribuiu sem graça o convite feito e explicou está completamente suja naquele instante.
Nara:
--- Estou suja. Veja? – relatou Nara a mostrar suas vestes.
Senhorita:
--- Ah. Tolices. Pode se sentar assim mesmo. Meu nome é Rócia. Não creio que o “leso” tenha já falado a você. – sorriu a moça ao definir o seu irmão.
Então Nara esboçou um leve sorriso e pediu desculpas por ainda está toda molhada do banho de mar. E confessou ser melhor Rócia mandar buscar um tamborete, pois não corria o risco de deixar molhado o estofado da cadeira. A moça não lhe deu ouvidos e mandou se sentar na cadeira daquele jeito mesmo. E puxou a cadeira para a moça sentar. Isso feito com toda presa apesar de delicada em seu gesto.  E então ficaram as duas a conversar. Como Nara era de total desconhecer de Rócia, essa indagou algo como namorado. Nara respondeu não ter. Apenas conhecia Eurípedes há bastante tempo, pois era costume da rapaziada se divertir no carnaval e coisa e tal. Nara também entrava da algazarra. Eles formaram um grupo, porém nunca foi à frente. Apenas os dois eram amigos e por último, Eurípedes estava com a ideia de formar algo a se apresentar no Festival da Juventude a ter lugar em Natal.
Rócia:
--- Ele falou desse Festival. Você, Fred e mais alguém. – falou a moça.
Nara:
--- Verdade. Mas o negócio anda tão sem graça. Eu me admiro em que vai dar a “festa”. – disse a moça um pouco desencantada.
Rocia:
--- Por Eurípedes, eu ponho fé. Mas, como você disse; os outros. – sorriu a  moça.

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