- Nicole Kidman -
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PATÉTICO
De igual forma,
o caso de Areia Preta era patético. Os técnicos já estavam no local da tragédia
desde o começo da noite da sexta feira alocando todo empenho para ter a
possibilidade de salvar alguém, mesmo sendo uma criança ou um ancião. O efetivo
da Aeronáutica já desistira de encontrar os destroços do avião de carga
acidentado no local mais para dentro do mar. O Exército mantinha proteção às
casas ainda existentes. Outro repórter chegara ao local do episódio procurando
saber as novidades de se encontrar algum sobrevivente. E foi o repórter mais
além onde estava sentada na areia do morro, a chorar desesperada, uma mulher
ainda moça e a indagar serena:
Mulher;
--- Por que
meu Deus? Por quê? Eu não te disse amor? – lamentava a mulher a chorar com suas
mãos a encobrir seu rosto.
O repórter se
acocorou próximo à mulher e não pode indagar por quem a pobre senhora chorava
tanto, pois o homem percebeu ser por alguém querido. A manhã era de calma com
vento morno a correr a vasta amplitude do local em uma manhã logo cedo. Dezenas
de pessoas vindas de vários bairros da cidade se aglomeravam para ver os
estragos provocados pelo maremoto. Cada um comentava quanta tragédia ocorria a
um só instante em um lugar como Natal e arrabaldes. A Polícia já estava
mobilizada para obstruir a passagem de gente enquanto os engenheiros em meio a
tantos caos vasculhavam os escombros dos casebres de taipa. A cada instante era
um momento de desvanecimento para os técnicos. Apesar das urgentes ordens os
trabalhadores nada encontravam com vida a não ser um cachorrinho preso entre as
armações de madeiras de um dos casebres. Do casebre já não existia coisa
alguma. Apenas varas e telhas amontoadas pelo chão molhado. Um fotógrafo de jornal se ambientou por
dentro do mar tranquilo e fez as suas fotos antes de ser impedido pela Policia
no lugar. O repórter já estava a vasculhar por entre a gente a procura de
informações precisas. E o fotografo veio a lhe dizer estar o Bonde ainda
encalhado no seu ponto final.
Fotógrafo:
--- Você viu o
Bonde? Está lá em cima como sendo atolado. Foi falta de energia. Os eletricistas
estão a buscar meios de soerguerem os postes. Veja! – apontou o fotografo para
o repórter.
Canindé era o
seu nome. O repórter era conhecido apenas por Vicente. E ambos trocaram
informações obtidas. Uma alpargata foi encontrada no local do desastre além de
outras vestimentas de crianças e adultos. Panelas de ágata eram achadas em meio
a caos de potes de barro. Um guarda louça, uma estante de se guardar víveres;
uma mesa de cozinha feita aos pedaços; bancos, tamboretes, baldes e mesmo
utensílios domésticos. Era um mundo todo a ser recolhido pelas equipes de
resgate O fotógrafo Canindé se esgueirando entre escombros de forma lenta como
lhe foi possível fez as fotos de objetos de casa e até mesmo de um cão a
grunhir como se estivesse morrendo de frio. Esse cão foi bem aceito por um
policial o levando para a sua casa, provavelmente. Depois de insistentes apelos
feitos pela reportagem, foi obtida autorização de se fazer matéria de mais
próximas dos escombros dos outrora
casebres caídos. Homens buscavam encontrar
por entre pedras do mar algum vestígio de pessoas mortas pela onda gigante.
Sabia-se de antemão ser possível se encontrar os corpos dos indigentes mortos
apenas com três dias depois de afogamento. Mesmo assim, não se poupou esforços
de poder se encontrar as vítimas. O número era devastador: dezesseis pessoas
pereceram por toda a redondeza do ataque mortal da onda gigante.
Gente de fora
também ajudou no empenho de se encontrar corpos de mortos. A ajuda era
imperativa para aquela indigesta situação. Houve vítimas nas praias de Ponta
Negra, Redinha, nas Palafitas do rio Potengi e, principalmente na Praia de
Areia Preta onde o mar em tudo mais foi mais bravo. Os depoimentos colhidos de
parte da população moradora no alto do morro davam em conta ter o acontecido
com uma seca vertiginosa da maré onde se podia chegar a chão aberto mesmo a pé.
Em poucos instantes houve a reversão e uma gigante onda se formou, vindo de
repente e se abateu sobre as casas de taipa dos moradores. Foi tudo tão rápido
que não se pode nem mesmo sentir o estado da tragédia. Ao tempo em que se
consertava a posteação de energia elétrica, o qual levaria bom tempo a mais, os
técnicos e operadores seguiam no
conserto das linhas de transmissão. Na
Rua do Motor, onde a situação era bem séria, outras equipes trabalhavam com
afinco a desobstruir a rua e procurar vítimas nas partes mais baixas da
artéria. No local por igual havia casas de palha e de taipa. Esses casebres
foram destruídos por completo e os seus moradores igualmente foram mortos pela
onda do mar. Naquele local ainda de poucas moradias à frente do Oceano, foi
fácil se invadir as taperas, pois o mar carregado se introduzia pela parte de
trás das taperas. Na Redinha não foi tão grave assim. Porém, nas Palafitas a
ficarem próximas da Feira do Paço da Pátria a situação era grave uma vez ter o
rio destruído todas as moradias à sua
margem. A linha férrea nesse trecho ficou bloqueada por conta das moradias
derrubadas. Na parte final da Estrada de Ferro era muito mais grave a situação.
Batelões foram sacudidos na linha do trem como brinquedo de crianças.
Transeunte:
--- É um
horror uma coisa dessas! Não tem quem tome providencias? – gritava do alto da
rua um morador.
Outro:
--- Tem jeito
não! Só Deus é que pode! – argumentou uma anciã ao passar na rua de cima.
Outro-2
--- Não é
tempo de eleição! – argumentou um moço a sorrir.
No Tirol e na
Cidade Alta podiam-se ver as pessoas mais afortunadas a recolher donativos para
prestar socorro às vítimas do maremoto. Houve campanha acirrada por parte de
mulheres influentes e escolheram até mesmo a Casa do Governador, na Praça Pedro
Velho para fazer a entrega do arrecadado por parte de pessoas mais simples. Isso aconteceu no primeiro dia
da tragédia. Havia um reboliço enorme de gente a colher as doações em víveres e
não faltava algum político a discursar para o povo em torno do clamor das
vítimas das águas. Um rapaz declarou na ocasião:
Rapaz:
--- Vai
trabalhar vagabundo! – falou o rapaz alto e bom som.
Logo cedo do
dia quando todos ainda estavam por chegar à trágica invasão do mar foi o tema a
ser discutido entre o pessoal do Mercado Público da Cidade. Cada um dizia a sua
história. E foi simplesmente um caos. Na freguesia do café alguém falava.
Freguês:
--- Menino!
Estou por ver! Uma onda gigante veio de mar a fora e comeu tudo pela frente! –
comentou um freguês.
Outro:
--- Eu estava
em casa quando minha filha gritou: “Pai! Olha o mar”! E foi aquele desastre! –
enfatizou outro.
Mais:
--- Eu estava
dormindo na hora. Acordei com o barulho todo! – relatou outro mais.
E Mais;
--- E não teve
jeito? – indagou assombrado o indagador.
O Bonde de
Petrópolis começou a transitar às primeiras horas da tarde quando os
eletricistas terminaram o trabalho na altura da Avenida Atlântica. No restante
a posteação a levar a praia o serviço continuavam por mais horas. Carros de
todas as espécies se deslocaram à praia e os locais mais afetados pela onda
gigante. E cada qual se admirava com a tragédia ocorrida na noite de sexta
feira. Um homem de maiores posses olhou em volta do morro e aventurou dizer ser
aquele local propício para uma bela construção.
Homem:
--- Eu vou até
falar com um engenheiro meu amigo. – disse o homem na aventura de fazer um
sobrado no local onde não havia casas por sinal.
O local era o
alto do morro aonde maré não chegaria tão cedo. A sua mulher estava com ele e se aborreceu sobremaneira.
Mulher:
--- Você veio
ver a tragédia ou ver as terras devolutas daqui? – indagou de modo malcriado a
mulher.
Meninos
vendiam sorvete àquela hora da manhã passando ao alto a oferecer sua delícia.
Outro rapaz oferecia puxa-puxa. Alguém mais era mais prudente carregando em seu
caçuá peixes grandes pescados há bem pouco tempo. Uma mulher tirou o oficio da
bolsa e começou a rezar para as vítimas. Em baixo, nos locais onde a onda
avançou estavam os homens a trabalhar como se nada de mais existisse para ser feito. Apenas se ouvia os
gritos de pessoas a lamentar o acontecido. Um senhor admitia ter o Bonde feito
o seu trajeto até o ponto onde ainda estava o resto do seu local de virar a
lança.
Professor:
--- Foi mesmo
alí que o bonde virava a lança. - argumentou o velho professor.
Ouvinte:
--- E por que
saiu de lá? – indagou o curioso.
Professor:
--- Bem!. O
tempo se encarregou de levar o Bonde até o trecho lá em cima, pois havia maior
tranquilidade. – relatou o homem apontando para o novo trecho do Bonde.
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