- Kirsten Dunst -
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DÚVIDAS
Eurípedes com
mais uns instantes falou da dúvida da qual sentia. Ele teria de confabular com
o jovem Fred. Isso porque o Fred era um rapaz de bom senso. Na imprecisão
Eurípedes faria um dou. Mesmo assim teria o apoio de Fred, se possível. Isso
era o fato. Fred era jovem sabedor de executar contrabaixo, violino e até mesmo
flauta. Para Eurípedes, o jovem Fred era um músico completo. Na verdade esse
moço era calado e não falava do que sabia. Contudo, Fred era sabedor de
qualquer instrumento de cordas, sopro ou percussão.
Euripedes:
--- Você tem
razão. Eu tenho de falar com Fred. Ele é o ponto que falta. Mas você dizer que
não canta? Ouça! Nós não queremos cantoras de vozes afinadas. Uma moça igual a
você tem todo o talento do mundo. Não precisa ser uma “gasguita”. O importante
é por para fora o que se sabe, afinal. – formulou o homem
Nara ficou a
pensar por um espaço de tempo não deveras muito longo ao tempo de murmurar
qualquer coisa do seu pensar. Eurípedes saiu do seu canto e rumou para o piano,
esse até então desprezado e mudo. O rapaz tocou uma tecla, mesmo estando de pé
e mergulhou seus pensamentos em puros
negócios de não saber confabular. Em seguida se sentou na cadeira do piano e
dedilhou qualquer coisa. E veio-lhe a lembrança de uma música recente, porém
dolente como sempre ocorria. E com pura vontade de chorar ele fez daqueles
acordes uma peça musical eternizando para o seu eu profundo a magoada peça. E
de vez tocou denso aquele instante de sonhos. Ao som perene de um piano
Eurípedes rebuscou a peça nostálgica no alinho de poder ouvir a doce e bela
canção refletindo tão somente o majestoso encanto. Ao seu lado, Nara rebuscava
em sua memoria a suavidade de tal canção e notar tão admirável acorde de
suprema sensação. Em seguido momento Nara colocou o menino no berço e acudiu o
seu violão a solicitar ao jovem.
Nara;
--- Toque essa
música novamente. – falou sensível a moça.
Eurípedes:
--- É música
de um filme recente. Tenho estado com ela na memoria. Droga! Quem poderia
colocar as notas em um caderno? Bem. A seguir. – respondeu o rapaz com vontade.
E com enlevo e
emoção voltou a solar a melodia e Nara a acompanhar ao violão os toques suaves
daquele encantamento. E foram minutos e horas a dedilhar a música até se chegar
ao seu final deslumbrante. A noite sorria clara e calma quando Sisenando, o
velho, bateu a porta e entrou em sua simples residência. Os dois amigos já estavam exauridos pelo
cansaço. E, com efeito, o velho notou o par a tocar o piano e o violão. Esse em
seguida, declarou:
Sisenando
--- Eu vinha
logo alí e ouvi essa melodia. Lembro-me de quando eu era rapaz e meu pai
recitava peças lindas para que eu aprendesse a tocar com maior esmero. - disse o velho.
Eurípedes:
--- Boa noite
seu Sisenando. É.... Nós estávamos ensaiando essa peça... Eu dizia: Se tivesse
alguém que pusesse as notas seria bem mais fácil. – reclamou o rapaz.
Sisenando;
--- Isso é
fácil. Eu tenho um “Irmão”. E eu sei que ele pode compor essa e outras mais. –
sorriu o velho.
Nara:
--- Tem? –
indagou Nara com olhar bem alegre.
Sisenando;
--- É claro,
filha. França. Ele é um maravilhoso virtuose. – respondeu o velho a sorrir.
Eurípedes:
--- França?!
Será que eu o conheço? Ele é professor da Escola de Musica? – indagou feliz o
rapaz.
Sisenando;
---
Claro! E
caçador de talentos! Eu tenho a impressão que você e Nara são alguns deles! Talentos! – sorriu o
homem como nunca.
Nara:
--- Que é isso
meu pai? Eu sou apenas uma louca no meio de tantos loucos! – sorriu a moça a se
curvar.
Sisenando:
--- Não diga
isso! Eu, certa vez, indaguei de você por que não frequentava a Escola. E você
torceu o pé e nada fez. – falou consternado o velho.
Eurípedes:
--- Eu já
disse: Nara é uma virtuose. – reclamou o jovem médico.
Nara;
--- Eu sei! Eu
sei! Agora a vítima sou eu! E você? Nunca foi a Escola! – disse a moça
murchando a cara.
Eurípedes
sorriu e teve de imediato a desculpa.
Euripedes:
--- Eu sei.
Mas, comigo foi bem diferente. Estudos. Formatura. Trabalho. Isso acaba com o
nosso tempo. Eu sempre assisto concertos promovidos pela Escola. Mas, não tenho
tempo para o estudo. – falou desconsolado o rapaz.
Nara;
--- Eu também
não. Tenho um filho para criar! Ouviu? – relatou a moça de forma arrogante.
Sisenando:
--- Calma!
Calma! Isso vai terminar em casório. Então eu falo amanhã com França! Estamos
combinados? – sorriu o velho abraçando a sua filha.
Após o tempo
de despedida, Euripedes se despediu indo para
sua residência. E nesse tempo, Nara ficou amargurada e se ocupou em
segurar o seu filho. Eram mais das dez horas da noite. Nara ouviu o Bonde a ser
recolhido. A sua mãe estava a cochilar
na cadeira da sala de jantar. Sisenando chegou perto e sacudiu o seu braço e
Ceci devagar abriu os olhos. Em seguida foi para o seu quarto, ela encolhida a
se recolher como sentir o maior frio do mundo. A usina da Companhia de Força e
Luz trabalhava a todo vapor. O trem passava a chegar a cidade com o desespero de
sempre. Um carro passou depressa na rua. Alguém gritou alto. Um estampido de
bala. Silencio total. Uma janela se abriu. Alguém falou:
Alguém:
--- Tiro?! Ave
Maria! – e em seguido assustada fechou a janela.
No dia
seguinte, por volta das nove horas Sisenando acertou com França a visita à sua
moradia no sábado pela manhã. E a conversa durou bom tempo de coisas ligadas a
Maçonaria. Depois disso Sisenando desligou o telefone da repartição onde
trabalhava e voltou a sua ocupação habitual. Em sua casa Nara cuidava do banho do bebê. O
sol estava quente por demais. Era tanto calor antes mesmo das dez horas quando
o tempo aquecia. Nara não sentia tanto, pois sua casa ficava do lado do sol na
parte da tarde. A sua mãe costurava um tecido de organdi. O musseline era
consistente mais que a seda, porém igualmente leve. O estilo do musseline tinha
um preparo especial, acabamento engomado o que lhe conferia certa consistência.
O organdi perde purga da goma, daí se explicar o toque engomado por ele
possuído. O tecido é originário de
Urganje, território da Rússia. A mulher estava entretida com esse tecido e
pouco se importava com o calor. Não raro fazia questão em dizer:
Ceci:
--- Mormaço! –
falava a mulher.
E assim mesmo
voltava a cosicar na sua máquina de costura. Com isso o tempo passava até o
ponto de uma visita chegar. Era uma jovem moça a trazer um corte de tecido para
ser feito um enxoval de casamento. Ceci recebeu a encomenda e agradeceu.
Visita:
--- Quando a
moça pode vir dá prova? – indagou a visita.
Ceci:
--- Na próxima
semana. – respondeu a mulher sem
levantar a vista.
Visita:
--- Quarta ou
quinta? – indagou mais uma vez a visita.
Ceci:
--- Sexta
feira. – replicou Ceci cozendo o organdi.
Visita:
--- Está
certo. Obrigada. – sorriu a visita e saiu.
Nara olhou
para a visita, uma moça muito jovem e não disse nada. Era comum esse negócio de
se arranjar a noiva para fazer roupas de trajes de casamento.
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