sábado, 31 de agosto de 2013

"DEUS" - 45 -

- TORTURAS -
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INQUISIÇÃO
Esse era um mês das flores, um mês da graça, um mês da fertilidade. Esse era o mês do inicio da primavera. Voltariam voar de deu em deu as ternas borboletas. Borboletas todas multicoloridas. Apenas de uma única cor: o vermelho. Porém tinham as borboletas azuis, amarelas, lilás, roxas, negras e as borboletas brancas. O campo em flor, em baixo, onde corria o rio já estava apinhado de rosas. Lindas e eternas rosas com a sua alegoria e de retratos de figuras mitológicas, alegres e brincalhonas, ternas e cheias de plena vivacidade. Um jardim de encantos e cantos brilhantes e sensuais onde as idades eram de eterna meninice, criancice, peraltice. Alegoria para o crescimento exuberante da Primavera. O ideal amor neoplatônico de gentis crianças meigas e formosas. Uma ode escrita com a poesia romântica, poética cantada ou não em homenagem à pessoa amada. Uma poesia tipicamente virgiliana ou até mesmo virginiana. Primavera de estação florida, cheio de risos e divinal fulgor.  E nessa estação de doce encanto o canto dos deuses, amados deuses da imensidão das flores e das florestas. Dos duendes anarquistas entre vivas sutilezas a demanda do infindável e extenso vale policromado de relva. Os pares de libélulas parecendo um avião de brinquedo volteavam pelos campos e pelas matas a fecundar as nuvens da primavera. Esquilos a brincar pelo bosque como se também fossem crianças. E eles eram crianças, afinal. Crianças brincalhonas como bem se sentem. Afinal, o campo era um encantamento. Na Igreja do Sagrado Coração de Jesus havia paz e tranquilidade. Às seis horas da manhã, ainda friento, o gigante som do ressonante Órgão era um chamado a vocação consagrada em busca de Deus. Todos os Monges, vestindo os seus trajes consagrado ao Divino no ambiente consagrado rezavam do Te Deum, um hino litúrgico iniciado com as palavras “Te Deum Laudamus”, (A Vós, ó Deus, louvamos) num arroubo de fervor religioso. A Vós, o Eterno Pai.  Era esse o primeiro compromisso dos Monges ao iniciar o dia no Mosteiro da Serra. Logo em seguida, servia-se o café onde todos os Monges repartiam o pão sublime entre si. Após então, cada qual ingressava em suas atividades normais. O Abade Euclides de Astúrias, com sua túnica vermelha, ingressava do seu bendito escritório onde tomava a ler os despachos a fazer. E tão logo concluiu o Prior se reservava a ler algum livro tirado da zelada estante feita em mogno com durabilidade secular. Dessa vez foi algo mais surpreendente. Um largueado e rancoroso tomo a tratar sobre o misterioso rancor da chamada Santa Inquisição, casos dados há séculos passados. Como não tinha nada mais a fazer, o abade se espreguiçou na poltrona e pôs seus pés para baixo  e começou a ler aquele nefasto volume tão bem guardado ele estava.
--- A Inquisição. – Maquinas Mortais – Torturas e Morte Diabólicas – De 1200 a 1860 diversos movimentos de inquisição aterrorizaram a Europa. A Igreja atuou em conjunto com o Estado para eliminar hereges, punir pecadores e exercer controles sobre o povo. Os poderosos da vida utilizaram máquinas para facilitar tarefas. Os maquiavélicos utilizaram várias tecnologias para causar e torturar milhares de pessoas. Esses dispositivos talvez sejam os mais malignos da história, pois não apenas executam, mas também torturam e aleijam com a precisão cruel. Muito embora todos esses dispositivos causem uma dor agonizante, poucos são tão amedrontadores quanto ao símbolo da inquisição. A camada “Cadeira da Inquisição”. Os mestres do horror não criaram o tal dispositivo por acaso. Uma cadeira onde alguém estaria sentado para responder perguntas. Durante séculos inquisidores de toda a Europa usaram a “Cadeira de Inquisição” para obter confissões e informações dos hereges. Torturadores de Nuremberg, na Alemanha, utilizaram esse dispositivo até 1809. Era uma das máquinas de inquisição mais comuns. Existiam vários tipos e modelos em diversas partes da Europa. Mas algo que essas cadeiras tinham em comum eram as pontas afiadas de metal.
A estrutura de madeira maciça da Cadeira de Inquisição possui cerca de duas mil pontas de ferro. E para assegurar que o condenado seja ferido por elas os torturadores podem apertar as tiras que o amarraram fazendo com que as pontas perfurem profundamente o corpo da vítima.
Depoimento:
--- Se nós fossemos só sentar na cadeira, não seria difícil por causa da extensão da superfície que estaria sob as pontas.
Por essa razão, o dispositivo foi projetado com feixes que prendem as mãos, os pés e o tronco da vítima na cadeira. Assim, os Inquisidores podem literalmente aumentar a pressão com precisão sobre os assustados suspeitos. Aumentando o calor posto embaixo da cadeira com fogo em brasa, se faz a vitima ser dorida por todo o corpo, vez ter a cadeira assento de ferro e, em consequência, a motivação de aumentar com a fogueira abaixo do seu corpo. Transformando o calor os inquisidores demudavam a cadeira desconfortável numa máquina mortal.  Atualmente, o truque da cama de prego dos mágicos modernos exploram os mesmos princípios físicos da cadeira de inquisição. Os grandes números de pregos distribui o corpo sobre a superfície maior, mantendo a pele da pessoa intacta. 
E se pode observar como os inquisidores podem deslocar membros com esse dispositivo. Durante a Idade Média os inquisidores viajavam de um vilarejo a outro exterminando sinais de heresia, mas nem sempre levavam máquinas de tortura. Em vez disso usavam ferramentas encontradas no dia-a-dia, como cordas e roldanas. Por essa razão, o dispositivo de tortura mais usado pela Inquisição possui um conceito surpreendentemente simples. É a camada; Estrapada. Um antigo suplício que consistia em içar repetidamente a vítima, até a certa altura, por meio de cordas passadas por uma roldana. E daí, despenca-lo até perto do chão, às vezes com os braços e pernas atados às costas. Com o choque, deslocavam-se as articulações.  A Estrapada utiliza a força da gravidade para explorar uma fraqueza do corpo humano: a articulação do ombro. As mãos da vítima eram amarradas atrás das costas e então eram presas a uma corda que passava por uma roldana presa no teto. Em seguida, a corda era puxada, levantando o acusado no ar. A força da gravidade passava a agir sobre a vítima levando as articulações dos ombros ao limite. Por fim, os ombros se deslocavam.
Depoimento:
--- A engenharia da Estrapada é bem diabólica porque utiliza o peso do corpo e a gravidade pra causar o deslocamento dos ombros. A roda funciona como uma grande alavanca o que permite girar o eixo e levantar o peso da pessoa com certa facilidade.
O objetivo da Estrapada é deslocar a articulação do ombro, uma das partes mais vulneráveis do corpo humano. Inquisidores na Itália, França e Espanha construíram variações da Estrapada para extrair informações dos acusados de heresia. Os juízes adequavam o grau de tortura à gravidade das acusações. A tortura na Estrapada podia ir de uma simples ameaça do uso do dispositivo, até penas mais severas como pendurar a vítima e forçar uma parada súbita durante a queda. Isso causaria o deslocamento instantâneo das articulações dos ombros. A Estrapada seria, realmente, capaz de causar deficiências físicas permanentes? Para responder a essa questão uma réplica da maquina passa por uma série de testes. Primeiro, um manequim de dezoito quilos é pendurado com treze quilos adicionais. Um dinamômetro mede a intensidade da força gerada pela roldana suspensa. Os ombros do manequim cedem no mesmo momento em que os ombros humanos se deslocariam. Estudos médicos indicam que é necessário um total de cento e vinte quatro quilogramas força para deslocar as articulações dos ombros. Esse segundo teste vai determinar a distância que uma vítima deva cair para que os ombros sejam deslocados. Uma queda de trinta centímetros do manequim com um peso extra de vinte e dois quilogramas-força. Isso causaria uma dor terrível e agonizante. Mas não seria suficiente para causar o deslocamento dos ombros.
Nesse teste seguinte, uma queda de sessenta centímetros provocou o deslocamento às articulações dos ombros do manequim. E mais uma vez se repete o teste e a Estrapada desloca os ombros do manequim. E se pode confirmar que a Estrapada é muito mais eficiente do que se pode imaginar. Na verdade, a vítima de torna parte da máquina. Ao se amarrar os braços atrás das costas, cria-se um mecanismo de alavanca e isso gera uma vantagem mecânica para a Estrapada. Embora a Estrapada seja um mecanismo simples que utiliza uma roldana, ela é muito traiçoeira. Os próprios braços da vítima facilitam o trabalho da máquina, gerando assim lesões incapacitantes. A Estrapada é tão eficiente que os torturadores a utilizam em alguns locais do mundo.
Durante a Inquisição, os inquisidores convenciam os hereges a confessar da invenção de diversas máquinas diabólicas. Uma das maiores prova de sua criatividade perversa está num dispositivo da Inquisição espanhola: o berço de Judas. Esse é um exemplo do lado negro da engenhosidade humana. O berço de Judas é composto por uma pesada pirâmide de madeira colocada sobre o apoio de quatro pernas semelhantes a um assento. Suspenso acima da pirâmide está um sistema de sustentação formado por cordas e roldanas que se conectam ao troco e aos pés da vítima. Os acusados de heresia eram pendurados nus sobre a pirâmide nesse dispositivo. Os torturadores utilizavam esse dispositivo de várias maneiras. Eles podiam deixar o acusado cair sobre a pirâmide ou colocá-lo lentamente sobre a ponta, forçando a sentar alí por longos períodos.
O potencial do berço de Judas está na capacidade de ferir algumas das partes mais vulneráveis do corpo humano: as partes íntimas.  Durante a inquisição espanhola fazer com que suspeitos confessassem a própria culpa era apenas o início. Os Inquisidores deixavam a vítima sobre o berço de Judas até que denunciassem todos os outros conspiradores. Essa foi à inspiração para o nome do dispositivo.
Opinião:
--- O Berço de Judas teve o nome inspirado em Judas que denunciou Jesus para as autoridades romanas.
Mas quais as técnicas de tortura do berço de Judas é a mais eficiente? A queda livre ou a descida controlada? Durante o interrogatório, se a vítima não cooperasse, ela poderia ser deixada sobre a ponta por várias e terríveis horas.  Na infausta posição de vigília. Ela é assim chamada por que os músculos irão se contrair, tentando minimizar a dor e seria impossível adormecer.
Abade:
--- OH MEUS DEUS! Quanto se fez para se mostrar alguma forma de ser cristão. Eu não suporto mais ver esse manuscrito. Para mim, o tempo passou. E eu penso não voltar jamais.
E o abade se levantou de sua poltrona procurando tragar mais um gole de vinho. O fascinante livro ele o deixou aberto em cima de sua escrivaninha onde costumeiramente trabalhava. Um assunto bastante delicado até se falar de atrocidades cometidas na velha e imortal Espanha, sua terra natal. Ao beber um gole de vinho, De Astúrias voltou o olhar para o grandioso livro adormecido pela primeira vez em seu local. O Abade sentiu vontade de rasgar todo aquele escrito feito por quem sabe foi. A Inquisição, o Prior tinha os seus conhecimentos escolares. Sempre ouvia alguém dizer das atrocidades das vítimas do silêncio. Alguma pessoa conhecida por um bisavô ou mais além. Sempre quando ouvia alguém falar em bruxarias ou na pele o Diabo, o Abade Euclides sentia um arrepio assustador por temer alguma vez ser testemunha de Belzebu, o demônio para todos os fins. Euclides, o Monge, certa vez acordou assustado por um rancoroso e tenaz brado feito em sua cabeceira. Terror atroz, ele pensou sentir.  Provavelmente talvez um bruto e rigoroso Lúcifer. O garoto, então suado por conta desse tal demônio, apenas correu da sua cama e se deitou, enrolado com um cobertor junto à sua mãe querida. Nada pode sentir daquela felina e malsinada aparição do lobisomem. E a leitura do ocorrido lhe deixou apavorado.

sexta-feira, 30 de agosto de 2013

"DEUS" - 44 -

- BRUXAS -
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AS BRUXAS - PARTE II
A chuva encharcava o solo do Mosteiro com pedras de granizo toldando todo o espaço de pura lama envolvida de barro e folhas mortas. A precipitação era constante no período invernal. Em um catre de Cela um monge ancião estava todo enrolado àquela hora da manhã com certeza para salvar de uma bronquite asmática sempre acometida nos tempos de maior frieza. O Observatório estava inoperante por causa das torrentes de água caídas dia e noite. Na nave da Igreja, vários pontos estavam corroídos e as goteiras se faziam presentes. Em alguns locais, cobria-se com lonas para sustentar principalmente os altares onde o lamaçal escorria pelos cantos das paredes. Os noviços trabalhavam com afinco sob a ordem de um Monge de cavanhaque a ordenar a subir nos andaimes e levantar as lonas de modo a cobrir todos os altares, mesmo os já protegidos contra o temporal. Para os noviços aquela era uma tarefa agradável ao contrario dos mais idosos onde apenas pressentiam haver um acidente fatal. Na sua sala de despachos estava o Abade Euclides de Astúrias sempre a provar um pouco do vinho já com um gosto azedo e amargo como fel. Ele cuspia após tragar de um pouco do venho rosê. Desse modo, o Abade se voltou a sua poltrona e estico as pernas o quanto pode para observar com estava a leitura das bruxas.
--- Para compreender o impacto causado pelo livro, estudiosos examinam a forma com era o mundo e as bruxas antes e depois do Martelo. Relatos isolados de caças as bruxas remontam à idade das trevas. A primeira generalizada a elas ocorreu em meados do século XIV, um século antes do Martelo. Com a popularização a caças às bruxas mudou onde começou com uma tentativa de acabar com a feitiçaria pagã, a invocação do curandeirismo e o pragmatismo. Tal fato se transformou num poderoso ódio. As bruxas deixaram de ser pagãs e se tornaram heréticas e satânicas. Quando Martelo foi publicado em 1486 ainda se debatia exatamente como as bruxas conseguiam seus poderes demoníacos. O Martelo dá as respostas: 
A pergunta de como Satã corrompe os humanos: a resposta do livro é assustadora.  Ele os torna seus cúmplices e as mulheres desvirtuadas são as mais prováveis cúmplices. “A luxúria carnal é insaciável”. “E por esse motivo elas brincam com o Demônio” reza o livro. E essas cúmplices são quase sempre mulheres. O senhor Kraemer se referem a elas como “bruxas”. A pergunta: por que bruxas devem ser temidas e exterminadas. A sua resposta ainda é mais assustadora: “Bruxas são o sinal do Apocalipse. Antes de dia do julgamento todas serão todas serão queimadas vivas”. Kraemer anuncia esse mau, essa adoração ao Diabo a um novo Apocalipse antes do fim dos dias. Deus está tão zangado com a heresia da bruxaria que, em primeiro lugar, permite a Satã ajude as bruxas a fazerem coisas terríveis. E segundo, ele vai dar um fim ao mundo. Não um dia qualquer. Mas antes do que se imagina.
Região do Tirol, dezembro de 1486. Oferecendo novas respostas a antigos Demônios e superstições a obra prima de Kraemer está quase pronta para ser publicada.  Mas, para garantir o sucesso do livro falta um último documento: uma análise crítica chamada de: aprovação. Da mesma forma como ocorre com o endosso de uma celebridade moderna, sem aprovação o trabalho estaria condenado ao fracasso.  Heinrich Kraemer quer a aprovação de uma das mais importantes escolas religiosas da época: A Universidade de Colônia. De forma conveniente, o coautor James Sprenger, um dos professores mais respeitados de Colônia. Os estudiosos do Malleus divergem quanto o que ocorre em seguida. Alguns afirmam que Sprenger e Kraemer tentaram obter o endosso da Universidade. A autoridade de Sprenger dá credibilidade ao livro e diversos acadêmicos assinam a aprovação. Outros dizem que Kraemer está sozinho. Impaciente, autoritário, ele não consegue o que quer. Kraemer falsifica as assinaturas de mais outros acadêmicos. E a indagação é a de se Kraemer seria capaz de uma mentira tão descarada?
Séculos depois duas equipes dos maiores mestres e investigadores do Malleus - o Martelo - trabalham em conjunto examinando cuidadosamente a aprovação. Berlim. - A poucas horas da Universidade de Colônia, no Museu Histórico Alemão a equipe procura sinais de falsificação. Enquanto isso, em Washington outra parte da equipe procura inspecionar a aprovação em uma das únicas edições do Martelo existentes nos Estados Unidos. Guardada na Biblioteca do Congresso sobe à rígida segurança a edição foi reencadernada séculos depois. Mas no interior está intacta e data de 1487. A aprovação contém duas partes. A primeira é uma avaliação específica do livro assinada por quatro acadêmicos de Colônia com o testemunho de um notário. A segunda parte é meramente uma aprovação superficial da “Caça a Bruxa” em geral assinada por oito acadêmicos. E no caso dessas assinaturas o notário estava ausente. O notário responsável admite que não estivesse presente para testemunhar o segundo grupo de assinaturas. E isso é estranho. Esse é o trabalho dele.
E outra evidência põe em dúvida a validade das assinaturas. Os acadêmicos autores de, pelo menos, duas assinaturas, mais tarde alegaram que não tinham assinado. E isso indica que é, em parte, uma falsificação. Mas, mesmo que essas assinaturas sejam autênticas, talvez elas não sejam o que parecem ser. Um dos acadêmicos disse endossado o livro após apenas olhar. Ele diz não ter lido o documento com atenção. No geral a implicação é alarmante. O único acadêmico religioso que afirma ter lido o livro atentamente é um professor da Universidade de Colônia. E ele considera perturbador. Ele afirma que o tal livro nem todos devem ler. É um livro para especialistas. Um livro problemático. Talvez até perigoso.
A aprovação é incluída é prática dentre todos os exemplares do “Malleus Maleficarum”. Para quem tem o livro não há motivos para acreditar de um endosso tão poderoso. A aprovação ajuda a provar o Martelo das Bruxas em livro. Em maio de 1487, com aprovação completa o Malleus está pronto para o público. Impresso pela primeira vez na cidade de Speyer, na Alemanha, a Bíblia do Caçador de Bruxas está pronta para ser lançada. Um dos livros sobre bruxaria mais famosos da historia poderia ter caído da obscuridade. Mas o Martelo das Bruxas coincidiu com uma invenção que mudou o Mundo. Após a criação da prensa de Gutenberg, na Alemanha, em 1454, os escritores puderam disseminar amplamente o conhecimento. Pela primeira vez, na história, qualquer um, com recursos podia imprimir vender e distribuir livros influenciando a opinião pública em larga escala.
Com 150 exemplares lançados da primeira impressão e seguidos de centenas mais, promovidos e vendidos a autoridades seculares e religiosas, cleros locais, Universidades e Bibliotecas o Martelo das Bruxas espalha feito chamas. Estimas que mais algum tempo mais de trinta mil exemplares tinham sido vendidos. O Martelo chega ao público no início do século XVI, uma época volátil de choques entre nações e de guerras épicas. Na mesma época a Igreja enfrenta uma de suas maiores disputas interna. E a Reforma Protestante está começando a surgir. Neste caos as descrições do livro de bruxarias apocalípticas ajudam a criar uma cultura de medo e desconfiança:
Opiniões:
--- Estava convencido, na época, de que o número de bruxas estava aumentando. E a influencia de Satã crescia da Europa e, ao menos que se fizesse alguma coisa, a Europa seria destruída.
As praticas descritas no Malleus se tornaram comuns. A colocação de cartazes nas portas das casas incitando moradores a delatarem pessoas, interrogatórios evasivos, como usar a tortura e quando instituir a pena de morte. No entanto, desde a primeira edição nem todos aprovam as ideias do Martelo. Ao longo das décadas alguns críticos fazem fortes objeções.
Opiniões:
--- Não faz sentido essa questão
Mas isso não basta. Caçadas violentas às bruxas prosseguem no norte da Europa levando o caos à Suíça, França, Alemanha e a outros países. Amplamente divulgado o Malleus ajuda a fomentar uma nova onda de perseguições, torturas e mortes. 1563. Wiesensteig, Alemanha. Menos de um século se passou desde um dos mais notórios julgamentos de bruxas. A chamada tempestade de granizos em uma cidade a mesma acusação se repete. Dessa vez, um conceito nobre acusa um grupo de mulheres de um crime idêntico: conjurar o Diabo para criar uma tempestade de granizo e destruir plantações. Incitado pelo nobre proprietário rural o caso possui dois dos elementos mais importantes e invoca a caçada à bruxas: pânico e patrocínio. O caso tem um sentido sinistro
Opinião:
--- Desde o inicio dos tempos pessoas em contextos claustrofóbicos tem problemas de relacionamentos. Em consequência disso em muitas sociedades põem ideias de que pessoas tinham o poder de fazer mal a outras
Em uma caçada às bruxas a histeria cresce sozinha. Um senhor fica ansioso para se apresentar e apontar um malfeitor. Ele é bruxa, Ela é bruxa. E as pessoas sempre acreditam nessa ideia de feitiçaria diabólica. Uma cidade pequena pode facilmente ser tomada pelo pânico. Com efeito, as suspeitas de bruxarias frequentemente são mulheres camponesas. Algumas praticam medicina com ervas. Outras conjuram o sobrenatural. Algumas são mentalmente doentes. Muitas são apenas pedintes. E seu único crime é a pobreza. Segundo o Martelo, as mais fracas são as mais perigosas. Em algumas cidades alemãs as mulheres são torturadas. Os Inquisidores que consultaram o Malleus Maleficarum sabem da forma mais rápida de uma bruxa confessar: a tortura. Entre os piores instrumentos de tortura estão o capacete de ferro que perfura a cabeça; chamado “esmagador de crâneos”; o pêndulo e o esmagador de dentes. O julgamento dura meses. No total: mais de sessenta mulheres confessam e são queimadas na fogueira. E elas não estão sós. 
Novembro de 2009. O ódio não é apenas a imaginação do autor. Algo mais significativo está entre panos como a sexualidade fútil do livro. No Martelo a sexualidade de mulheres corre solta. As mulheres fazem do que seduzir e fornicar com o Demônio. Ao logo do livro, à luxuria feminina é o portal para Satanás.
Opiniões:
--- As mulheres chamam os seus parceiros para um ato sujo.
--- Elas também são muito mais emotivas que os homens. O que se deve, em parte, a sua sexualidade.
A crítica do livro a sexualidade feminina ajuda a justificar uma nova onda de crimes e perseguições. Para compreender a fixação do livro na sexualidade. Uma série de cartas, documentos mais notórios de crimes sexuais envolvendo o Martelo das Bruxas. Cartas escritas durante o fracasso de Kraemer nos julgamentos. Há cartas trocadas entre o Bispo, autoridades locais e o próprio Kraemer formam uma imagem reveladora de Heinrich onde ele se mostra completamente perturbador. Ele violava os procedimentos. Violava as acusadas. Após o julgamento das bruxas o comportamento de Kraemer ainda é mais perturbador. Ele permanece terrível perturbando as mulheres acusadas. O Bispo o acusou de insano. E este é o homem responsável pelo Martelo das Bruxas. Um homem incapaz de ser capaz. Ele foi julgado e condenado pela própria Inquisição. Porem o seu livro continuou sendo publicado e usado também por segmentos protestantes em alguns dos seus julgamentos contra as bruxas. Em 1976 o livro também foi publicado do Brasil. E o Prior ficou silente a meditar nessa longa historia ouvida contar ao longo dos tempos. A Inquisição, e fato, existia, punindo aqueles que a Igreja negava o seu apoio. Mortes e torturas. Nada mais.

quinta-feira, 29 de agosto de 2013

"DEUS" - 43 -

- AS BRUXAS -
- 43 -
AS BRUXAS
O inverno parecia rigoroso naquele tempo. O gado voltou todo ao curral do Mosteiro, salvo alguns que morreram. Cabras, ovelhas e o gado em si. Era o alimento fatal dos Monges. As arvores já não davam frutos necessários ao consumo. Na adega sobrava o vinho, licores e alguns vidros feitos com essências naturais. O trovejar vinha acompanhado de relâmpagos cortantes a toda hora do dia e da noite. Havia notícias de cheias do rio coberto de gelo, embaixo da Serra. Gente moradora em fazendas abandonou suas casas a procura de locais mais seguros. Esse pessoal residia nos locais mais remotos do vilarejo. Falta de recursos tornava o Mosteiro um ambiente morto. Os víveres eram guardados em toneis de madeira carvalho onde havia maio segurança. O vinho também era armazenado em toneis. O Mosteiro era um imenso lugar existente há de trezentos anos. O local de maior preciosidade era o seu Observatório. Assim mesmo, as tormentas invernais empalideciam suas buscas no firmamento. Os monges escribas se enfurnavam na Biblioteca com seus estojos de tintas e canetas como era o seu habito costumeiro há dezenas de anos. Visitantes: esses nem pensar, pois a íngreme subida da serra não dava acesso a nenhum caminhante. Árvores tombadas na passagem era o aspecto único e desolador da congregação dos Monges. O local era bem mais conhecido como o fantasma da Serra por seu aspecto sinistro e desconfortável durante as ocorridas tormentas invernais. Por esses tempos os Monges se recolhiam à capela da Igreja, um local mais aconchegante dentre outros e então oravam como era o costume de todos. O Abade Euclides mantinha-se reservado nos seus aposentos frequentando quase sempre a adega particular então ali existente onde se punha ao calor do vinho a ingerir de quando em quanto um cálice do vermute. Essa era a rotina de todos os dias no Monastério, salvo quando os Monges tinham que assistir a Santa Missa. Após o ato litúrgico o Prior corria para os seus aposentos onde então se recolhia com as pernas esticadas e passava a ler algum compêndio perdido após fazer os seus despachos de costume.
E dessa vez, o Abade, com suas vestes vermelhas por cima de belos cortes de tecido grosso a lhe cobrir todo o corpo para enfrentar o tenebroso frio das manhãs e tardes costumava a ler tão devagar. E então  ele estava com as mãos em um famoso manual antigo dedicado a se matar as bruxas. Era esse o destino de quem fazia rituais de cunho sobrenatural. Era na verdade, um reino de terror. Por trás, histórias de loucuras, fraudes e escândalos. Uma conspiração secreta de adoradores do demônio. Era essa a atração fatal do Martelo das Bruxas. Duzentas e cinquenta e seis páginas de um denso texto em latim escrito em 1486. É, sem dúvida, a enciclopédia e o manual escolhido como o mais abrangente já criado para provar que as Bruxas são reais. E que devem ser mortas.  Não por acaso, as ideias do livro chegaram ao Novo Mundo. Além da perseguição, o Martelo havia ajudado a enviar cerca de sessenta mil vítimas à morte. O Martelo não inventou a caça as bruxas. A maior caçada a elas na Europa aconteceu mais de um século antes do surgimento do livro. E outros religiosos já haviam escrito textos condenando as bruxas. Mesmo assim, até hoje, mais de meio mil anos depois nenhum outro livro sobre bruxaria e mais conhecido, mais lido e mais debatido do que o “Martelo das Bruxas”.  A caça as bruxas do século XVI e inicio do século XVII foi motivo foi motivada pelas ideias intelectuais, popularizadas pelo medo. O Martelo passou por várias versões. Foi lido por inúmeras pessoas. E aqueles que tinham dúvidas em relação à bruxaria passaram a acreditar.
Agora, uma equipe de peritos internacionais, tradutores e estudiosos do mundo medieval estão investigando, examinando edições originais e cópias detalhadas em dois continentes, descobrindo documentos raros e seguindo as evidencias por que o Martelo das Bruxas era tão poderoso. As evidencias começam a surgir mais de 500 anos atrás com um dos mais famosos caçadores de bruxas dessa história. Um homem considerado desvairado. Até louco. 1485, Innsbruck, Áustria. Quarenta e oito mulheres e dois homens são acusados de praticar magia nociva: BRUXARIA. O suposto crime é amaldiçoar amantes adúlteros, usando encantamentos e poções para causar doença e morte. Uma mulher é a principal acusada. Em seu julgamento, um inquisidor de passagem assumiu o comando e dá início a um escândalo. Ele a questiona sobre atos sexuais executados sobre influência diabólica e afirma que a promiscuidade sexual é o portal para seus poderes mágicos. Um advogado enviado por um Bispo local acusa o inquisidor de conduta inadequada e ilegal e exige que todas as acusações sejam retiradas. O inquisidor então deixa a cidade após o fracasso de seu julgamento no Tribunal. Ele é chamado de “Institucionalistas”, famoso inquisidor e seria o autor de o “Martelo das Bruxas”. 1486. Após o fracasso no julgamento de Innsbruck, Heinrich Kraemer inicia sua obra prima. Um livro que prova que bruxas são motivadas pela fraqueza e pela luxuria, recipientes através dos quais o Diabo encarna. E as bruxas devem capturadas e queimadas. Será a maior resposta de Kraemer. Um livro de vingança calando para sempre seus críticos e convencendo o mundo. Sua Bíblia do caçador de bruxas
Opiniões
--- Quando escreveu “Malleus Maleficarum” – Martelo das Bruxas – Kraemer devia estar muito zangado e muito frustrado. Ele tinha fracassado como Caçador de Bruxas.
O grande feito do Martelo foi transformar a vingança de um homem numa causa.  Uma pista do seu poder é que, durante séculos, a obra de Kraemer parecia ter a aprovação da Igreja. Mas as aparências enganam. Novembro de 2009, Berlim. Há cerca de 640 quilômetros onde o Martelo das Bruxas nasceu: o Museu Histórico Alemão. Em busca de evidência que expliquem o sucesso incomum do livro, os investigadores examinam de perto dois exemplares.
Disponível para ser consultado com hora marcada, o exemplar cuidadosamente preservado do Martelo das Bruxas tem 500 anos de idade. Qualquer trabalho para compreender o sucesso do livro deve começar com um documento crítico que se encontra dentro dele. Alguns consideram o endosso mais poderoso que o Martelo já recebeu: a própria Igreja. É a chamada Bula Papal. Semelhante a uma proclamação real a Bula Papal é um documento assinado pelo Papa atestando uma divina oficial da Igreja. E a Bula das Bruxas é uma das mais famosas da história conhecida como a “Bula da Bruxaria”. A Bula tem dois pontos importantes. E neles alerta sobre as bruxas:
Opinião:
--- A Bula descreve o que é a bruxaria e o que as bruxas fazem. Descreve as provas como provocam por meio de magia, granizos e tempestades. Torna pessoas e animais inférteis, matam e mutilam.
E em segundo lugar permite de forma oficial e nominal que Heinrich Kraemer case as bruxas.
Hoje, é difícil imaginar que tal decreto papal se sustentaria, convencendo os leitores de que as bruxas são reais e de que o próprio Martelo tinha aprovação do mais alto líder religioso da época. Mas surge um problema que a medida que os investigadores se aprofundam: A Bula é mais notável pelo que ela não diz. Em momento algum ela menciona o Martelo das Bruxas. A Bula papal foi publicada três anos antes do livro. E não se explica o porquê dela estar incluída em quase todas as edições. A resposta está em 1484. Segundo alguns historiadores, Kraemer prepara para viajar à Roma. Ele está frustrado com as autoridades que se omitem em colaborar com sua cassada às bruxas. Ele leva uma carta solicitando permissão para perseguir as bruxas com anuência total do Papa. Kraemer também leva uma quantia secreta como pagamento para convencer o Vaticano a concordar com o seu pedido. A carta dele tem resultado
A Bula Papal ao diz nada sobre o Martelo das Bruxas. A Bula serviu perfeitamente porque sugeria que o Vaticano concordava plenamente com tudo que o Malleus Maleficarum tina a dizer. Para a equipe de investigação, a Bula revela uma possibilidade impressionante do que o sucesso do Martelo – ou Malleus Maleficarum – não tem nada a ver com a aprovação papal. Mas tem tudo a ver com o mestre da manipulação. Heinrich Kraemer, um homem obcecado em silenciar seus críticos e mudar a forma com o mundo e com as bruxas. Um mau que poderia ser detido.
A Bíblia do Caçador de Bruxas está prestes a nascer. 1485 ou 86: região do Tirol, próximo Áustria. O Martelo das Bruxas de Heinrich Kraemer começa a ganhar forma. Ele está determinado a Enciclopédia definitiva sobre a caça as bruxas. O livro descreve os perigos da bruxaria em detalhes: clarividência e feitiçaria. Magias para doenças mentais. Bebês raptados e sacrificados. Conjurações de desastres naturais. Canibalismo e consumo de sangue. Bruxas voando para encontrar demônios e para participar de cerimônias de magias negras. Os Sabás. Em seu livro o autor incorpora exemplos reais de sua própria caça as bruxas. Um julgamento sensacional serve como modelo. O julgamento ocorreu antes, em Innsbruck, e ele considera o processo bem feito contra as bruxas. 1484. Ravensburg, Alemanha. Uma tempestade de granizo atinge a região. A causa provável: Bruxaria. Num Tribunal oito mulheres enfrentam uma delegação de autoridades locais. E mais um inquisidor: Heinrich Kraemer. Perto dali o castigo preferido pelo inquisidor: O PÊNDULO! Suspensas pelos pulsos, as vítimas ficam penduradas, muitas vezes até os braços deslocarem dos ombros. Geralmente, duas mulheres confessam atos de feitiçaria demoníaca provocando tempestades mortais. O inquisidor ordena que as mulheres sejam queimadas vivas. Para Kraemer, Ravensburg foi um grande sucesso. Dois anos depois, em sua obra prima, ele retrata o julgamento como só ele pode fazer. Um relato detalhado do próprio executor. No entanto Kraemer acredita que suas credenciais não bastam para vender o livro. Para convencer os leitores ele precisa de um coautor ilustre. O que acontece a seguir é uma das maiores polêmicas que envolvem o Martelo das Bruxas. Praticamente, todas as edições do livro dão um crédito a dois homens; Kraemer e um professor da conceituada Universidade de Colônia: James Sprenger.
Opinião:
--- James Sprenger foi um dos líderes dos Monges dominicanos na Alemanha.


Alguns dos peritos acreditam que Sprenger nada além de escrever o prefácio do livro. Outros: que o distinto atuou como consultou literário. Mas alguns co
O inverno parecia rigoroso naquele tempo. O gado voltou todo ao curral do Mosteiro, salvo alguns que morreram. Cabras, ovelhas e o gado em si. Era o alimento fatal dos Monges. As arvores já não davam frutos necessários ao consumo. Na adega sobrava o vinho, licores e alguns vidros feitos com essências naturais. O trovejar vinha acompanhado de relâmpagos cortantes a toda hora do dia e da noite. Havia notícias de cheias do rio coberto de gelo, embaixo da Serra. Gente moradora em fazendas abandonou suas casas a procura de locais mais seguros. Esse pessoal residia nos locais mais remotos do vilarejo. Falta de recursos tornava o Mosteiro um ambiente morto. Os víveres eram guardados em toneis de madeira carvalho onde havia maio segurança. O vinho também era armazenado em toneis. O Mosteiro era um imenso lugar existente há de trezentos anos. O local de maior preciosidade era o seu Observatório. Assim mesmo, as tormentas invernais empalideciam suas buscas no firmamento. Os monges escribas se enfurnavam na Biblioteca com seus estojos de tintas e canetas como era o seu habito costumeiro há dezenas de anos. Visitantes: esses nem pensar, pois a íngreme subida da serra não dava acesso a nenhum caminhante. Árvores tombadas na passagem era o aspecto único e desolador da congregação dos Monges. O local era bem mais conhecido como o fantasma da Serra por seu aspecto sinistro e desconfortável durante as ocorridas tormentas invernais. Por esses tempos os Monges se recolhiam à capela da Igreja, um local mais aconchegante dentre outros e então oravam como era o costume de todos. O Abade Euclides mantinha-se reservado nos seus aposentos frequentando quase sempre a adega particular então ali existente onde se punha ao calor do vinho a ingerir de quando em quanto um cálice do vermute. Essa era a rotina de todos os dias no Monastério, salvo quando os Monges tinham que assistir a Santa Missa. Após o ato litúrgico o Prior corria para os seus aposentos onde então se recolhia com as pernas esticadas e passava a ler algum compêndio perdido após fazer os seus despachos de costume.
E dessa vez, o Abade, com suas vestes vermelhas por cima de belos cortes de tecido grosso a lhe cobrir todo o corpo para enfrentar o tenebroso frio das manhãs e tardes costumava a ler tão devagar. E então  ele estava com as mãos em um famoso manual antigo dedicado a se matar as bruxas. Era esse o destino de quem fazia rituais de cunho sobrenatural. Era na verdade, um reino de terror. Por trás, histórias de loucuras, fraudes e escândalos. Uma conspiração secreta de adoradores do demônio. Era essa a atração fatal do Martelo das Bruxas. Duzentas e cinquenta e seis páginas de um denso texto em latim escrito em 1486. É, sem dúvida, a enciclopédia e o manual escolhido como o mais abrangente já criado para provar que as Bruxas são reais. E que devem ser mortas.  Não por acaso, as ideias do livro chegaram ao Novo Mundo. Além da perseguição, o Martelo havia ajudado a enviar cerca de sessenta mil vítimas à morte. O Martelo não inventou a caça as bruxas. A maior caçada a elas na Europa aconteceu mais de um século antes do surgimento do livro. E outros religiosos já haviam escrito textos condenando as bruxas. Mesmo assim, até hoje, mais de meio mil anos depois nenhum outro livro sobre bruxaria e mais conhecido, mais lido e mais debatido do que o “Martelo das Bruxas”.  A caça as bruxas do século XVI e inicio do século XVII foi motivo foi motivada pelas ideias intelectuais, popularizadas pelo medo. O Martelo passou por várias versões. Foi lido por inúmeras pessoas. E aqueles que tinham dúvidas em relação à bruxaria passaram a acreditar.
Agora, uma equipe de peritos internacionais, tradutores e estudiosos do mundo medieval estão investigando, examinando edições originais e cópias detalhadas em dois continentes, descobrindo documentos raros e seguindo as evidencias por que o Martelo das Bruxas era tão poderoso. As evidencias começam a surgir mais de 500 anos atrás com um dos mais famosos caçadores de bruxas dessa história. Um homem considerado desvairado. Até louco. 1485, Innsbruck, Áustria. Quarenta e oito mulheres e dois homens são acusados de praticar magia nociva: BRUXARIA. O suposto crime é amaldiçoar amantes adúlteros, usando encantamentos e poções para causar doença e morte. Uma mulher é a principal acusada. Em seu julgamento, um inquisidor de passagem assumiu o comando e dá início a um escândalo. Ele a questiona sobre atos sexuais executados sobre influência diabólica e afirma que a promiscuidade sexual é o portal para seus poderes mágicos. Um advogado enviado por um Bispo local acusa o inquisidor de conduta inadequada e ilegal e exige que todas as acusações sejam retiradas. O inquisidor então deixa a cidade após o fracasso de seu julgamento no Tribunal. Ele é chamado de “Institucionalistas”, famoso inquisidor e seria o autor de o “Martelo das Bruxas”. 1486. Após o fracasso no julgamento de Innsbruck, Heinrich Kraemer inicia sua obra prima. Um livro que prova que bruxas são motivadas pela fraqueza e pela luxuria, recipientes através dos quais o Diabo encarna. E as bruxas devem capturadas e queimadas. Será a maior resposta de Kraemer. Um livro de vingança calando para sempre seus críticos e convencendo o mundo. Sua Bíblia do caçador de bruxas
Opiniões
--- Quando escreveu “Malleus Maleficarum” – Martelo das Bruxas – Kraemer devia estar muito zangado e muito frustrado. Ele tinha fracassado como Caçador de Bruxas.
O grande feito do Martelo foi transformar a vingança de um homem numa causa.  Uma pista do seu poder é que, durante séculos, a obra de Kraemer parecia ter a aprovação da Igreja. Mas as aparências enganam. Novembro de 2009, Berlim. Há cerca de 640 quilômetros onde o Martelo das Bruxas nasceu: o Museu Histórico Alemão. Em busca de evidência que expliquem o sucesso incomum do livro, os investigadores examinam de perto dois exemplares.
Disponível para ser consultado com hora marcada, o exemplar cuidadosamente preservado do Martelo das Bruxas tem 500 anos de idade. Qualquer trabalho para compreender o sucesso do livro deve começar com um documento crítico que se encontra dentro dele. Alguns consideram o endosso mais poderoso que o Martelo já recebeu: a própria Igreja. É a chamada Bula Papal. Semelhante a uma proclamação real a Bula Papal é um documento assinado pelo Papa atestando uma divina oficial da Igreja. E a Bula das Bruxas é uma das mais famosas da história conhecida como a “Bula da Bruxaria”. A Bula tem dois pontos importantes. E neles alerta sobre as bruxas:
Opinião:
--- A Bula descreve o que é a bruxaria e o que as bruxas fazem. Descreve as provas como provocam por meio de magia, granizos e tempestades. Torna pessoas e animais inférteis, matam e mutilam.
E em segundo lugar permite de forma oficial e nominal que Heinrich Kraemer case as bruxas.
Hoje, é difícil imaginar que tal decreto papal se sustentaria, convencendo os leitores de que as bruxas são reais e de que o próprio Martelo tinha aprovação do mais alto líder religioso da época. Mas surge um problema que a medida que os investigadores se aprofundam: A Bula é mais notável pelo que ela não diz. Em momento algum ela menciona o Martelo das Bruxas. A Bula papal foi publicada três anos antes do livro. E não se explica o porquê dela estar incluída em quase todas as edições. A resposta está em 1484. Segundo alguns historiadores, Kraemer prepara para viajar à Roma. Ele está frustrado com as autoridades que se omitem em colaborar com sua cassada às bruxas. Ele leva uma carta solicitando permissão para perseguir as bruxas com anuência total do Papa. Kraemer também leva uma quantia secreta como pagamento para convencer o Vaticano a concordar com o seu pedido. A carta dele tem resultado
A Bula Papal ao diz nada sobre o Martelo das Bruxas. A Bula serviu perfeitamente porque sugeria que o Vaticano concordava plenamente com tudo que o Malleus Maleficarum tina a dizer. Para a equipe de investigação, a Bula revela uma possibilidade impressionante do que o sucesso do Martelo – ou Malleus Maleficarum – não tem nada a ver com a aprovação papal. Mas tem tudo a ver com o mestre da manipulação. Heinrich Kraemer, um homem obcecado em silenciar seus críticos e mudar a forma com o mundo e com as bruxas. Um mau que poderia ser detido.
A Bíblia do Caçador de Bruxas está prestes a nascer. 1485 ou 86: região do Tirol, próximo Áustria. O Martelo das Bruxas de Heinrich Kraemer começa a ganhar forma. Ele está determinado a Enciclopédia definitiva sobre a caça as bruxas. O livro descreve os perigos da bruxaria em detalhes: clarividência e feitiçaria. Magias para doenças mentais. Bebês raptados e sacrificados. Conjurações de desastres naturais. Canibalismo e consumo de sangue. Bruxas voando para encontrar demônios e para participar de cerimônias de magias negras. Os Sabás. Em seu livro o autor incorpora exemplos reais de sua própria caça as bruxas. Um julgamento sensacional serve como modelo. O julgamento ocorreu antes, em Innsbruck, e ele considera o processo bem feito contra as bruxas. 1484. Ravensburg, Alemanha. Uma tempestade de granizo atinge a região. A causa provável: Bruxaria. Num Tribunal oito mulheres enfrentam uma delegação de autoridades locais. E mais um inquisidor: Heinrich Kraemer. Perto dali o castigo preferido pelo inquisidor: O PÊNDULO! Suspensas pelos pulsos, as vítimas ficam penduradas, muitas vezes até os braços deslocarem dos ombros. Geralmente, duas mulheres confessam atos de feitiçaria demoníaca provocando tempestades mortais. O inquisidor ordena que as mulheres sejam queimadas vivas. Para Kraemer, Ravensburg foi um grande sucesso. Dois anos depois, em sua obra prima, ele retrata o julgamento como só ele pode fazer. Um relato detalhado do próprio executor. No entanto Kraemer acredita que suas credenciais não bastam para vender o livro. Para convencer os leitores ele precisa de um coautor ilustre. O que acontece a seguir é uma das maiores polêmicas que envolvem o Martelo das Bruxas. Praticamente, todas as edições do livro dão um crédito a dois homens; Kraemer e um professor da conceituada Universidade de Colônia: James Sprenger.
Opinião:
--- James Sprenger foi um dos líderes dos Monges dominicanos na Alemanha.
Alguns dos peritos acreditam que Sprenger nada além de escrever o prefácio do livro. Outros: que o distinto atuou como consultou literário. Mas alguns comentários são de que o autor apenas se aproveitou de um nome ilustre. Com uma coisa todos os estudiosos concordam: Kraemer foi o autor principal do livro. O Martelo, inflamado com paixão, repleto com linguagem sensacional, ressoou.
Novembro de 2009 – Em seu escritório da Universidade da Escócia, um texto final e inconfundível. Algumas palavras se destacam no livro por ser realmente emocional. Por exemplo: sujeira. Palavra repulsiva e nauseante. E perseguir amantes. Isso, segundo o autor, é o que as bruxas levam o homem a fazer. Essas palavras ilustram a atitude pessoal de Kraemer. 1486. No fim do ano o martelo das bruxas está completo. É um manual de referencia que vai além de qualquer outro livro anterior explicando os perigos de bruxaria. Para defender o que afirma, o livro é organizado em três partes: Parte Um: um argumento filosófico provando a existência das bruxas. Parte Dois: como reconhecer a bruxaria em sua própria comunidade. Parte três, a mais infame de todas: um manual jurídico. Um guia prático para acusar, processar e condenar a bruxa à morte. Após terminar o livro, Kraemer não tinha como saber o sucesso de sua vida que um caçador de bruxa faria. Por enquanto, ele ajudaria a condenar bruxas à morte. Dezena de milhares dessas mulheres velhas ou novas não importava a sua idade. A história tomaria outro rumo na Europa. E também no Novo Mundo. Uma mulher para sacrificada como bruxa era preciso tão somente uma denúncia. O sacrifício da maldade estava apenas no seu começo.
mentários são de que o autor apenas se aproveitou de um nome ilustre. Com uma coisa todos os estudiosos concordam: Kraemer foi o autor principal do livro. O Martelo, inflamado com paixão, repleto com linguagem sensacional, ressoou.


Novembro de 2009 – Em seu escritório da Universidade da Escócia, um texto final e inconfundível. Algumas palavras se destacam no livro por ser realmente emocional. Por exemplo: sujeira. Palavra repulsiva e nauseante. E perseguir amantes. Isso, segundo o autor, é o que as bruxas levam o homem a fazer. Essas palavras ilustram a atitude pessoal de Kraemer. 1486. No fim do ano o martelo das bruxas está completo. É um manual de referencia que vai além de qualquer outro livro anterior explicando os perigos de bruxaria. Para defender o que afirma, o livro é organizado em três partes: Parte Um: um argumento filosófico provando a existência das bruxas. Parte Dois: como reconhecer a bruxaria em sua própria comunidade. Parte três, a mais infame de todas: um manual jurídico. Um guia prático para acusar, processar e condenar a bruxa à morte. Após terminar o livro, Kraemer não tinha como saber o sucesso de sua vida que um caçador de bruxa faria. Por enquanto, ele ajudaria a condenar bruxas à morte. Dezena de milhares dessas mulheres velhas ou novas não importava a sua idade. A história tomaria outro rumo na Europa. E também no Novo Mundo. Uma mulher para sacrificada como bruxa era preciso tão somente uma denúncia. O sacrifício da maldade estava apenas no seu começo.

quarta-feira, 28 de agosto de 2013

"DEUS" - 42 -

- DEMÔNIO -
- 42 -
O DIABO - PARTE II
O Abade estava a supor de ter sido no inverno boreal, em volta do mês de janeiro ou fevereiro quando ocorre o solstício na região norte do hemisfério. Houve uma tempestade de neve por amplo redor da vila onde moravam os seus familiares. Teve época de frio intenso e muita gente não suportou a peste bubônica conhecida por Morte Negra. Centenas de corpos coalharam o cemitério da vila onde a família do Abade morava. Pouca gente escapou. Muitos conseguiram fugir para outras regiões do país, apesar do frio absorvente. Essa história sempre ouvia o Abade de todos os seus familiares a lamentar de alguns entes queridos os quais morreram entre os tantos. O Mosteiro era o canto mais seguro para os vizinhos do remoto vilarejo. Houve pânico entre os sobreviventes da tragédia e súplicas de amparo para os mais necessitados. O Abade Euclides fechou o trinco da janela e se voltou para estante onde se guardava umas garrafas de vinhos feitos na própria abadia com as uvas recolhidas durante o tempo do verão. Euclides retirou uma taça e encheu com gosto do precioso licor de anos passados. Ele degustou um pouco para saborear o vinhedo na sua boa excelência, tragou e engoliu de uma única vez. Logo em seguida, ainda cheio de frio, Euclides voltou à mesa para rebuscar o grosso tomo. E então continuou a narrativa:
--- O artista ou artistas do Códice deram a esse astuto demônio uma Cela. Satã não está solto no inferno. Mas emparedado dentro de uma câmara do mau. Ninguém nunca o ousou prender antes. Como encontrar o autor da imagem de Satã? O autor da misteriosa figura pode revelar muita coisa diabólica. O ambiente, a educação, as influências e até a psicologia de um escriba. O demônio, como é conhecido, teve sua origem nos jardins do Éden, na forma de uma serpente. Mesmo assim, suas origens são surpreendentemente “inocentes”. O Satã em árabe significava simplesmente “acusador”. Em hebraico, significava “adversário”. No Antigo Testamento, Satã é um tipo de advogado discutindo o pecado do homem com Deus. O Novo Testamento trás em Satã a encarnação do mal. No terrível capítulo final – o Livro do Apocalipse – a identidade de Satã fica clara: ele é o anjo “Caído”. Um superdomínio apocalíptico engenhoso, sedutor e mortal. Um trapeiro do mau que condena os pecadores ao inferno eterno.
Opinião:
--- O Livro do Apocalipse diz que a Terra é um solo de batalha. Então, essa batalha cósmica que aconteceu previamente no Paraíso agora está acontecendo na Terra.
Nas Cidades Médias, Satã adquiriu um novo visual para corresponder a sua identidade sinistra. Um visual emprestado do paganismo. O Cristianismo transformou. Deus da fertilidade pagã, metade homem, metade bode, em demônio. Com isso ele tem várias características. Os chifres clássicos de um demônio, a pele escamada de um animal metade homem, metade bode e que se torna um animal com pele escamada. O Diabo tem os cascos que, literalmente, eram associados a Pã e que se tornaram uma coisa negativa. Algo animalesco
Esse é o Satã do Códice criado pelo Monge ou Monges fortemente influenciados por sua época. Mesmo assim o Diabo mostra evidencia de outra coisa: um estranho espírito livre marchando para o seu próprio destino do Mefistófeles. Apesar de tudo, o autor do Diabo era um amador. Embora o trabalho seja impressionante para os olhos de um especialista, não é de um bom artista. Era um amador com algum talento obsessivo. Ele trabalha para que a figura fique maior, mais significativa, mais alta, mais forte, mais completa e mais extraordinária de qualquer coisa já feita. As mesmas pistas aparecem na caligrafia do Livro. Bonita, detalhista. Mas não sofisticada. Provavelmente obra de um autodidata.
Os escribas monásticos profissionais colaboravam uns com os outros em uma grande sala chamada “Escritório” trocando os mais recentes métodos e técnicas entre si. Comparando-se um documento medieval com o Códice, “A Bíblia do Diabo” parece antiquada, amadora, quase excêntrica. Não é o que se espera de uma Bíblia do século XIII. Deve ter sido um trabalho de algum autodidata. A pessoa que a copiou era realmente um amador. Esses indicadores de um trabalho amador levanta suspeita cada vez maior. E o Códice foi um projeto de uma única pessoa. Quem quer que tenha sido o responsável por essa figura será que sabia que ela daria início ao tumulto? Na época medieval pintar um Demônio numa página inteira poderia ser algo provocativo. Até perigoso.
À medida que especialistas trabalham, as evidencias apontam para um escriba. Mas quem será ele? Quem escolheu esse gigante no Códice? E que mensagem queria ele ou eles deixar? Quaisquer que fossem suas intenções a Bíblia do Diabo lançou uma obsessão.  Em 1565, na Áustria, o Príncipe coroado Rudolf II espera o seu horoscopo real de um mestre profeta: Michel de Notredame, o Nostradamus. O famoso profeta francês, farmacêutico e escritor de almanaques prepara um mapa quadro elaborados. Neste mapa ele prevê a morte do pai de Rudolf e a ascensão do jovem governante ao trono, tornando-se o Sagrado Imperador romano. Quando Rudolf recebe o horoscopo as previsões ajudam a dar vida a sua obsessão com o “oculto”. Rudolf cobiça o Códice. O Monarca se aproxima amigavelmente do Mosteiro beneditino, dono do Livro, dando-lhes presentes e fazendo-lhes favores. A estratégia funciona. O Abade trás o Códice dando-lhe como presente a Rudolf. O Rei fica seduzido. E contrata uns especialistas para traduzir as passagens e faz com que se dediquem as estranhas páginas do Livro, incluindo a famosa figura do demônio, o Mefistófeles.
Rudolf mantém o Códice consigo. Uma grande aquisição para um grande líder. A sua sorte logo mudaria para pior. Com uma tendência a melancolia desde a infância, o Imperador se torna antissocial, instável e paranoico. Ele fica enclausurado em seu Castelo. O reinado de Ruldolf logo se torna uma tragédia. Sem condições para governar, ele perde todo o apoio que tinha e sua família o expulsa do trono. O Imperador morre sem poder, solteiro, sem herdeiros para dar seu bom nome. O ex-reino de Rudolf cai nas mãos do inimigo. Exércitos armados saqueiam a Biblioteca Real e confiscam talvez o manuscrito mais extraordinário de todos: o Códice Giga.
Séculos depois, na Biblioteca Nacional da Suécia, o lar do Códice, é difícil imaginar uma revolta e caos tão grande. A equipe de investigação está estreitando sua busca do escriba misterioso da Bíblia do Diabo. Eles precisam de mais dados para provar ou não que o Monge agiu sozinho. Mas quanto mais eles examinam o Códice, mais difícil fica a imaginar como um único ser humano pode ter escrito tudo sozinho. E quanto tempo isso teria levado? Mesmo para um especialista em caligrafia antiga, o calculo para descobrir o tempo necessário para completar o Livro é complicado. O cientista tem que primeiro se calcular para escrever uma linha. Para fazer isso, se precisa recriar o século XIII, respeitando a ciência dos escribas. Escrevendo numa folha em branco, o cientista reproduz a fonte de doze pontos latina tirada de uma das páginas da Bíblia do Diabo.
Depoimento
--- A pena se move bem depressa sobre o pergaminho. E isso é tão verdade hoje quanto era há 700 anos. Pode-se calcular isso a partir do número de linhas quanto tempo deve ter levado o trabalho do escriba.
Escrevendo sem parar o escriba deve ter completado uma linha em vinte segundos, uma coluna em trinta minutos, uma parte em uma hora. E para escrever o manuscrito inteiro, trabalhando vinte e quatro horas por dia, ele teria levado cinco anos. Mas tem um detalhe: os Monges tinham deveres rigorosos e só tinham missão para escrever durante algumas horas por dia. Além disse a caligrafia, era apenas parte do trabalho;
Cálculo:
--- Cinco anos escrevendo. Levaria mais cinco para organizar tudo. Isso indica dez anos. O Monge teve que fazer iniciais decoradas. E às vezes, cada inicial leva de dois a três dias para ficar pronta. Ele deve ter tido que corrigir seus textos e ter precisado ir à Igreja aos domingos. Somando todos esses fatores se tem algo de um mínimo de vinte anos de produção. É preferível concluir que o Monge levou de vinte e cinco a trinta anos para terminar.
E tem mais cálculos: nas condições de ambiente do século XIII escrever o Códice deve ter sido um trabalho exaustivo. Isso pode ser uma risca: nos Monastérios Medievais, copiar um Livro Sagrado era uma forma comum de penalidade. Um trabalho exaustivo, cansativo e pesado que possa ter dado ao escriba uma chance de purificar sua alma.
Opinião:
--- Na época medieval acreditava-se que era possível espiar os pecados copiando-se um texto.
E há outros sinais que sugerem que o Códice deve ter sido o trabalho de um Monge condenado em uma missão. O conteúdo do livro é altamente incorreto. De escrituras sagradas a historias até curas medicinais, ele inclui a combinação de textos encontrados somente alí. Os especialistas notam a sua ênfase em cuidar do corpo e da mente. E de proteger a sua alma imortal. Não há nenhum outro manuscrito como este. Ele possui uma combinação de textos que não existe em nenhum outro.  Uma sessão em particular sustenta a ideia de que o Códice pode ter sido escrito por alguém com a consciência pesada: um conjunto de feitiços chamados: CONJURAÇÕES! – parentes próximos de um ritual mais terrível: O EXORCISMO.
Opinião:
--- Vê-se no Códice Giga a imagem do Demônio quase pronta para atacar. Essa é uma das imagens mais fortes da era medieval. E está viva até hoje transmitindo a ideia não só de que o Diabo poderia te atacar. Mas de que de alguma forma ele entraria em você e habitaria em você. E a maneira de lidar com isso seria através do Exorcismo chamando o Diabo “em nome de Deus”.
Nenhuma outra Bíblia contém a figura do Diabo junto com condenações demoníacas. No Códice elas estão lado a lado. Os exorcismos e condenações da era medieval geralmente eram terríveis. Orações fervorosas, poder físico, encantamentos. O Sacerdote e a vítima lutavam pela alma do possuído. Geralmente as invocações funcionavam como um remédio preventivo para afastar os Demônios antes que eles tomassem conta da pessoa. Para os especialistas que buscam identificar o verdadeiro autor do Códice um conteúdo tão volátil oferece pistas valiosas. Códice Giga. Pagina 290. Conjurações de curas espirituosas. Para executar o ritual do feitiço do Códice o sacerdote fica em pé sobre o doente. Faz o Sinal da Cruz. E ousa se dirigir ao Diabo pelo nome chamando por seus nomes conhecidos e desconhecidos. Ele conta a historia sobre Jesus, seus anjos e discípulos. Ordena que a tentação maligna deixe o corpo do servo de Deus. O sacerdote reza para que a vítima seja redimida.
Decifrando o Código hoje, as conjurações parecem sustentar uma teoria de um escriba solitário. De um Monge tentando redimir seus pecados escrevendo o livro mais ambicioso de sua época. Mas pergunta permanece. Como um manuscrito tão perfeito assim poderia existir? Que tipo de escriba extraordinário poderia tê-lo escrito? Ou será um trabalho de vários escribas tentando se passar por ele? Uma evidencia mais forense para desmascarar o criador da Bíblia do Diabo estava à vista de todos os cientistas. O ano era 1648, cidade de Praga. Depois da queda de Rudolf II tropas suecas invasoras roubaram espólios valiosos. Dentre eles, A BÍBLIA DO DIABO. Os soldados colocam o valioso manuscrito em um caminhão gigante e fazem a jornada de quase 1.500 quilômetros de volta à Estocolmo. Muitos não fazem ideia do Livro que está viajando ao lado deles. Outros podem ter ouvido boatos sinistros de uma Bíblia tocada pelo Mal, escrita pelo próprio Demônio. As autoridades planejam apresentar o Códice a Cristina, a sua monarca reinante. A Rainha reinante da Europa. Vinte anos antes em um Castelo, em Estocolmo, nascia uma garota sobre poderosas profecias. Muitos acreditavam, se a criança sobrevivesse à noite, ela despertaria para a Majestade. Mas um homem está determinado a virar o seu destino. Seu pai, o Rei Gustavo II. Dois dos seus filhos já haviam morrido e Cristina é sua única herdeira. O Rei jura trata-la como se ela fosse um homem. E então a cria, à educa e a veste como um menino. Cristina segue os desejos de seu pai. Quando se torna uma Monarca, ela faz seu juramento, não como Rainha. Mas como Rei. Seu Exército se prepara para apresentar a ela a Bíblia do Diabo. Eles esperam que ela fique feliz com essa incrível novidade. Cristina ordena que o Códice seja colocado na Biblioteca do seu Castelo. No catálogo oficial o Códice é listado em primeiro lugar entre todos os seus manuscritos mais valiosos. Mas Cristina não ficará com ele durante muito tempo. O destino do Reino logo teria uma tumultuada virada. E a Bíblia do Diabo também. Em menos de uma década Cristina abdica ao Trono. Ela se converte ao catolicismo e promete a se exilar em Roma. Ela pega suas coisas mais valiosas, incluindo várias Bíblias Sagradas. Mas, misteriosamente ela deixa o Códice para trás.
Menos de 50 anos depois o Códice quase é destruído num incêndio catastrófico no Castelo. 1697. Estocolmo. Sexta-feira. 7 de maio. Dentro do Castelo Real jaz um corpo em toda sua ponta. O recém-morto, Rei Charles XI. Sem aviso, o Castelo começa a pegar fogo. Aposento após aposento vai sendo tomado pelas chamas. A Família Real foge em pânico. Os servos do Castelo se apressam para salvar o que podem. Os restos mortais do Rei, bens preciosos e livros. Segundo a lenda, um servo agarra o gigante Códice e o atira ao solo, preservando-o. Mas este é mais um capítulo na história desse livro. O fogo causa uma devastação gigantesca. Os encarregados de evitar que qualquer incêndio se alastrasse são condenados à tortura.
Com passar dos séculos, hoje, Bíblia do Diabo, salva de um incêndio, existindo por todo esse tempo, mostra em suas páginas a figura do Demônio protegido das amarguras de sua vida ao contrário de outras páginas desgastadas, encolhidas e até mesmo rasgadas. Um detalhe: A Bíblia foi escrita não em papel, porém em couro, ou seja, velo, parecido com pergaminho, mas feito de pele de animal. E foram utilizadas 160 peles ou velo para usar na confecção desse Códice. Essa era uma formula de reciclagem medieval. No Monastério sobrava muita pele de animais abatidos para o consumo dos Monges. Então depois de muita busca, os cientistas descobriram que as sombras foram causadas pela falta de luz. Com o tempo, a exposição aos raios ultravioletas surtia um poderoso efeito na pele de animal acabando por tingi-la. É  uma prova de uma poderosa atração. Durante 800 anos as pessoas olharam para a figura de Satã mais do que qualquer outra página. A exposição do livro revela algo muito mais notável do que possessão demoníaca:
Nosso eterno fascínio pelo demônio. E o Códice Giga foi um trabalho de um único escriba. É uma conquista quase sobre-humana. O maior manuscrito já criado. E a única palavra encontrada na Bíblia revela o seu autor. A palavra é “INCLUSÃO”. Ao contrario de que se pensou durante esses 800 anos: “Emparedado Vivo” E a Bíblia tem algo mais significativo. Não o Diabo. Mas o retrato do Reino do Paraíso. O Horror e a Felicidade. O Bem e o Mal se enfrentando nas páginas do Códice Giga. Esse é o resultado do conhecer de um Monge beneditino.
 
 
 

terça-feira, 27 de agosto de 2013

"DEUS" - 41 -

- O DIABO -
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O DIABO
À tarde daquele mesmo dia, o Abade Euclides de Astúrias já estava em seu gabinete onde então ele costumava passar a maior parte do tempo a ler os estudos mais profundos de teologia. De momento, o Prior esquecera-se de passar na Biblioteca, onde havia um monte de livros antigos, alguns dos quais já bastante desgastados pelo tempo e pelo mau uso dos outros Monges ou Monjas, por certo. Das monjas ele pouco se lembrava, a não ser de uma muito bela e de um encanto terno e copioso. De todas as Monjas era essa que ele se lembrava de quando em quando por sua forma esguia de ser. Porém o seu pensar era momentâneo, pois não queria ele nutrir aforismos vãos por aquela boneca sensual como parecia demonstrar. E por tal motivo, não raro estava o Abade a fazer o seu suplício quando só por se lembrar de algo impróprio para o mesmo. Chovia a cântaros aquela hora da tarde como se o tempo mudara de repente. Pelos cálculos do Abade já era tempo de inverno. E, portanto já era tempo de chuva por um pedaço de tempo durante o ano. Três meses eram mais o certo. Esse período fez lembrar o Prior seus ternos tempos de aconchego nos braços de sua mãe quanto ainda era criança dos seus cinco a seis anos. Se não podia sair de casa, então ele dormia de forma confortável ao colo de sua amada genitora. Lembranças, lembranças, lembranças.
A ouvir o canto solene dos Monges o Abade então buscou de imediato a brochura a qual ele mesmo guardara horas antes, quando próximo do almoço. E a rebuscar a chave verdadeira no molho em seu bolso, o Abade viu cair uma nota onde o mesmo lembrava ter de buscar certo livro sobre o enigma de bruxaria. O abade pôs o aviso novamente no bolso e catou o seu verdadeiro Grande Livro do Diabo. Após retirá-lo do compartimento secreto da estante e buscou assento na sua mesa de trabalho onde se espojou como pode. E devorou como pode A Bíblia do Diabo. Aquele era o maior manuscrito medieval existente. O livro que já foi considerado a oitava maravilha do mundo. Com noventa centímetros de comprimento e setenta e cinco quilos e, dentro dele, histórias antigas, curas medicinais e feitiços.
Depoimento:
--- Ele contém uns textos grandes de nenhum outro lugar. É o objeto mais peculiar, mais estranho, mais fascinante, mais bizarro e inexplicável.
Mais o livro é bem mais do que isso. O Códice exerce uma atração quase sobrenatural. Cobiçado pelos poderosos, roubado como espólio de guerra, mantido em segredo por um Santo Imperador romano durante toda a sua história o Códice inspirou medo e uma obsessão por sua posse. Hoje, o magnetismo do livro continua tão forte quanto antes. Embora ele seja mantido permanentemente na Suécia em 2007, pela primeira vez em quase quatrocentos anos, o Códice voltou para a sua terra natal: a República Checa. Milhares de pessoas foram até lá para vê-lo. O evento ganhou as manchetes internacionais. Poucos livros já causaram tamanha sensação.
Depoimento:
--- Não há dúvidas de quem ler esse livro não pode deixar de perceber que ele tem um certo poder.
E por trás disso tudo existe uma força diabólica. Uma figura única e sinistra: Satã. O Códice sustenta uma figura do Diabo numa página inteira. Nenhuma outra Bíblia no mundo trás uma imagem tão bizarra do mal encarnado. Ninguém sabe quem a criou. Nem porque ela está no exemplar do livro. É uma figura extraordinária e incomum. É inesquecível e assustadora. Talvez intencional. E não é só isso. Sombras inexplicáveis envolvem apenas as páginas ao redor da figura satânica. E o Códice é o único livro que coloca o Antigo e o Novo Testamento ao lado de encantamentos sagrados e violentos. Feitiços e exorcismos demoníacos. Embora ninguém siba sua idade exata, uma citação, no livro, revela a data provável do seu término: 1230. Desde então durante oito séculos duas perguntas importantes tem perseguido o Códice: Quem o criou? E por quê?. A caligrafia do livro é surpreendentemente consistente. Poderia vários escribas trabalhados juntos? Ou o livro teria exercido o trabalho de um único autor? A maior parte de um livro foi escrita por uma pessoa. Duas ou três também trabalhando juntas. Mas a Bíblia do Diabo parece ter sido escrita pelas mãos de um único escriba. Mesmo se o Códice tivesse sido trabalhado por uma só pessoa dá a impressão de um problema ainda maior: TEMPO. O livro de tal magnitude levaria décadas para ser escrito. O único autor envelheceria, ficaria doente, perderia parte da visão e da coordenação. Pós pagina após pagina o livro se apresenta perfeito e os estudiosos observam que ele não tem erros nem omissões dignos de nota. Quem poderia completar uma tarefa tão formidável? Os especialistas acreditam que o manuscrito detenha as pistas para revelar seu misterioso criador ou criadores. Mas séculos atrás os primeiros a verem o Códice acreditaram que havia apenas uma explicação. Eles deram início a uma lenda que existe até hoje: a de que o Códice foi escrito por um monge condenado que vendeu a alma ao DEMONIO.
1230. A história começa num remoto Monastério, na Bohemia. Em uma Cela escura um Monge implora por sua vida. Ele está em sérios apuros. Seu pecado violou uma regra monástica sagrada. Algo tão ofensivo que foi mantido em segredo. Ele é um beneditino chamado de: “Os Monges Negros”. Seus trajes funérios simbolizam morte a o mundo terreno. Eles fazem voto de pobreza, castidade, obediência e suportam cruéis sacrifícios físicos como roupas infestadas de pulgas. Jejum, privação de sono e a autoflagelação. Mas os fracos acabam caindo em tentação. Gula, Inveja, depravações sexuais. As punições são extremas: confinamento em solitária, ódio, excomunhão ou pior: em algum lugar do Monastério os mais velhos decidem se o Monge que cedeu às tentações deve viver ou morrer. As notícias são terríveis dessa vez. O monge será condenado a uma morte lenta.  Tijolo após tijolo, ele será emparedado vivo. O condenado teme a tortura que está por vir. Mas ele tem uma inspiração divina: Ele escreverá o maior livro daquela época que conterá a Bíblia e todo o conhecimento humano e então irá glorificar seu monastério para sempre. E para provar seu martírio, ele escreverá essa coleção colossal numa só noite. Os mais velhos zombam dele. Mas como o Monge é insistente eles concordam em deixa-lo tentar. Mas seu decreto é claro. Se o livro não terminado pela manhã, o Monge enfrentará a morte certa.
Página após página o Monge escreve até sua mão ficar dormente. Mas, a meia-noite a morte começa a se aproximar, pois ainda falta muita coisa. Então, na mais escura das horas ele faz um pacto profano. Pede ajuda do anjo caído: SATÃ. A lenda conta que o anjo respondeu ao chamado do Monge. Assim como os Evangelhos foram criados pela mão de Deus, o Códice Giga foi criado pela mão do Diabo.
 Em Estocolmo, Suécia:
 A Biblioteca Nacional Real. - O lar moderno do Códice Giga. - Qualquer exposição prolongada à luz, ao calor e a umidade poderá causar danos irreparáveis ao livro. Ele esteve sempre coberto por um pano. Pela primeira vez na história uma equipe internacional planeja desvendar o Códice Giga. A equipe esteve reunida fazendo análise do texto, ilustrações, manuscritos e testes com pigmento de papel. Eles procuram desvendar a história por trás da Bíblia do Diabo. Agora, a equipe sueca se prepara ver o códice como poucos o viram. A Biblioteca submete a uma regra rígida e uma segurança severa no local. A equipe só dispõe de alguns dias. Um acesso como esse é raro. Mas para identificar o criador do Códice a equipe precisa encontrar evidencias concretas no livro propriamente dito. Um suporte de noventa centímetros trançado à mão enquanto sustentam os setenta e cinco quilos do livro. Os Monges costumavam misturar suas próprias tintas usando materiais e técnicas específicas. Procura-se observar uma assinatura química no Códice. A mistura de tintas comuns a avaliações normais nas fórmulas dos pigmentos. Um identificador de tinta pode ser utilizado para descobrir o principal ingrediente. Tintas medievais se decompunham em dois tipos principais: as feitas de metal e as feitas de ninhos esmagados de insetos. Se o Códice for a um trabalho de um só escriba ele deve ter feito em um só tipo de tinta. O escaneamento com a luz ultravioleta é como ter uma visão de raios-X. Posicionando a luz ultravioleta sobre o Códice os cientistas procuram o brilho fosforescente. As tintas com base de metal brilham intensamente no escuro enquanto que as tintas de ninhos de insetos são muito menos intensas. O que se observa é uma tinta meio marrom que não brilha tanto. A evidência é clara: o Códice foi escrito totalmente com tinta de inseto. Dado o consistente acesso de um Monge aos mesmos materiais é altamente improvável que um escriba usaria dois tipos diferentes de tinta. Essa consistência na tinta ajuda a sustentar a teoria de um único autor para o Códice. Mesmo assim a descoberta surpreende. Com um escriba pode ter sido capaz de completar um trabalho tão colossal? A análise forense apenas começou.
À medida que o mistério do Códice Giga se intensifica a equipe fica mais determinada a descobrir a verdade e revelar o criador do único livro sagrado já atribuído ao Demônio. Para começar a entender o Códice Giga – A Bíblia do Diabo – é preciso explorar o mundo que o criou. Antes da Ciência, antes do esclarecimento, a alta Idade Média foi atingida por terríveis fenômenos. Desastres naturais, Guerras, doenças mortais e superstições. As pessoas eram vítimas de mitos perturbadores. Traçar a verdadeira história do Códice trás uma visão arrepiante para dentro de um dos capítulos mais volátil da história humana. Outras pessoas em épocas tão turbulentas que possuíam o livro geralmente enfrentavam alguma tragédia. E essa começa com o Mosteiro condenado e com uma epidemia letal.
Bohemia, final do século XIII. Várias décadas haviam se passado desde que a lenda sobre o Monge que venderia a sua alma para escrever a Bíblia do Diabo foi contada. Agora esse enorme Livro é famoso. Mas o Monastério que o possui está em péssima situação financeira. Para evitar a falência os Abades concordaram em vender o Códice para outra Ordem Monástica. Ser o dono de um Livro como aquele trazia uma posição de status honra e prestígio. Ironicamente, o manuscrito passa dos chamados Monges beneditinos ou “Monges Negros” para uma Ordem que vestia branco chamado “Os Monges Brancos”. O Códice vai para o seu novo lar: o Monastério na cidade de Sedlec aos Cistercienses. Os Monges Brancos colocam o famoso Códice no lugar de ordem, perto de um cemitério consagrado como a Pedra do Calvário, o local de crucificação de Jesus. Mas, não por muito tempo. Veio à tragédia. Os que cuidavam da Bíblia do Diabo ficaram na ruína. Um poderoso Bispo ordenou que os Monges Brancos devolvessem o Códice ao seu lar original e, logo depois, o Mosteiro foi devastado por uma epidemia mortal: a peste bubônica. A Morte Negra arrasou a região matando dezenas de milhares de pessoas. O cemitério ficou lotado de corpos. No fim da epidemia mais de trinta mil cadáveres haviam transformado o local em uma catacumba.
Hoje, o Monastério se tornou um museu macabro. A Capela dos Ossos. Uma das sepulturas mais famosas de toda a Europa com escultura de ossos, um candelabro de ossos e até uma taça de ossos. O abominável lembrete do segundo capítulo na história da Bíblia do Diabo. E as investigações continuam sobre o autor do Códice. Um busca por pista leva os cientistas diretamente ao famoso retrato do Diabo. A figura do Satã no Códice é examinada. Metade homem, metade monstro chifrudo com uma língua vermelha assustadora e punhos erguidos. Ele veste uma pele como símbolo ostentoso de poder supremo. Os que acreditavam na terrível lenda devem ter imaginado que foi esta entidade quem levou a alma  do escriba condenado.
Abade:
--- Que horror! Chega a dar arrepios! – falou assustado o abade.
E de imediato se levantou da sua escrivaninha para lacra a única veneziana ainda a estar aberta para fora, onde o temporal se tornara mais assustador. O Abade tremia todo e aos poucos se lembrou da mortandade havida um cemitério da vila onde ele, nesse tempo não estava. Ouvia contar pelos Monges idosos do Mosteiro.