- SACERDOTISA -
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DEUSA
A Sacerdotisa parecia mais uma Deusa do império Sumeriano a
contemplar a fisionomia do Noviço Euclides de Astúrias àquela hora de dúvida e
desenganos os quais geravam na cabeça do inocente ser humano em relutar ou não
em conhecer o seu lugar existente no tempo de um Universo muito além. Com
dúvidas eternas a pensar, o noviço no momento conserva-se indefeso ante o ser e
o não ser. Ele fazer uma confissão de fé era coisa inevitável. E se não a
fizesse, temeria está no inferno não mais tendo o direito de olhar para o Céu e
de ver o Senhor Supremo do Universo. O Deus de todas as coisas. De tudo o que
se move ou não. Para Euclides aquela hora de decisão era por demais algo
inevitável. A Sacerdotisa olhava tranquila para o noviço esperando por qualquer
decisão:
Noviço:
--- Promessa! A minha avó fez uma promessa. Quando eu era
recém-nascido sofri bastante por causa de uma enfermidade no meu intestino.
Minha mãe sempre me disse ter eu cuidado com a comida de ponta de calçada, pois
era um “veneno”. Minha família toda é católica. E a minha avó fez uma promessa
de me matricular em um Mosteiro se eu ficasse curado daquela enfermidade. Eu
não me lembro de ter tido diarreia. Mas sou obediente. Por isso mesmo estou no
clausuro. – explicou o rapaz.
A Sacerdotisa sorriu e não quis interferir na promessa da avó
do rapaz. Apenas voltou a conversa.
Sacerdotisa;
--- Eu admiro muito a vós por sua fé. Na Terra, muita gente
tem fé. É uma enormidade. Há quem diga “que a fé pode curar”. E se diz muito às
pessoas: “Tenha fé irmã”. Portanto eu digo também a vós terdes fé. Nos meus
estudos eu tenho a “razão”. E eu não misturo fé e razão. São casos plenamente
diversos. Ou a pessoa tem “fé” ou não. –
explicou a sacerdotisa.
Noviço:
--- Eu sei. Mas a questão da fé não é burrice. É se acreditar
em um único Deus. Isso é a fé. – argumentou o rapaz
Sacerdotisa;
--- Mas tem na Terra quem não acredite em um Deus único. E
não são poucos. Tem bilhões de pessoas. E não burras. – sorriu a moça.
Noviço:
--- Sim. É a liberdade de crença. Os judeus são um povo que
não acredita em Jesus. Eu acredito. Outros são Batistas, Jeová, Presbiteriano.
Tem diversos seguimentos. Mas tem um detalhe: Esse povo paga para acreditar. O
Pastor ganha no dizimo. Nós não pagamos esse valor. Nós vivemos do que
plantamos e colhemos. Outros monges fazem escritos. Se a pessoa pagar, muito
bem. Se não pagar, paciência. Ninguém põe a mãe na forca por esse motivo. –
explicou o noviço.
A Sacerdotisa gargalhou como nunca pelo exemplo dado pelo
noviço. Ele disse que ninguém põe a mãe na forca. Era um motivo para a Sacerdotisa
gargalhar demais se esquecer de até mesmo do buraco negro do Sol. Enfim, a
Sacerdotisa declarou:
Sacerdotisa:
--- Bem. Vamos ou não? – perguntou a mulher ainda a sorrir.
Noviço:
--- Não. Eu prefiro gozar de minha santa ignorância. –
respondeu o jovem contrito em sua devoção
Sacerdotisa:
--- Está bem. Então mudaremos de curso. Vamos brincar de
“viajante para o futuro”. O espaço e o tempo são como um tecido. Um tecido que
pode ser dobrado dependendo do volume se tenha. É assim que a gravidade
funciona. À exemplo disso nós temos o Sol. Ele curva e dobra o espaço a sua
volta. Se acrescentarmos o objeto Terra a esse cenário veremos que o espaço do
Sol é curvo. Desse modo o planeta se curva ao redor do Sol. Como os planetas,
os raios de luz também são susceptíveis ao empuxo da gravidade. Eles também se
dobram quando passam por objetos grandes. Se o espaço é flexível, o tempo
também é. Portanto, o espaço e o tempo também estão entrelaçados. Pode-se
chamar de “quarta dimensão”. Se o
espaço e tempo são um, o tempo faz dobras e curvas em níveis diferentes em
locais diferentes. O índice como o tempo flui depende do tamanho da forma dos
obstáculos em seu caminho. ... – nesse ponto a Sacerdotisa pára por insistência
de uma questão feita pelo noviço:
Noviço:
--- Por favor. Um instante, Sacerdotisa. Ponha uma pausa no
“seu” Sol. Diga-me. No outro mundo, as pessoas acreditam em Deus? – questionou
de forma abrupta.
A Sacerdotisa estava raciocinando uma matéria importante e
estancou de súbito para ouvir a questão. E de imediato procurou parar como seu
pensamento e responde ao noviço:
Sacerdotisa:
--- Menino! Que susto! Vós interrompestes uma exposição para
eu vos explicar sobre outra? - (e pôs a mão em cima do seio pelo medo causado)
– É claro que não! Eu vos digo: Não sei. Mas com quem eu estive nada perguntou
por esse deus! Ah. Que susto! – falou brava a mulher.
Noviço;
--- É claro que eles acreditam. Uma coisa; Eles acreditam até
no Belzebu. A senhora não acha? – dialogou o rapaz com a cara deslambida.
Sacerdotisa:
--- É claro que não. Isto é: é claro que sei. Belzebu. –
respondeu afogueada a sacerdotisa.
Noviço:
--- Há-ran! Eles se acreditam em belzebu, vá vê que eles são uns
“belzebuses”. E saem pela rua com as
suas “belzebuagens”. Uns autênticos
“belzebuinos”! – respondeu o jovem
com delirante alegria.
Ele batia com as mãos nas suas pernas quase morrendo de ri
enquanto a sacerdotisa abria os olhos e detonava.
Sacerdotisa:
--- Calado! Ora já se viu? Vós sabeis quem foi Belzebu?
Calado! – falou brava a moça
Não precisava a Sacerdotisa mandar o moço calar a boca porque
ele só queria gargalhar como nunca.
E a Sacerdotisa com muita raiva, neurastênica respondeu:
Sacerdotisa:
--- Olha aqui seu moço: - (falou inquieta a sacerdotisa) -
Belzebu é uma divindade filisteia. O seu verdadeiro nome era Baal Zebul,
Príncipe doa Demônios, Senhor das Moscas e da pestilência. Mestre da Ordem. É
conhecido principalmente como o Terceiro dos Três. Tem essa nomeação por ser o
terceiro demônio mais poderoso do Inferno, curvando-se somente perante Lúcifer
e o Shaitan de Tenebras. Ele é da mitologia Fenícia! Ora que abuso vós fazeis!
– falou com bastante raiva a Sacerdotisa.
Noviço:
--- A senhora, por acaso, tem algum “belzebu” solto na sua casa?
Ou outro qualquer? – indagou o rapaz com sua cara mais deprava do mundo.
Sacerdotisa:
--- Claro que não seu “monstrinho”.
Ora já se viu! Ele é mitológico. Por acaso vós sabeis o significado de
mitologia? Sabeis? Sabeis? – indagou irritada a mulher
Noviço:
--- Claro que sei! Uma “belzubuada!”
– gargalhou de plenos pulmões o garotão.
Irritada e já sem formas a Sacerdotisa gritou brava.
Sacerdotisa;
--- Olha aqui! Por acaso vós sabeis quem foi Gilgamesh? Sem
gracinha! – indagou neurastênica.
Noviço:
--- Claro que sei. Rei da Suméria. Gilgamesh foi o quinto rei
da primeira dinastia de Uruk. Ele era filho de um “demônio”. Na obra da chamada Epopeia
Gilgamesh, ele, o rei é apresentado como filho de Lugalbanda e uma deusa, Ninsuna.
Ele era dotado de uma força sobre-humana. – bradou sorrindo o filhote de
qualquer coisa.
Sacerdotisa:
--- Eu não acredito no que estou ouvindo. – (e a mulher
passou a mão na testa) – E onde vós aprendestes tudo isso, seu “monstrinho”? – indagou irritada
Noviço:
--- No Almanaque “Capivarol”!
– disse o garotão tornando a gargalhar como nunca.
A Sacerdotisa de modo irrequieto já não suportava mais tanto
alarido do garotão. E terminou por falar de forma rude:
Sacerdotisa:
--- Está bem. Acabou a aula! Pode sair! – falou brava a
mulher de forma impertinente.
E o noviço não se conteve a gargalhar.
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