- CORO -
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CATASTRÓFES
O Monge Euclides de Astúrias estava estudando em outro dia,
um livro sobre o espaço infinito. Naquele instante de Astúrias ficou mesmo na
sala da imensa biblioteca do Mosteiro onde tudo era limpo e organizado. Nas
estantes, noviços e Monges ainda buscavam seus tratados. Via-se bem um noviço
todo atrapalhado com porção de livros para trazer ao salão. Em outras bancas
duas Monjas estavam a vasculhar remotos papeis onde elas procuravam todo o
saber. Ao lado do salão, perto d entrada, um Monge estudava muito compenetrado.
De um lado para outro Euclides notava um Monge idoso a caminhar sem saber o que
ele procurava. Talvez fosse um manuscrito antigo. Esse é o clima geral da
Biblioteca de estudos. Enquanto isso, Euclides, o Monge se dedicava aos
estudos. E aquela matéria era bem singular. Dizia sobre a explosão do tempo, da
matéria e do espaço. Era um assunto mais recente onde os estudiosos colhiam
matérias sobre todos os dias onde novas descobertas desvendam alguns dos
mistérios mortais deste lugar chamado Universo. Dizem os estudiosos que,
através dos seus quatro e meio bilhões de anos o Universo já presenciou
destruições em escalas colossais. Por várias vezes catástrofes abalaram a paz
celestial. Planetas se chocaram ou foram cobertos por lavas de grandes erupções
vulcânicas ou fugiram do alcance da gravidade solar. Nenhum planeta conseguiu
escapar do período do terror do sistema solar. Planeta Terra, hoje um lugar
pacífico. Mas que já sofreu sua cota de impactos, erupções e extinções em
massa. A maioria dos desastres na Terra não passa de eventos corriqueiros
quando comparados com os eventos apocalípticos que afligiram seus irmãos no
sistema solar. O sistema solar nasceu de uma grande explosão que causou a
colisão de vários asteroides que formaram os atuais planetas da Terra. Quando
os planetas sobreviventes tomaram forma à violência se intensificou. Em
princípio a contagem regressiva das dez maiores catástrofes está o desastre do
manto de Mercúrio. Ele é o planeta do Sol e também o menor planeta do sistema
solar. Cientistas acreditam que o planeta sofreu um dos maiores impactos da
natureza. A uma teoria de que uma colisão planetária foi à causa. Imaginando-se
o vilão cósmico de Mercúrio como sendo uma bola de canhão se pode reviver o que
aconteceu. E é justamente assim que os cientistas imaginam que a crosta de
Mercúrio tenha desaparecido deixando o planeta como um grande núcleo de ferro.
A força do impacto teria expelido por todo o sistema solar, chegando até
Júpiter. A chuva de destroços teria durado por quatro milhões de anos. Mas
aqueles que apoiam essa teoria enfrentam um dilema: se a colisão aconteceu por
que não deixou uma marca visível no planeta? Alternativas para explicar o
tamanho do núcleo de Mercúrio envolvem a temperatura ambiente do planeta. Por
ser tão quente devido às variações das emissões solares o planeta todo pode ter
sido vaporizado. O manto rochoso pode ter virado vapor de rocha. E esse levado
para o espaço por ventos solares. Essa era a explicação do articulista. De
momento o Monge Euclides ficou a duvidar de tal questão. Por fim, ele indagou a
si mesmo:
Euclides:
--- Chuvas e bombardeios? Catástrofes? Ah meu Deus. Onde
estava o Senhor. E para que tamanha destruição. Já não tinha viva alma! E um
bombardeio dessa magnitude? – indagou perplexo o Monge.
O dia era quente por demais. Pela manhã, havia silencio em
todo o campo. Apenas se ouvia os Monges a entoar à capela “O Santuário do
Coração” da autoria de Albert Ketelbey, canção sem palavras. Mas o autor deu o
verso a explicar o significado da melodia principal: “Errei sozinho em terra
estranha. E a vida pareceu tão escura e triste/Quando o som de uma voz pareceu
me chamar/Falou de Júbilo e da Alegria/’Ó Deus, ouve nossa prece/Afasta de nós
os cuidados/E enche nossos corações de Amor’”. E então os Monges entoaram essa
pouca melodia como um todo. O Monge ouviu tudo tão distante e em silencio como
sempre era feito no augusto monastério. Uma luz suave e silenciosa do
firmamento penetrou de alguma forma no interior do retangular templo da
Biblioteca e se fez cair sobre a banca de estudos de Dom Euclides, o Monge. Ele
calou por alguns instantes e passou a ouvir apenas a distante melodia ao canto
dos fieis religiosos em um instante de contemplativa comunhão pelos Irmãos. As
duas Mongas continuavam caladas a estudar nos seus complexos livros da História
Antiga onde estavam gravadas imagens de homens e mulheres feitas de mármore a
representar os antigos deuses da Grécia e das suas divinas deusas como
Afrodite, Hera e Gaia. Os gregos criaram vários mitos para poder passar
mensagens para as pessoas e também com o objetivo de preservar a memória
histórica de seu povo. Era com esse intuito os quais as mongas estavam então a
pesquisar na verdade. Com a suavidade de
um anjo, Dom Euclides continuou seu estudo vindo então à história da Lua
estilhaçada de Saturno. A maioria dos anéis de Saturno é feita de gelo. São
trinta e três quadrilhes de toneladas de gelo. Os cientistas buscam explicação
como uma catástrofe criou aqueles anéis. Muitos cientistas acreditam que uma
lua coberta de gelo tenha sido atraída por Saturno e nesse processo seu
poderoso campo gravitacional teria arrancado todo o gelo de sua superfície que
teria sido jogada em órbita. Das sessenta luas que ainda restam em Saturno,
Titã é a maior. Ela é uma vez e meia o tamanho da Lua da Terra.
Euclides:
--- Que coisa! É espantoso! – comentou estupefato consigo
mesmo o homem.
Mas evidências mostram que Saturno pode ter luas muito
maiores. Essas luas foram muito maiores e destruídas ao serem sugadas pelo
planeta. A última teria dado origem aos anéis. A origem dos anéis de Saturno
revela que as mais belas formações tiveram uma origem violenta. Mas enquanto os
desastres que moldaram Mercúrio e Saturno foram eventos localizados, uma
catástrofe afetou todo o sistema solar. Ela não afetou não só os planetas que
giram hoje em torno do Sol como também expulsou os planetas do campo
gravitacional do Sol mandando os para a escuridão do espaço interestelar. Catástrofes
cósmicas como os primeiros desastres que destruíram o manto rochoso de Mercúrio
e formaram os anéis de Saturno são responsáveis por quase todos os aspectos do
atual sistema solar. Contudo eventos mais recentes determinaram a organização
que se conhece hoje.
Hoje, a partir do gigante gasoso que é Júpiter, temos
Saturno, Urano e Netuno. Mas as coisas já são bem diferentes. Conforme as
órbitas de Júpiter e Saturno se alteravam elas deram o inicio a uma geração em
cadeia cósmica que causou danos a todo o sistema solar. Então se tem o
redemoinho orbital. Quinhentos milhões de anos depois da formação dos planetas,
Júpiter mudou seu rumo e veio em direção ao Sol enquanto Saturno, Urano e
Netuno faziam o caminho oposto. Júpiter chegou a orbitar o sol duas vezes para
cada vez de Saturno. A gravidade de Júpiter e Saturno alteraram as órbitas de
Urano e Netuno. O resultado foi uma dança das cadeiras planetárias que deu origem
a maior e mais longa catástrofe do sistema solar.
Euclides:
--- Meu Deus do Céu! E agora? – disse pasmado com a história
contada pelos cientistas
Em tal instante alguém tocou de leve o capuz do Monge e lhe
falou muito baixinho.
Monge:
--- Telefone para o Irmão! – falou o monge se encurvando
todo.
Assustado com o reclamo Euclides, o Monge fez uma breve pausa
na leitura e ainda indagou:
Euclides:
--- Quem? Eu?. – falou de supetão.
O outro Monge se afastou um pouco, encurvado e com as mãos
cruzadas no busto como que falava ser ele mesmo a ser chamado. De imediato,
Euclides, o Irmão, fechou o seu livro e o guardou na estante de modo seguro
para nenhum Monge o procurar. E deu meia volta para seguir até o andar de baixo
onde estava o telefone. Euclides caminho sorrateiro e não levou consigo o seu
Irmão. Esse ficou sentado em uma banca da biblioteca a pesquisar sobre temas
canônicos. De passagem ainda viu Euclides o monge velho a recitar seu livro de
orações de forma imperceptível. E ainda caminhou um bom tempo até alcança o
telefone posto em uma escrivaninha onde não havia viva alma. De imediato puxou
o telefone e se pôs a ouvir quem falada tão cedo do dia. Um caso raro para Dom
Euclides era atender a um chamado telefônico. E quem fosse quem devia ter boas
razões. Ou más.
Euclides:
--- Pronto! Dom Euclides quem fala! Pois não? – falou o monge
bem vexado com o tempo gasto.
O quem falava ouviu de imediato a resposta e lhe deu o recado
de forma quase que obediente.
Monge-II
--- Dom Euclides de Astúrias, os Monges eleitos ouviram em
silencia e decidiram ser vossa Eminencia o novo Abade do Mosteiro de São
Simplício. Vossa Eminencia terá marcado o dia de sua posse. – falou o Monge II
pelo telefone.
Um formigamento cingiu-lhe os pés, pois não supunha nada a
esse respeito. Aos trinta e três anos chegar ao poder máximo do Mosteiro de São
Simplício. Era uma carga por demais pesada, uma vez ser o Abade o principal
mentor dos seus Irmãos perante toda a igreja Católica. Daquele instante em
diante Euclides teria que se por como o pai dos seus monges irmãos. Ele era o
pároco ou o cura de almas. Aquele que governa. O Título de Abade só começou a
usar-se em 472 e era então usado exclusivamente para alguns monges superiores.
O Título era considerado de respeito para o respeitável Monge. Enfim. O Abade
era o representante de Cristo com autoridade jurídica e administrativa no
Mosteiro. E Euclides de Astúrias persignou-se de vez e orou a Deus pai pedindo
graças por ter ele sido escolhido para tal confiante cargo no seu Mosteiro.
O dia podia ser qualquer um. Era um dia de calma e
tranquilidade. Dom Euclides teve de escolher convidados dos demais mosteiros
beneditinos e de outras congregações para estar presente ao ato. Seria rezada
Missa com toda pompa de um Mosteiro com os Cantos Gregorianos pelos próprios
Monges. A fachada arquitetônica do mosteiro era de augusta sobriedade em um
estilo neorromântico com dois anjos bem ao alto do majestoso templo a vibrar o
campanário quando os sinos se fizessem necessário como àquele que busca o
refugio ao sagrado. Na verdade era um templo de sobriedade aquela ilha de paz e
de prece. Em contato solene os Monges viviam as luzes do Divino com momentos
especiais de adoração e louvor. Quem penetra no Santo Sagrado Mosteiro tem a
impressão de entrar em outra dimensão de sua vida profana. Era um recanto de
amor e religiosidade o Mosteiro de São Simplício, um dos venerados papas da
Igreja Católica. Imagens sacras de dois metros e meio de altura é o patamar
maior da Santa Igreja dos Monges. Na hora solene de introdução do novo Abade a
sua Igreja se enchia de fieis, na maior parte, monges e monjas. O Abade teve de
convidar também algumas autoridades do Governo presidencial e da própria Igreja
Católica. A ordem de São Bento foi a
primeira a ser constituída perante o clero com a autorização do Santo Padre, o
Papa. O carisma propriamente dita é a vida monástica com um contesto bastante
diferente da vida comum. O Coro Medieval complementa esse instante com cantos
gregorianos acompanhados por um dos mais ricos tesouros daquela Basílica: um
órgão de feitio medieval com seus tubos gigantes. A ornamentação do templo era
feita de bronze e madeira. E o seu teto era inteiramente coberto com pintura a
representar a vida do seu patrono, o Papa São Simplício.
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