- Marilyn Monroe -
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DOIS AMORES
Os meses
correram céleres e com eles a vida de cada um. Naquele dia, Bartolo estava
sentado na cadeira do hospital esperando o resultado. A mulher, Dalva, desde
cedo da madrugada entrara na sala de cirurgia. Ele se levantava, esfregava as
mãos, corria para olhar as horas no relógio da parede, apesar de ter o seu
relógio. Uma freira passou com pressa para a Capela da Maternidade. Ela levava
umas hóstias sagradas em suas mãos. Com certeza poria as hóstias no Santo
Sacrário. Uma enfermeira se acercou da mesa telefônica e deu o seu recado à
atendente com bastante pressa. Bartolo notou a sua presença. Esperou. Nada.
Tudo voltou ao seu normal silencio. Carros passavam na pista. Ouviam-se as
buzinas inquietas a clamar para outros carros prosseguirem com toda a pressa.
De seu lado, o agente Caio Teixeira prestava atenção ao seu amigo e balançava a
cabeça como um desenganado da sorte. Ela estava lendo um artigo sobre um filme
italiano. Apenas ele lera o tema do comentarista e nada mais. Sabia o homem que
não mais tardar chegaria a noticia do nascimento da criança. Ele cruzou as
pernas e se posa ler sem saber se estava a ler. Nesse momento, Bartolo
acerca-se de Cai e lhe pergunta:
Bartolo:
--- Que horas?
– a esfregar as mãos.
Caio:
--- Voce já
olhou no relógio da parede. – respondeu
Bartolo:
--- Ah bom. Eu
sei. – relatou duvidoso.
Um médico saiu
do elevador a enxugar a testa. E veio em direção a Bartolo, cansado de tanto
esforço. O médico falou bastante extasiado. Assobiou algo e então declarou:
Médico:
--- Pode subir
para ver a desgraceira feita. Como é que pode? Cinco filhos! – disse o médico
se voltando alarmado com o parto de Dalva. Nesse ponto, Bartolo se exaltou de
emoção.
Bartolo:
--- Cinco? Eu
tive cinco? – e caio em desmaio.
Uma semana
depois todos estavam alegres a comemorar o nascimento dos cinco rebentos. Dona
Joana era a mais alegre de todas e sempre a relatar:
Joana:
--- Ele foi
pai cinco vezes. – gargalhava a mulher.
E Dalva,
alegre com seus cinco rebentos, muito embora pequenos enrolados entre fraldas,
nem prestava a atenção. Era o dia do batizado e teria de arranjar cinco
padrinhos. Um era Caio, o outro, era Fernando, o terceiro era Oliveira e quarto
padrinho era o filho de dona Joana:
Caio:
--- Falta um!
– alertava o homem.
Bartolo:
--- Esse se
arranja no caminho. Pode ser até Luis, o meu chefe abominável. – gargalhou.
E todos
gargalharam. Enfim, para os acertos das artes, ficou mesmo sendo dona Joana.
Joana:
--- Logo eu? –
reclamou
Caio:
--- É a grande
prenda! - disse por vez o agente.
E rolou a
festa noite a adentro com a senhora Dalva preocupada em dar de amamentar aos
cinco filhotes entre um caso e outro. E todos sorriram até demais. Elmer, o
filho de Joana, teve a audácia de querer saber naquele tempo morno.
Elmer:
--- E a minha
mãe não se casa? – indagou sorrindo
Joana:
--- Tais
doido, é? – indagou a mulher falando seria.
Caio:
--- Ela, agora
é trilionária. Tem dinheiro que não se acaba mais. – gargalhou o agente.
Fernando:
--- E por que
na casa? – perguntou a Caio.
Caio:
--- Quem? Eu.
Nunca! Eu estou muito bem assim. – respondeu alarmado
Dalva:
--- Eu não sei
não. Mas o velho bem poderia se casar com Joana. – relatou com calma
Joana:
--- Deixa como
está. Eu já vive uma eternidade. Eu morro a qualquer hora. – reclamou
Elmer:
--- Mas a
senhora agora é uma mulher de tanto dinheiro. E tem até advogado particular. –
falou com sua razão.
Joana:
--- E por que
tu não casa? – perguntou cheia de espanto.
Elmer:
--- Eu? Tenho
tempo para pensar. – falou sem entusiasmo
Joana:
--- Tá gordo.
Dinheiro as pampas. Metade da fortuna não é tua? – indagou instigando.
Elmer:
--- Sem
pensar. Sem pensar. Sem pensar. – resolveu o homem.
Fernando:
--- Estamos
num impasse. Só se jogando dama para ver quem tem sorte. – gargalhou
No primeiro
ano dos cinco gêmeos de Dalva e Bartolo, foi festa grossa. Por capricho,
Bartolo, o pai, alugou um salão por ser chamado de Boas Maneiras onde se
organizou com todo capricho as atividades. Os cinco garotos tinham babás para
cuidar de tudo, inclusive asseio, fraudas, chupetas e coisas mais. Quando as
crianças começavam a chorar, era um Deus nos acuda. Um chora e os demais
também. Haja babas para dar conta. E parecia até um alarme geral em busca do
leite ou das fraudas já bastante sujas. Na festa de primeiro aniversario, os
convidados sempre tinham crianças. Toda essa gente miúda queria provar das
guloseimas. Doces, eram os principais. A vigilância era redobrada. Era a vez
das babás sempre a cuidar de seus afazeres.
Babá:
--- Cuidado!
Quieto! Vem pra cá! Pára! Que coisa mais feia! Menino! – eram as sanhas.
Presentes eram
o próprio da festa infantil. Cuidar de tudo com o maior esmero. O serviço foi
todo por conta da firma organizadora para que os pais não tivessem maiores
temores. Ali estavam Caio e, por vezes dona Joana. Por certo tempo a solteirona
convicta buscava amparo nos aconchegos do velho homem. Isso era um episódio a
quatro paredes -. Dos visitantes estava todo o grupo solidário com o decente e
bem ostentoso senhor Bartolo. A música de classe infantil entoava a todo
instante seus números de primavera. Os
adultos podiam ser servidos de canapés e sanduiches mais sofisticado. A
criançada se contentava salgadinhos, pão de queijo, brigadeiros e doces. Era
tudo uma algazarra geral. Enquanto o salão era tomado por adultos e meninos um
rapaz entrou e confabulou com o tenente Caio Teixeira. O homem disse algo e
depois saiu. Após a festa, um tradicional espetáculo, já no dia seguinte pela
manhã, Caio chamou ao celular o seu amigo Bartolo Revoreto. E deu o seu recado.
Após certas conversas de alegria com a garotada, o agente enfatizou:
Caio:
--- Escute!
Preste atenção! É o seguinte. Não leve a mau. Mas eu tenho a ditar para você
algo por demais constrangedor. Ainda ontem fui informado da morte de Dafne
Caccini. Ela pulou da ponte para o rio. – disse o tenente.
Bartolo:
--- Quem? –
indagou alarmado.
-
FIM -