sábado, 8 de março de 2014

DOIS AMORES - TRINTA E SETE -

- Jodelle Ferland -
- 37 -
ESCOMBROS
Na manhã do dia seguinte podia-se enxergar a quantidade de carros tostados pelo fogo. Eram para mais de trinta veículos entre ônibus, automóveis, caminhão tanque, ambulância esturricada entre os cinco corpos carbonizados como múmias. Cerca de trinta corpos estavam espalhados pelo chão, sem vida, pisoteados pelas as demais pessoas em correria e pânico na hora do desespero. .
Gari:
--- Só varrendo esses entulhos! – dizia um gari com a assombrosa situação.
Mas não era a hora de botar para fora os cadáveres de homens e mulheres. Precisava-se da identificação de cada qual. Era assunto para a Polícia Científica. Então os carros de resgate se posicionavam próximo daqueles corpos inumanos. O fogo ardia como sem fim no prédio do Midway onde ninguém podia entrar. Um bombeiro morreu por asfixia. E vários outros estavam lesionados pelas chamas. Na subida na Avenida Salgado Filho eram apenas escombros de ônibus e veículos entre cadáveres de gente e animais. As residências próximas ao acidente fatal estavam tostadas pelo fogo e apenas se notava a queda de vigas. Foi um holocausto monstruoso o havido na parte sul da capital. Os agentes periciais conferiam as identificações das vítimas do acidente entre o carro tanque o a ambulância querendo chegar a identificação real do General Wagner Rahner.
Perito:
--- É o “monstro” mesmo! Ele foi e levou quem quis. – argumentou um perito.
Em outras partes a perícia continuava a colher as impressões digitais das vítimas. O fogo deixou sem energia elétrica grande parte daquela área e em algumas casas valia-se de velas para alumiar os recantos. Pessoal da Cruz Vermelha, Rotary, Maçonaria e demais instituições chegavam para ajudar no resgate dos mortos. De instantes a instantes ouvia-se o estrondar de uma parede a cair para o chão. Notaram-se as rachaduras no Midway e a queda de suas vitrines para dentro do edifício. A maior parte dos edifícios das cercanias totalmente abandonados. Dois postos de combustível da Avenida Saldado Filho permaneciam fechados. Com a luz do dia apesar de a grande fumaça a assumir o meio ambiente, podias notar o estrago sofrido pela tragédia da noite passada. Dores e prantos eram tudo o que se ouvia. Estrondos imensos continuavam sendo percebidos. Era de botijão de gás a alavancar para cima como foguetes  a subir ao Céu. 
Os bombeiros por mais que fizessem não conseguiam sufocar o fogo nas instalações do edifício conflagrado e se mantinham em prontidão para sufocar qualquer explosão em um posto de gasolina posto nas imediações. Chegava-se a conclusão da morte de 48 pessoas e a extinção do incendia comprometia o fornecimento de álcool, gasolina e diesel aos demais postos de Natal e interior do Estado. O Governo prometia extinguir a chama no mais breve espaço de tempo possível tendo posto a disposição do serviço todo o pessoal ativo do Corpo de Bombeiros. A Marinha e a Base Aérea também se puseram em vigilância permanente para qualquer evento. Uma investigação foi feita para assegurar os efeitos reais do desastre. Pelo menos dez operários morreram na explosão da noite passada que atingiu o edifício Midway. A orientação era a de evacuar toda uma população residente num raio de dois quilômetros do parque sufragado. Mesmo assim, a ordem foi, posteriormente, reduzida para quinhentos metros.  Houve saques nas casas abandonadas e inúmeras famílias ficaram com as vestes do corpo. Documentos foram perdidos. Uma empilhadeira recolheu carteiras de identidade, CPF e cartões de crédito além de soma em dinheiro, muitos dos quais já tostados pelo irrompido fogo. A lama formada contra as chamas postada nas residências próximas contribuiu também para a virtual tragédia.
Às sete horas da manhã do domingo Bartolo acordou ainda sonolento. Ele buscou na cama a companheira Dalva, mas não a encontrou. Um cheiro amargo de torradas chegou-lhe ao olfato e ainda assim, ele chamou pelo nome da ninfa e essa então atendeu de pronto com seus olhos bem abertos e parte do corpo escondida na parede.
Bartolo:
--- Estás aí? – indagou sonolento.
Dalva:
--- Sim. Assando torradas. Volto já! – e disse isso sorrindo.
Bartolo:
--- Horas? – indagou.
Dalva:
--- Sete. – respondeu.
Bartolo:
--- Vou ao banheiro. –
A moça sorriu. Algum tempo passado Bartolo voltou à sala onde estava o café, torradas, queijo, biscoitos, leite e algo mais. O homem bateu na barriga e sentiu um desanimo como se estivesse algo de desanimado com a vida. Ele contemplou a mulher e verificou as horas. Uma vez mais Bartolo declarou ter sito da injeção esse desanimo.
Bartolo:
--- Não sei por que! Aquela injeção me deu náuseas. – reclamou de modo com a cara amarga
Dalva:
--- Isso passa. Amanhã voce procure um médico especialista em problemas cardíacos. – falou
Bartolo:
--- Amanhã! Amanhã eu vou mesmo é para um “batente”! – declarou.
Dalva.
--- Mas você teve um desmaio proveniente de problemas cardíacos! – reclamou.
Bartolo:
--- Não tenho nada no coração. Nunca tive. Eu penso não ter nem coração! – relatou sorrindo
Nesse ponto, alguém chamou o blim-blom da porta. Bartolo tinha motivos de adivinhar de quem se tratava.
Bartolo:
--- Caio na certa. – relembrou o vizinho.
A mulher saiu para ver que de fato chamava. Ela abriu o visor da portinhola e logo aguçou o olhar dizendo se tratar de Caio, o vizinho da frente do apartamento.
Dalva
--- Caio. Bartolo acertou. – relatou sorrindo.
E a porta se abriu mostrando a figura de Caio com o rosto enegrecido como também a sua roupa. Para Bartolo, aquilo não passava de um assombro. O homem estava completamente sujo do rosto aos pés. Seus olhos piscavam como a luz de uma lanterna na escuridão. Enfim, o homem era mais um fantasma.
Bartolo;
--- Ô diabo! Foi o seu fogão? – indagou espantado.
A mulher sorriu e fez sinal de nada saber do ocorrido na noite passada. E então, Caio voltou a pergunta.
Caio:
--- A saúde como está? – perguntou afirmando a mulher ter entendido.
Bartolo:
--- Forte como um touro! – e bateu na caixa dos peitos como um gorila
Caio:
--- Então, vá à frente e não desmaie mais. – relatou o homem a olhar para Dalva
Bartolo:
--- Mas o que houve mesmo? – voltou a indagar.
Caio:
--- Nada de mais. Apenas um trem que me escapou. – respondeu
Isso fez gargalhar o rapaz. E então indagou:
Bartolo:
--- Não! Mas fala a verdade! O fogão disparou? – perguntou sorrindo.
Caio:
--- Antes fosse! Não adianta encobrir de você. O negócio é muito mais sério! Houve um incêndio que ainda não está debelado. O caso começou com a fuga do General nazista. E depois, houve o “buum”  da história. Simples demais! – relatou ofegante.
Bartolo:
--- Como é que foi? – perguntou alarmado

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