- Jodelle Ferland -
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ESCOMBROS
Na manhã do
dia seguinte podia-se enxergar a quantidade de carros tostados pelo fogo. Eram
para mais de trinta veículos entre ônibus, automóveis, caminhão tanque,
ambulância esturricada entre os cinco corpos carbonizados como múmias. Cerca de
trinta corpos estavam espalhados pelo chão, sem vida, pisoteados pelas as
demais pessoas em correria e pânico na hora do desespero. .
Gari:
--- Só
varrendo esses entulhos! – dizia um gari com a assombrosa situação.
Mas não era a
hora de botar para fora os cadáveres de homens e mulheres. Precisava-se da
identificação de cada qual. Era assunto para a Polícia Científica. Então os
carros de resgate se posicionavam próximo daqueles corpos inumanos. O fogo
ardia como sem fim no prédio do Midway onde ninguém podia entrar. Um bombeiro
morreu por asfixia. E vários outros estavam lesionados pelas chamas. Na subida
na Avenida Salgado Filho eram apenas escombros de ônibus e veículos entre
cadáveres de gente e animais. As residências próximas ao acidente fatal estavam
tostadas pelo fogo e apenas se notava a queda de vigas. Foi um holocausto
monstruoso o havido na parte sul da capital. Os agentes periciais conferiam as
identificações das vítimas do acidente entre o carro tanque o a ambulância querendo
chegar a identificação real do General Wagner Rahner.
Perito:
--- É o
“monstro” mesmo! Ele foi e levou quem quis. – argumentou um perito.
Em outras
partes a perícia continuava a colher as impressões digitais das vítimas. O fogo
deixou sem energia elétrica grande parte daquela área e em algumas casas
valia-se de velas para alumiar os recantos. Pessoal da Cruz Vermelha, Rotary,
Maçonaria e demais instituições chegavam para ajudar no resgate dos mortos. De
instantes a instantes ouvia-se o estrondar de uma parede a cair para o chão. Notaram-se
as rachaduras no Midway e a queda de suas vitrines para dentro do edifício. A
maior parte dos edifícios das cercanias totalmente abandonados. Dois postos de
combustível da Avenida Saldado Filho permaneciam fechados. Com a luz do dia
apesar de a grande fumaça a assumir o meio ambiente, podias notar o estrago
sofrido pela tragédia da noite passada. Dores e prantos eram tudo o que se
ouvia. Estrondos imensos continuavam sendo percebidos. Era de botijão de gás a
alavancar para cima como foguetes a
subir ao Céu.
Os bombeiros
por mais que fizessem não conseguiam sufocar o fogo nas instalações do edifício
conflagrado e se mantinham em prontidão para sufocar qualquer explosão em um
posto de gasolina posto nas imediações. Chegava-se a conclusão da morte de 48
pessoas e a extinção do incendia comprometia o fornecimento de álcool, gasolina
e diesel aos demais postos de Natal e interior do Estado. O Governo prometia
extinguir a chama no mais breve espaço de tempo possível tendo posto a
disposição do serviço todo o pessoal ativo do Corpo de Bombeiros. A Marinha e a
Base Aérea também se puseram em vigilância permanente para qualquer evento. Uma
investigação foi feita para assegurar os efeitos reais do desastre. Pelo menos
dez operários morreram na explosão da noite passada que atingiu o edifício
Midway. A orientação era a de evacuar toda uma população residente num raio de
dois quilômetros do parque sufragado. Mesmo assim, a ordem foi, posteriormente,
reduzida para quinhentos metros. Houve
saques nas casas abandonadas e inúmeras famílias ficaram com as vestes do
corpo. Documentos foram perdidos. Uma empilhadeira recolheu carteiras de
identidade, CPF e cartões de crédito além de soma em dinheiro, muitos dos quais
já tostados pelo irrompido fogo. A lama formada contra as chamas postada nas
residências próximas contribuiu também para a virtual tragédia.
Às sete horas
da manhã do domingo Bartolo acordou ainda sonolento. Ele buscou na cama a
companheira Dalva, mas não a encontrou. Um cheiro amargo de torradas chegou-lhe
ao olfato e ainda assim, ele chamou pelo nome da ninfa e essa então atendeu de
pronto com seus olhos bem abertos e parte do corpo escondida na parede.
Bartolo:
--- Estás aí?
– indagou sonolento.
Dalva:
--- Sim. Assando
torradas. Volto já! – e disse isso sorrindo.
Bartolo:
--- Horas? –
indagou.
Dalva:
--- Sete. –
respondeu.
Bartolo:
--- Vou ao
banheiro. –
A moça sorriu.
Algum tempo passado Bartolo voltou à sala onde estava o café, torradas, queijo,
biscoitos, leite e algo mais. O homem bateu na barriga e sentiu um desanimo
como se estivesse algo de desanimado com a vida. Ele contemplou a mulher e
verificou as horas. Uma vez mais Bartolo declarou ter sito da injeção esse
desanimo.
Bartolo:
--- Não sei
por que! Aquela injeção me deu náuseas. – reclamou de modo com a cara amarga
Dalva:
--- Isso
passa. Amanhã voce procure um médico especialista em problemas cardíacos. –
falou
Bartolo:
--- Amanhã!
Amanhã eu vou mesmo é para um “batente”! – declarou.
Dalva.
--- Mas você
teve um desmaio proveniente de problemas cardíacos! – reclamou.
Bartolo:
--- Não tenho
nada no coração. Nunca tive. Eu penso não ter nem coração! – relatou sorrindo
Nesse ponto,
alguém chamou o blim-blom da porta. Bartolo tinha motivos de adivinhar de quem
se tratava.
Bartolo:
--- Caio na
certa. – relembrou o vizinho.
A mulher saiu
para ver que de fato chamava. Ela abriu o visor da portinhola e logo aguçou o
olhar dizendo se tratar de Caio, o vizinho da frente do apartamento.
Dalva
--- Caio. Bartolo
acertou. – relatou sorrindo.
E a porta se
abriu mostrando a figura de Caio com o rosto enegrecido como também a sua
roupa. Para Bartolo, aquilo não passava de um assombro. O homem estava
completamente sujo do rosto aos pés. Seus olhos piscavam como a luz de uma
lanterna na escuridão. Enfim, o homem era mais um fantasma.
Bartolo;
--- Ô diabo!
Foi o seu fogão? – indagou espantado.
A mulher
sorriu e fez sinal de nada saber do ocorrido na noite passada. E então, Caio
voltou a pergunta.
Caio:
--- A saúde
como está? – perguntou afirmando a mulher ter entendido.
Bartolo:
--- Forte como
um touro! – e bateu na caixa dos peitos como um gorila
Caio:
--- Então, vá
à frente e não desmaie mais. – relatou o homem a olhar para Dalva
Bartolo:
--- Mas o que
houve mesmo? – voltou a indagar.
Caio:
--- Nada de
mais. Apenas um trem que me escapou. – respondeu
Isso fez
gargalhar o rapaz. E então indagou:
Bartolo:
--- Não! Mas
fala a verdade! O fogão disparou? – perguntou sorrindo.
Caio:
--- Antes
fosse! Não adianta encobrir de você. O negócio é muito mais sério! Houve um
incêndio que ainda não está debelado. O caso começou com a fuga do General
nazista. E depois, houve o “buum” da
história. Simples demais! – relatou ofegante.
Bartolo:
--- Como é que
foi? – perguntou alarmado
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