- Emma Thompson -
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PADRE
Entre umas e
outras conversas os diletos amigos de Caio Teixeira sentiram estranheza no fato
do General Wagner Rahner ter saído do Hospital do Coração em traje de sacerdote
católico, usando batina e até mesmo um barrete em sua cabeça e uma estola. O
“Padre” chegou até ser cumprimentado pelas autoridades militares quando ele
seguia às pressas para ingressar em um carro estacionado no lado de fora do
edifício. Isso foi um fato inusitado e provocou risos em todos os componentes
da sala.
Bartolo:
--- Um barrete?
– indagou sorrindo.
Caio:
--- Até
parecia que seguia para oficiar uma Missa. – gargalhou.
Dalva:
--- Barrete pouco
se usa hoje em dia. O padre sempre segue em traje comum. – relatou
Joana:
--- O barrete
é bem usado pelos sacerdotes quando estão em Roma. – dialogou
Bartolo:
--- Vá ver que
tinha até um pompom. – gargalhou
Caio:
--- Para todos
os efeitos era um padre. E ninguém desconfiou nem um pouco do mesmo. – declarou
sem risos.
Joana:
--- Algum
doente que foi pedir a extrema unção, certamente. – disse mais.
Caio:
--- O barrete
tinha um solidéu e uma pequena corola. E era da cor vermelha os seus frisos. –
destacou
Dalva:
--- Um
monsenhor, provavelmente. Ele teve o cuidado com tudo. – advertiu
Bartolo:
--- Mas que
sujeito perverso esse tal de General! – declarou surpreso
Joana:
--- Nos campos
de extermínios os oficiais tinham treino para todo disfarce possível. - relatou
Caio:
--- Em Natal,
tempos atrás, um homem fugiu de casa em traje de Padre. Foi o único meio de não
ser percebido. Seu nome era João Café Filho. Anos depois esse homem foi
respeitado como sendo Presidente da República. – declarou sorrindo.
Outros:
--- Café
Filho? Não me digas! – disseram dois outros arteiros “historiadores”.
Depois de
alguns minutos de risadas por conta das arteirices de um ex-presidente da
República do Brasil, no tempo em que foi perseguido por suas ideologias
contrarias as do Governo do Estado, Caio se moveu às especulações dos líderes
nazistas. Foi o caso em que Hitler se lançou em campanha decisiva para governar
a Alemanha. E ele começou:
Caio:
--- Os
nazistas com frequência usavam do eufemismo para disfarçar a natureza real dos
seus crimes. O termo “Solução Final” foi empregado para se referir ao plano de
aniquilação total do povo inimigo do Estado. Não se sabe ao certo quando os
líderes da Alemanha nazista decidiram programa-la. O genocídio ou extermínio em
massa foi o ápice de uma década de graves medidas discriminatório. E cresciam
em severidade a cada ano. – acentuou.
Joana:
---
Inicialmente, os nazistas instituíram os guetos, áreas fechadas, destinadas a
isolar e controlar esse que se diz o povo judeu. – falou amargurada.
Bartolo:
--- E a União
Soviética onde fica nessa história? – indagou curioso.
Joana:
--- Os líderes
políticos e militares foram mortos a tiros na União Soviética. Três milhões de
pessoas foram mantidos em campos para morrer de fome. – enfatizou a mulher
Dalva.
--- Caramba!
Crueldade! – falou espantada.
Nesse momento,
o celular de Caio tocou e ele teve que atender. Enquanto isso a conversa
prosseguia entre os demais sobre a sorte dos russos da II Guerra. Com um breve
tempo, Caio se despediu e voltou a cena com voz austera.
Caio:
--- Camaradas!
O “Monsenhor” Rahner acaba de ser preso! – falou alegre.
O silêncio
dominou a sala. Por alguns breves segundos todos enfim calaram e foi Bartolo
quem indagou com sagacidade.
Bartolo:
--- Prenderam
o General? Aonde? Quem? – perguntou querendo saber.
E veio a
resposta:
Caio:
--- A Polícia
Federal com a ajuda da Força Aérea. O General seguia por avião para território
estrangeiro. Mas foi contido a tempo. Seu avião foi forçado a aterrissar no
Aeroporto de Brasília. Todos, a bordo foram detidos. Agora: há um, porém: o
General já está morto. Ele ingeriu cápsulas de cianeto, ácido altamente letal. –
declarou sem entusiasmo.
Joana:
--- Cianeto! O
mesmo acido que teria causado a morte de Hitler e Eva Braun. – declarou sem
ênfase a mulher.
Caio:
--- Isso
mesmo. Um telegrafista da Base de Natal foi quem me informou. – dialogou sem
meios de entusiasmo.
Um mutismo
profundo se instalou na sala de almoço do agente Caio Teixeira. Joana Vassina
procurava disfarçar o seu pranto. Dalva a olhava melancolicamente. Bartolo
procurava entrar em contato com um amigo jornalista em Brasília. Ele movia por
outros meios à repercussão da morte do General Wagner Rahner, último caudilho
da esfera nazista nas Américas. Com
vagar, Bartolo manteve contato com seu amigo há essa hora assistindo televisão.
O amigo de Bartolo era Tarcísio Arantes e foi pego de surpresa com a
informação. Apesar do incêndio da ambulância de pronto-socorro em Natal com o
seguimento de armazéns e casas de comércio, como o Midway ter repercussão
nacional, o jovem Tarcísio não levou muito em consideração. Mesmo assim, uma
morte de um passageiro de elevado poder estranho em Brasília, assim o caso
tomava um rumo diverso. E Bartolo teve que passar pelo computador toda historia
corrida em Natal nas últimas horas para por a par da situação o seu amigo. Após
breves instantes, Bartolo recebeu um telefonema confirmando o texto.
Bartolo:
--- Mande
confirmação. Espero. – disse com desespero.
E a conversa
prosseguiu entre os nobres companheiros de sala em Natal com atualização das
intermináveis lendas hitleristas.
Caio:
--- Há uma
base de submarino onde o ditador partiu para o exilio na Argentina. Se houver
verdade nesses argumentos especulativos a historia de Hitler muda o mundo.
Centenas de abrigos ainda existem em Berlim. Sabe-se por fontes fieis que no
dia 30 de abril de 1945 ele e a mulher Eva Braun com seus amigos mais íntimos
se reuniu para uma conversa amistosa e, então, em verdade depois desapareceu. –
falou como quem conta uma história.
Joana:
--- Teve o
caso de Hanna Retsch. A moça era de uma rica família. Seu pai era
oftalmologista. Nessa época ela esteve com o Fuhrer ao qual informou estar para
lavá-lo para um local mais seguro. Isso foi em 26 de abril de 1945. Ela falou
ter instruções de levar o Fuhrer com sua esposa Eva Braun. E por isso, a
historia nega essa escapada de Hitler para a Argentina. – falou com sentimento
abalado.
Caio:
--- E Hitler
escapou do centro de Berlim cercada por milhares de soldados. – relatou
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