sexta-feira, 14 de março de 2014

DOIS AMORES - QUARENTA E DOIS -

- Larissa Manoela -
- 42 -
CRISTAIS
A Noite dos Cristais é o nome popularmente dado aos atos de violência que ocorreram na noite de 9 de novembro de 1938 em diversos locais da Alemanha e da Áustria , então sob o domínio nazista ou III Reich. Tratou-se de ataque violento a pessoas com a destruição de seus ambientes, inclusive centros religiosos. Para o regime foi a resposta ao assassinato de Ernst von Rath, um diplomata alemão em Paris (França) , por  Herschel Grynszpan, um judeu polaco, condenado múltiplas vezes a deportação. Numa única noite, 91 adversários do regime foram mortos e trinta mil foram presos e levados para campos de concentração. 7.500 lojas dos adversários políticos e 267 templos religiosos foram reduzidas a escombros. O nome Noite de Cristais deriva dos cacos de vidros – das vitrinas das lojas e igrejas  – resultante deste episódio de violência.
Embora os violentos ataques parecessem espontâneos, como se fossem uma revolta natural da população alemã e austríaca contra o assassinato de um diplomata daquele país por um adolescente judeu em Paris, na verdade, o Ministro alemão, Joseph Goebbels, e outros líderes nazistas haviam organizado as chacinas dos seus adversários, boa parte de judeus, de forma cuidadosa muito antes de elas acontecerem. Num período de apenas dois dias, mais de 250 templos religiosos foram queimados. Cemitérios, hospitais, escolas e casas foram saqueados, tudo ante a total indiferença da Polícia e do Corpo de Bombeiros. Os homens do combate ao fogo trabalharam insistente no apagar das chamas de algumas casas dos não adversários do regime. Toques de recolher foram impostos, limitando as horas do dia em que os adversários do nazismo podiam sair de suas casas.
Joana:
--- A Noite dos Cristais foi algo de terrível. Quem era adversário do regime nazista foi preso. Alguns tentaram sair da Alemanha e da Áustria. Eu não vi essa chacina. E nem minha mãe. Ela chegou muito depois desse trágico incidente.  O nome de minha mãe era Anya Vassina. Ela me teve aos 16 anos de idade. Eu fui estuprada pelo velho Rahner e tive meu único filho, alemão, aos 16 anos também. Eu igualmente sou alemã de nascimento. Rodei por esse mundo afora durante o fim da guerra. Minha mãe nasceu em Leningrado e eu nasci em Essen, na Alemanha. O meu filho sumiu após seu nascimento. O velho Rahner carregou não sei para onde. – contou todo o seu passado de uma só vez.
Após a vitória soviética na batalha de Stalingrado em 1943, nenhuma potencia ocidental sabia exatamente onde o Exército Vermelho interromperia o avanço.
Caio:
--- Varsóvia, Berlim, Praga, Viena, Budapeste, Belgrado, Bucareste e Sofia. Essas famosas cidades poderiam ser o ponto da marcha triunfal. O que se ouvia, eram mais as notícias do avanço e recuo das Forças aliadas. E também tinha a Guerra entre Estados Unidos e Japão. Era uma loucura. Em Natal, tinha um serviço de alto-falantes espalhado pela cidade. A BBC de Londres começava o seu noticiário às sete horas da noite. E todo mundo ouvia as histórias mirabolantes da Guerra, sempre ditas com relação à vitória americana no Pacífico. Era uma loucura. Nada se ouviu dizer sobre um alemão que foi preso aqui no Cemitério do Alecrim transmitindo em código Morse para a Alemanha as aventuras do Atlântico. – falou o agente.
Dalva:
--- Em Natal? Essa é novidade! Como? – indagou a bela mulher
Caio:
--- Código Morse. Código Morse. Ti-Ti-Ta-Ta – fez o homem com gesto.
Bartolo:
--- Em Natal mesmo? – perguntou assustado.
Caio:
--- No Cemitério! – sorriu o agente.
E todos caíram em meio às gargalhadas.
Bartolo:
--- Eu sabia do caso do urubu. – gargalhou o rapaz.
Caio:
--- Também. Também. Essa foi presepada de Zé Areias, um barbeiro famoso e mentiroso. O fato é que ele passou um urubu recheado como se fosse um peru. – relatou.
E voltaram todos a gargalhar.
Bartolo:
--- Ora merda. Os americanos comendo urubu. – gargalhou estonteante.
O Primeiro Ministro britânico, Winston Churchill, como representante da elite capitalista, ordenou o início das estratégias para deter o avanço comunista na Europa.
Caio:
--- Churchill disse não está apenas sob o avanço soviético. Mas, em muitos casos se está cada vez mais sob o controle de Moscou. – relatava
Por outro lado, Hitler analisava o futuro do III Reich junto com os seus colaboradores mais próximos no topo das montanhas de Bertengarden em um lugar chamado “Ninho da Águia”. Hitler não estava em Berlim durante a Queda do III Reich e se escondeu no local onde foi planejada uma possível fuga – o “Ninho da Águia”. A casa ficava em uma parte superior. Sua entrada era por um túnel. O túnel tinha porta dupla e não uma porta comum. Era a prova de qualquer coisa que se possa pensar.  
Desde a sua construção, em 1938, o “Ninho da Águia” foi utilizado por Hitler para vacinar colaboradores pobres e funcionários estrangeiros. Semanas antes da Queda, Hitler recebeu Albert Speer no “Ninho da Águia” – o Ministro dos Armamentos do III Reich. A derrota militar da Alemanha era inevitável e eles se reuniram para planejar como usariam as poucas cartas que tinham. Dessa reunião no “Ninho da Águia”, Hitler teve uma ideia que rapidamente se tornou uma obsessão: mostrar aos líderes ocidentais que se os nazistas se juntassem aos soviéticos, o fantasma comunista chegaria a Paris em poucas horas.
Joana:
--- O que aconteceu foi o seguinte: já houvera a batalha de Stalingrado em 1943 com a rendição das forças alemãs. E a partir daí ficou claro que a Alemanha estava totalmente derrotada. Então, nessa reunião em que estavam Speer e Hitler, eles iriam moldar o futuro da Alemanha. Após a fracassada invasão da União Soviética já não havia mais petróleo. O petróleo do Cáucaso que era o que impulsionava a União Soviética não estava mais disponível. Portanto, a economia alemã e o sistema militar iam desabar a qualquer momento. Speer tenta convencer Hitler que a princípio se recusava da necessidade de chegar a um acordo com os aliados sob a ideia de que se não houvesse acordo, a União Soviética iria ocupar toda a Europa.
Caio:
--- As operações secretas entre os nazistas e os aliados ocidentais propondo uma rendição para que os russos não avançassem sobre a Europa foram seladas sob o codinome “Operação Sunrise” . – complementou o agente.
Joana:
--- Isso. Isso. Mas, quando Joseph Stalin descobriu a Operação, imediatamente informou ao presidente americano advertindo que: “se os acordos fossem efetivados garantiria a fuga de Hitler pelos bastidores”. – relatou a mulher.
Dalva:
--- Mas, como é que a senhora sabe de tudo isso? A senhora não vivia presa em um quarto de uma casa? – indagou assustada.
Joana:
--- Tudo tem o seu “porém”. Na certa eu vivia presa sem permissão de sair. A não ser quando recebia ordens para tal. Mas a leitura foi a minha escapatória. Na Alemanha, com a minha mãe, Anya, nos demais esconderijos. Afinal, o General Rahner tinha uma densa biblioteca. Nesse caso eu precisava espanar o mofo. E quando eu estava limpando as estantes eu tinha tempo de ler. Eu vivi trancada, digo isso porque eu vivia presa em uma casa. Mas não era trancada com garras de ferros. Eu leio muito. – sorriu a mulher.
Dalva:
--- Mas lia o que? A Bíblia? – indagou de surpresa..
Joana:
--- A senhora tocou num ponto interessante: a Bíblia. Todos ou muita gente lê a chamada Bíblia. O que é a Bíblia? Livros. Apenas isso. Tais livros vêm do tempo dos Sumérios. A senhora ouviu falar em Sumérios? – indagou a mulher.
Dalva:
--- Não. Nunca! – decifrou curiosa.
Joana:
--- Pois bem. Os Sumérios estiveram na Terra há 500 mil anos. Veja bem: 500 mil. Nesse tempo não havia civilização na Terra. E eles foram os primeiros homens civilizadores dos “humanos” dessa Terra. Havia gente. Mas um povo não tão bem esclarecido. Assim como hoje tem gente, moradora em casebre nos confins do mundo. E eles estiveram aqui, buscando ensinar a esse povo aquilo que para os Sumérios faltava: a instrução. As civilizações sumérias prosseguiram por toda a Terra. Egito, América do Sul, América Central, México, Estados Unidos e por aí afora. Entendeu? – indagou a mulher de modo bem educado.

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