- Larissa Manoela -
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CRISTAIS
A Noite dos
Cristais é o nome popularmente dado aos atos de violência que ocorreram na
noite de 9 de novembro de 1938 em diversos locais da Alemanha e da Áustria ,
então sob o domínio nazista ou III Reich. Tratou-se de ataque violento a
pessoas com a destruição de seus ambientes, inclusive centros religiosos. Para
o regime foi a resposta ao assassinato de Ernst von Rath, um diplomata alemão
em Paris (França) , por Herschel
Grynszpan, um judeu polaco, condenado múltiplas vezes a deportação. Numa única
noite, 91 adversários do regime foram mortos e trinta mil foram presos e
levados para campos de concentração. 7.500 lojas dos adversários políticos e
267 templos religiosos foram reduzidas a escombros. O nome Noite de Cristais
deriva dos cacos de vidros – das vitrinas das lojas e igrejas – resultante deste episódio de violência.
Embora os
violentos ataques parecessem espontâneos, como se fossem uma revolta natural da
população alemã e austríaca contra o assassinato de um diplomata daquele país
por um adolescente judeu em Paris, na verdade, o Ministro alemão, Joseph
Goebbels, e outros líderes nazistas haviam organizado as chacinas dos seus
adversários, boa parte de judeus, de forma cuidadosa muito antes de elas
acontecerem. Num período de apenas dois dias, mais de 250 templos religiosos
foram queimados. Cemitérios, hospitais, escolas e casas foram saqueados, tudo
ante a total indiferença da Polícia e do Corpo de Bombeiros. Os homens do
combate ao fogo trabalharam insistente no apagar das chamas de algumas casas
dos não adversários do regime. Toques de recolher foram impostos, limitando as
horas do dia em que os adversários do nazismo podiam sair de suas casas.
Joana:
--- A Noite
dos Cristais foi algo de terrível. Quem era adversário do regime nazista foi
preso. Alguns tentaram sair da Alemanha e da Áustria. Eu não vi essa chacina. E
nem minha mãe. Ela chegou muito depois desse trágico incidente. O nome de minha mãe era Anya Vassina. Ela me
teve aos 16 anos de idade. Eu fui estuprada pelo velho Rahner e tive meu único
filho, alemão, aos 16 anos também. Eu igualmente sou alemã de nascimento. Rodei
por esse mundo afora durante o fim da guerra. Minha mãe nasceu em Leningrado e
eu nasci em Essen, na Alemanha. O meu filho sumiu após seu nascimento. O velho
Rahner carregou não sei para onde. – contou todo o seu passado de uma só vez.
Após a vitória
soviética na batalha de Stalingrado em 1943, nenhuma potencia ocidental sabia
exatamente onde o Exército Vermelho interromperia o avanço.
Caio:
--- Varsóvia,
Berlim, Praga, Viena, Budapeste, Belgrado, Bucareste e Sofia. Essas famosas
cidades poderiam ser o ponto da marcha triunfal. O que se ouvia, eram mais as
notícias do avanço e recuo das Forças aliadas. E também tinha a Guerra entre
Estados Unidos e Japão. Era uma loucura. Em Natal, tinha um serviço de
alto-falantes espalhado pela cidade. A BBC de Londres começava o seu noticiário
às sete horas da noite. E todo mundo ouvia as histórias mirabolantes da Guerra,
sempre ditas com relação à vitória americana no Pacífico. Era uma loucura. Nada
se ouviu dizer sobre um alemão que foi preso aqui no Cemitério do Alecrim
transmitindo em código Morse para a Alemanha as aventuras do Atlântico. – falou
o agente.
Dalva:
--- Em Natal?
Essa é novidade! Como? – indagou a bela mulher
Caio:
--- Código
Morse. Código Morse. Ti-Ti-Ta-Ta – fez o homem com gesto.
Bartolo:
--- Em Natal
mesmo? – perguntou assustado.
Caio:
--- No
Cemitério! – sorriu o agente.
E todos caíram
em meio às gargalhadas.
Bartolo:
--- Eu sabia
do caso do urubu. – gargalhou o rapaz.
Caio:
--- Também.
Também. Essa foi presepada de Zé Areias, um barbeiro famoso e mentiroso. O fato
é que ele passou um urubu recheado como se fosse um peru. – relatou.
E voltaram
todos a gargalhar.
Bartolo:
--- Ora merda.
Os americanos comendo urubu. – gargalhou estonteante.
O Primeiro
Ministro britânico, Winston Churchill, como representante da elite capitalista,
ordenou o início das estratégias para deter o avanço comunista na Europa.
Caio:
--- Churchill
disse não está apenas sob o avanço soviético. Mas, em muitos casos se está cada
vez mais sob o controle de Moscou. – relatava
Por outro
lado, Hitler analisava o futuro do III Reich junto com os seus colaboradores
mais próximos no topo das montanhas de Bertengarden em um lugar chamado “Ninho
da Águia”. Hitler não estava em Berlim durante a Queda do III Reich e se
escondeu no local onde foi planejada uma possível fuga – o “Ninho da Águia”. A
casa ficava em uma parte superior. Sua entrada era por um túnel. O túnel tinha
porta dupla e não uma porta comum. Era a prova de qualquer coisa que se possa
pensar.
Desde a sua
construção, em 1938, o “Ninho da Águia” foi utilizado por Hitler para vacinar
colaboradores pobres e funcionários estrangeiros. Semanas antes da Queda,
Hitler recebeu Albert Speer no “Ninho da Águia” – o Ministro dos Armamentos do
III Reich. A derrota militar da Alemanha era inevitável e eles se reuniram para
planejar como usariam as poucas cartas que tinham. Dessa reunião no “Ninho da
Águia”, Hitler teve uma ideia que rapidamente se tornou uma obsessão: mostrar
aos líderes ocidentais que se os nazistas se juntassem aos soviéticos, o
fantasma comunista chegaria a Paris em poucas horas.
Joana:
--- O que
aconteceu foi o seguinte: já houvera a batalha de Stalingrado em 1943 com a
rendição das forças alemãs. E a partir daí ficou claro que a Alemanha estava
totalmente derrotada. Então, nessa reunião em que estavam Speer e Hitler, eles
iriam moldar o futuro da Alemanha. Após a fracassada invasão da União Soviética
já não havia mais petróleo. O petróleo do Cáucaso que era o que impulsionava a
União Soviética não estava mais disponível. Portanto, a economia alemã e o
sistema militar iam desabar a qualquer momento. Speer tenta convencer Hitler
que a princípio se recusava da necessidade de chegar a um acordo com os aliados
sob a ideia de que se não houvesse acordo, a União Soviética iria ocupar toda a
Europa.
Caio:
--- As
operações secretas entre os nazistas e os aliados ocidentais propondo uma
rendição para que os russos não avançassem sobre a Europa foram seladas sob o codinome
“Operação Sunrise” . – complementou o agente.
Joana:
--- Isso.
Isso. Mas, quando Joseph Stalin descobriu a Operação, imediatamente informou ao
presidente americano advertindo que: “se os acordos fossem efetivados
garantiria a fuga de Hitler pelos bastidores”. – relatou a mulher.
Dalva:
--- Mas, como
é que a senhora sabe de tudo isso? A senhora não vivia presa em um quarto de
uma casa? – indagou assustada.
Joana:
--- Tudo tem o
seu “porém”. Na certa eu vivia presa sem permissão de sair. A não ser quando
recebia ordens para tal. Mas a leitura foi a minha escapatória. Na Alemanha,
com a minha mãe, Anya, nos demais esconderijos. Afinal, o General Rahner tinha
uma densa biblioteca. Nesse caso eu precisava espanar o mofo. E quando eu
estava limpando as estantes eu tinha tempo de ler. Eu vivi trancada, digo isso
porque eu vivia presa em uma casa. Mas não era trancada com garras de ferros.
Eu leio muito. – sorriu a mulher.
Dalva:
--- Mas lia o
que? A Bíblia? – indagou de surpresa..
Joana:
--- A senhora
tocou num ponto interessante: a Bíblia. Todos ou muita gente lê a chamada
Bíblia. O que é a Bíblia? Livros. Apenas isso. Tais livros vêm do tempo dos
Sumérios. A senhora ouviu falar em Sumérios? – indagou a mulher.
Dalva:
--- Não.
Nunca! – decifrou curiosa.
Joana:
--- Pois bem.
Os Sumérios estiveram na Terra há 500 mil anos. Veja bem: 500 mil. Nesse tempo
não havia civilização na Terra. E eles foram os primeiros homens civilizadores
dos “humanos” dessa Terra. Havia gente. Mas um povo não tão bem esclarecido.
Assim como hoje tem gente, moradora em casebre nos confins do mundo. E eles
estiveram aqui, buscando ensinar a esse povo aquilo que para os Sumérios
faltava: a instrução. As civilizações sumérias prosseguiram por toda a Terra.
Egito, América do Sul, América Central, México, Estados Unidos e por aí afora.
Entendeu? – indagou a mulher de modo bem educado.
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