- Kate Hudson -
- 49 -
FILHO
O homem se
aproximou cada vez de Joana Vassina e olhou muito bem para então indagar outra
vez, com esmero cuidado para não magoar a sofrida mulher. Ele punha em dúvida a
sua eternal existência, pois nunca a vira tão majestosa e sublime. Com
deleitosa carícia ele então quis fazer-lhe a imaginável pergunta. E de certo
modo a fez:
Estranho:
--- A senhora
é de Essen? – indagou pensativo.
Joana:
--- Essen?
Quem é você? – fez questão em saber.
Estranho:
--- Eu conheço
muita gente naquela cidade. A senhora pode ser amiga ou conhecida de alguma
dessas pessoas. – quis facilitar a questão.
Joana:
--- Eu não
conheço ninguém dessa cidade. – argumentou.
Estranho:
--- Bom. Eu
sei. Na verdade é uma cidade maior que essa que a senhora está. Carvão e aço
são os principais minérios. Essen é a cidade da cultura e situa-se ao norte da
Alemanha. Eu creio que a senhora não teve oportunidade de observar tudo isso.
Não? – perguntou de forma branda.
Joana:
--- Eu conheço
toda ou quase toda a Alemanha. E conheço a Polônia e demais países. Essen é um
distrito urbano e tem campos e bosques. Essa é Essen. Ou não? – indagou sem
mais querer
Estranho:
--- Para quem
nasceu em Essen, vê-se que conhece muito bem. – falou suave.
Joana:
--- O senhor é
de Essen? Onde nasceu? – indagou surpresa.
Estranho:
--- Eu nasci
no bosque, mas fui criado na cidade. Uma família modesta. Creio que a senhora
pouco sabe da família Krupp. É uma família de grandes tradições. Mas tem a
gente pobre nesse meio. E foi aí que me criei. – destacou.
Joana:
--- Como tu te
chamas? – indagou com cuidado.
Estranho:
--- Meu nome
tem pouco significado. Mesmo assim, eu me chamo Elmer Reinke Krupp. Eu estou o
Brasil há alguns anos. E creio que a senhora já ouviu o meu nome, pois o
canalha arranjou os meus documentos se passou por minha pessoa. Não? – indagou
meio confuso.
Joana:
--- O senhor é
o verdadeiro Elmer? – indagou desconfiada.
Elmer:
--- Sim. Eu
sou o verdadeiro. Elmer Reinke Krupp. Mas esse meu nome não vale muito. Em outra
oportunidade eu era chamado pelo sobrenome da minha família “Vassina”. Esse é o
meu sobrenome. – destacou com lágrimas.
Joana:
--- Vassina?
Quem é Vassina? – indagou a mulher.
Elmer:
--- Vassina
era a minha avó. Anya Vassina. Ela era da União Soviética. Cidade de
Leningrado. Ela foi raptada pelo Exército de Hitler. Teve uma filha. E essa
filha se chama Joana. Depois teve mais dois filhos. E por fim, morreu. E Joana,
provavelmente é a senhora. Certo? – indagou em dúvidas.
Joana:
--- De fato.
Meu nome é Joana. E o senhor quem é? – indagou desconfiada.
Elmer.
--- Eu soube,
quando era maior de idade, eu era filho de uma camponesa de Essen. E essa
camponesa se chamava Joana. Eu era filho do General Rahner. Isso ele certa vez
me confirmou em uma conversa informal. Ele era o meu pai e Joana a minha mãe.
Por certo tempo, ele passava na casa da família Krupp para deixar algum
dinheiro para a minha educação. Ele queria que fosse médico. E estudei
medicina. Porém segui outra função. Agora, no Brasil, eu opero uma companhia de
aviação. Essa empresa faz o percurso Brasil-Alemanha com voos de três vezes
semanais. E tem mais. Quando era menino, uma mulher esteve com minha mãe de
criação e indagou se eu era o filho adotado. Minha mãe não contou conversa e me
chamou para dentro de casa trancando a porta afinal. Essa é a minha história. –
falou devagar o homem.
Joana:
--- Qual a sua
idade? - perguntou a mulher.
Elmer:
--- Hoje, eu
faço 50 anos. Logo quando o meu pai morreu. Mas, eu não o tinha como pai. Eu
vim a seu sepultamento para poder confirmar ter o velho morrido mesmo. Ele
estava com quase 89 anos de idade. – confirmou o rapaz.
Joana:
--- O que o
senhor sabia mais do seu pai? – perguntou.
Elmer:
--- Não muito.
Apenas que ele estava com um joelho postiço. Ele foi chefe de campos de
concentrações, durante a Guerra. E depois da Guerra, ele fez de tudo um pouco.
– confirmou.
Joana:
--- E
mulheres? – indagou.
Elmer:
--- Mulheres?
Isso eu não sei. A não ser que ele mantinha em seu poder a sua filha Joana. –
comentou angustiado.
Joana:
--- Pois eu
sou a filha do General. – confessou sem muita emoção
Elmer:
--- Eu sabia
minha mãe! – disse o homem com sentimento.
Daí em diante
apenas de alegria, comemorações e bênçãos. Joana Vassina e o seu filho Elmer
foram para o novo apartamento do agente Caio Teixeira na companhia dos outros
amigos. Houve a comemoração devida, apesar do silencio por conta do falecimento
do velho General Wagner Rahner. Pouca gente sabia desse infeliz tormento. No
dia seguinte o jornal de Bartolo Revoreto estampou em letras maiores a morte do
terror dos presidiários dos campos de concentração durante a II Guerra Mundial.
O caso tomou vulto internacional enfatizando a morte do ultimo General nazista.
A tiragem do matutino dobrou pelas circunstâncias do drama ocorrido em uma
estrada do interior desse Estado. A reportagem deu maior vulto a questão alegando
ter a tal jamanta rodando o seu pneu dianteiro com bastante vagar até um ultimo
instante dando-lhe a impressão de que tudo se acabara de vez no despenhadeiro
formado na amargurada estrada.
Joana:
--- Terminou a
tragédia. – reportou a mulher ao ler o jornal.
Caio:
--- Bartolo
foi hábil no fazer da notícia. – argumentou
Elmer:
--- Tem agora
outra questão. – adiantou o homem
Joana:
--- Qual? –
indagou assustada.
Elmer:
--- A fortuna
do velho. Uma fortuna de fato incomensurável. A senhora está agora plenamente
bilionária. Eu, na verdade, não sei nem quando é a tal fortuna. Talvez sejam
alguns trilhões de euros. – declarou o senhor.
Joana:
--- Para mim,
essa fortuna não vale nada. Pra que dinheiro? – reclamou entristecida.
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