sábado, 22 de março de 2014

DOIS AMORES - QUARENTA E NOVE -

- Kate Hudson -
- 49 -
FILHO
O homem se aproximou cada vez de Joana Vassina e olhou muito bem para então indagar outra vez, com esmero cuidado para não magoar a sofrida mulher. Ele punha em dúvida a sua eternal existência, pois nunca a vira tão majestosa e sublime. Com deleitosa carícia ele então quis fazer-lhe a imaginável pergunta. E de certo modo a fez:
Estranho:
--- A senhora é de Essen? – indagou pensativo.
Joana:
--- Essen? Quem é você? – fez questão em saber.
Estranho:
--- Eu conheço muita gente naquela cidade. A senhora pode ser amiga ou conhecida de alguma dessas pessoas. – quis facilitar a questão.
Joana:
--- Eu não conheço ninguém dessa cidade. – argumentou.
Estranho:
--- Bom. Eu sei. Na verdade é uma cidade maior que essa que a senhora está. Carvão e aço são os principais minérios. Essen é a cidade da cultura e situa-se ao norte da Alemanha. Eu creio que a senhora não teve oportunidade de observar tudo isso. Não? – perguntou de forma branda.
Joana:
--- Eu conheço toda ou quase toda a Alemanha. E conheço a Polônia e demais países. Essen é um distrito urbano e tem campos e bosques. Essa é Essen. Ou não? – indagou sem mais querer
Estranho:
--- Para quem nasceu em Essen, vê-se que conhece muito bem. – falou suave.
Joana:
--- O senhor é de Essen? Onde nasceu? – indagou surpresa.
Estranho:
--- Eu nasci no bosque, mas fui criado na cidade. Uma família modesta. Creio que a senhora pouco sabe da família Krupp. É uma família de grandes tradições. Mas tem a gente pobre nesse meio. E foi aí que me criei. – destacou.
Joana:
--- Como tu te chamas? – indagou com cuidado.
Estranho:
--- Meu nome tem pouco significado. Mesmo assim, eu me chamo Elmer Reinke Krupp. Eu estou o Brasil há alguns anos. E creio que a senhora já ouviu o meu nome, pois o canalha arranjou os meus documentos se passou por minha pessoa. Não? – indagou meio confuso.
Joana:
--- O senhor é o verdadeiro Elmer? – indagou desconfiada.
Elmer:
--- Sim. Eu sou o verdadeiro. Elmer Reinke Krupp. Mas esse meu nome não vale muito. Em outra oportunidade eu era chamado pelo sobrenome da minha família “Vassina”. Esse é o meu sobrenome. – destacou com lágrimas.
Joana:
--- Vassina? Quem é Vassina? – indagou a mulher.
Elmer:
--- Vassina era a minha avó. Anya Vassina. Ela era da União Soviética. Cidade de Leningrado. Ela foi raptada pelo Exército de Hitler. Teve uma filha. E essa filha se chama Joana. Depois teve mais dois filhos. E por fim, morreu. E Joana, provavelmente é a senhora. Certo? – indagou em dúvidas.
Joana:
--- De fato. Meu nome é Joana. E o senhor quem é? – indagou desconfiada.
Elmer.
--- Eu soube, quando era maior de idade, eu era filho de uma camponesa de Essen. E essa camponesa se chamava Joana. Eu era filho do General Rahner. Isso ele certa vez me confirmou em uma conversa informal. Ele era o meu pai e Joana a minha mãe. Por certo tempo, ele passava na casa da família Krupp para deixar algum dinheiro para a minha educação. Ele queria que fosse médico. E estudei medicina. Porém segui outra função. Agora, no Brasil, eu opero uma companhia de aviação. Essa empresa faz o percurso Brasil-Alemanha com voos de três vezes semanais. E tem mais. Quando era menino, uma mulher esteve com minha mãe de criação e indagou se eu era o filho adotado. Minha mãe não contou conversa e me chamou para dentro de casa trancando a porta afinal. Essa é a minha história. – falou devagar o homem.
Joana:
--- Qual a sua idade? -  perguntou a mulher.
Elmer:
--- Hoje, eu faço 50 anos. Logo quando o meu pai morreu. Mas, eu não o tinha como pai. Eu vim a seu sepultamento para poder confirmar ter o velho morrido mesmo. Ele estava com quase 89 anos de idade. – confirmou o rapaz.
Joana:
--- O que o senhor sabia mais do seu pai? – perguntou.
Elmer:
--- Não muito. Apenas que ele estava com um joelho postiço. Ele foi chefe de campos de concentrações, durante a Guerra. E depois da Guerra, ele fez de tudo um pouco. – confirmou.
Joana:
--- E mulheres? – indagou.
Elmer:
--- Mulheres? Isso eu não sei. A não ser que ele mantinha em seu poder a sua filha Joana. – comentou angustiado.
Joana:
--- Pois eu sou a filha do General. – confessou sem muita emoção  
Elmer:
--- Eu sabia minha mãe! – disse o homem com sentimento.
Daí em diante apenas de alegria, comemorações e bênçãos. Joana Vassina e o seu filho Elmer foram para o novo apartamento do agente Caio Teixeira na companhia dos outros amigos. Houve a comemoração devida, apesar do silencio por conta do falecimento do velho General Wagner Rahner. Pouca gente sabia desse infeliz tormento. No dia seguinte o jornal de Bartolo Revoreto estampou em letras maiores a morte do terror dos presidiários dos campos de concentração durante a II Guerra Mundial. O caso tomou vulto internacional enfatizando a morte do ultimo General nazista. A tiragem do matutino dobrou pelas circunstâncias do drama ocorrido em uma estrada do interior desse Estado. A reportagem deu maior vulto a questão alegando ter a tal jamanta rodando o seu pneu dianteiro com bastante vagar até um ultimo instante dando-lhe a impressão de que tudo se acabara de vez no despenhadeiro formado na amargurada estrada.
Joana:
--- Terminou a tragédia. – reportou a mulher ao ler o jornal.
Caio:
--- Bartolo foi hábil no fazer da notícia. – argumentou
Elmer:
--- Tem agora outra questão. – adiantou o homem
Joana:
--- Qual? – indagou assustada.
Elmer:
--- A fortuna do velho. Uma fortuna de fato incomensurável. A senhora está agora plenamente bilionária. Eu, na verdade, não sei nem quando é a tal fortuna. Talvez sejam alguns trilhões de euros. – declarou o senhor.
Joana:
--- Para mim, essa fortuna não vale nada. Pra que dinheiro? – reclamou entristecida.

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