- Giovanna Lancellotti -
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A MORTE
O veículo de
Dalva seguia pela rua principal da cidade onde havia movimento gigante de gente
a procurar ou comprar mercadorias para o seu almoço ou jantar. O sinal fechou e
todos os carros vindos do oeste tiveram que parar. Os transeuntes aproveitavam
para passar de um lado a outro com suas sacolas cheias de mercadorias. O rapaz
começava a atravessar a avenida a rebuscar os DVD em suas mãos. Aquilo
despertou a atenção de Dalva, pois pouco sabia de local a comprar DVDs novos
foras das lojas especializadas do comércio. Em um instante, quando o sinal deu
alerta, Dalva Tavares dirigiu o seu Hyundai para um local reservado a
estacionamento de veículos e logo após se encaminhou a um sebo onde tinha DVDs
de todos os tipos. Naquele local era quase impossível se escolher o melhor. De
qualquer forma, apesar da imensa dificuldade, ela recolheu um por nome “OLGA” de Jayme Monjardim baseado no livro de
Fernando Morais que, talvez apreciasse melhor. Após o largo atraso levado,
Dalva saiu contente por ter um presente para doar ao seu amante, Bartolo,
quando esse chegasse à noite.
Enquanto isso,
no seu local de trabalho, Bartolo estava a rebuscar as folhas antigas de
jornais onde ditavam os maiores acontecimento do século. Após minuciosa busca
teve de encontrar um artigo antigo sobre o Julgamento de Nuremberg. Nesse
ponto, o rapaz se aprofundou com firmeza nos seus estudos. Estava ali todo o
encontro e um total julgamento, inclusive a forca. E foi então que Bartolo leu
com mais afinco e tenacidade à formação inédita de um tribunal militar
internacional para o julgamento do alto escalão nazista por crimes de guerra.
Rebuscando com cuidado, o homem folheou todas as informações alusivas ao que
ocorreu no Palácio de Justiça de Nuremberg, na Alemanha. A duração de 315 dias
entre os anos de novembro de 1945 a outubro de 1946 despertou a ansiedade do
povo em acompanhar e caso dos nazistas, criminosos de guerra. Foram apenas 24
indiciados. Porém apenas 22 criminosos participaram do julgamento. Um deles
morreu antes do julgamento ter início e outro, Gustav Krupp, também assassino
convicto foi dispensado.
Entre os 24
acusados, havia militares, membros do Partido Nazista, ministros e
estruturadores das finanças e da comunicação do regime de Adolf Hitler. A ideia
era a forca além dos réus, criando um precedente para que todo o aparato
nazista de agressão e repressão pudesse ser indiciado no futuro. No seu final
doze deles receberam pena de morte. A maioria dos acusados assumiu os crimes de
que eram acusados, porém muitos alegaram que estavam apenas seguindo as ordens
de autoridades superiores. Aqueles envolvidos diretamente nos assassinatos
receberam as sentenças mais severas. . Outros indivíduos que desempenharam
papéis importantes, incluindo oficiais de alto escalão do governo nazista e
executivos que usaram prisioneiros dos campos de concentração para trabalho
escravo, foram condenados a curtos períodos de detenção ou não receberam
nenhuma penalidade. Alguns fugiram da Alemanha para viver no exterior,
incluindo centenas que foram para os Estados Unidos.
Bartolo:
--- Incrível!
E ainda faltam os vinte e sete milhões de russos mortos durante a II Guerra. –
lamentou, com efeito.
Na Base Aérea
estava confinado em uma cela muito bem vigiada por severos militares de várias
patentes o General nazista Wagner Rahner. Nos primeiros dias de prisão o
nazista foi interrogado por várias vezes por militares brasileiros a procura de
saber o verdadeiro nome e ofício desempenhado durante a guerra e depois do
conflito mundial. Eram sempre as mesmas perguntas pelo dia e a noite como se
estivessem os militares temerosos em ter o General esquecido de algo ou
estivesse a guardar alguma coisa de maior importância. Entre os militares a ter
escapado do julgamento de Nuremberg, a cidade centro escolhida pelo Tribunal
Militar, estava por vez onde foram armadas as três forcas no presidio da cidade-estado
para a execução dos condenados à impiedosa morte. A Segunda Guerra Mundial não
é apenas uma dos eventos mais marcantes do século XX, mas o mais trágico da
história da humanidade. Nunca uma guerra envolveu tantas pessoas no mundo e com
tamanha capacidade militar. Com as fotos
tiradas do julgamento via-se a temerosa ansiedade de tantos homens presentes ao
derradeiro terror. Sob esse aspecto o
General era sempre interrogado da fuga inesperada e de onde ele era o chefe
maior por essa ocasião.
General:
--- Treblinka!
Eu estava em Treblinka, na Polônia. – respondeu o General Rahner.
Inquisidor:
---
Treblinka foi um campo de extermínio
alemão? – indagou sereno.
General:
--- Nem tanto!
Era mais uma prisão de desordeiros! Vagabundos! – relatou com ênfase.
Inquisidor:
--- A história
dá um pouco diferente. Diz que judeus foram mortos em câmaras de gás. É verdade
isso? – indagou
General:
--- Não estou
bem ao par! Eu servia em outro departamento! Era isso! – falou bruto.
Inquisidor:
--- Treblinka
ficava na cidade? – inquiriu
General:
--- Um pouco
afastada! – salientou.
Inquisidor:
--- Mas há
registro de ter sido o primeiro campo de morte alemão onde ocorreu a cremação
dos cadáveres! É verdade? – indagou
General:
--- Não me
compete dizer tal fato! Eu não estava nesse tal ambiente! – detonou.
Inquisidor:
--- Quantas
pessoas foram cremadas em Treblinka? – indagou
General:
--- Como eu já
falei: eu não estava ao par dessa situação! – disse mais.
Inquisidor:
--- Mesmo por
ouvir dizer? – perguntou:
General:
--- Era o fim
de um embate. E poucas pessoas falavam em tal caso! – salientou.
Inquisidor:
--- Sei. Sei.
Mas havia os judeus encarregados de receber os comboios que chegavam. E os
deportados eram encaminhados às câmaras de gás. Isso é fato. Os judeus extraiam
os dentes de ouro dos cadáveres antes de serem cremados. Verdade? - indagou.
General:
--- Confesso
que estou sabendo disso agora! – declarou com entusiasmo.
Inquisidor:
--- Pelo
relatório, o campo de Treblinka foi dividido em dois campos menores: um deles
os prisioneiros somente se ocupava do extermínio e a recuperação de objetos. O
segundo campo os prisioneiros só se ocupavam da retirada dos cadáveres e
cremação. Em qual dos dois o senhor servia? – indagou.
General:
--- Eu não me
imbuia de tal trabalho. Eu ficava apenas a conferir as contas das mercadorias
vindas para as tropas. – alegou.
Inquisidor:
--- Em que ano
o senhor serviu em Treblinka? – indagou solene.
General
--- Em 1943.
Creio! – declarou.
Inquisidor:
--- Quer
dizer: no tempo da revolta. Em Treblinka
sobreviveram quinze prisioneiros. Verdade? – indagou.
General;
--- É
provável. Mas esse fato se deu antes da minha chegada. – confessou.
Inquisidor:
--- O senhor
afirma esse fato? – perguntou
General.
--- Não há por
que negar. Eram todos bandidos fugitivos. – disse ele.
Inquisidor:
--- Bandidos?
– perguntou com ostentação.
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