- Debby Lagranha -
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COBERTURA
A cobertura
sobre a internação do General Rahner no Hospital do Coração correu rápida como
um rastilho de pólvora em uma mina de ouro. De imediato, havia do lado de fora
do hospital cerca de 10 carros de cobertura externa de televisão, cada qual
procurando se posicionar da melhor forma possível. Os repórteres das estações
de televisão, rádio e jornais corriam a qualquer modo para poder passar pelo
cordão de isolamento montado pela Polícia Militar da Aeronáutica sem querer
deixar passar toda uma turma de jornalistas. E começou a confusão do entra e
não entra com a aglomeração de repórteres se acercando de demais autoridades militares.
O cerco foi estendido a um largo espaço rodeando todo o Hospital. Havia
repórteres fotográficos a se postar em cima de edifícios da vizinhança onde
procuravam colher o melhor ângulo da sacada para registar o mais perfeito meio
de fazer fotos. Carros a buzinar distante a procura de passagem para os
edifícios próximos do hospital. Seus proprietários sem entender o ocorrido se
exasperavam a todo custo.
Motorista:
--- Eu moro
alí! Eu quero ir para a minha casa! As crianças estão no carro! – falava aos berros
quem podia falar.
O cordão de
isolamento se estendia de ponta a ponta da rua e a milícia não permitia passar
ninguém para os seus apartamentos. O Hospital era um prédio de três andares e
mais outros anexos. O prédio ficava no bairro de Lagoa Nova e o cordão de
isolamento percorria um quadrado imenso. Os militares procuravam atender os de
maior pressa. Principalmente médicos, enfermeiros, auxiliares, pacientes ou
demais pessoais a buscar acesso ao Hospital. Nunca se ouviu falar em um aparato
tão bem montado próximo a um Hospital em plena rua de tráfego constante. A
zoada formada pelos jornalistas era incomum.
Jornalistas:
--- Nós
queremos falar com alguém que possa dar informação. – gritava os jornalistas.
Aquele barulho
soava como algo feito aos ouvidos dos militares os quais faziam ouvido de
mercador. Nesse momento, as gruas começaram a transmitir informações recebidas
por seus jornalistas os quais não sabiam de nada.
Passante:
--- O que está
havendo aí? – perguntava um transeunte assustado.
Outro:
--- Parece que
mataram alguma autoridade. – responde outro
Terceiro:
--- Foi a mãe
de pantanha! – dizia alguém a sorrir.
Ambulância,
carros de polícia da Aeronáutica, guarda de trânsito dando ordens descabidas
para orientar os demais motoristas a tomar outro seguimento de alguma rua. Fim
de tarde. Um sepultamento de um morto vindo de uma residência qualquer para os
lados de Lagoa Nova, bairro novo de Natal cheio de prédios de moradias em meio
a outros de pequeno porte. E tudo isso era um tumulto constante. A Polícia
Federal estava em guardar com seus veículos parados e com agentes por perto em
plena rua de trânsito daquele Hospital. Havia agente disperso pelo interior do
prédio em busca de qualquer suspeito para a fuga do General Rahner em qualquer
horário. O jornalista Bartolo estava solitário bem próximo do General alemão e
não sabia dizer o que ele já sabia ao seu respeito. Um pouco mais além da
enfermaria onde estava Bartolo, se encontrava também o velho General. Junto a
Rahner estavam três médicos e alguns militares com formatura de médico, pois
esses tinham no peito o emblema de doutor. As autoridades médicas buscavam
falar sobre o estado de saúde do enfermo por sua vez de causa inesperada. O
ancião enfermo tinha sido posto antes de tudo em um local para se verificar o
que de fato havia com seu organismo. Nesse momento o velho estava dormindo por
força de medicamentos. E uma maca entrou na UTI
em seguida passando em frente a cama de Bartolo. Dois maqueiros e nada
mais. Os dois homens se postaram junto a cama do velho enfermo e de imediato
soergueram lhe para depois seguirem para o final do corredor da UTI não passado
mais em frente à cama do rapaz. Os médicos da Aeronáutica seguiram o enfermo ao
compasso de uma longa espera.
E as horas se
passaram. Eram sete horas da noite quando Bartolo chegou ao consultório do
médico depois de ter passado longo tempo na UTI. Alí, então foram formuladas as
mesmas questões de antes feitas a Dalva e o médico lhe passou a medicação
devida alertando ser preciso para ele ir a um médico de coração. As indicações
do cateterismo cardíaco previa um diagnóstico mais preciso para detectar
doenças nas artérias coronárias. E uma porção de sugestões lhe disse o médico.
Médico:
--- O
cateterismo cardíaco identifica doenças obstrutivas das cavidades e válvulas do
coração. – declarou o médico.
Bartolo:
--- Quer
dizer: eu devo ir para o meu apartamento? Não mais trabalhar? – indagou o
enfermo.
Médico:
--- É melhor
repousar por esses dias. Segunda feira o senhor pode voltar ao consultório de um
especialista. – recomendou o médico.
Dalva:
--- É melhor
assim. Cuidado! Foi apenas um surto. – disse a mulher.
Bartolo:
--- Mas. ... E
a cobertura do palerma? – indagou sem entender.
Dalva:
--- Caio
cuida. É melhor voce obedecer à orientação médica. – argumentou.
Com isso, o
rapaz deu meia volta na cadeira de rodas onde estava, agradeceu ao médico, deu
boa noite e saiu. Do lado de fora do consultório estava o velho amigo Caio
Teixeira com um sorriso largo na face. Tao logo Bartolo notou a sua presença foi
dizendo:
Bartolo:
--- Isso é uma
merda! Eu não vou mais cobrir a histórico do palerma. Ordens médicas. – falou
abusado
Caio:
--- Ora rapaz!
Outro cobre. Eu tenho algo para lhe dar.
Conforte-se. – disse o seu velho amigo.
Bartolo ficou
zangado e por longos tempos nada quis saber. Em companhia de sua amante, ele
foi para seu apartamento onde nem sequer
ligou o televisor. Os medicamentos faziam efeito e Bartolo subiu à cama de
agarrou no sono. Sonhos de um caso conturbado lhe vieram à memoria. E ele nem
mesmo acordou por sinal. No sonho ele voltava à situação alemã com as
atividades de fuzilamento em massa dos civis comandadas pelas ostensivas
unidades móveis de extermínio. Os nazistas experimentaram a morte dos
presidiários com asfixia por gás nas chamadas “vans de gás”. Eram caminhões hermeticamente
fechados com o cano de escape voltado para o compartimento interior. Enorme
grupo de mulheres e crianças tinha sua vida ceifada. Bartolo via muito bem os
campos de extermínios para alcançar a solução final dos milhares de
presidiários. E foram no campo de extermínio de Chelmno, na Polônia onde os
prisioneiros foram mortos nas chamadas “vans gás”.
O perigo
estava à solta. Dois maqueiros colocaram o General Wagner Rahner na sua fria
cama e seguiram viagem para o interior do Hospital. Em metade do caminho foram
pegos de surpresa dos dois outros maqueiros. Os invasores agarraram com rapidez
o velho coronel e saíram em debandada. Os primeiros maqueiros ficaram
desacordados com a pancada segura em suas cabeças com uma espécie de granada
não explosiva. No pátio do estacionamento interno, os meliantes colocaram o
General para dentro de uma ambulância e com a mesma rapidez deram ordem de
saída da motorista todo vestido de branco. Ao seu lado seguia um rapaz com um
disfarce de médico.
Vândalos:
--- Depressa!
Depressa! Depressa! – era a ordem emanada.
A ambulância
seguiu caminho por trás do hospital em correria louca. Na parte externa da casa
de saúde, estavam os carros de externa das emissoras. E nem sequer deram conta do
ocorrido naquele instante. Os jornalistas estavam digitando suas matérias para
a redação em seus notebooks e tablets não se dando conta do ocorrido. Um rapaz,
motorista de uma das vans foi quem deu o aviso de um veículo sair em debandada enveredando
pela Rua Rui Barbosa em correria louca parecendo um trem bala:
Motorista:
--- Gente! Uma
ambulância! Ela corre como um louco! Eu suspeito de algo! – disse com pressa
Jornalista:
--- Quem?
Quem? Onde? Onde? – se levantou de sobressalto um repórter
Nesse momento
um carro da polícia, e outro, no encalço da foragida ambulância. O van se
postou de imediato na terceira posição dos veículos e logo após vieram mais
três ou quatro carros todos com sirenas abertas. O van dos jornalistas não
tinha como competir que os veículos policiais dados à extrema rapidez como
faziam ultrapassagem. E a perseguição prosseguiu rua a fora até ao
entroncamento com a Avenida Bernardo Vieira e dali para frente com a máxima
velocidade ao qual se seguia. Carros freavam quando vinham em sentido
contrário. A ambulância, ao atingir o cruzamento da Avenida Salgado Filho não
teve a vez de brecar. Nesse local, ela atravessou com todo o empenho indo
colidir com um trucado Bitrem na parte frontal. A ambulância rodopiou três ou
quatro vezes no meio da avenida com o trucado a conduzir óleo diesel para um
posto de combustível logo à frente e se enroscar com tamanha rapidez sobre o
carro de socorro envolvendo em chamas todo o veículo a revirar cambalhotas com
o trágico fim de ficar de pneus para cima. O fogaréu intenso se formou. O
motorista do trucado conseguiu sair do cavalo, mas os que estavam na ambulância
de pronto socorro nada puderam fazer. As cinco vítimas tiveram um fim trágico
consumidas de modo espetacular pelas chamas. Carros e ônibus vindos em três
direções brecaram. Os passageiros dos veículos viram a extraordinária tragédia
surgir por entre as chamas das viaturas em colisão e nada puderam fazer se não
gritar alarmados.
Passageiros:
--- Meu Deus
do Céu! É fogo muito! – gritavam amedrontadas.
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