- Juliette Gréco -
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Silas Albuquerque ainda demorou dois dias em Brasília tratando de assuntos de patrocino ao novo filme “Ponta da Cuia”, nome peculiar para uma película de noventa minutos o mais um pouco. Ligia Duarte estava presente em todas as reuniões mantidas por Silas a anotar tudo o mais o qual precisasse para glosar. Aquele era o início de uma carreira para a qual Ligia tornaria a se empenhar. À noite era a vez do repouso onde ambos teriam que ver o anotado das últimas horas. Nessa noite, após a ceia, Ligia achou por bem tomar uma ducha, pois em Brasília fazia calor intenso, tendo mesmo o majestoso Hotel das Nações ar condicionado em plena atividade. Houve uma negociada procura onde ambos os hóspedes dormiriam em um único apartamento, porém em camas separadas. E banheiros havia um para cada hóspede. Por isso, os segredos não eram assim descobertos. Contudo, ao procurar umas chinelas para calçar, Silas Albuquerque vislumbrou o corpo esguio da moça ao se arranjar na penteadeira com amplo esmero. Ele notou aquele corpo divinal e não mostrou qualquer assanhamento como se não tivesse visto algo de anormal na donzela jovem. Ele pediu apenas licença para calçar as chinelas de felpo. Então, a jovem moça se chocou com a presença do seu chefe. Esse sorriu e disse, por conseguinte:
--- Não tem nada demais. Pode se arrumar ao seu gosto. – falou Silas a moça e sorriu.
--- Mas o senhor me pegou desprevenida, - comentou a moça assustada.
A noite veio com o sono adormecedor para ambos os visitantes de Brasília. O tempo era calmo, apesar de não haver chuva. No apartamento do Hotel das Nações, dormiam Silas e Ligia após as comemorações do dia feitas na hora do jantar, às 9 horas. Silas fez ver a bela jovem o acerto feito com o Banco do Brasil e em outras instituições. Naquele instante já podia começar o trabalho de produção do filme “Ponta da Cuia”. Ainda faltava o apoio da Petrobrás entre outras mais, inclusive o Governo do Estado. Após por demais conversa, os dois foram para o apartamento onde conciliaram o sono em camas e ambientes separados. Ao acordar às seis horas da manhã, Silas sentiu um peso sobre o seu corpo. Ele olhou com surpresa e viu o corpo da moça deitado sobre o dele. Ele olhou com bastante atenção, em meio ao medo de acordar a moça, e viu que Ligia estava completamente despida. Todo o seu coro era apenas desnudado como a moça já fosse a sua amante ou esposa. Então, com muita precaução, Silas chamou a jovem mulher para alertar a sua nudez.
--- Criança! Você está inteiramente despida. – disse Silas ao ouvido de Ligia.
--- Deixe assim. É bem melhor. – recitou a moça quase a dormir.
O dia estava clareando por inteiro e completo e as cortinas do apartamento eram fechadas, não se divisando o local onde Silas e Ligia estava. Após o ato de ternura e de aconchego amor, Silas caiu no sono por mais alguns minutos. A mulher também dormiu como os anjos de bodas. Ela obtivera aquilo que já estava lidando como um eterno e duradouro sonho. Nem sequer os dois despertaram na hora para o suave e quente café da manhã.
Na estrada que levava a praia dos Coqueiros, Vera Muniz voltava para a capital na companhia de sua doméstica, a moça Otilia. Elas estavam a conversar sobre a mansão. A construção havia terminado. E havia a falta dos ambientes comuns do lar, tais como mesas, cadeiras, guarda roupas, cozinha entre outras coisas pequenas e modestas. O dia era sem chuva. Na volta, por volta das três horas da tarde, o gado atravessava a estrada no maior sossego possível que o gado pode ter. Bezerros, touros e vacas aos montes atrapalhavam o transito de veículos. Eram carros que trafegavam para a capital e outros vindos para o interior do Estado. Com isso, Vera parou o seu veículo mesmo na rodovia a espera demorada por conta de tanto gado a passar. Uma manada incomum aquela daquela tarde. A mulher colocou a mão esquerda na cabeça e ainda chegou a dizer:
--- E tome tempo. Boi! – comentou Vera sem sorrir.
A doméstica também não sorria e apenas soletrou de quem o gado era daquela vez.
--- De seu Artur. Ele é o maior criador da região. As mulheres da região é que tem medo. – relatou a moça.
--- Do gado? – indagou Vera querendo saber com certeza.
--- É. Do gado e das roupas estendidas da cerca do meio da estrada. As vacas comem tudo o que encontram. Lençol, toalhas, roupas de crianças. Tudo. Elas rasgam quando acham – respondeu à doméstica acabrunhada com a situação.
--- Ave Maria! Devia ter uma lei para as vacas. – decifrou Vera inquieta.
--- É. Dizem que tem. Não sei. Quem mata uma vaca na estrada não vai preso. – respondeu Otilia com certa precaução.
--- Isso é. Parece que não. Isso devia cair no vestibular. – sorriu dona Vera.
A moça nada respondeu. Ficou apenas a pensar nas vacas. Nos ubres das vacas. Bezerros a mamar. Touros a querer. E como dói. Chega arde em fogo. Era isso a pensar Otilia com a cabeça pensativa a olhar as vacas, bezerros e touros. Os touros eram os mais sérios. Cara de modo retorcido. E o pênis do touro. Naquela hora, encoberto. A moça apenas vislumbrava um couro e nada mais. A sensação de prazer lhe deu um sinal do modo como Otilia podia fazer também. As suas pernas se prenderam uma na outra. Ela puxou a saia para dentro das pernas do modo a resguardar o seu pudor. Seus seios faziam volumes naquele momento. Otilia ficou a pensar com toda sua percepção de tanto amar. O rebanho a passar pela estrada e a moça a sentir seu verdadeiro orgasmo por tudo aquilo. Era uma tremenda emoção o efeito de fazer o ato lascivo.
--- Essas vacas não terminam de passar? – perguntou de modo quase silencioso dona Vera.
--- Elas demoram. Vem e voltam. – comentou a moça em seu pensar de algo impuro.
--- Silas deve vir hoje! – argüiu por sua vez dona Vera pensativa.
--- Ele telefonou para a senhora? – indagou Otilia.
--- Logo cedo. Sei não. Tem casos que não concordo. – fez ver Vera Muniz.
--- A moça? – perguntou Otília de modo surpreso.
Pouco antes das cinco horas da tarde daquele dia, Silas entrou em seu gabinete em companhia de sua secretária particular, Ligia Duarte. A viagem desde Brasília foi de plena normalidade, porém Silas estava bastante cansado por tudo o que fizera nos acertos com os patrocinadores da nova película “Ponta da Cuia”, nome provisório para a fita. O homem arrumou a bagagem em seu birô e se despediu após da secretária e dos demais funcionários, descendo pelo elevador e saindo direto para o seu apartamento no carro conduzido por Diomedes Nogueira, o velho, como era conhecido apesar de ter apenas sessenta e poucos anos de idade. No meio do caminho Silas entabulou conversa com o velho para sentir alguma falha em seu casamento. Logo cedo da manhã, em Brasília, Silas acordou e Ligia estava completamente despida, deitada ao seu lado no apartamento do Hotel das Nações. Nesse caso ele fez da moça a sua amante por um instante de ternura. Porém o velho não sabia dizer mais do que com veracidade tinha conhecimento exato. Então, Silas falou dos trabalhos em Brasília e nada mais.
--- E o presidente? – indagou o velho Diomedes curioso para saber do jantar.
--- Gordo igual a um porco. – sorriu o homem ao fazer tal comparação.
E o velho Diomedes Nogueira também sorriu sem perder a direção do automóvel, cuja hora era de transito muito louco. Gente na rua indo e voltando; comércio a fechar as portas; bares de esquina lotados; caminhões repletos de produtos chegando e saindo; um velho pedinte a querer esmola de alguém; nas calçadas, quase deitados, os bêbados de dia todo a fazer gestos os mais sombrios como um palhaço; mulheres da vida livre a abordar homens em busca de fazer um pouco de apego por um centavo qualquer; carros cheios de gente vindos e voltando num alarde tremendo; uma moça na janela a olhar os vendedores ambulantes. Era tudo um real tumulto àquela hora de início de noite. O tempo mudava para chover a qualquer hora. Verdadeira tromba d’água a cair sobre a capital. Gente a se preparar com baldes e vassouras. Alguém dizia:
--- Já vai chover! Isso é uma merda! – recitava alguém.
--- Olha a chuva!!! – gritava outro correndo a procura de um abrigo qualquer.
--- Sai da rua menino! – chamava uma mãe desesperada.
A noite veio com céu carrancudo mostrando a chuva em varias partes da capital. Trovões e relâmpagos se precipitavam a toda hora. Chuva intensa a cair. Lagos formava-se em vários pontos da cidade. Rio a transbordar por causa do temporal. Carros enguiçados. Outros não trafegavam. Tudo era um caos na gigante capital do país. O velho Diomedes então se encolheu no assento do veículo e disse:
--- O jeito é esperar! – falou do seu modo o velho.
--- Que se há de fazer. Agora, dormir até a chuva passar. – conciliou Silas diante da situação.
--- Não demora muito. Passa logo. – reclamou Diomedes com a cabeça encostada no banco.
--- Vai dormir? – perguntou sobressaltado o homem Silas.
--- Um pouco. – declarou Diomedes sorrindo.
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