- Fernanda Vasconcellos -
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CASAMENTO
No dia
seguinte, uma hora quando se encontravam no apartamento do Hospital a mãe de
Jonas, a senhora Clotilde, sua filha Fabiana e Magela, amigo quase inseparável
de Jonas, o enfermo pegou todos de surpresa. Em certo momento o enfermo
declarou:
Jonas:
--- Minha mãe!
A senhora já foi avisada do casamento? – falou o enfermo.
A mulher ficou
assustada porque o casamento de Eurípedes estava previsto para ser no final do
ano. E por isso declarou:
Clotilde:
--- Que
casamento? Não vai ser em dezembro? – perguntou assustada a mulher.
Jonas;
--- Que nada!
Esse é o casamento de “Baiacu”! É o outro! – replicou o enfermo.
Magela;
--- Quem é
esse tal de Baiacu? – indagou o visitante;
Fabiana soltou
uma boa risada e finalmente falou com sua voz embargada de tanto tossir.
Fabiana:
--- Eurípedes.
– e voltou a gargalhar e tossir.
Jonas;
--- Cuidado!
Riso também mata. Bem. Minha mãe, não sabe quem vai casar? Pois fique sabendo
agora: Essa! – e apontou para a sua irmã Fabiana.
Fabiana:
--- Essa o
que? Quem vai casar? – corou a virgem a indagar do seu irmão.
Jonas:
--- Pergunte a
ele! – e apontou para o amigo Magela.
Esse quase
morre de assombro. E indagou surpreso:
Magela:
--- Quem vai
casar e com quem? – indagou surpreso o amigo de Jonas.
Jones:
--- Homem! Já
está tudo certo? Você me prometeu! Vai casar com minha irmã. E a enfermeira.
Foi? – indagou sorrindo o doente.
Clotilde:
--- Eu não
cavaco ao que você me conta. Tudo mentira! – reclamou a mão de Jonas.
Jonas:
--- Mas tá!
Agora sou eu quem mente? – reclamou o doente.
Fabiana:
--- Mentira
seu suíno. Levanta as costas. Vou passar unguento nas assaduras! – falou a moça
um tanto abusada.
Magela:
--- Verdade!
Não teve nada disso senhora. É galhofa de Jonas. – reprovou com temor.
Clotilde:
--- Ele é
assim mesmo! A “finada” é quem teve sorte! – concluiu a mulher
Alguns
instantes depois Magela saiu do apartamento hospitalar a conversar consigo
mesmo e logo atrás vinha a enfermeira Fabiana com bastante pressa. Ao chegarem
à porta de saída do apartamento os dois se chocaram e a virgem sorriu sem
querer. Entre pega e tranca a porta afinal a moça decidiu quem devia fazer: ela
mesma. Ao sair do apartamento ela procurou desconversar a dizer ter o amigo de
Jonas ficado aborrecido por tanta celeuma. Magela sorriu e negou está
aborrecido, pois já era costume antigo do homem em fazer tantas piadas para ele
apenas sorrir. E assim foram os dois a conversar já na saída do Hospital. Foi
quando Fabiana indagou do rapaz:
Fabiana:
--- A tua
mulher não briga? – perguntou a virgem querendo saber se Magela era casado.
O rapaz olhou
a virgem e disse após alguns segundos.
Magela:
--- Eu sou
solteiro. E moro com minha mãe e duas irmãs. Uma e casada. A outra separada. –
serio amargo o rapaz..
Fabiana:
--- Ave Maria!
Desculpe-me se fui tão atrevida. Mas o senhor parece até um bom moço. Não tem
vícios? – indagou a virgem.
Magela:
--- Bem.
Vícios todos têm. Agora: não bebo não fumo e nem jogo. O resto eu procuro
fazer. – gargalhou o rapaz.
Fabiana:
--- Nossa
Senhora! Nem tem namorada? – perguntou curiosa.
Magela:
--- Necas de
pitibiriba. Mulher é problema. É bom
dizer: eu não sou homossexual. Tem mais. Apenas frequento umas sessões de uma
casa espírita. Mas não sou “devoto”. Eu vejo aquilo como algo de que se busca
resposta. E eu mesmo me pergunto: Deus existe mesmo? É por isso que eu sempre
vou à sessão. Mas vou também a Missa. Ninguém é perfeito. – gargalhou o rapaz.
A virgem
sorriu ao tempo em que contemplava o mar e a vista sempre colorida da praia de
Copacabana, o encanto da natureza. O vento morno soprou de repente fazendo a
moça se proteger junto ao rapaz temendo de algo como uma tempestade. E sem
restar atenção olhou para o céu plúmbeo do inicio da noite a divisar as nuvens
escuras do momento. Os primeiros pingos de chuva começaram a cair. Fabiana
correu junto do Magela para um pequeno Bar alí existente logo após os edifícios
da frente para o oceano. O rapaz retirou a sua capa e cobriu a virgem para dar
maior agasalho pelas vultosas intempéries. A noite já estava a se iniciar.
Carros a passar tragando a lama, gente das diversas repartições, meretrizes,
drogados e tudo mais o que havia. A sala bar se encheu de gente em um só
instante. De momento Fabiana sorriu para o seu acompanhante se agasalhando por
completo com a capa. O ribombar de um trovão se fez presente. Raios cobriram o
céu opaco da Avenida Atlântica. As ostensivas nuvens enegrecidas cobriram o
firmamento do belo Rio. Aquele era tempo de inverno sem momento de acabar. Toda
encolhida em seu manto de capa a virgem falou;
Fabiana:
--- E agora? O
que se faz? – indagou já a tremer a bela virgem.
Magela:
--- Dormir! –
e gargalhou como tal.
O taxi parou
em frente à residência de Fabiana para que ela saltasse. Nesse instante, a
virgem deu um beijo na face de Magela e logo após ela falou com suave forma de
amar.
--- Me liga,
querido. Eu já sei que te amo. – disse a virgem logo a saltar do taxi.
Magela sentiu
um tremor e nada pode dizer em retribuição. Apenas deu um cartão com o seu
telefone enquanto a virgem fazia o mesmo. Sorrisos e afagos não faltaram nesse
momento. E logo após o taxi rumou para o seu destino. Todo encolhido, Magela
despertou para a nova emoção de sua vida. Um pouco de tempo após Magela ligou
para Fabiana para dizer ter havido concluído a sua estafante viagem. E
gargalhou de modo inigualável. Fabiana também sorriu e a conversa demorou por
mais de horas. Cada qual a se lembrar da velha cidade do Natal. E ele dizia
nunca mais ter viajado para a sua cidade
Magela;
--- A minha
mãe é viúva. O meu pai faleceu há pouco tempo. Ele era da Naval. Deixou a casa
onde hoje moramos. Minhas irmãs também moram com minha mãe. Ela já está idosa.
Todo dia vai a Igreja. Assiste a Missa e volta para não mais sair. E
eu fico assumindo parte das despesas. Agora apareceu você na minha vida. Eu tenho
que mudar de curso. – gargalhou o rapaz.
Fabiana:
--- Eu não
quero insistir em coisa alguma. Você já está com a idade que tem. Sua mãe
precisa de algum apoio. E quem eu sou para atrapalhar a sua vida? Eu tenho esse
apartamento. Foi muito dinheiro naquele tempo. Se precisar, meu pai me ajuda. E
assim vou levando à vida. – expressou a virgem sem acanhamento.