- Maria Flor -
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INTERIOR
O terremoto
ocorrido naquela manhã foi sentido os seus efeitos muito mais longe. Em lugares
distantes as pessoas viram em suas residências os objetos a tremer e a falta de
energia elétrica também foi um fato consumado em vários municípios a se
estender da Grande Natal e de algumas cidades mais longínquas. Não chegou haver
pânico em algumas cidades. Mesmo assim, a gente ficou a olhar com perturbação
as telhas de suas casas. Parecia ser tudo a tremer no instante maior da
tragédia. Em seu veículo, o senhor Amaro Castro nada sentiu, pois o carro
estava a caminho de volta a sua fazendo e ele a discutir com a sua filha
adotiva. De um modo ou de outro o seu vaqueiro Tomaz ouviu um ruído surdo e
procurou verificar no chão do carro algo a acontecer. E em certo tempo ele
mesmo comentou:
Tomaz;
--- Oxê!
Pensei ter pisado em alguma coisa! Um barulho esquisito! – falou o vaqueiro.
De qualquer
forma nada de mais ocorreu. E o veículo continuou a sua vertiginosa marcha em busca
do cercado da fazenda. Seu Amaro sempre a discutir, uma vez não ter alguém a
fazer o serviço de Salvador, Por isso mesmo ele reclamava horrores.
Amaro:
--- E agora? E
agora? Quem eu vou procurar? Tudo por sua culpa? – relatava com bastante fúria.
Margarida nada
ao menos falava. Ela apenas juntava as pernas, enfiava o dedo na boca e olhava
o caminho a trafegar. E não se deu conta nem mesmo de uns vaqueiros a trotear
lugar a fora, uma vez ser aquilo muito normal do sertão por onde andava. Uma
mulher com uma trouxa de roubas na cabeça, um cachimbo na boca mais parecia um
trem, e a filharada para trás, ao reboque. Era tudo o que Margarida podia ver
ou sentir nos calafrios de seus tenros braços. Nem por isso a menina moça
estava prestando atenção ao batalhão de crianças, sua mãe e os vaqueiros. Eles,
homens sisudos do interior. A mulher, coisa alguma a se desejar. Mas a
filharada não contava bem essa história. Era um tempo inglório.
Quando a terra
tremeu, a mulher se apavorou. A filharada correu para o seu lado. E todos
perguntavam a um só tempo.
Filho:
--- Mãe! Tem
um bicho no chão! – disse a pequena menina a sua mãe.
A mulher se
inquietou. Mesmo assim, a acolher a menina, nada pode relatar. E falou:
Mulher;
--- O que
diabo é dez? –indagou a imaginar o tempo.
Garoto:
--- Corram! –
falou o garoto mais graúdo espichando as pernas em direção contrária.
Mulher;
--- Volte cá
Farofa!. Minha mãe?! O que estou fazendo?! – e pinoteou nos pés para onde
mandasse a chama.
E foi assim o
terremoto sentido em vasta região do Estado. Eram correrias e mais correrias de
um povo desambientado e sem saber o seu estado. Para o lado norte, para o lado
sul. No oeste ou no leste. Onde houvesse caminho a correria era uma loucura.
Umas mulheres com seus filhos nos braços. Outra a chamar por um alguém. E cada
qual fazia o seu nas cidades do interior do Rio Grande. A anciã olhava o Sol
para ver se algo demais acontecia, pois para a anciã tudo tinha a haver com o
Sol. E comentou;
Anciã;
--- O Sol não
mente. Ele está no mesmo lugar, como sempre! – reclamou a pobre.
Filho:
--- Mãe! -
(gesto prolongado) – É a terra que está zoando! Venha pra fora! – relatou o
filho pelo que disse a anciã.
E o ribombar
do terremoto continuou em réplicas menores por mais tempo. Os moradores
desnorteados corriam céleres para qualquer lugar. Um veículo se montou em uma
cerca. E parecia um animal quando pula sobre um cercado. O motorista,
desnorteado, indagou:
Motorista;
--- Que diabo
eu fiz? – indagou o homem ao se assustar.
Antes de
chegar à fazenda o seu proprietário observou ter várias pessoas a sair dos seus
casebres em busca de alguma coisa. Todos caminhavam com pressa e assustados e o
vaqueiro Tomaz falou algo de terremoto. Seu Amaro Castro de repente quis virar
para trás a sua cabeça, mas não lhe foi possível por haver tanta gente no
caminho. Então, o homem apenas falou:
Amaro:
---
Terremoto?! – indagou assustado.
Tomaz observou
desconfiado o povo a correr pela rua de casebres longe da cidade e perto da
bodega de Chico Anselmo onde se ouvia gritos alarmantes e o próprio Anselmo,
com a sua enorme pança a correr assustado para prender as galinhas. Essas
estavam soltas pelo meio da rua e com o assombro do desastrado pessoal voavam
em total alvoroço. E Chico Anselmo, assustado com o tremor, procurava por as
aves para dentro do chiqueiro e se proteger da mesma forma daquilo que ele não
sabia ao certo, pois sentira apenas uma vez na vida. Mesmo assim alguém falou
também amedrontado.
Alguém;
--- O mundo
está tremendo! – disse alguém quase morto de terror.
Seu Chico
Anselmo falou ser aquilo um tremor de terra pois já sentira uma vez e não fazia
tanto tempo assim.
Anselmo;
--- É um
terremoto! Cuidado! As minhas galinhas! – relatava tudo inseguro ao mesmo
tempo.
Foi nesse
instante que saltou do carro o vaqueiro Tomaz para tomar conhecimento o dado
motivo do sucedido. Nesse ponto, o vaqueiro sentiu os pés estremecerem a um
tempo só. Nem se ligou o vaqueiro das mulheres apavoradas com aqueles ameaçadores
estrondos. E então nem precisou o vaqueiro a indagar ao bodegueiro do que
estava a ocorrer. De imediato voltou para dentro o carro para dizer a seu
patrão ter sentido o tremor. O homem também sentiu o tremor na ocasião quando o
pé no chão para descer do carro. E relatou alarmado.
Amaro:
--- Estou
sentindo a coisa! – relatou por sua vez o patrão com olhos esbugalhados.
Em dado
instante um motorista de um caminhão dirigia com rapidez o seu veículo a
procura de amparo, pois ele estava a informar de um ônibus cheio de gente ter
virado próximo de Santa Cruz. Nesse acidente muitas pessoas estavam presas
entre as ferragens do carro. O motorista buscava amparo para as vítimas.
Motorista:
--- Socorro!
Peço amparo pelo amor de Deus! Um ônibus cheio de gente virou canga-pé! Acudam!
Acudam! – falava extasiado o motorista.
Amaro:
--- Agora deu!
Onde foi o caso? – indagou inquieto o homem.
Motorista;
--- Foi logo
ali na curva! O senhor pode ajudar! Eu estou com o caminho carregado de melão,
mas vou para lá! Estava apenas a procura de ajuda! – relatou apavorado o
motorista.
Anselmo, com
sua imensa barriga não teve duvidas. E seguiu com o motorista para a curva da
morte. Logo atrás estava seu Amaro. E muita gente desassossegada a correr de
qualquer modo em busca de ajudar.
Já havia muita
gente a ajudar os enfermos. Carros estavam parados nas encostar e os seus donos
a acudir as pessoas. Muita gente ferida e nada menos de vinte pessoas mortas
colhidas entre as ferragens do veiculo. Era um verdadeiro pandemônio. A terra
tremia e sobre esses sismos o desastre ocorrido. Margarida teve de fazer
esforço para ajudar na busca de mortos e feridos com ajuda de todos os
sobreviventes ou pessoas vindas de outras regiões. Uma cabeça rolou no chão.
Era de uma mulher, pelo visto. Naquele atordoado de gente não havia sequer um
só homem da Polícia. Era muito bem sabido ter o destacamento de Santa Cruz
apenas seis policiais, sendo um deles o delegado. Esse fazia a vez de
telegrafista quando fosse preciso.
No local do
acidente do ônibus com inúmeras mortes chegava há instantes uma ambulância com
doentes e, acompanhando, uma enfermeira além do motorista. A enfermeira desceu
da ambulância às pressas e foi prestar socorro às vítimas. A mulher conhecia
bastante as vítimas quando estavam para morrer. E a essas, a enfermeira deu
maior amparo enquanto Margarida cuidava dos apenas feridos, alguns com
sangramento interno. Mesmo assim, a virgem não deixou de atender a esses
pacientes. O tumulto se fez ao sentir ser a maior parte de mortos e pouca gente
ferida.
Margarida:
--- Horror!
Veja só! Essa mulher perdeu a sua cabeça! Nossa! – alarmou insistente Margarida
ao se defrontar com a defunta.
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