domingo, 26 de maio de 2013

"NARA" - 65 -

- Lucy Hale -
- 65 -
DIÁLOGO
E a conversa de Amaro de Tomaz durou um longo tempo ao ponde do velho esquecer-se dos ensinamentos de compra e venda dos artigos ofertados ao homem do campo para falar um pouco mais da II Guerra terminada fazia pouco tempo. Tudo começou pela compra de mercadoria do homem germânico Humberto Paulo mudo do seu verdadeiro nome: Karl Hélder, General do Alto Comando do Exército nazista. O vaqueiro quis saber um pouco mais da situação do Brasil no conflito. O fazendeiro se prontificou a falar. E foi desse modo:
Amaro;
--- Bem. Isso todo mundo sabe. O Brasil era governado por um regime ditatorial simpático ao modelo fascista. Acontece que nesse período, desde o começo da guerra, em 1939, o Governo norte americano começou a tecer suas cordas para o Brasil ficar do seu lado. Em 1941, em Natal, não tinha nada de capo de aviação. Era tudo mato. Mas alguns aviões chegavam a pousar em um campinho improvisado desde muito antes da Guerra. Até aviões da Alemanha. Isso, bem antes da conflagração. Quando o Brasil declarou “GUERRA”  à Alemanha foi depois da vinda do presidente norte americano, Franklin Roosevelt assinar documento em Natal. Então começou a batalha. Em Natal era um formigueiro de norte-americanos. De mortos da Guerra, o Brasil teve menos de quinhentos homens. E só. – afirmou o negociante.
Tomaz:
--- Mas teve a questão de não se acender nem vela durante a noite! – falou com bastante   temor o vaqueiro.
Amaro:
--- Ah! Isso teve! Prenderam até um nazista que estava mandando informações por meio de código Morse para a Alemanha da movimentação em Natal. E teve um tempo que os alemães queriam descer em uma praia de Natal, lá bem longe. Prá mim, os alemães estudaram toda a rota feita por um antigo alemão, Jacob Rabi. Esse homem era cruel. Ele matou gente como os seiscentos diabos. -  relatou com firmeza.
Tomaz:
--- Isso foi agora? – indagou assustado e de olhos esbugalhados.
Amaro:
--- Do tal Rabi? Não! Isso faz tempo! Quando se descobriu a capital do Estado. – falou o velho sem medo de está errado.
Tomaz:
--- Ah Bom! Já batia meu coração! E mataram o homem? – perguntou assustado.
Amaro:
--- Dizem que mataram. Dizem que mataram. Mas faz tempo! –relatou o velho comerciante.
Tomaz:
--- E os alemães? E os alemães? – indagou temeroso o vaqueiro.
Amaro:
--- Os alemães? Isso foi agora! Na guerra! O outro nem se tem notícia! Faz tempo! Tempo que nem mareia. – reclamou o fazendeiro.
Tomaz:
--- E esse homem que esteve aqui? – perguntou assustado.
Amaro:
--- O Humberto? Esse lutou, seu País perdeu. E tudo acabou. Agora se está reconstruíndo o que sobrou de verdade. Os americanos de um lado e os comunistas do outro. – disse sem temor.
Tomaz;
--- Comunistas? E nesse negócio tem comunista? – perguntou desesperado.
Amaro:
--- Tem. Tem toda a classe de “merda”.  Comunistas, japoneses, ingleses, americanos. É uma bosta só. – relatou o velho sem ânimo.
Após esse tempo, com os consumidores entrando e saindo com suas porções estranhas Amaro continuou a explicar os métodos de compras e vendas. Guardar certas porções. Pôr em abalo crédito o que não fosse a contento. E tudo que o vaqueiro nem ouvira falar de certo. Não se podia comparar um homem quase rude com a experiência devotada de um exímio comprador e vendedor de rações de gado, ovinos, equinos e tudo mais. Tudo o demonstrado por Amaro, o vaqueiro poderia ficar ciente com o decorrer da vida. Enquanto isso o telefone tocou para seu Amaro atender. Era do Rio de Janeiro. O seu filho foi quem falou. Após tomar a benção, foi a pergunta dos exames. E quando ficou de levar para o especialista. E Rócia? Manda um recado para a família de Nara como se na residência da moça não tivesse telefone. Após uma larga com a notícia de morte de Claudia Rizzo e o estado de saúde do seu filho Jonas foi à vez de falar a sua mulher Clotilde. Entre lágrimas a mulher apenas pedia cuidado com a saúde do esposo e não se metesse em comidas extravagantes.
Clotilde:
--- Estou farta de ver mortes. O meu filho nada sabe. Ainda estou chocada com o sepultamento da minha dileta Claudia. – e terminou em um prato de morte.
Amaro:
--- Tão moça ainda. Mas é a vida. Tenha cuidado minha velha. Muito cuidado. - respondeu o velho Amaro não deixando também de chorar.
Passada uma semana, com Nara a conhecer os locais turísticos da Cidade Maravilhosa: Leme, Leblon, Urca, Pão de Açúcar, Cristo Redentor, Santa Teresa, Jardim Botânico, Quinta da Boa Vista e algo mais, por fim, Eurípedes teve que voltar à sua terra deixando a senhora Clotilde a cuidar do filho amado. Nesse meio tempo, Jonas estava desperto e o médico informou da morte de Claudia Rizzo. Teve o médico o cuidado miraculoso em não despertar angustia. De modo que Jonas recebeu a notícia com tranquilidade a perguntar pelos dois filhos amados  mesmo ainda entorpecido de medicamentos. Ele estava em uma cama ortopédica com uma perna levantada por força de um aparelho mecânico e o braço aberto para o lado esquerdo. As costelas fraturadas tiveram de serem postas engessadas e um prazo de dois meses para sarar de vez. A sua irmã, enfermeira Fabiana passava um tempo dando assistência. E em outra parte a sua mãe Clotilde ficava no apartamento hospitalar. Todos os dias Rócia e Eurípedes fazia ligações para saber do estado do seu irmão
Quando era noite, já em seus habituais domínios, Nara e Eurípedes trocavam conversas com todo o receio de ocorrer qualquer problema. O mestre Sisenando continuava a ler seu grosso volume à espera de alguma notícia. Em certa ocasião, Sisenando leu um trecho do livro para o seu futuro genro:
Sisenando;
--- Veja só: Esse livro diz ter Planetas em uma região de cem mil estrelas. Impressionante. Na constelação de Pégaso há cinquenta anos luz de distância uma estrela salta e oscila com extrema violência. A estrela é do tamanho do Sol aqui da Terra. Chegou-se a conclusão se tratar de um planeta. O planeta recebeu o apelido de Belerofonte. E pelo que diz o escritor, a sua temperatura é de mil graus Celsius. E ele tem quase cento e cinquenta vezes à massa da Terra. É um gigante gasoso como Júpiter. Ele é composto do Hidrogênio de Hélio. Diz o autor ser essa uma classe completamente nova de Planetas. Agora, veja só, esse Belerofonte é permanentemente dia de um lado e da mesma forma noite do outro. – sorriu o mestre.
Eurípedes ficou curioso e pediu o livro por empréstimo por um instante. Sisenando não fez questão e o passou. Com o livro nas mãos Eurípedes verificou atento todo o conteúdo e ficou de certo modo abismado ao chegar a um termo.
Euripedes:
--- Veja bem. O planeta orbita seu sol em apenas 4,2 dias. Nenhum dos planetas em nosso sistema solar leva um tempo tão curto. – respondeu o médico.
Sisenando:
--- Os planetas são o subproduto da formação das estrelas. Quando as estrelas se formam, elas têm um disco de poeiras e detritos a sua volta. E desses detritos formam-se os planetas. A radiação da estrela gera um disco estelar que empurra para longe a poeira. Parte dessa poeira sobrevive e permanece em órbita ao redor da estrela recém-nascida. – explicou por sua vez o mestre.
Eurípedes:
--- Durante bilhões de anos a poeira vai se juntando até virar planetas.  – rebateu o médico.
Sisenando:
--- E tem mais: esses planetas ficam através do disco até que encontram uma órbita estável. Mas acontece que o cientista explica que se está observado uma estrela obscura há cento e cinquenta anos luz da Terra na constelação de Pégaso. Essa é a mesma região onde Belerofonte foi descoberto seis anos antes. Esse é diferente do anterior. Ele é chamado de Ozires, o deus egípcio dos mortos. É um nome terrível. – explicou o mestre.
Nesse ponto, Eurípedes notou sua noiva adormecida pelos assuntos tratados entre os dois homens. Então ele a forçou para acordar. A virgem meio tonta pelo sono olhou para o seu noive e respondeu:
Nara:
--- Deixa-me dormir! Conversem! – respondeu a moça ao cair na poltrona plena adormecida. 

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