- Lucy Hale -
- 65 -
DIÁLOGO
E a conversa
de Amaro de Tomaz durou um longo tempo ao ponde do velho esquecer-se dos
ensinamentos de compra e venda dos artigos ofertados ao homem do campo para
falar um pouco mais da II Guerra terminada fazia pouco tempo. Tudo começou pela
compra de mercadoria do homem germânico Humberto Paulo mudo do seu verdadeiro
nome: Karl Hélder, General do Alto Comando do Exército nazista. O vaqueiro quis
saber um pouco mais da situação do Brasil no conflito. O fazendeiro se
prontificou a falar. E foi desse modo:
Amaro;
--- Bem. Isso
todo mundo sabe. O Brasil era governado por um regime ditatorial simpático ao
modelo fascista. Acontece que nesse período, desde o começo da guerra, em 1939,
o Governo norte americano começou a tecer suas cordas para o Brasil ficar do
seu lado. Em 1941, em Natal, não tinha nada de capo de aviação. Era tudo mato.
Mas alguns aviões chegavam a pousar em um campinho improvisado desde muito
antes da Guerra. Até aviões da Alemanha. Isso, bem antes da conflagração.
Quando o Brasil declarou “GUERRA” à
Alemanha foi depois da vinda do presidente norte americano, Franklin Roosevelt
assinar documento em Natal. Então começou a batalha. Em Natal era um
formigueiro de norte-americanos. De mortos da Guerra, o Brasil teve menos de
quinhentos homens. E só. – afirmou o negociante.
Tomaz:
--- Mas teve a
questão de não se acender nem vela durante a noite! – falou com bastante temor o
vaqueiro.
Amaro:
--- Ah! Isso
teve! Prenderam até um nazista que estava mandando informações por meio de
código Morse para a Alemanha da movimentação em Natal. E teve um tempo que os
alemães queriam descer em uma praia de Natal, lá bem longe. Prá mim, os alemães
estudaram toda a rota feita por um antigo alemão, Jacob Rabi. Esse homem era
cruel. Ele matou gente como os seiscentos diabos. - relatou com firmeza.
Tomaz:
--- Isso foi
agora? – indagou assustado e de olhos esbugalhados.
Amaro:
--- Do tal
Rabi? Não! Isso faz tempo! Quando se descobriu a capital do Estado. – falou o
velho sem medo de está errado.
Tomaz:
--- Ah Bom! Já
batia meu coração! E mataram o homem? – perguntou assustado.
Amaro:
--- Dizem que
mataram. Dizem que mataram. Mas faz tempo! –relatou o velho comerciante.
Tomaz:
--- E os
alemães? E os alemães? – indagou temeroso o vaqueiro.
Amaro:
--- Os
alemães? Isso foi agora! Na guerra! O outro nem se tem notícia! Faz tempo!
Tempo que nem mareia. – reclamou o fazendeiro.
Tomaz:
--- E esse
homem que esteve aqui? – perguntou assustado.
Amaro:
--- O Humberto?
Esse lutou, seu País perdeu. E tudo acabou. Agora se está reconstruíndo o que
sobrou de verdade. Os americanos de um lado e os comunistas do outro. – disse
sem temor.
Tomaz;
---
Comunistas? E nesse negócio tem comunista? – perguntou desesperado.
Amaro:
--- Tem. Tem
toda a classe de “merda”. Comunistas,
japoneses, ingleses, americanos. É uma bosta só. – relatou o velho sem ânimo.
Após esse
tempo, com os consumidores entrando e saindo com suas porções estranhas Amaro
continuou a explicar os métodos de compras e vendas. Guardar certas porções.
Pôr em abalo crédito o que não fosse a contento. E tudo que o vaqueiro nem
ouvira falar de certo. Não se podia comparar um homem quase rude com a
experiência devotada de um exímio comprador e vendedor de rações de gado,
ovinos, equinos e tudo mais. Tudo o demonstrado por Amaro, o vaqueiro poderia
ficar ciente com o decorrer da vida. Enquanto isso o telefone tocou para seu
Amaro atender. Era do Rio de Janeiro. O seu filho foi quem falou. Após tomar a
benção, foi a pergunta dos exames. E quando ficou de levar para o especialista.
E Rócia? Manda um recado para a família de Nara como se na residência da moça
não tivesse telefone. Após uma larga com a notícia de morte de Claudia Rizzo e
o estado de saúde do seu filho Jonas foi à vez de falar a sua mulher Clotilde.
Entre lágrimas a mulher apenas pedia cuidado com a saúde do esposo e não se
metesse em comidas extravagantes.
Clotilde:
--- Estou farta
de ver mortes. O meu filho nada sabe. Ainda estou chocada com o sepultamento da
minha dileta Claudia. – e terminou em um prato de morte.
Amaro:
--- Tão moça
ainda. Mas é a vida. Tenha cuidado minha velha. Muito cuidado. - respondeu o
velho Amaro não deixando também de chorar.
Passada uma
semana, com Nara a conhecer os locais turísticos da Cidade Maravilhosa: Leme,
Leblon, Urca, Pão de Açúcar, Cristo Redentor, Santa Teresa, Jardim Botânico,
Quinta da Boa Vista e algo mais, por fim, Eurípedes teve que voltar à sua terra
deixando a senhora Clotilde a cuidar do filho amado. Nesse meio tempo, Jonas
estava desperto e o médico informou da morte de Claudia Rizzo. Teve o médico o
cuidado miraculoso em não despertar angustia. De modo que Jonas recebeu a
notícia com tranquilidade a perguntar pelos dois filhos amados mesmo ainda entorpecido de medicamentos. Ele
estava em uma cama ortopédica com uma perna levantada por força de um aparelho mecânico
e o braço aberto para o lado esquerdo. As costelas fraturadas tiveram de serem postas
engessadas e um prazo de dois meses para sarar de vez. A sua irmã, enfermeira
Fabiana passava um tempo dando assistência. E em outra parte a sua mãe Clotilde
ficava no apartamento hospitalar. Todos os dias Rócia e Eurípedes fazia
ligações para saber do estado do seu irmão
Quando era
noite, já em seus habituais domínios, Nara e Eurípedes trocavam conversas com
todo o receio de ocorrer qualquer problema. O mestre Sisenando continuava a ler
seu grosso volume à espera de alguma notícia. Em certa ocasião, Sisenando leu
um trecho do livro para o seu futuro genro:
Sisenando;
--- Veja só:
Esse livro diz ter Planetas em uma região de cem mil estrelas. Impressionante.
Na constelação de Pégaso há cinquenta anos luz de distância uma estrela salta e
oscila com extrema violência. A estrela é do tamanho do Sol aqui da Terra.
Chegou-se a conclusão se tratar de um planeta. O planeta recebeu o apelido de
Belerofonte. E pelo que diz o escritor, a sua temperatura é de mil graus
Celsius. E ele tem quase cento e cinquenta vezes à massa da Terra. É um gigante
gasoso como Júpiter. Ele é composto do Hidrogênio de Hélio. Diz o autor ser
essa uma classe completamente nova de Planetas. Agora, veja só, esse
Belerofonte é permanentemente dia de um lado e da mesma forma noite do outro. –
sorriu o mestre.
Eurípedes
ficou curioso e pediu o livro por empréstimo por um instante. Sisenando não fez
questão e o passou. Com o livro nas mãos Eurípedes verificou atento todo o
conteúdo e ficou de certo modo abismado ao chegar a um termo.
Euripedes:
--- Veja bem.
O planeta orbita seu sol em apenas 4,2 dias. Nenhum dos planetas em nosso
sistema solar leva um tempo tão curto. – respondeu o médico.
Sisenando:
--- Os
planetas são o subproduto da formação das estrelas. Quando as estrelas se formam,
elas têm um disco de poeiras e detritos a sua volta. E desses detritos
formam-se os planetas. A radiação da estrela gera um disco estelar que empurra
para longe a poeira. Parte dessa poeira sobrevive e permanece em órbita ao
redor da estrela recém-nascida. – explicou por sua vez o mestre.
Eurípedes:
--- Durante
bilhões de anos a poeira vai se juntando até virar planetas. – rebateu o médico.
Sisenando:
--- E tem
mais: esses planetas ficam através do disco até que encontram uma órbita
estável. Mas acontece que o cientista explica que se está observado uma estrela
obscura há cento e cinquenta anos luz da Terra na constelação de Pégaso. Essa é
a mesma região onde Belerofonte foi descoberto seis anos antes. Esse é
diferente do anterior. Ele é chamado de Ozires, o deus egípcio dos mortos. É um
nome terrível. – explicou o mestre.
Nesse ponto,
Eurípedes notou sua noiva adormecida pelos assuntos tratados entre os dois
homens. Então ele a forçou para acordar. A virgem meio tonta pelo sono olhou
para o seu noive e respondeu:
Nara:
--- Deixa-me
dormir! Conversem! – respondeu a moça ao cair na poltrona plena adormecida.
Nenhum comentário:
Postar um comentário