quarta-feira, 8 de maio de 2013

"NARA" - 50 -

- Mariana Rios -
- 50 -
UNIVERSO
Passaram-se meses. A tranquilidade voltou a reinar na pequena capital fincada no nordeste do Brasil. Eurípedes, o médico, estava empenhado na apresentação de um quarteto formado por Fred, no contrabaixo de cordas, Rócia no violino, Nara no violão e ele ao piano. A apresentação estava marcada para um dia qualquer do mês de agosto. Nara conheceu Rócia e as duas fizeram um par de todo o gosto. Como se dizia: para onde uma vai, também vai à outra. Risinhos e segredos de mocinhas. E nada diziam as moças a quem perguntasse o teor da conversa. Apenas sorriam. E saíam de braços dados pela rua do comércio no bairro da Ribeira. Era uma fuzarca de dá pena. E nesse meio tempo Eurípedes observava a casa adquirida na Rua da Estrela, no bairro da Cidade Alta. Quando não estava no Hospital, Eurípedes estava junto ao mestre de obras dando o seu conhecimento a respeito da obra de acabamento. Essa era a vida do doutor. Em casa, o menino Neto já estava crescido. A doméstica Margarida se empenhava em dar sopinhas, canjas e algo mais ao garoto. Ceci cuidava dos afazeres em costurar o enxoval de sua filha preparando o noivado para o casório no final do ano. O velho  Sisenando, quando não estava na repartição quase todo o dia, costumava estar em casa lendo uns livros de grossos volumes e muito bem compenetrado.  Apenas às quartas-feiras Sisenando saía à noite para a sessão realizada na Loja Maçônica. Em uma noite de estio, chegou à casa de Nara o seu noivo, Eurípedes, por volta das oito horas da noite. Ele adentrou o recinto, cumprimentando seu futuro sogro, Sisenando, abençoando o menino Neto, confabulando com sua futura sogra Ceci, brincando com sua noiva Nara e olhando Margarida como sendo a dona da cozinha. À Nara ele quis saber da volta que fez com Rócia, naquele dia pela manhã e se encontraram o procurado, pois Nara estava a procura de uma palheta de violão. Em seguida o rapaz foi até a sala onde estava seu Sisenando para saber das novidades. O homem sorriu e respondeu:
Sisenando:
--- Novidades? Quem sabe é o senhor! – e gargalhou.
Eurípedes:
--- Ora eu! Ora eu! É o senhor que dita à ordem. Um homem culto! Não vejo a hora de me meter nessa cultura também. Livros e mais livros. Uma estante repleta! – e gargalhou.
Sisenando:
--- Culto?! Eu acho até graça. Isso é um livro velho. É só o que me resta. – e mostrou o livro que estava com ele.
Eurípedes:
--- A propósito: que estás a ler? – indagou curioso.
Sisenando:
--- Velharias. Esqueletos. Do tempo do “ronca”. Coisas do passado. Tudo muito velho enfim. – respondeu com cara amarga.
E Sisenando passou o livro para o médico ver melhor. E esse recebeu o livro tendo ficado abismado com a caveira encontrada, pois aquele corpo era três vezes maior a de um homem alto, com certeza. E o médico indagou:
Eurípedes:
--- Onde foi encontrado esse tal esqueleto? – indagou preocupado.
Sisenando:
--- Rússia ou coisa assim. É uma boa coleção de osso! – sorriu o velho.
Eurípedes:
--- Sim. Isso é. E tem mais alguns? – indagou admirado.
Sisenando:
--- Ali pela estante. Só tem esqueleto. A propósito: o que você sabe dos Sumérios? - indagou de repente.
Eurípedes:
--- Alguma coisa. Poucas, penso eu. – respondeu o medico a folhear o livro.
Sisenando:
--- Eu tenho vários livros que contam história dos Sumérios.  Pelo que se foi possível observar, os Sumérios chegaram a Terra há cerca de 450 mil anos. E foram eles a primeira civilização. A sua cultura era muito avançada. Eles fizeram, no modo de falar, o primeiro homem na Terra. Mas esse “primeiro” não foi um só. Foram vários. Eles inocularam nas mulheres belas fatores genéticos. E fizeram isso centenas de vezes até conseguir formar os primeiros “Adamus” ou “Adapa”, como os Sumérios os chamavam. – contemplou a esquecer de algo.
Eurípedes olhou o velho um pouco cismado da caduquice, pois Sisenando não estava ainda na idade do caduco – homem que perde a razão em consequência da idade avançada -. E por isso fez tal pergunta:
Eurípedes;
--- Como? 450 mil anos? – indagou perplexo o médico.
Sisenando:
--- Por aí assim. Eles vieram em carros de fogo, com diz a Bíblia. Aliás, essa tal Bíblia é um arranjo muito mal feito do que os Sumérios fizeram. Eles deixaram tudo o que fizeram gravados em tábuas pregadas em cones. Peças cunhadas. Ou seja: cuneiformes. – explicou o homem.
Eurípedes:
--- Mas o homem primitivo era negro? – indagou curioso.
Sisenando:
--- Nem todo. Os Sumérios aterraram no Oriente Médio. Porem eles conheceram toda a Terra. Ásia, Europa, África, as Américas e até mesmo a chamada Ilha de Pascoa, no Oceano Pacifico. Eles colocaram estátuas gigantes, como pode se observar. O homem primitivo, os Sumérios foram buscar na África. Quando eles formaram esse primeiro homem, era um tipo meio pardo, cabelos negros, enrolados. A mulher – Eva, significado de “Vida” -, era mais parecida com os Sumérios.  Nesse trabalho os Sumérios levaram anos e mais anos. Não foi assim: “vupt”. Foi muita teima O senhor sabe o que é Satanás? – sorriu o homem a conversar.
Eurípedes:
--- Não é o cão? O bicho feio? O molestado? – respondeu indagando de olhos acesos o rapaz.
O velho sorriu e calou. Olhou para a estante, mas não teve a coragem de se levantar da cadeira estofada. Com um pouco de tempo, respondeu:
Sisenando:
--- Bem. Eu me equivoquei. Em lugar de Satanás vamos dizer: Lúcifer. Bem. Um ou outro dá no mesmo. Mas Lúcifer, que a Igreja diz ser o “demônio” tem outro significado: “Portador da Luz”. Esse era o nome do deus Enki. – gargalhou o homem.
Eurípedes:
--- Arre égua! Quer dizer que nos ensinam tudo errado? – ficou espantado o rapaz.
Sisenando:
--- Pra você ver! A Bíblia, essa que está aí, é uma confusão enorme. E é para ser assim. Ela – não a Bíblia – mas o que está na Bíblia foi tirada dos documentos dos Sumérios. – sorriu.
Eurípedes:
--- Nossa! Que loucura! Quer dizer que nós estamos aprendendo o que foi dito há 450 mil anos? – indagou perplexo.
Sisenando:
--- Pois sim. E tem mais. A fêmea de Adamus ou Adapa foi fertilizada pela Rainha Ninki. Isso há um tempo muito remoto. Depois do “homem” pronto ele e sua mulher foram enviados ao Planeta Nibiru para ter o aval de Anu, o Rei de todos os Reis. – relatou sossegado o homem.
Eurípedes:
--- Ora merda! O senhor está me deixando mais confuso ainda! – alarmou o rapaz.
Sisenando:
--- Não tem nada disso. É apenas o senhor seguir a trilha. Mas o que vieram fazer da Terra os Sumérios? Hum? – indagou o velho.
Eurípedes:
--- Não sei! O que? Buscar escravos? – indagou meio confuso.
Sisenando:
--- Ouro, meu rapaz! Eles vieram buscar ouro, pois no seu planeta já não havia tanto ouro assim! Eles procuravam sobreviver! E isso só podia se tivesse ouro! – gargalhou o velho.
 

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