- Mariana Rios -
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UNIVERSO
Passaram-se
meses. A tranquilidade voltou a reinar na pequena capital fincada no nordeste
do Brasil. Eurípedes, o médico, estava empenhado na apresentação de um quarteto
formado por Fred, no contrabaixo de cordas, Rócia no violino, Nara no violão e
ele ao piano. A apresentação estava marcada para um dia qualquer do mês de
agosto. Nara conheceu Rócia e as duas fizeram um par de todo o gosto. Como se
dizia: para onde uma vai, também vai à outra. Risinhos e segredos de mocinhas.
E nada diziam as moças a quem perguntasse o teor da conversa. Apenas sorriam. E
saíam de braços dados pela rua do comércio no bairro da Ribeira. Era uma
fuzarca de dá pena. E nesse meio tempo Eurípedes observava a casa adquirida na
Rua da Estrela, no bairro da Cidade Alta. Quando não estava no Hospital,
Eurípedes estava junto ao mestre de obras dando o seu conhecimento a respeito
da obra de acabamento. Essa era a vida do doutor. Em casa, o menino Neto já
estava crescido. A doméstica Margarida se empenhava em dar sopinhas, canjas e
algo mais ao garoto. Ceci cuidava dos afazeres em costurar o enxoval de sua
filha preparando o noivado para o casório no final do ano. O velho Sisenando, quando não estava na repartição
quase todo o dia, costumava estar em casa lendo uns livros de grossos volumes e
muito bem compenetrado. Apenas às
quartas-feiras Sisenando saía à noite para a sessão realizada na Loja Maçônica.
Em uma noite de estio, chegou à casa de Nara o seu noivo, Eurípedes, por volta
das oito horas da noite. Ele adentrou o recinto, cumprimentando seu futuro
sogro, Sisenando, abençoando o menino Neto, confabulando com sua futura sogra
Ceci, brincando com sua noiva Nara e olhando Margarida como sendo a dona da
cozinha. À Nara ele quis saber da volta que fez com Rócia, naquele dia pela
manhã e se encontraram o procurado, pois Nara estava a procura de uma palheta
de violão. Em seguida o rapaz foi até a sala onde estava seu Sisenando para
saber das novidades. O homem sorriu e respondeu:
Sisenando:
--- Novidades?
Quem sabe é o senhor! – e gargalhou.
Eurípedes:
--- Ora eu!
Ora eu! É o senhor que dita à ordem. Um homem culto! Não vejo a hora de me
meter nessa cultura também. Livros e mais livros. Uma estante repleta! – e
gargalhou.
Sisenando:
--- Culto?! Eu
acho até graça. Isso é um livro velho. É só o que me resta. – e mostrou o livro
que estava com ele.
Eurípedes:
--- A
propósito: que estás a ler? – indagou curioso.
Sisenando:
--- Velharias.
Esqueletos. Do tempo do “ronca”. Coisas do passado. Tudo muito velho enfim. –
respondeu com cara amarga.
E Sisenando
passou o livro para o médico ver melhor. E esse recebeu o livro tendo ficado
abismado com a caveira encontrada, pois aquele corpo era três vezes maior a de
um homem alto, com certeza. E o médico indagou:
Eurípedes:
--- Onde foi
encontrado esse tal esqueleto? – indagou preocupado.
Sisenando:
--- Rússia ou
coisa assim. É uma boa coleção de osso! – sorriu o velho.
Eurípedes:
--- Sim. Isso
é. E tem mais alguns? – indagou admirado.
Sisenando:
--- Ali pela
estante. Só tem esqueleto. A propósito: o que você sabe dos Sumérios? - indagou
de repente.
Eurípedes:
--- Alguma
coisa. Poucas, penso eu. – respondeu o medico a folhear o livro.
Sisenando:
--- Eu tenho
vários livros que contam história dos Sumérios. Pelo que se foi possível observar, os Sumérios
chegaram a Terra há cerca de 450 mil anos. E foram eles a primeira civilização.
A sua cultura era muito avançada. Eles fizeram, no modo de falar, o primeiro
homem na Terra. Mas esse “primeiro” não foi um só. Foram vários. Eles
inocularam nas mulheres belas fatores genéticos. E fizeram isso centenas de
vezes até conseguir formar os primeiros “Adamus” ou “Adapa”, como os Sumérios
os chamavam. – contemplou a esquecer de algo.
Eurípedes
olhou o velho um pouco cismado da caduquice, pois Sisenando não estava ainda na
idade do caduco – homem que perde a razão em consequência da idade avançada -.
E por isso fez tal pergunta:
Eurípedes;
--- Como? 450
mil anos? – indagou perplexo o médico.
Sisenando:
--- Por aí
assim. Eles vieram em carros de fogo, com diz a Bíblia. Aliás, essa tal Bíblia
é um arranjo muito mal feito do que os Sumérios fizeram. Eles deixaram tudo o
que fizeram gravados em tábuas pregadas em cones. Peças cunhadas. Ou seja:
cuneiformes. – explicou o homem.
Eurípedes:
--- Mas o
homem primitivo era negro? – indagou curioso.
Sisenando:
--- Nem todo.
Os Sumérios aterraram no Oriente Médio. Porem eles conheceram toda a Terra.
Ásia, Europa, África, as Américas e até mesmo a chamada Ilha de Pascoa, no
Oceano Pacifico. Eles colocaram estátuas gigantes, como pode se observar. O
homem primitivo, os Sumérios foram buscar na África. Quando eles formaram esse
primeiro homem, era um tipo meio pardo, cabelos negros, enrolados. A mulher –
Eva, significado de “Vida” -, era mais parecida com os Sumérios. Nesse trabalho os Sumérios levaram anos e
mais anos. Não foi assim: “vupt”. Foi muita teima O senhor sabe o que é
Satanás? – sorriu o homem a conversar.
Eurípedes:
--- Não é o
cão? O bicho feio? O molestado? – respondeu indagando de olhos acesos o rapaz.
O velho sorriu
e calou. Olhou para a estante, mas não teve a coragem de se levantar da cadeira
estofada. Com um pouco de tempo, respondeu:
Sisenando:
--- Bem. Eu me
equivoquei. Em lugar de Satanás vamos dizer: Lúcifer. Bem. Um ou outro dá no
mesmo. Mas Lúcifer, que a Igreja diz ser o “demônio” tem outro significado:
“Portador da Luz”. Esse era o nome do deus Enki. – gargalhou o homem.
Eurípedes:
--- Arre égua!
Quer dizer que nos ensinam tudo errado? – ficou espantado o rapaz.
Sisenando:
--- Pra você
ver! A Bíblia, essa que está aí, é uma confusão enorme. E é para ser assim. Ela
– não a Bíblia – mas o que está na Bíblia foi tirada dos documentos dos
Sumérios. – sorriu.
Eurípedes:
--- Nossa! Que
loucura! Quer dizer que nós estamos aprendendo o que foi dito há 450 mil anos?
– indagou perplexo.
Sisenando:
--- Pois sim.
E tem mais. A fêmea de Adamus ou Adapa foi fertilizada pela Rainha Ninki. Isso
há um tempo muito remoto. Depois do “homem” pronto ele e sua mulher foram
enviados ao Planeta Nibiru para ter o aval de Anu, o Rei de todos os Reis. –
relatou sossegado o homem.
Eurípedes:
--- Ora merda!
O senhor está me deixando mais confuso ainda! – alarmou o rapaz.
Sisenando:
--- Não tem
nada disso. É apenas o senhor seguir a trilha. Mas o que vieram fazer da Terra
os Sumérios? Hum? – indagou o velho.
Eurípedes:
--- Não sei! O
que? Buscar escravos? – indagou meio confuso.
Sisenando:
--- Ouro, meu
rapaz! Eles vieram buscar ouro, pois no seu planeta já não havia tanto ouro
assim! Eles procuravam sobreviver! E isso só podia se tivesse ouro! – gargalhou
o velho.
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