segunda-feira, 13 de maio de 2013

"NARA" - 54 -

- Nanda Costa -
- 54 -
TEMPOS
Com o passar das horas a calma voltou a reinar da casa de Nara. Nesse tempo, o velho mestre Sisenando estava no interior da residência onde aproveitando o tempo foi ler o novo livro recebido: DEUSES. Estava ele tão entretido que nada no mundo o faria despertar a sua atenção pois até mesmo o seu neto já havia tomado o seu braço e, mesmo assim, ele o acolheu sem dar por noção. Para Sisenando apenas a leitura o interessava. Na sala da frente os quatro amigos estavam a recitar os acordes das notas musicais. Ao piano estava Eurípedes e ao violão ficou mesmo o Fred. A moça Rócia tocava o seu violino e Nara procurava entre as revistas da estante algumas letras de composições musicais. Foi nesse ponto que alguém bateu à porta da moradia de Nara. A moça tomou um leve susto pelo inesperado. Nara foi ver quem era. O carteiro não era. Mas um rapaz fardado de policial. Ela se chocou e quis perguntar:
Nara:
--- Pronto! O que deseja? – falou a moça.
O rapaz chegou até a porta e retirou do bolso um documento e se pôs a entregar alertando:
Policial:
--- O delegado mandou entregar essa intimação a senhora Margarida Lima. Ela está em casa? – perguntou o policial.
A moça nem sabia o que falar. Sim ou não. Tão de imediato, o médico Euripedes se levantou do banco do piano e foi até a porta da casa tomando a intimação das mãos de Nara. Ele observou o conteúdo do documento e disse a policial:
Eurípedes:
--- Está entregue. A moça Margarida foi à rua. Deve voltar mais tarde. Está entregue. Para quando. ....Ah...Segunda feira. Obrigado! – falou o médico sem nada poder falar a sua noiva.
O policial foi embora e Nara nesse momento de estranha lucidez reclamou:
Nara:
--- Estúpido! Nem deixou que eu falasse! Estúpido! –e deu meia volta saindo até o interior da casa.
Eurípedes foi atrás de sua noiva e de imediato indagou:
Eurípedes:
--- E o que você teria dito? Heim? Num caso desses tem que se omitir. Você sabe omitir? – indagou o noivo.
Nara:
--- Sei mais do que você! – altercou a moça e caiu em prantos.
Eurípedes:
--- Imagine essa moça? Só sabe chorar! Temos que agir rápido! É o mesmo que se extrair uma criança. O tempo urge! Não se tem tempo! Ora!. Margarida! Onde está? – falou com voz ativa o médico.
Margarida:
--- Aqui! Que foi? – indagou surpresa a moça.
Eurípedes:
--- Intimação. Não saia de casa pra canto algum. Fique trancada. Segunda feira você vai com advogado para saber do que se trata! Está ouvindo? – perguntou o rapaz.
Margarida:
--- Ora que besteira! Não fui eu mesmo quem atirou naquele traste! – falou abusada a moça.
Eurípedes:
--- Calada! Não fale nada! O advogado é quem fala sinhá moleca! Afinal você de menor idade! E nem pode nem abrir a boca! Está entendo? – falou ativo o médico.
Margarida deu meia volta e saiu para a cozinha dizendo ainda:
Margarida:
--- Eu? Que me importa! Pois eu falo! Aquele traste merecia o que deu! – falou zangada.
Eurípedes ficou desatinado e, por um momento, não pode entender o que lhe disse Margarida totalmente abusada. Dona Ceci indagou por mais uma vez o fato da moça não poder falar como queria:
Euripedes:
--- Ela não sabe o que fala. É uma questão delicada. Margarida é menor de idade. Um homem tentou fazer sexo com ela. Sendo isso o que ela falou. E aí Margarida disparou uma arma contra o homem. Ele não morreu na hora. Mas veio a óbito instante mais tarde. Talvez por complicação do ferimento. Eu não sei bem o caso. Mas foi assim que Margarida falou. É tudo muito complexo. Eu vou agora que chamar um advogado conhecido para cuidar do caso. E já é quase meio dia. E não posso esperar. Com licença. – disse o médico resumindo toda a história.
Nara:
--- Você volta? – indagou a moça.
Eurípedes:
--- Não sei. Não sei. Ainda tenho o hospital. Talvez peça licença. Talvez. Mas eu volto logo mais à noite. Tenha certeza. Dê-me um beijo. – falou o rapaz com a cara bem preocupada.
Logo em seguida Eurípedes juntou as peças trazidas e arrastou todos os demais para ir com ele, uma vez ter de ir deixa-los nas suas casas antes de seguir a procura de um advogado. Isso foi feito. Na casa de Nara ficou o seu pai a temer.
Sisenando:
--- O caso é brabo. – comentou o homem cheio de dúvidas.
No domingo ainda cedo Eurípedes chegou à residência de Natal, vindo em seu automóvel junto com sua irmã Rócia e, logo atrás, vinha o carro do advogado Nestor dos Santos, o qual se dizia ser competente em casos criminológicos. Ele era esguio, belo e todo pronto como se fosse a uma viagem. Ao saltarem dos seus automóveis Eurípedes voltou a afirmar se a moça ainda de menor idade. O advogado entendeu e nada respondeu. A missão era a de conhecer a verdadeira história contada pela referida moça, e nada mais.  As três pessoas adentraram a sala da residência e o advogado ficou de pé. Ao notar essa falha rotineira, Eurípedes buscou de repente o auxilio de dizer:
Eurípedes:
--- Sente-se, por favor. Eu esqueci. – sorriu amargo.
Rócia penetrou de casa adentro para cumprimentar os demais. O velho senhor Sisenando já vinha pelo corredor da residência e ainda perguntou apontando com o dedo:
Sisenando:
--- É o advogado? – quis saber.
Eurípedes.
--- Sim. É ele mesmo. Tenho que ver a jovem Margarida. – falou um pouco preocupado.
Sisenando:
--- Posso ir para a sala? – indagou meio sentido.
Eurípedes:
--- Eu acho que sim. Mas na hora que a menina for dizer o fato é melhor deixa-los a sós. Eu poderei ficar como acompanhante. – balbuciou o médico.
Sisenando:
--- Bem. Se for assim, eu vou lá fora apenas o cumprimentar e depois eu volto. – disse o maçom.
Eurípedes:
--- Sim. Sim. Sim. É o melhor. – resolveu dizer o médico.
Nara segurou a moça pelo braço e caminhou até a sala de visitas. Ela também não sabia se era certo ficar ou não. E perguntou em surdina ao noivo.
Nara:
--- Fico? – indagou a moça ao noivo.
Eurípedes:
--- Não sei. Eu acho que deve ficar. – falou em murmúrio o médico.
Margarida.
--- Ora vocês são uns néscios. Eu vou sozinha. – falou embrutecida.
 

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