sábado, 6 de julho de 2013

"DEUS" - 03 -

- SANTA CEIA -
- 03 -
MISTÉRIO
Nota-se bem ter José viajado até o sul da Inglaterra onde passou o resto dos seus dias onde fundou a primeira Igreja cristã em solo britânico. O local onde estão um antigo mosteiro beneditino é exatamente um dos mais sagrados do País, talvez por ter abrigado durante uma época o próprio Santo Graal. Existem diferentes versões da história do Graal. Na Inglaterra acredita-se que Ele foi levado para aquele País. E assim se confirma ter sido o Graal levado para aquela nação logo depois da crucificação de Jesus Cristo. Depois foi perdido e os Cavaleiros do Rei Arthur saíram a sua busca. A partir desse ponto o Santo Graal tornou-se intimamente ligado à lenda do Rei Arthur e seus cavaleiros. A retirada dos romanos da Grã Bretanha no século V foi um desastre para os romanos britânicos que ficaram para trás. Nada conseguia impedir os bárbaros que fluíam pela Muralha de Adriano, outrora uma fronteira segura entre o norte bárbaro e os romanos britânicos, do sul.  Sem uma força de defesa pesada, o País logo sucumbiu ao caos. Apenas um Rei britânico conseguiria deter as forças da anarquia. Seu nome: Arthur. Numa série de batalhas Arthur derrotou todos os invasores. Então se seguiram alguns anos de paz e de estabilidade. As proezas de Arthur tornaram-se temas de lendas.  Ele era a personificação da era dourada britânica. E com a continuidade da agitação da baixa idade média pessoas esperavam a volta de um homem como Arthur ou o próprio Arthur. No estreito braço de terra ao norte da Cornuália está localizado o Castelo de Cintagel. As muralhas das ruinas datam de uma época mais recente. Mas as fundações são do tempo do Rei Arthur. Acredita-se que o Rei celta tenha nascido naquele local no ano 470 depois de Cristo. Embaixo do Castelo existe uma gruta conhecida como Caverna de Neve batizada com o nome do lendário feiticeiro que foi feitor do jovem Arthur. Nesse ponto onde os celtas haviam se convertido ao cristianismo, o seu modo de pensar ainda era condicionado pelo paganismo. A tradição entre a antiga e a nova religião foi um processo gradual.
De Astúrias:
--- Mas, meu mestre, o mito do paganismo não entraria em conflito com o catolicismo? – indagou o noviço ao seu professor e tutor.
De Escócia:
--- Boa pergunta vós me fizestes. O paganismo ainda existe. E devidamente enraizado em parte da população mundial. Podemos vê-lo na África, nos países das Américas, ainda na Europa, Índia, Bangladesh, China e em todas as demais nações asiáticas. A questão é deveras antiga. A Igreja (Católica) ainda hoje se vê em palpos de aranha contra esses ateus ou mesmo de outras religiões. No tempo de Jesus, era a Grécia a mais ostensiva com esses mitos onde se cultivavam os deuses pagãos. Hoje o tempo de Roma importar certos deuses e dar-lhes novos nomes. A Inglaterra viveu tempos inglórios por conta do paganismo. Havia ali os chamados “druidas”, homens que faziam poções mágicas para curar enfermidades e dá forças aos fracos. Os druidas foram gente dos celtas. E mesmo os celtas viveram na França, antiga Gália. Eles chegaram vindos da Ásia e construíram os seus impérios. – falava o monge.
Então, o noviço indagou um tanto cismado:
De Astúrias:
--- Mestre!  O que na verdade é Gália? – indagou confuso
O homem percorreu o recinto onde estava o Observatório da Serra olhando para todos os lados e então voltou a soprar os seus óculos para tirar-lhe algum sujo. E então declarou:
De Escócia:
--- Meu jovem rapaz: não se sabe ao certo a etimologia do termo latim, homónimo do “galo” nessa língua, mas pode ser ele mesmo emprestado do céltico. Talvez seja do termo “galiã” que devia designar a força, fúria guerreira, poder. Os “galli” seriam, portanto “os fortes” ou “os furiosos”. Gália era o nome romano dado, na Antiguidade, para a terra dos celtas na Europa ocidental. O nobre está entendendo? – indagou o monge.
De Astúrias:
--- Ah  sim! Mais ou menos! – discorreu o noviço.
Habitada por grande número de tribos celtas, a Gália foi o centro de uma civilização influenciada, desde o século VI a.C., por duas correntes de civilização helênica. A Gália tinha forte organização religiosa com a assembleia anual dos druidas. Os Gauleses dedicavam-se  principalmente à agricultura e dividiam as terras por tribos. Nos séculos III e IV a.C., invadiram o norte da Itália.
No mito do Santo Graal elementos pagãos e celtas se misturam aos cristãos. A história de Excalibur, a Espada Mágica é celta. Segundo a lenda Excalibur podia derrotar qualquer inimigo. Aquele que conseguisse retirar a Espada para fora de uma pedra se tornaria governante da Grã Bretanha. A lenda provou ser verdadeiro o caso de Arthur e a Espada concedeu-lhe muitas vitórias. No final da vida de Arthur um dos seus seguidores fervorosos atirou Excalibur no lago Sagrado, mantendo a tradição celta.
Camelot, o lendário castelo do Rei Arthur, foi o local onde a busca do Santo Graal começou. No sul da Inglaterra foi erguida uma construção feita à mão com terra e muralha, sendo a muralha uma das maiores fortalezas da região. Segundo evidências arqueológicas o complexo grande e impressionante foi construído no local no “V” século, época do reinado de Arthur e bem possível ser o castelo de Camelot.
De Astúrias:
--- Mestre. O que há de importante no Mosteiro para tal descoberta? – indagou o noviço.
O monge  da Abadia passeou devagar por uns momentos entres as grossas paredes do Observatório para poder responde a indagação que lhe foi feita. Fora do Observatório o sol começava a lançar seus raios atingindo em parte os locais suntuosos do salão. Isso levou o monge a olhar para cima por onde os raios de sol surgiam. O vento morno já estava aquecendo todo o complexo de lentes do Mosteiro de São Simplício o maior de todos no País e em outros lugares. Aves silvestres podia se ouvir a trinar e voar. Era uma maravilha da natureza aquele cenário magnifico de todas as manhãs de sol. E de final de tarde também. Um gavião alçou vou à procura de alguma caça entre os ornamentais pés de hileias. O monge a caminhar lento se acercou do pupilo:
De Escócia:
--- No século XIII os Monges de Glastonbury descobriram uma tabuleta que dizia: “Aqui jazz Arthur”. Mas, essa tabuleta foi uma falsificação. Uma artimanha para atrair público pagante, uma vez ter perto um cemitério perto de Glastonbury. – explicou o monge.
De Astúrias:
--- Mas que larápios! – disse espantado o noviço.
De Escócia:
--- Mais de 500 anos depois de Arthur, no século “XI”, a Corte Inglesa, influenciada pelos franceses, passou a se interessar pela arte. Os escritores da Corte começaram a escrever sobre um Rei famoso chamado Arthur e sua busca pelo Santo Graal. Daí por diante, entrou-se no mundo da Távola Redonda, uma assembleia de cavaleiros respeitáveis que dedicaram sua vida à busca pelo Santo Graal. Para se tornarem desse grupo de elite os cavaleiros deviam se adaptar a um novo código de virtude e fidalguia. Eram homens principalmente justos. E a sua virtude era recompensada. Era também um mundo que havia comunicação com o sobrenatural. – explicou o monge.
O Noviço Euclides de Astúrias a tudo ouvia e calava. Dos seus olhos saíam centelhas de inquietude para conhecer toda a história do Santo Graal. De pé, em um canto do salão orbital do Observatório da Serra o rapaz não perdia um só momento a procura de saber melhor o conteúdo todo em seus mínimos detalhes. O vento a soprar pelo um canto do salão enveredava pela escrivaninha de leitura do noviço e sacudia ao leu toda a documentação manuseada para serem estudadas por seu ilustre feitor. Uma andorinha entrou e pousou sobre o ombro do inquieto ouvinte e levantou voo em seguida.

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