- Ava Gardner -
- 89 -
PLANETAS
Assumindo sua
Cadeira de Mestre o professor Sisenando reuniu os acadêmicos estudantes para
discorrer de um tema bastante singular: os Planetas. Antigamente os únicos
planetas dos quais se tinha conhecimento eram que orbitam o nosso Sol. Mas hoje
descobrimos os mundos rochosos e gigantes gasosos orbitando outras estrelas.
Isso conta uma história impressionante. Os planetas surgem em todos os lugares
do Universo do mesmo modo. Eles se formam a partir da poeira e fragmentos que
sobram do nascimento de estrelas.
Sisenando:
--- O Universo
é repleto de galáxias, nuvens de gás, estrelas e planetas como eles costumam
ser descobertos. O sistema solar tem, pelo menos, oito planetas. Mas o que se
sabe são tais planetas formam um grupo minúsculo comparado à imensa família
cósmica de planetas que se tem na galáxia. Este é o momento extraordinário na
história da ciência: saber, com certeza, que há outros sistemas planetários que
são muito comuns e que entre os duzentos bilhões de estrelas da nossa galáxia, há com certeza
dezenas de bilhões de planetas. Até agora são encontrados mais de quatrocentos
os novos planetas que orbitam outras estrelas. Alguns são bolas colossais de
gases revoltos cinco vezes maiores do que Júpiter. Outros são imensos planetas
rochosos muitas vezes maiores do que a Terra. Alguns traçam orbitas
desenfreadas e erráticas tão perto das estrelas que são queimados. Mas uma
coisa é clara: não há dois planetas iguais. Cada um é único. Mais a maioria
desses novos planetas está muito distante e é difícil estuda-la. Quase tudo o
que se sabe sobre o funcionamento dos planetas vem dos oito que orbitam o planeta
Sol aqui da Terra. E se tem dois tipos de planetas do sistema solar: quatro
planetas chamados terrestres ou rochosos no sistema solar interior: Mercúrio,
Vênus, Terra e Marte. E no sistema solar
exterior tem quatro planetas gigantes gasosos: Júpiter, Saturno, Urano e
Netuno. Cada um dos oito planetas é único. Suas personalidades começaram a se
formar no nascimento do sistema solar a quatro bilhões e seiscentos milhões de
anos. Quando o Sol acendeu ele deixou uma enorme nuvem de gás e poeira. Todos
os oito planetas nasceram dessa nuvem de
detritos cósmicos. – falou o professor e disse a seguir:
Sisenando:
--- Alguma
pergunta? Então estamos todos entendidos. Na próxima aula veremos a ainda a
questão desses planetas. Classe está liberada.
Alguns dias
após os dois pares de músicos já estavam do Teatro “Carlos Gomes” para a sua
récita do concerto. A casa de espetáculo estava repleta de convivas e
apreciadores da música erudita ou popular. O ano de 1948 era o marco da
história do nordeste em festivais com a participação de solos e de grupos.
Houve Recife, João Pessoa, Fortaleza e então Natal. Podia-se creditar Maceió,
além Aracaju e Salvador, este último na Bahia. Por Estados, o primeiro era
Pernambuco, o segundo a Paraíba, terceiro o Ceará vindo depois Alagoas, Sergipe
e a própria Bahia, centro maior do Nordeste. Nesse vibrante contexto ficaram de
fora os Estados do Piauí e Maranhão, por sinal, os Estados de maior marca no
calendário artístico do nordeste. A inquietude já prometia uma ovação
surpreendente aos artistas novatos. O calou no meio ambiente era por demais
exaustivos. Matronas com suas vestes a combinar com a cordura eram por demais
faustosas. Entre as matronas estavam às mocinhas, suas filhas e os homens
esnobes a trajar uniforme de gala. Os trajes era todos quase escuros a bem da
moda deixada nos anos da II Guerra. Do
palco nada se podia ver, pois o cortinado ainda estava cerrado, com a sua cor
vermelha a concluir o espaço entre a plateia e o restante do espaço. O relógio
marcava as nove horas da noite quando a cortina começou a se abrir. Os aplausos
foram seguidos e começava então, com os acordes marcantes a esmerada recepção
da obra de George Gershwin, Rapsódia em Blue obra extasiante para a adequada
ocasião. Conforme o calendário distribuído aos ouvintes participantes do
concerto essa era a melodia de entrada composta em 1924. E depois se notaria a
composição de 1930, “Odeon”, de Ernesto Nazareth, sumidade da musica nacional.
Essa melodia foi interpretada ao solo por Nara Lopes, em primeiro momento e a
seguir acompanha por Rócia Castro ao violino e com a participação de Fred Dutra
ao contrabaixo e Eurípedes Castro ao piano. Foi um verdadeiro delírio por todos
os presentes naquela noite maviosa de artistas da casa. E se seguiu muitas
obras com a presença de elevados nomes do nosso cancioneiro e demais artífices
de cantos eruditos tais como Vivaldi, Tchaikovsky, Handel, Wagner, Beethoven, Debussy
com Clair de Lune e encerando o recital com a inegável obra do imortal Franz Schubert
e sua Ave Maria por Rócia Castro ao violino e Fred Dutra ao contrabaixo. Verdadeiramente
foi um delírio de toda a augusta plateia. Algumas benditas matronas chegaram a
lacrimejar a ouvir a Ave Maria nos últimos instantes do concerto. Os artistas
agradeciam, mas o público em êxtase não aceitava o fim da magnifica
apresentação. Para compensar, Eurípedes
voltou ao piano e interpretou um trecho da melodia Lullaby, de Johannes Brahms.
Dessa vez nem o Reitor da Universidade suportou e correu até o palco para
abraçar o jovem médico Eurípedes Castro. O pai de Euripedes não suportava tanta
emoção ao lado de sua esposa Clotilde.
Amaro:
--- Meu filho!
Meu filho! – dizia o velho aos encantos da velha senhora.
A mãe de Nara
também estava sem suportar a comoção dizia sempre chorando para o seu
dileto esposo
Ceci:
--- Como essa
menina cresceu! – chova Ceci sem saber o que mais dizer.
Entusiasmo da plateia
para os jovens artistas não cessava. A juventude da capital era a que mais
ovacionava o quarteto por demais querido. Mocinhas pulavam nas cadeiras em
exultação aos quatro artistas. Tudo era desvario pela apresentação do quarteto.
Nunca o teatro se encheu de tanta gente a sacudir bolinhas de papel, a gritar,
aplaudir, delirar em mais um, mais um, mais um. Ninguém esperava o que
aconteceria por todos e os artistas não sabiam o que falar ou dizer. Ninguém
supôs que essa apresentação sem organização tivesse tanto significado e
interesse do público. Era preciso de alguém para organizar de uma forma
completa aquela exibição de Nara, Eurípedes, Fred e Rócia. A plateia em arrebatamento
não se contentava com o final da presença se ouvia aplausos, gritos e até
vertigens entre as jovens moças de família. Um rapaz que estava no auditório
fez uma pergunta a outro:
Rapaz:
--- Quem manda
nesse quarteto? – indagou sussurrando.
Outro:
--- Não sei
bem. De qualquer forma eu acho que é o moço do piano. É ele quem dá as ordens.
– falou o outro em sussurros.
No meio de
toda confusão que se fazia no auditório, fresas, camarotes e até mesmo nas
gerais o rapaz conseguiu passar entre um e outro e atingir até o palco. E foi
com muito esforço que ele chegou a Eurípedes e pediu uma só palavra. O médico
ficou desnorteado entre flores e bolinhas de papel a lhe jogarem do auditório e
disse:
Eurípedes:
--- Pois não.
Pode falar. – falou o homem ao rapaz ainda temendo ser atingido por uma rosa.
Entre as
corridas de todos da plateia, o rapaz pediu ao músico um tempo em que pudesse
conversar mais sossegado. E assim foi feito. O rapaz se chamava Paulo Lombarde.
Ele iniciou a conversa informando ser de uma emissora de Radio de Natal, a
Radio Poty e como todos a conhecem por Radio Educadora seria mais fácil para o
conjunto se apresentar aos domingos em um programa feito com exclusividade para
o publico natalense. E quem sabe, esse quarteto poderia receber uma percentagem
por cada apresentação. E Eurípedes levou
o caso a sério e pediu mais um tempo enquanto dialogava os demais componentes.
Eurípedes:
--- Eu darei
resposta amanhã, com certeza. – respondeu o médico e músico.
Depois da
apresentação, quando os quatro participantes ainda não estavam desocupados do
extenuante recital, Eurípedes falou com os demais do encontro casual mantido
com o rapaz Paulo Lombarde e a conversa cultivada entre os dois. Não saberia
informar se teria contrato, mas o rapaz dissera poder haver alguma porcentagem
em cada apresentação. Ou mesmo não havendo, o medico estaria a contar com
apresentações em outras cidades do País, como o Rio de Janeiro. A irmã de
Eurípedes alegou muita distancia. Ele rebateu:
Eurípedes:
--- Eu tenho a
informação de gente vinda de Porto Alegre, Salvador e até mesmo Recife. –
declarou o rapaz.
Rócia:
--- Mas um quarteto.
Isso é muito gasto. - reclamou a moça.
Eurípedes:
--- Isso é.
Mas. ... Vale a pena tentar. Teve um cabo do Exército que está tocando em uma
Radio do Rio. Ele até gravou um disco. Parece ser Luís ou José Gonzaga, ao que
parece. – fomentou o pianista.
Fred:
--- Luiz é o
nome. José é o seu irmão. – falou consciente o outro companheiro.
Eurípedes:
--- Luís? Está
vendo? – disse o rapaz com entusiasmo.
Nara viu sua
mãe e o seu pai chegarem ao palco. Ceci vinha com um sorriso franco para
abraçar a todos e a filha em particular. O mestre Sisenando também, a procura
de Nara e os demais. Ele estava feliz da vida. Nara se deixou abraçar por todos
e viu o seu filho nos braços da jovem Margarida pedindo o colo de sua mãe. A
virgem recebeu o filho e o beijou. Para a moça a criança era um encanto. Alguém
perguntou.
Alguém
--- É o seu
filho? – falou com entusiasmo e franqueza.
Nara:
--- Sim! –
sorriu a moça acalentando a criança.
O Teatro já
começava a esvaziar com todos a sair ficando nos camarins apenas os artistas a
lavar o rosto retirando toda a maquiagem. Os pais dos quatro amigos igualmente
conversavam alegres sentados em cadeiras
no corredor estreito de saída pela porta de detrás. Eurípedes, sem receio mais
sumamente feliz conversava com Nara.
Euripedes:
--- Agora virá
dezembro. Vai ser o casamento da história. – disse isso e sorriu
Nara olhou
para ele e, sem comentar, com o filho ao braço, também sorriu. Aquele suave e
terno sorriso a despertar no seu noivo maravilhosos anseios mil os quais o
levou ao doce acalanto de a lhe beijar as tão suaves mãos em uma ternura sem
par no encantador delírio de ilusão febril. O tempo delirou e na ânsia de
enlevar aquele instante, em meios de sublime encanto o noivo beijou suavemente
a amada em uma divinal e crepuscular fascinação.
-
FIM –
Nenhum comentário:
Postar um comentário