- Igreja de Santa Madalena -
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MADALENA
No dia seguinte, na hora do
Claustro, o noviço de Astúrias já estava em sua Cela a folhear o documento
encontrado na Biblioteca do Mosteiro a tratar da vida de Maria Madalena. Com
todo o cuidado possível, o noviço começou a ler todo o pergaminho contando o
que ainda ele não sabia. O rapaz consumia o inteiro conteúdo a reler ter sido a
mulher missionária, visionária e até curandeira. Para bem dizer: Maria Madalena
fazia de tudo e mais apresentada com apóstola dos apóstolos. Novos estudos
indicam que sua influencia teria sido imensa, não só na sua época, mas nos anos
seguintes. As informações de antigas fontes com dados que jamais se teve levam
a considerar Maria Madalena ser como importante figura do primeiro
cristianismo. Dados acerca de Maria Madalena considerados perdidos estavam
sendo descobertos elevando sua importância na cultura ocidental. Os mistérios
que cercam essa mulher devem-se as poucas citações bíblicas que são referências
muito esparsas e confusas. Tudo o que se sabe de Maria Madalena acha-se no Novo
Testamento que menciona seu nome mais vezes do que o de qualquer mulher.
Nota-se no Evangelho de São João, por exemplo, que o trecho mais extenso sobre
Maria Madalena está no capítulo 20, após a ressurreição de Jesus. É natural
haver curiosidade sobre quem é essa Maria.
Pregador radical, paladino dos
párias da sociedade Jesus tinha muitas seguidoras. Ensinava-lhes as Escrituras
o que, em geral, era restrito aos homens. Nos Evangelhos de São Mateus e São
Marcos muitas seguidoras de Jesus se chamavam Maria. E realmente há a tendência
de reuni-las numa só dando a impressão de que todas são uma. Há várias Marias
nos Evangelhos porque esse nome era o mais comum ao que se tem notícia, para
mulheres, no século “1”, pois a mulher de Herodes era Mariam. Em honra à mulher
de Herodes, o Grande, muitas mulheres, do Século “1”, foram assim chamadas
Mariam ou Miriam, tendo como encurtamento, Maria. Estudiosos acreditam que o
nome Maria Madalena veio de Magdala, uma vila de pescadores. Magdala quer dizer
“Torre”, em hebraico. Também há quem ligue Maria Madalena a essa vila, Magdala.
Essa vila ainda existe. Mas há poucos indícios de que Maria Madalena tenha
vindo dessa vila. Magdala fica ligada ao Mar da Galileia. Contudo os fatos
seguintes levam a crer ter Maria Madalena
vindo de Magdala e tido contato com Jesus. Ao que se supõe Maria e Jesus
trabalharam juntos nos primeiros anos descritos nos Evangelhos. Um caso
interessante: nada na Bíblia indica que Maria Madalena fosse prostituta. A
conclusão existe porque os relatos que envolvem o nome Maria entrelaçam com os
de outras mulheres identificadas como pecadoras.
Quando Jesus expulsou os “sete”
demônios dos homens, isso não quer dizer a um só tempo os “demônios”. Esses
homens estavam com doenças mentais. A questão dos Evangelhos é muito discutível. Quem é doente mental tem-se por
habito dizer ser a pessoa “doida”. E nesse aspecto os doidos foram para se ver
bem do mal aflitivo. E Jesus retirou esse mal ou os sete diabos. Os doentes não
tinham nada com a sexualidade, mas a doença mental. Das mulheres são os vícios.
Notava-se já naquela época a supremacia da mulher perante os homens. E em 595
anos depois de Cristo, o Papa Gregório decidiu que Maria Madalena era também
uma mulher sem pecado. As mulheres já ameaçavam a supremacia masculina da
Igreja por esses anos. No tempo de Jesus, a mulher Maria de Magdala cuidava de promover as necessidades do
Mestre.
Essas poucas referências são tudo
o que se sabe a respeito de Maria Madalena no Novo Testamento até os últimos
momentos de Jesus e sua morte da cruz. De acordo com os Evangelhos de Lucas,
Marcos e Mateus, Maria Madalena era uma entre muitas mulheres presentes na
crucificação. Mas, São João diz que ela era a testemunha principal que ficou ao
lado da cruz durante a Sua agonia. Ela viu a pedra rolar diante da tumba onde
Ele foi depositado e foi a primeira pessoa a encontrar Jesus Crucificado. A
versão de São João atribuiu a Maria Madalena o papel principal da Paixão. O dramático incidente ficou gravado na história mais do que qualquer momento da
vida de Jesus.
De Asturias:
--- Pelo o que eu tenho visto,
Maria Madalena vai à tumba sozinha e
descobre-a vazia. Conta aos discípulos, eles vêm verificar e saem. Ela fica
ali, chorando e se lamentando. Um homem, que parecia ser jardineiro
perguntou-lhe por que ela chorava. Ela responde: “Levaram meu Senhor. Não sei aonde
o levastes, mas se fostes vós, contai-me, e eu irei busca-lo”. E aí, o homem
que ela pensava ser o jardineiro chama-a pelo nome. “Maria”. De repente, ela o
reconhece e grita: “Rabboni!”, ou seja, “meu mestre, meu rabi”. E esse momento
de recognição é um momento terno. Ele diz: “Não me abraceis porque ainda não
subi para meu Pai”. É a perfeita expressão da paixão que ela tem por seguir
Jesus e de sua devoção por Ele. – pensou o noviço ao ler quase todo o
pergaminho.
Jesus então a mandou voltar e
contar aos discípulos que Ele ressuscitara dentre os mortos. Isso, de certo
modo faz dela uma apóstola, igual aos demais. Na cena seguinte, Ele ascende aos
céus e recebe o poder divino do Pai e volta soprando sobre os discípulos o
Espírito Santo que vai dar-lhes o dom de sair e pregar. Ele diz: “Tornai-vos
meus discípulos”. Maria Madalena não estava lá. Então essa história, de certo
modo demostra o oposto do que alguns gostariam de ver. Demostra porque Maria,
embora sendo a primeira a ver Jesus ressuscitado acabe por não ser discípula. É
um mistério pensar que ela foi glorificada. São João está demonstrando por que
a tradição ortodoxa recusa-se em definitivo a vê-la como discípula.
Esses detalhes, apesar de pequenos,
são por demais eloquentes. O papel de Maria Madalena nos Evangelhos é de grande
importância. Muitos estão reconhecendo que há um desequilíbrio de sexos desde o
início do Cristianismo. E Maria Madalena tornou-se um largo foco nessa
controvérsia. Como mulher, Maria Madalena teria tanta autoridade de ensino
quanto os seguidores homens. No Novo Testamento Jesus apareceu apenas para dois
discípulos. Um era Pedro e o outro, Maria Madalena. A lenda da mulher Maria Madalena ficou
esquecida no século seguinte. Mas não desapareceu. No século Onze, no alvorecer
de um novo milênio o culto e a veneração à Maria Madalena voltou a florescer em
toda a Europa Ocidental. Ela se tornou particularmente amada no sul da França
onde nasceu uma seita de seguidores que nunca admitiu a sua identidade como
mulher decaída.
A sineta Mosteiro então tocou a
hora das orações. Inquieto, o Noviço procurou arranjar de um modo seguro o
pergaminho por baixo da cama para poder sair. Em sua memoria não parava um só
instante a magia de Santa Madalena. Ele queria saber os detalhes que lhe
ensinara o ancião na subida da Serra. O tempo era calmo e o noviço, apesar de
sua tranquilidade, abaixou em sua cabeça o seu traje.
À noite, após a ceia, o Monge
Ambrósio de Escócia já estava em seu Observatório vasculhando o espaço
infinito. Ele sabia ser a Via Látea a sua terra onde bilhões de estrelas
habitavam. Era na verdade um império. E sabia também haver duzentos bilhões de
galáxias no Universo conhecido. Cada uma delas é única. Enorme e dinâmica. Elas
nascem de forma violenta e terão uma morte violenta. Buscando novos informes
sobre a galáxia Via Láctea com cerca de doze bilhões de anos De Escócia
percorria todas as direções deste mundo escuro. A galáxia em si é um disco
enorme com braços espirais gigantescos e uma protuberância no meio. É apenas
uma da imensa quantidade de galáxias no Universo. As galáxias são, antes de
qualquer coisa, um agrupamento de estrelas. As galáxias têm em média cem
bilhões de estrelas. Elas são um berçário estelar. É nelas que as estrelas
nascem e é também onde elas morrem. As estrelas de uma galáxia nascem em nuvens
de poeira de gás chamadas de nebulosas. Estes são os chamados pilares da
criação na Nebulosa da Águia, um berçário de estrelas no coração da Via Látea.
A nossa galáxias contem muitos bilhões de estrelas e em volta de muitas delas
temos os planetas e luas. Mas durante muito tempo não se sabia muito sobre as
galáxias. A apenas um século se pensava
que a Via Láctea era tudo que existia. Os cientistas a chamavam de “nosso
universo único”. Para eles não havia outras galáxias. Então, em 1924 o
astrônomo Edwin Hubble tudo isso. Hubble estava observando o Universo com o
telescópio mais avançado da época, o Hooker, de dois metros e meio, perto de
Los Ângeles. Nas profundezas do céu noturno ele viu manchas luminosas que
estavam muito, muito longe. Ele percebeu que não eram estrelas individuais. Mas
cidades inteiras de estrelas. Eram galáxias muito além da Via Láctea. Os
astrônomos tiveram um imenso choque. Em um único ano imediatamente se passou de
um universo que só tinha a Via Láctea para um Universo com bilhões de galáxias.
Hubble havia feito uma das maiores descobertas da história da astronomia. O
Universo contém não só uma, mas um número enorme de galáxias. Por exemplo: a
galáxia do Roda Moinho. Ela possui dois braços espirais gigantescos o contém
cerca de cento e setenta milhões de estrelas. Há também a galáxia M-87 múltipla
gigante. Ela é uma das mais antigas do Universo. As suas estrelas tem brilho
dourado. E tem a galáxia do Sombrero. Ela tem um núcleo enorme e brilhante e é
circundada por um anel de gás e poeira.
De Escócia:
--- As Vias Lácteas são
estupendas. Elas representam de certa forma a unidade básica do próprio
Universo. Elas são como cata-vento girando no espaço. São como fogos de
artifícios criados pela mãe natureza. – explicou o astrônomo ao seu pupilo
então no Observatório.
De Astúrias:
--- As galáxias são enormes.
Realmente enormes. Por aqui, na Terra, se mede distância em quilômetros. No
espaço, os astrônomos usam anos luz, a distância que a luz viaja em um ano. –
enfatizou o noviço.
De Escócia:
--- Ou seja: nove trilhões e
trezentos bilhões de quilômetros. – completou o Monge.
A Terra está a vinte e cinco mil
anos luz do centro da Galáxia e essa galáxia tem mais de cem mil anos luz de
extensão.
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