- Santo Graal -
- 04 -
TRAIÇÃO
Houve um tempo na qual a justiça
perdia lugar para a traição. Assim aconteceu nas provas entre os homens
provocadas nas Justas. Um dos preferidos do Rei Arthur era o cavaleiro Lancelot
por sua destreza e honradez. Mas nem tudo era Justiça entre os renomados
Cavaleiros. Assim foi com Lancelot do Lago ou Cavaleiro Branco, filho do também
Rei Ban de Benoic e da Rainha Helena. Ele foi raptado ainda criança pela Dama
do Lago, a Fada Viviane, a mais importante sacerdotisa da Ilha de Avalon. A
Fada era filha de Diana, a deusa dos bosques e irmã de Igraine, mãe de Arthur.
A Fada Viviane tinha a missão de proteger e entregar à espada mágica do Rei
Arthur, a sagrada Excalibur. Conta à lenda que a Dama do Lago educou e tornou
Lancelot o melhor Cavaleiro da Távola Redonda e mestre-de-armas do Rei Arthur.
Com certeza Lancelot mantinha vínculos com a Ilha de Avalon, provavelmente
celta, cujo significado é maçã. Avalon era famoso por suas belas maçãs. E
Lancelot aparece pela primeira vez na História dos Reis da Bretanha. De acordo
com a lenda Lancelot não seguia nenhuma das duas religiões da época – Católica
e Celta. Ele não era um homem ligado aos cultos religiosos, embora pertencesse
à linhagem real. Com efeito, o jovem Lancelot era apaixonado por Guinevere,
antes mesmo desta se tornar Rainha. Com Guinevere ele mantinha encontros
furtivos. Com isso, Lancelot não foi perfeito apesar de manter a sua caça na
procura do Santo Graal. E nesse ponto lhe frustrou a busca pelo Graal. A
traição de Lancelot destruiu o mundo no qual vivia. Paixão e amor ilícitos
derrubaram o censo cavalheiresco que buscava virtude e pureza. Esse pequeno
moral ameaçou o mundo da fidalguia. Na Corte a traição era considerada como o
maior crime.. Com o tempo, Guinévera retirou-se para um convento em Amesbury, e
logo morreu. Seu corpo foi levado para Glastonbury, onde foi enterrado.
Lancelot caiu em depressão e morreu. Antes de morrer ele pediu que seu corpo
fosse enterrado no seu castelo, o Castelo da Guarda Alegre.
De Astúrias:
--- Mestre, não há uma versão de
que Lancelot foi para um Convento? – indagou o Noviço um pouco descrente.
O Monge parou em frente ao
Observatório e olhou o céu como se alguma coisa aparecesse de repente. No seu
olhar o monge vislumbrou uma estrela diurna e bateu com a mão sobre a outra a
demostrar um sorriso.
De Escócia:
--- A estrela voltou! (sorriu o
astrônomo) – sem se negar em responder a seu aluno.
E demorou por alguns minutos quando
se voltou para falar.
De Escócia:
--- Lendas. Lendas. Há informação
de que Arthur condenou sua esposa à morte. Lancelot tornou-se um proscrito e
foi expulso da Comunidade dos Cavalheiros. Lancelot arrependeu-se e no final de
sua vida entrou para um Mosteiro no norte da Inglaterra, Conhecido como
Priorado de Lancelot. – (fez uma pausa)( e continuou). – Arthur continuou a
seguir o seu destino adaptando o modelo de Jesus Cristo e seus apóstolos. Os
Cavaleiros da Távola Redonda formaram uma comunidade mística. Como primeiro dos
seus Cavaleiros. Arthur comandou seus seguidores fieis na busca pelo Santo
Graal. – explicou o monge.
De Astúrias:
--- Quer dizer que: “Todos se
sentam à direita do Rei. E todos tem liberdade dentro da Comunidade” – sorriu o
noviço.
De Escócia:
--- Isso! Foi uma tentativa de se
criar uma sociedade sem classe. É perfeitamente idealista e utópica. É como se
os escritores de romances arthurianos quisessem mostrar que era possível para a
Fraternidade ou a sociedade humana funcionar com indivíduos que são livres para
agir enquanto continuam em Comunidade. – continuou o monge.
De Astúrias:
--- Mas o que motivou Arthur a
compor os Cavaleiros da Távola Redonda, meu ilustre mestre? – indagou o noviço.
De Escócia:
--- Na época em que os contos foram
escritos a Europa tinha sido forçada a aceitar uma terrível derrota. A Terra
Santa tinha finalmente caído nas mãos dos invasores mulçumanos. Humilhados, os
Cruzados voltaram para casa com seus ânimos frustrados, seus sonhos arruinados
e sua fé abalada. Eles precisavam de um novo significado para as suas vidas e
eles encontraram na busca pelo Santo Graal. Mas o Rei Arthur e os Cavaleiros
nunca encontraram o Santo Graal. – fez ver o monge.
Segundo um relato, em Roma, o Santo
Graal passou trezentos anos na Itália. O monge São Lourenço foi o defensor do
Graal. Ele o protegeu contra roubos e destruições durante tempo de
turbulências. No final do século Terceiro, acredita-se que São Lourenço tenha
levado o Graal da Itália até sua cidade natal
localizada na Espanha. Sob as montanhas escapadas dos Pirineus existem
muitas cavernas. É em tal lugar que a relíquia tenha sido escondida por ser um
local ideal. A montanha é um impedimento natural. A partir deste ponto a
sequencia de acontecimentos na história tumultuada do Santo Graal pode ser
seguida com mais precisão. Durante a Idade Média alta uma nova devoção surgiu
em ambos os lados dos Pirineus e inspirou pessoas a fazer peregrinações.
Através da alta montanha surge um caminho: a rota para Santiago de Compostela.
A antiga rota de peregrinação ainda é usada atualmente pelos fieis. Ela atrai
crentes de todos os lados da Europa. Muitas Igrejas surgem ao longo do caminho
e todas elas presenteiam os fieis com relíquias do passado.
De Astúrias:
--- Estaria o Graal entre as
relíquias sagradas que são veneradas pelos Pirineus? – indagou perplexo o
noviço.
De Escócia:
--- É possível. Mas tem outra
versão. No início do século Doze as Cruzadas voltaram da Terra Santa trouxeram
consigo uma ambula contendo gotas de sangue de Cristo. Então se pergunta: seria
esse recipiente o Santo Graal? O certo é que, por volta do ano 1.200 a doutrina
da transubstanciação foi aceita pela Igreja. Ou seja: o vinho do cálice é na
verdade o sangue de Cristo. E os romances escritos espalharam essa novidade
sobre a nova teologia. Desta maneira, o mito do Graal que era originalmente
pagão tornou-se um símbolo cristão para promover o ritual da eucaristia e do
Santo Sacramento. – profetizou o monge.
Mas nem todos concordavam com essa
nova teologia romana. Longe do Roma, nos Pirineus localiza-se a fortaleza de Monserri.
Era alí que os seguidores de uma seita cristã buscavam refugio. Os “puros”,
como se autodenominavam consideravam o papado romano uma superstição mundana.
Eles rejeitavam o que era da Igreja Católica que havia sido corrompido pela
riqueza. E em vez disso pregavam a pobreza e o retorno a uma fé simples.
Segundo a lenda histórica os homens “puros” guardavam um tesouro secreto,
possivelmente o misterioso e enigmático Santo Graal e escondia bem guardado na
Fortaleza de Monserri. Para subjugar os hereges o Papa lançou uma Cruzada contra
os “puros”. Na primavera de 1244 mais de duzentos “puros” foram queimados nas
fogueiras. Mesmo assim, o Santo Graal foi levado para um local mais seguro.
De Escócia:
--- Até hoje não há provas que
mostrem que o tesouro dos “puros” fosse o Santo Graal. E o modo como ele foi
levado do Castelo apossado continua sendo um mistério. – relatou o monge.
De Astúrias:
--- Totalmente incrível essa
história! – confessou o noviço a tremer de medo
Nenhum comentário:
Postar um comentário