sexta-feira, 1 de novembro de 2013

O SENHOR DE LUTO - Capítulo Dezesseis -

- FANTASMAS -
- 16 -
ASSOMBRAÇÃO
Ainda na sexta feira, na reunião dos médiuns, outros assuntos assombrosos surgiram. O médium Melchiardes, em certo instante relembrou um caso acontecido há vários anos quando um seu amigo passava a estação de verão em uma casa de praia em Ponta Negra, nessa mesma capital. Naqueles idos, Natal era uma cidade de poucas moradias. E se passar um tempo de um a dois meses na praia, para quem fosse, era o mesmo de ter ido passar o verão em outras paragens longínquas. Pouca gente se aventurava em passar uns dias em regiões distantes da capital. Esse amigo de Melchiardes foi um dos quais não tinha nada para ser feito e, com sua esposa e os três filhos foram passar a estação de férias em Ponta Negra. A casa era alugada para temporada a um pescador da vila. Esse pescador herdara a moradia de seus avós ou gente mais distante da família. Bisavós, por exemplo. A família já estava na casa há uma semana. Certa vez, o homem, de nome Manoel Trindade, acordou por volta da meia noite por causa de um barulho qualquer. Ele pensou em ratos e verificou a despensa da casa. Após uma insistente busca nada pode o homem descobrir a razão do ocorrido. Então, voltou para o quarto onde dormia com a sua mulher, de nome Maria Clara, onde tentou conciliar o sono. A sua mulher dormia a sono solto e ele resolver não desperta-la. Quando o dia amanhecia, o homem voltou à despensa para verificar com melhor atenção aquilo que o acordara tarde da noite. Apos angustiosa procura nada pode encontrar. A sua mulher Maria Clara chegara por um tempo e procurou saber a razão do acontecido. O marido disse apenas ter sido um ruído por volta de meia noite.  
Trindade:
--- Parece de ratos aqui. Eu acordei por volta da meia noite e ouvi certo barulho. Vim ver o ocorrido, porém nada demostrava o motivo.
Clara:
--- Ratos? Tenho nojo desses bichos! – disse a mulher procurando uma cadeira de palha para, se possível, subir no caso de ver um rato.
Alguns dias mais tarde por volta das sete horas da manhã  foram todos da família aproveitarem o sol e o banho de mar. Quando a filharada toda estava à beira mar e o garoto a olhar sem preocupação para o lado da casa  notou de imediato algo de anormal na sua casa de verão e buscou orientação do seu pai.
Olegário:
--- Papai! O senhor está esperando alguém? – perguntou o garoto um tanto assombrado.
Trindade:
--- Não! Por quê? – indagou um pouco curioso.
Olegário:
--- É que eu vi uma pessoa lá em casa! – reportou o garoto olhando bem para a casa.
Trindade se virou para observar procurando por todos os recantos e nada observou de anormal. A sua mulher, Clara, estava nesse momento, a banhar-se com as suas duas filhas menores e Trindade nada falou para eles. Então ficou de pé e verificar com mais precisão e findou por declarar.
Trindade:
--- Deve ser o homem a quem aluguei a casa. – falo a se voltar a areia novamente.
Olegário:
--- Mas ele estava dentro de casa. Eu vi apenas a sombra passar de um lado para outro. – argumentou com espanto
Trindade ficou por instantes a olhar em direção a casa sem ver nada de mais. Porém, o garoto disse ter visto alguém passando dentro de casa. Assim era prudente seguir até perto e entrar no recinto para saber da verdade. Se fosse o dono, por que estaria dentro da casa dos outros, como se dizia. Com cautela, o homem e o garoto seguiram até a casa. Por fora, Trindade verificou se havia alguém. Nada foi feito. Seria melhor entrar. Ele estava apenas de calção de banho e uma camiseta a cobrir seu busto. O garoto Olegário estava apenas de calção. O homem foi na frente e notou a porta fechada como fizera ao sair a praia. Trindade buscou a chave, abriu a porta e entrou devagar como se estivesse à procura de alguém. O seu filho falou baixinho ter visto a sombra passar naquele corredor em frente à janela da sala de janta. Homem e garoto procuraram por todo o espaço e nada encontraram de anormal. A porta de trás estava fechada por dentro como era costume se trancar. De repente ouviu-se um barulho na sala da frente repercutindo até a cozinha. Aquilo assustou sobremaneira os dois acanhados pesquisadores de assombros.
Olegário:
--- Algo veio abaixo! – falou o garoto completamente assombrado
Trindade:
--- Na sala! Vamos! Vamos! – o homem puxou o seu filho pelo braço iniciando a corrida.
O garoto entrou em pânico. Porém, sem outros meios, obedeceu ao seu pai indo com ele. Da cozinha para a sala não era tão distante. Mesmo temerosos, os inquietos caçadores de fantasmas foram até ao local. Um dependia do outro para ter coragem. O dia estava claro, como todos os dias de verão. Nada na rua onde eles moravam. Apenas o mar. A mulher Maria Clara continuava o seu banho com as duas filhas Marina e Magnólia. Em certa ocasião, dona Clara olhou para o local onde devia estar o marido. Mas este sumira. Ela julgou ter o marido buscar algo na casa. Ela ainda procurou o filho Olegário, mas este não estava por perto. Por certo estaria apanhando conchas em alguma parte da maré. Porém, Trindade e Olegário estavam apreensivos dentro da casa a procura daquilo que fora derrubado. Na sala de entrada tudo estava em ordem. Nada fora mexido. Após intensa busca nada os dois pesquisadores conseguiram encontrar.
Olegário:
--- Mas eu consegui ver de longe o senhor trajando luto. Ele estava dentro de casa. – declarou assustado.
Trindade olhou para o seu filho e nada pode acrescentar.
Trindade:
--- Coisa estranha! – refletiu com certo cuidado.
Alguns minutos após chegaram à mulher e suas duas filhas. Clara indagou a razão pela qual o marido voltou a sua casa. Ele desconversou e disse qualquer coisa sem mais sentido. Apenas ressaltou ter querido tomar água ou acompanhar o filho que desejava ir ao sanitário.
Trindade:
--- O menino estava com dor de barriga. – foi o que ele falou.
O tempo seguiu e na metade da noite, em um dia qualquer, a mulher Maria Clara acordou atormentada com gritos de pavor da pequena Magnólia. No mesmo instante Trindade também escutou os brados. Ambos saíram com pressa ao quarto onde dormiam as meninas. Chegando o cômodo encontraram as meninas totalmente alarmadas. E chegaram a declarar com muito alarde ter um senhor de luto por entre as camas as pequenas.
Magnólia:
--- Ele estava aí, mamão! Ele estava aí! – relatava a menor de todas.
A maior correu para os braços do seu pai pedindo amparo. Mesmo sem ter visto, a segunda menina acordou com os brados da mais nova e então gritou por acaso. A casa não tinha vizinhança que pudesse notar. Era feita em um terreno descampado de outras moradias. Apenas tinha serviço de água e luz, como em outras habitações mais ao largo.  Pelo restante da madrugada a família ficou em claro. Logo cedo da manhã, a mulher Maria Clara foi ter com o padre da vila e entrado na sacristia, encontro o sacerdote. Disse-lhe que ela era cristã e pertencia a uma paróquia da capital. Por alguns dias estava habitando em uma casa da praia. Porém, nos recentes dias todos na residência, viram o vulto de um senhor de luto entrando nos compartimentos e desaparecendo em seguida.
Clara:
--- Estou apavorada seu padre! Eu não sei mais o que fazer! – falou alarmada.
Padre:
--- Calma, minha senhora! Eu já essa mesma história de outras pessoas. Um senhor de luto. Aparece e some. São ruídos provocados por espíritos. É denominado de Poltergeist. É um efeito sobrenatural. Ele se manifesta  deslocando objetos e fazendo ruídos. São efeitos muitos antigos de antes de Jesus. A senhora tem que se retirar da residência ou se acostumar com esse fenômeno. Ele pode se estender por anos. Um espírito “perturbado” a se manifestar. A senhora deve abandonar essa residência, pois eu mesmo nada posso fazer. Já fui convidado por várias vezes por outros moradores, e se resolve. Esse senhor de luto fica sempre no mesmo local  até quando ele decidir sair. – falou o sacerdote de forma calma para a mulher.
Clara:
--- Quer dizer que nós devemos ir embora? – indagou assombrada.
Sacerdote:
--- Então se acostumar com as batidas e aparições. – falou  calmo o padre.
 

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