sábado, 16 de novembro de 2013

O SENHOR DE LUTO - Capítulo Trinta -

- ELEGÂNCIA -
- 30 -
- LOJA -
Enfim o sábado chegou. As virgens estavam alegres e repletas de felicidades. Nair e Lenira ficaram mesmo em uma loja de departamentos na esquina da Praça Augusto Severo onde havia o fino da moda em calçados tecidos finos e indumentárias. A virgem sentia-se menos à vontade pela causa de está a mercê da sua amiga dileta a quem conquistou a sua inefável amizade. Pelo tapete de um passar de todos, Nair se pôs um pouco menos à vontade, porém nada demostrava a quem estivesse por perto ou mesmo distante. A loja, em um dia de sábado era  repleta por demais da alta clientela do bom estilo no vestir e no calçar. A usar um traje esnobe e adequado para alguém a nunca saber de bastante elegância era o chique da moda. E, no entanto a virgem não deixou escapar a sua ingênua infantilidade.  Ao trajar um vestido de cetim brocado de cor amarela e adornado com flores de igual tonalidade, ela era uma perfeita deusa de Ceres ou celta e das sagradas divas da vida e das quimeras da mãe Terra. O burburinho formado na ampla sala da loja deixava tonta a deusa pagã universal. Traje de forma opulenta da requintada moda era todo o fanatismo das irradiantes beldades a procura do belo calçado para o seu mimado filho. Duas moças a procura do calçar ocupava sobremaneira o dedicado jovem rapaz. Matronas não se cansavam de falar baixinho das atitudes de alguém onde e quando Nair e Lenira não conseguiam adivinhar. Para Lenira, a loja frequentada era uma “pobreza” no seu estoque de servir ou de buscar. A jovem moça já estava acostumada a visitar sem receio as modernas lojas do Rio ou Paris onde para o devido gastar era um pouco mais do que nada. E enfim o consumir em relação ao de costume da deslumbrante moda da época era enfim um pouco de coisa alguma.
Lenira:
--- Pobreza! Eu gosto é mesmo de Paris. – relatou abusada a moça.
Nair:
--- O que é isso? – indagou admirada a moça.
Lenira:
--- A Cidade Luz. Capital da Moda. Atração fatal. Roupas finas. Ruas inteiras a se olhar, comprar, gastar. É isso, querida. Eu sou chique. – gargalhou a moça
Nair:
--- Onde fica? – perguntou sem pressa.
Lenira:
--- Paris? Na França. É distante de província como essa. Luzes brilhantes. Champs Elysées. Jornais. Revistas. Modas enfim! Eu sou chique! – voltou a gargalhar em pleno salão rodeando de um lado para outro com os braços estendidos em forma de cruz.
Quem estava por perto nem sorriu, pois não sabia da inutilidade da loja em questão. E Lenira continuou a delirar com sua mágica ilusão. Ela sempre seguia a Paris, capital do estilo burguês dentre muito tempo. Saída de uma Grande Guerra, a Cidade Luz já estava em plena atividade de vender.
Nair:
--- Mas é distante. Talvez mais distante de Natal a Mossoró. – reclamou tristonha.
Lenira:
--- O que? Diga de novo para eu saber se estou acordada! Paris é um império. Eu entro em uma loja de departamentos e fico pasmada com tantas coisas. Lingerie é tido como peça de maior etiqueta do mundo. São 2.800 metros quadrados apenas de lingerie – relatou com ênfase.
Nair:
--- De que se trata? – indagou perplexa a moça.
Lenira:
--- Tecido. Lingerie as moças usam para seduzir. Roupas de baixo. – falou ostensiva a diva.
Nair:
--- Não preciso e nem vou precisar dessa coisa. – torceu à boca a ninfeta.
Lenira:
--- Ah vai! E você supõe que o “velho” não tem prazer? Com lingerie ele vai ficar delirante. – gargalhou a moça ao digerir tal palavra.
Nair:
--- Não fala assim! Ele é teu tio. Afinal ele não é velho! – relatou com prudência.
Lenira:
--- Sim. Ele apenas está desgastado. Com você ele se ergue. Mas que é velho isso não se pode negar. – falou a moça com precaução.
Nair:
--- Eu nem queria casar! Mas você conheceu a Zélia? – indagou com incerteza.
Lenira:
--- Não! Eu ainda estava nos testículos do meu pai! – sorriu a moça.
Nair:
--- Tes o que? – perguntou com cara amarga em pleno salão da moda.  
Lenira:
--- Ovos! Bolotas! Cunhão!  - gargalhou a jovem moça.
Nair;
--- Ah. Entendi. Mas a questão daquela cidade. Quando você vai lá? – indagou a ninfeta.
Lenira;
--- Breve. Esse mês ou o outro! E você vai comigo! Eu lhe passo umas instruções e você decora. Vamos visitar a querida Paris dos encantos milenares. – relatou a jovem moça.
Nair:
--- E é preciso falar como alguém? – indagou meio assombrada.
Lenira:
--- Não e sim. Mas você fica às minhas custas. O que eu disser você vai concordar. Embora não entenda tudo. Eu sou chique! – gargalhou novamente.
Nair:
--- Mas como? E eu vou precisar de “grana”? – indagou com precaução.
Lenira:
--- Venda um touro. Uma vaca. Coisa assim. – sorriu como sempre.
Nair:
--- Não tenho Vaca! E ainda não sou noiva! As vacas são do meu patrão! – disse de forma grosseira.
Afinal, Lenira caiu na sua real interferência. E então emudeceu. O atendente levou a moça para o provador seguido também pela jovem Lenira. Nair entrou no local e o modista cerrou a porta ficando bem longe do lado de fora. Após algum tempo com a ajuda de Lenira, a virgem se deu conta de estar arrumada. Havia muita gente no salão e nas demais salas de provas. Os obedientes rapazes atendiam a todos em uma correria doentia. O gerente da loja olhando para fora viu a figura ilustre de doutor Edgar Penteado. O homem já estava a adentrar no recinto da loja e quase como que correndo o Gerente se aproximou tecendo as maiores considerações para o seu consumidor ilustre. O Gerente não sabia de quem Edgar estava à procura ou se de fato ele estava ali apenas para fazer compras. Com sua maneira de bem tratar ao consumidor quase sempre distraído o Gerente anunciou as boas vindas ao inquieto freguês. Sempre polido e jeitoso o Gerente procurou mostrar as recentes novidades recebidas do exterior. Edgar não se conteve e declarou estar no seu local à procura de sua noiva. Para o Gerente foi uma grandiosa surpresa atender também a noiva do ilustre cavalheiro. E de imediato chamou outro vendedor para saber onde estava a tal noiva. O vendedor, inquieto, apenas disse não ter a informação desejada.
Gerente:
--- Procure-a. – fez ver o gerente de forma malcriada.
Nesse ponto a nobre noiva já estava de saída do provador e se mostrar de forma tão elegante e nobre, pois nem o noivo assim a notara. A trajar Chiffon de mangas bufantes, comprimento cheio e estilo formal, a quase noiva surgiu radiante estreando um par de sapatos estilo de botas de cano alto, luvas longas de brilho leve, eis a moça terna e jovial em estilo de senhora. À primeira vista o advogado não a reconheceu. Apenas notou a presença da sobrinha Lenira e foi quando assimilou a presença de Nair Pereira pura e elegante bela como se fosse atraente por demais. O homem em êxtase deixou de fora o Gerente e seguiu em frente para olhar de perto aquela candura sedutora. Enfim se acercou de perto.
Edgar:
--- Mas o que se faz em traje tão elegante como tal! – relatou em afeição o homem.
Nair não teve palavras para declarar. Apenas sorriu e apontou para a sobrinha do advogado. Com alguns segundos Nair declarou.
Nair:
--- Foi Lenira a causa de tudo isso. Arranjos no penteado, perfume e essas coisas mais. – disse a moça acovardada por tanto esmero.
Lenira:
--- É a primeiro traje a ser posto em vista. Tem outros. – sorriu a moça ajeitando o busto de Nair

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