terça-feira, 31 de janeiro de 2012

ACASO - 28 -

- Ali Larter -
- 28 -
VISITA
Naquela tarde a professora Maria Eugenia resolveu passar na casa de Joel para ter uma maior aproximação com a família do pequeno rapaz. E logo que bateu à porta surgiu uma senhora de pouca idade a perguntar:
--- Sim? – fez à senhora mãe de Joel, dona Isaura Calassa.
--- Boa tarde. Eu sou Maria Eugenia professora do seu menor Joel Calassa – sorriu a mestra do início da conversa.
--- Ah. Queira entrar. E tome uma cadeira. – respondeu Isaura avexada por conta da presença da professora em sua casa.
A professora fez a vez de dona Isaura e entrou na sala da casa e aproveito para conversar algo  e se sentou em uma cadeira forrada de palha de vime ficando apenas a sorrir. Após alguns minutos Maria Eugenia perguntou:
--- Onde está o garoto? – sorriu a mesma preocupada por não avistar Joel.
A mulher Isaura logo respondeu:
--- Ele foi ao mercado comprar frutas. Mas há de chegar logo. Quer água? - disse a mulher e oferecendo água a visitante.
Maria Eugenia sorriu e fez questão em aceitar um pouco de água.
--- Sempre é bom um pouco de água. – sorriu à mestra a mãe de Joel.
A mulher saiu da sala para buscar um pouco de água ao tempo em que falava de dentro da casa com relação ao puxado que o menino estava a sofrer durante a noite e ter que tomar remédio prescrito pelo médico. Além disso, ele também inalava de uma vez ou outra por uma bomba com um remédio para abaixar a falta de ar.
--- É fuxico com esse tempo. Mormaço de dia. O menino tem que fazer a inalação uma ou duas vezes. Sempre quando vai dormir. Mas está melhor. Se Deus quiser ele vai ficar bom. - relatou a mãe de Joel no seu vai e vem para a sala onde estava a professora.
Maria Eugenia sorriu, mas logo entendeu a aflição dita pela mulher mãe de Joel. E então falou
--- Essa fase infantil é a mais dolorosa. A senhora pode notar como tem crianças com impinge, ferimentos no corpo e muito mais ainda. As crianças de famílias paupérrimas sofrem o duro golpe de nem saber dizer o que sentem. Na cidade, ainda bem. Afora as crianças locadas nos distantes meios rurais, aqui dentro ela sabem bem mais que os seus irmãozinhos do interior. É dura a vida dos que não tem um teto para se abrigar. – falou Maria Eugenia sem sorrir.
Isaura ficou a pensar nas palavras que ouvira e quase não teve nada a dizer.
Nesse momento, como um terrível furacão, um desastrado e irreverente louco entrou na porta da sua casa de qualquer forma o menino Joel e assustado ficou quando deu fé da professora Maria Eugenia. Temeroso com alguma reprimenda por parte de sua mãe Isaura ele então fez apenas cumprimentar Maria Eugenia com um sorriso pálido na face.
--- Bom dia. Boa tarde professora. – sorriu sem querer o mocinho Joel sem pensar no que havia dito na verdade.
A professora:
--- Boa tarde Joel. Fazendo compras? – Maria Eugenia sorriu de leve como perguntou também.
Joel:
--- É. Minha mãe. Conhece? – falou o menino sem saber ao certo o que dizer.
A professora aduziu que sim e elas estavam a conversar sobreo garoto tão somente.
Isaura:
--- Ponha as compras na mesa e venha para cá. – falou a sua mãe Isaura com determinação.
E o menino correu mais devagar a sorrir para a professora com o sorriso pálido.
Professora:
--- Menino esperto, esse. – sorriu Maria Eugenia para dona Isaura.
Isaura:
--- É. Mas dá trabalho. – relatou a mulher. E em trabalho fez uma voz longa e triste.
Com um pé no outro o garoto Joel voltou à sala e se enfurnou na saia de sua mãe como que se protege de algo por ventura ameaçador.  As mulheres não conversaram mais. Isaura passou a mão na cabeça da criança e lhe deu um beijo de ternura. E o menino perguntou:
Joel:
--- Vocês estavam conversando sobre mim? – quis saber o garoto com seu sorriso amarelo na face,
A mestra:
--- Sim. Da sua doença. – falou Maria Eugenia recordando a conversa que há pouco tivera com Isaura.
Joel:
--- Ô mãe. Você diz a todo mundo? – falou envergonhado o menino enfiando o rosto das ancas da mulher.
Isaura:
--- Psiu.  Não tem nada de mais. A professora sabe disso muito bem. – Isaura passou essa reprimenda do garoto.
Mestra:
--- É verdade meu bom garoto. Nós sabemos disso. E eu vim aqui apenas por uma visita de cortesia. Não é nada sério. – falou a professora a sorrir.
Isaura:
--- Tá vendo? Tá vendo? Não é nenhuma coisa ruim. Afinal você parece ser uma criança descente. – reclamou a mãe do garoto.
O menino olhou devagar para a professora, descobrindo meia testa da veste de sua mãe e sorriu sem graça.  Após alguns instantes passados o garoto já estava no assento em uma cadeira de palhinha para ouvir as duas mulheres a conversar, balançado as suas pernas. De repente, Joel saiu e foi até o birô do seu pai onde buscou um enorme livro a tratar de assuntos diversos. E trouxe à professora para ela conhecer a Origem do Universo.
Joel:
--- Olha professora. É esse livro que estudo. Tem tudo o que a senhora ensina. – declarou Joel mostrando o grosso livro, pesado como que, a jovem mestra.
A mestra:
--- Ah garoto. É aqui aquelas perguntas que me faz! Porque você não me disse? – falou a mestra com o rosto rubro.
O mocinho sorriu e depois de alguns minutos voltou a falar.
Joel:
--- Algumas. Isto é: nem todas. Muitas eu escuto do radio ou leio nas revistas. – sorriu Joel apontando o radio e mostrando uma porção de revistas especializadas.
A professora:
--- Ah. Agora eu compreendo meu geniozinho. – sorriu a mestra a mestra ao consultar o livro
Joel;
--- Mas Isabel também me ajuda. – respondeu Joel.
A professora:
--- Isabel? Quem é Isabel? – perguntou de olhos atentos no livro.
Joel:
--- E a menina que morreu, mas não morreu. Foi apenas para o outro lado. – confessou o garoto sem saber muito que articular.
- 29 –

segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

ACASO - 27 -

- Vivien Leigh -
- 27 -
BURACO NEGRO
De acordo com a Teoria Geral da Relatividade, um buraco negro é uma região do espaço da qual nada, nem mesmo objeto que se mova na velocidade da luz, pode escapar. Essa teoria é bem antiga, datada de 1783. E a professora Maria Eugenia nem lembrava ao certo mais de tantas coisas cuja matéria ensinava. Eugenia sabia sim. Mas a questão pertinente estava a fugir ao assunto. E se fosse explicar Eugenia ao menino levaria um bom tempo e a moça não teria tanta ocasião dessa forma. O garoto, abraçado a sua mestra, prestava atenção a sua memória. E pelo menos um buraco negro estava mesmo no centro da Via Láctea.  Era natural a existência de outros buracos negros, pensava assim Joel. A professora Eugenia continuava a segurar o garoto como alguém que tem um filho amado. Delirante, a mulher, cingida, fazia um vai e vem com o menino a fazer ternura e doce afago.
Há certo tempo, a professora Maria Eugenia perguntou ao garoto se desejava estudar com mais afinco matérias de geografia de modo particular. Pois assim, um e outro aprenderiam mais e Eugenia poderia saber como o seu pupilo alcançaria a mente apropriada para saber de tanta coisa como nem a professora pensava. O menino então pensou e respondeu.
Joel:
--- Mas eu sei tudo o que a senhora pergunta. – revelou o garoto aconchegado ao colo da mestra.
A Mestra:
--- Tudo, não. Alguma coisa. – sorriu a professora ao garoto.
Joel:
--- É. Talvez. Tudo, não. Alguma coisa. – fez ver o garoto.
O homem do cavaco-chinês passava ao largo da escola e o garoto ouviu o tilintar do triangulo e de imediato pensou:
--- Cavaco-chinês. – sorriu o menino sem dizer a professora o que pensara.
Na rua, o rapaz do triangulo parou de tocar e atendeu aos clientes compradores, inclusive ao “magrão”. Esse apanhou um bom bocado e depois de pagar entro em seu casebre fechando a porta com as costas viradas para a rua.  Disso o garoto não chegara a ver. Mas a mocinha Elizabete bem que viu e prestou atenção no “magrão”.  Na verdade, o homem era magro mais parecendo uma caveira. A menina olhou bem para o rapaz e calou sem fazer coisa alguma. E prestou bem atenção ainda quando o “magrão” voltou e apanhou mais uns cavacos-chinês.  A fome acelerou a barriga da ninfeta. Ela olhou para dentro do pátio, e as mulheres estavam pondo a mesa para servir a contento aos estudantes. Elizabete voltou para o terraço onde já encontrou o garoto Joel. E disse:
--- O magrão comprou cavaco. – falou Elizabete sem querer pedir para Joel comprar também.
O garoto fez com os ombros puxados para cima e para baixo:
Joel:
--- Eu! – como quem dizia – “Nem me importo”.
Elizabete:
--- Por que a professora suspendeu a prova? – indagou a mocinha a Joel.
Joel;
--- Não perguntei. – respondeu Joel de cabeça abaixada e mexendo os tijolos do assoalho com os pés.
Elizabete:
--- Você sabe. Porque não quer dizer! – falou a mocinha com a cara trombuda.
Joel:
--- Não perguntei. – disse Joel mais uma vez.
Elizabete:
--- Diga logo se não... – e resolveu parar.
Joel:
--- Se não o que sinhá burra? – perguntou o garoto já com bastante raiva
Elizabete:
--- Burra é a sua mãe. MACARRÃO! – respondeu a mocinha em cima da bucha.
Joel pensou duas vezes e acabou por sorrir.
A sineta tocou e era a hora do lanche. A professora Maria Eugenia arrumou os seus papeis de foi direto para a sala de Maria da Penha, diretora do Grupo Escolar. Chegando alí explicou a diretora que havia sustado a prova do dia por causa de assunto levantado por Joel.
Diretora:
--- Que assunto? – perguntou a diretora.
E Maria Eugenia se pôs a chorar com a cabeça abaixada no birô da diretora. Depois de algum tempo com carícia da diretora, ela respondeu.
---Um buraco? – respondeu a professora ainda a chorar.
Diretora:
--- Buraco? Que buraco? – indagou a diretora tomada de surpresa.
A professora Maria Eugenia chorava e sorria a um só tempo. E logo respondeu:
Eugenia:
--- Buraco negro! – e caiu no choro outra vez.
Depois de passar algum tempo a diretora declarou:
--- Ora minha filha. Todo mundo sabe que eles existem. Desde 1783. Ora. Ora. – acariciou a diretora a cabeça da sua amada amiga.
Eugenia:
--- Eu sei. Eu sei. Mas me deu um branco! – e voltou a chorar Maria Eugenia com a cabeça no birô.  
A aula teve seu recomeço e a professora, de imediato, declarou a classe:
--- Bem. É o seguinte. Temos que fazer a prova. Mas, podemos fazer de uma forma diferente. Vocês, meninos, não respondam as perguntas. Apenas escrevam o que sabem sobre a matéria “Geografia”! Cada um deve escrever o que quiser. Está bom assim? – perguntou a professora aos alunos.
E começou o burburinho com alguém dizendo um palavrão. E a professora desceu de onde estava a sua mesa e foi direto para cima do garoto. E chegando lá foi logo a dizer:
--- Olhe! – com a régua em punho – Se você disser mais uma vez o que pensa, eu expulso você da classe! Ouviu seu mal-ouvido?  - relatou a professora com altivez ao moço descabido.
E foi mais além.
--- Vá já pra frente! E escreva! ! “Eu nem sei nada de geografia!” Até preencher o caderno! Ora essa! E é prova mesmo! – fez ver com seriedade a professora Maria Eugenia completamente esbaforida.
O garoto foi pra frente da classe e pegou o seu caderno de linguagem preenchendo todo ele com a expressão dita pela a sua professora.
No fim de tudo, os alunos já começaram a sair e o garoto grande continuava a escrever: “Eu não sei nada de geografia”. A certo tempo, o garoto perguntou, quando a classe já estava sem ninguém.
--- Eu posso sair professora? – indagou o aluno a sua mestra.
A professora foi ver o caderno e ainda faltavam três páginas.
--- Complete o caderno! – falou Eugenia brutalmente.
Já eram doze horas da manhã quando o garoto terminou de fazer a sua tarefa. As merendeiras já haviam saído e o homem da sineta estava na frente da porta da sala de aula a espera que a moça desse a ordem para ele sair também.

domingo, 29 de janeiro de 2012

ACASO - 26 -

- Bruna Di Tullio -
- 26 -
PROVA
Com o passar do temporal e do período do cansaço, diagnosticado como sendo asma, pelo médico ao qual foi na tarde do dia seguinte, Joel Calassa então estava pronto para assistir aula, a última da semana.  A sua mãe foi até o Grupo a levar um atestado médico para o garoto justificar os dias de falta. Ao entrar na sala, a professora já estava. Ele teve de imediato a permissão em entrar:
Eugenia:
--- Entre, por favor. Pode assumir seu assento. – disse a professora com voz branda.
O  garoto entrou meio desconfiado. Apenas deu o bom dia à professora e logo se sentou. A professora Maria Eugenia perguntou ao moço o que motivara a sua ausência nesses últimos dias. E o garoto, com vergonha em falar disse apenas estar com um tipo de cansaço.
--- Bronquite, professora! – disse Joel, tossindo levemente.
Os colegas de classe ficaram atentos para ouvi-lo mais vezes tossir, com certeza. A sua amiga e namorada Elizabete, estava a seu lado e perguntou-lhe:
--- Está melhor bem? – quis saber com muito afago a garota.
Joel:
--- Sim. – respondeu sem olhar para Elizabete. Apenas respondeu.
A professora:
--- Podemos começar a aula, meninos? – indagou a professora Maria Eugenia olhando para toda a classe da esquerda para a direta.
Ninguém respondeu. Era um silêncio único. Talvez ninguém quisesse mesmo assistir aula.
Professora:
--- Bem! Hoje: Prova! – discursou Maria Eugenia sem dó nem piedade.
Quase toda a classe se levantou alarmada. A pergunta era uma só:
Classe:
--- Prova professora? HOJE? – reclamava os insurgentes.
Professora:
--- De Geografia. Todos ponham seus livros aqui na frente. E não quero ouvir mais nem um pio! Entenderam todos?! – falou com severidade a professora a toda a classe.
O certo é que uns gostaram. A maior parte nem tanto. E todos arrumaram seus livros para por na frente da sala e deixarem de qualquer forma em uma arenga imprestável. Nesse momento, antes de começar a prova, o garoto perguntou a professora Maria Eugenia.
Joel:
--- Licença professora?! – perguntou o aluno Joel com suave timidez.
Professora:
--- É sobre a prova? – olhou atenta para o aluno a professora Maria Eugenia.
Joel.
--- Sim e não. Eu queria saber apenas sobre o que é Buraco Negro! – perguntou humildemente o escolar.
Professora:
--- Que? – com a cara azeda – Isso eu não respondo. E estamos conversados! – reclamou a professora ao rebater ao aluno com cara indiferente.
Joel:
--- Mas só um tiquinho! Ou isso está na prova? – perguntou novamente o aluno.
Professora:
--- Está na prova! – disse a professora nem olhando para o garoto
Joel:
--- Como está se nem estudamos o assunto? – reclamou Joel à resposta da professora.
Professora:
--- Mas está e vale nota! – respondeu com a cara trancada e bem seria a professora a olhar Joel em plenos olhos.
Joel:
--- Tá bom. Eu vou responder tudo que eu sei. E não é pouco. Lá vai mexa! – reclamou o garoto pela audácia da professora.
Professora:
--- Pissite! Calado! Todos fechem os livros! – reclamou a professora à classe inteira.
Joel:
--- Que livros?  Se eles foram postos todos na parede? – reclamou o estudante Joel.
E a professora irritadíssima:
--- E o que é que você sabe? O que é que você sabe? O que é que você sabe? Heim? – com certeza foi a pergunta da professora, com voz terrível a olhar séria para o aluno e a conservar as suas mãos para trás.
Joel:
--- Quer que eu diga? Quer que eu diga? Veja a minha prova! – falou sincero o aluno Joel.
Após alguns segundos:
A professora:
--- Ah meu Deus! Você me deixa louca seu burro jumento! – e então começou a lacrimejar a professora.
Foram passados alguns minutos, com a professora sentada na sua cadeira em frente ao birô de cabeça abaixada quando declarou.
Professora:
--- Não tem mais prova. Todos para o recreio! – declarou angustiada Maria Eugenia.
Quando quase todos já estavam fora da classe, a professora Maria Eugenia chamou Joel para lhe dizer que ele era um bom menino, porém não fizesse perguntas tão desairosas como fora feita a última do que era o buraco negro.
Professora:
--- Olha filhinho. Nem tudo a professora sabe, meu gentil menino. Eu tenho um imenso carinho por ti. Quando eu não sei uma resposta, me dá um frio na espinha. E você pergunta demais, meu amado filho. – respondeu Maria Eugenia a chorar de tristeza.
Joel:
--- Professora! Mas eu apenas perguntei o que era um buraco negro. Não precisava ficar tao brava comigo, pois eu sei a resposta. – falou brandamente o garoto.
Professora:
--- Eu sei que você sabe. Eu sei. Mas pelo amor de Deus não me faça uma pergunta que eu não sei dizer a resposta. Por favor, meu lindo e amado e todo coração. – respondeu Maria Eugenia abraçando o menino com fraternal afeto e delicado amor.
--- Desculpe professora. Desculpe. – pediu o mocinho a sua mestra  E então lhe disse.
--- O buraco negro é uma estrutura exótica com um campo gravitacional tão poderoso que nada escapa. – relatou o estudante a sua mestra com tanta ternura que o fez chorar.

sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

ACASO - 25 -

- Rooney Mara -
- 25 -
ASMA
No dia seguinte, já sem chuva torrencial como o dia anterior, aconteceu o imprevisto. Talvez por mudança da temperatura ou por consequência de um resfriado tardio, o moço Joel Calassa amanheceu com uma terrível tosse e um puxado horroroso de acordar a casa inteira. Seu pai já saíra logo cedo para o trabalho, na Estação de Radio onde apresentava um programa matuto todo santo dia. Ele, quando saiu de casa deixou o garoto à dormir apesar de ter ouvido Joel tossir constantemente ao longo da madrugada. Mesmo assim, entre o trabalho a fazer e a tosse do menino, Jaime Calassa não teve outra saída: o trabalho. Enquanto isso, pouco antes das seis horas, Joel já estava acordado mais pelo chiado no peito e pela respiração ofegante do que por outra coisa qualquer. A sua mãe, Isaura Calassa, já estivera por varias vezes no decorrer da madrugada junto à cama do garoto em que untava com vick vaporub o peito do menor e se culpando pelo mal tempo que fizera na madrugada, manha e quase toda do dia passado.
--- Que tosse! Foi àquela chuva de ontem! – reclamava por vezes dona Isaura.
Joel
--- Está fedendo. – reclamava o garoto Joel ao ver a sua mãe passar aquela pomada.
Isaura:
--- Fedendo que nada! Eu vou passar nos peitos e nas costas até você passar essa asma! Tirana! Um doenção! Minha Ave Maria! Chega! Mais prá cá! Assim! Não meta as mãos na água quente da torneira! Eu vou levar você para o enfermeiro! – diagnosticou a mãe Isaura naquela hora da manhã bem cerdo.
--- Aquele que dá injeção, mãe! –perguntava o garoto com voz sombria e a cara de choro a respirar com muito esforço.
Nesse momento, chegou à porta da sala dona Maria Rosa conhecida por Lita, com um ramo verde para curar o menino. Nem precisava chama-la, pois a velhinha sabia de todos os enfermos a precisar de cura. Mulher de 80 anos, ela sempre dizia:
--- Eu aprendi a reza com minha avó. Eu a ajudava muito a rezar nas capoeiras do sertão. Homens e mulheres. Crianças muitas. A gente saiu antes de o sol nascer e só voltava quando era hora do almoço. A minha avó pegava menino e curava antraz, tumor maligno, doença de criança. Ave Maria. Ave Maria. Ave Maria. Não se diz o nome quanto se está perto de criança para não pegar. – disse a anciã antes de curar o menino com galho de arruda fortemente aromática.
Quando a anciã ia rezar a criança, pedia que a mãe ficasse para trás da curandeira para não “pegar” a doença “braba”.  E Isaura Calassa obedeceu a ordem o ficou para trás da anciã.
Então começava a sessão de cura. Dona Lita com um traje simples e longo de cor escura começava a benzer Joel perguntando afinal o nome da criança.
Isaura:
--- Joel. – respondia a mulher com um dedo na boca a temer ter errado em algo.
Então, dona Lita começava a reza. Falava como um murmúrio para ninguém ouvisse o que a ancião rezava. Um rosário lhe cobria os peitos do pescoço até a cintura. A mulher não levava nada além do galho de arruda. Na reza principal ouvia-se muito bem a anciã dizer:
--- Ia Jesus e Jose pelo campo. Jesus andava. José se atrasava. Jesus dizia: “Anda José! Senhor (eu) não posso! Que tendes José? Dor de puxado, dor de pontada, ramo do tempo, constipação, ventrusidade, dor encasada e mais alguma por aqui encostada”! Joel, são e livre de puxado no peito, dor de pontada, ramo do tempo, constipação, ventrusidade, dor encasada.! – e nesse ponto a anciã rasava a murmurar algum oficio até terminar por três vezes em seguida. Quando terminava o galho de arruma já estava murcho. A anciã mostrava a dona Isaura como ficava o ramo da cura.
Lita:
--- Olha como ficou o ramo? – mostrava dona Lita à mulher mãe do menor e dizia então.
--- Olhado do brabo. – respondia enfim dona Lita, a anciã.
E saiu de dentro da casa e, no quintal, sacudia o ramo para longe e pelas costas a dizer:
--- Vai-te por mar sagrado mal amaldiçoado. - justificava a mulher anciã.
Quando dona Lita voltava Isaura Calassa perguntava:
--- Quanto custa, minha avó? – perguntava Isaura a velhinha.
Lita:
--- Nada não minha filha. É não perder minhas “forças”. Quando se reza não deve se pensar em dinheiro. Nada não. Nada não! – respondia a velha Lita, corcunda pela idade e sempre a dizer:
--- Minha neta não veio hoje. Está com mal de mulher. E não pode vir. – dizia a anciã a cuspir de banda.
Isaura:
--- Quer café minha avó? – perguntava Isaura Calassa.
Lita:
--- Um pouquinho para me livrar do mal do tempo. – respondia dona Lita com voz angustiada.
E depois passava no quarto para ver Joel e mandava o menino repousar, não pegar em água quente, não andar descalço e não tomar sol quente. O menino ouvia tudo o que a anciã dizia e fazia que sim. Depois de mais conversa, dona Lita saia de casa a dizer ter que ir a outra casa curar uma mulher de aborto.
Logo após as oito horas, dona Isaura Calassa saiu com Joel para ir até o enfermeiro Manoel Severino para consultar o seu filho de uma bronquite. Por lá já tinha uma porção de gente com e sem meninos. Era gente de perto e da distancia vindo ao enfermeiro para fazer uma injeção, ou um curativo e até mesmo para curar de cansaço. Depois de um bom pedaço de tempo, o enfermeiro ajeitou as agulhas no aquecedor e o menino olhou assustado:
Joel:
--- Vai dar injeção, mãe? – indagou a criança com um medo atroz.
Isaura:
--- Não se incomode. Ele sabe o que faz. – respondeu a mulher a tranquilizar o filho em uma sala reservada para essas consultas.
Joel:
--- Mas eu tenho medo de doer. – respondeu o garoto com voz chorosa.
O homem Manoel Severino veio devagar e baixou a calçado menor injetando-lhe a agulha para fazer a injeção. E disse:
Enfermeiro:
--- Menino caviloso! Pronto! Está bom agora! A senhora vá até a farmácia e compre esses comprimidos. Dê dois por dia a ele. E uma bomba para fazer fomentação prescrita. Já vem com a medicação prescrita. Não deixe de ir ao médico. Eu sou apenas um enfermeiro. – respondeu o homem com a cara séria.

ACASO - 24 -

- Fernanda Vasconcellos -
- 24 -
MUCURA
O garoto sorriu pelo temor da garota, a sua bem amada e alegre namorada. Contudo, o garoto não desistiu da ideia de pregar um susto na sua infante menina quanto mais adorada. E fez questão em lhe dizer ter no sanitário masculino uma espécie de deposito e quem entrasse alí estaria a chegar ao local onde estava o popular mucura. Nem assim a mocinha acedeu a tal mirabolante ideia do seu bem amado Joel Calassa. Ele então ficou calado e esperou algum tempo para armar a temível ratoeira no aparelho masculino, em um canto exato onde nenhum garoto procurava ir por ser tao bem afastado dos demais. E assim, procedeu. A arma estava pronta. Esperava-se tao somente detonar. E então começou a aula em seu segundo tempo. Isso depois do popular recreio escolar. A mocinha Elizabete Fogaça estava intranquila com o correr do tempo. Chega o instante terrível de se decidir. E decidiu. Elizabete pegou da licença, um bloco de madeira de dez centímetros de sete e pediu:
--- Licença, professora. Tenho necessidade apertada. – respondeu a garota já com a licença na mão e se apertando como que.
A professora:
--- Licença concedida. – respondeu a professora Maria Eugenia.
E a menina moça saiu da classe levando a licença na mão e pegou o corredor das meninas até dobrar da esquina de trás do prédio onde podia chegar ao sanitário masculino. E Elizabete foi a caminhar pé ante pé, com todo o cuidado, da mão um dedo na boca como quem pede silencio, a olhar com certo receio para trás e para frente até chegar ao sanitário dos rapazes. Quando Elizabete estava prestes a entrar no salão dos aparelhos, eis que saiu de dentro um meninote com as calças arreadas, e ele segurando para não cair ainda mais, a gritar de pavor e pânico, a gritar um berro estridente como quem viu uma alma a sair para o lado a frente da Escola.
--- Um monstro! Um monstro! Um monstro! É o lobisomem! É o Lobisomem!  É o lobisomem! – gritava aterrado com um pânico supremo o garoto a puxar as calças para cima apesar das vestes não se segurar a contento.
A mocinha nem teve tempo de olhar para dentou do salão dos sanitários. Amedrontada com o gesto de terror do seu colega, Elizabete desabalou em plena correria e a gritar também, um berrar de medo e de pânico, a sair pelo outro lado da Escola em mortal correria até entrar em sua sala de aula com o coração batendo como a querer sair pela boca. Ela passou pelo birô da professora e sacudiu para cima, de qualquer jeito, a licença de madeira. Em seguida se sentou amedrontada enquanto a professora Maria Eugenia, amedrontada com o espanto da garota foi logo a indagar com pressa:
--- Que foi menina? Que foi? – perguntava a professora Eugenia com olhos aboticados.
A garota quase não podia articular coisa com coisa, a tremer de medo ou pânico e os colegas da sala a perguntar:
--- Que houve? Que houve? Que houve? – perguntavam os alunos a uma só voz.
A mocinha muito nervosa, atordoada pelo pavor nada podia responder a tanta gente do mesmo modo. Um barulho veio de uma sala vizinha e a garotada falava a gritar com o pânico atordoado de um garoto a delirar. Eram gritos para todo o lado. E a professora Maria Eugenia a perguntar a sua escolar o que estava a acontecer:
--- Um monstro professora! Um monstro! Ele pega quem vai lá! Um monstro! Um lobisomem! Um lobisomem! Um monstro! – gritava a garota sem dó nem piedade.
A professora de olhos regalados perguntou a garota:
--- Monstro? Que monstro? Onde está a fera? – perguntou Maria Eugenia querendo saber dos pormenores sobre o atacante misterioso.
E a menina quase a cair de pavor apenas disse, após alguns minutos.
--- No banheiro professora! No banheiro! Um lobisomem! Um monstro! – respondia com pavor   a garota em situação alarmante.
A professora, aturdida pela zoada da sala vizinha, ainda teve tempo de chamar o pacato vigia do prédio.
--- Seu Josino! Seu Josino! Seu Josino! Chamava a mulher na correria da sala para a área de saída dos alunos.
E seu Josino já estava a chegar pelo alarme da outra classe vinha a de Eugenia. Ao chegar na porta da sala ainda perguntou:
--- O que está havendo aqui? – perguntou amedrontado seu Josino.
A classe toda:
--- Seu Josino! Um lobisomem! Um lobisomem! Um lobisomem! – gritavam os escolares da casse de Eugenia.
Do mesmo modo vinha o grito de terror dos estudantes da sala vizinha. E quando seu Josino ainda nem saíra da porta da sala de Eugenia, um bando de alunos alarmado, com a outra professora à frente procurava socorro do velho homem.
--- Um monstro! Um lobisomem! – gritavam os alunos da outra classe.
Diante de tanta balburdia e a diretora já a chegar também com um grupo de professoras e das merendeiras amedrontadas, seu Josino começou a perguntar sobre o tal lobisomem. E não entendo coisa alguma, ele foi verificar no sanitário das moças a presença de alguém. E por lá ele não viu nada de diferente do que se podia notar. Os garotos e as professoras, inclusive a diretora Maria da Penha, vinham pé sobre pé para acompanha o exame feito por seu Josino no sanitário feminino. Após poucos instantes  o homem saiu da privada dizendo:
--- Não vi nada de gente! – relatou o homem â diretora. Em seguida partiu para o banheiro dos meninos sob o alarde de todos e a companhia das professoras com temor de haver gente do outro lado o homem marchou capenga por uma perna.
Josino foi e não viu nada de anormal. Mas ao entrar em uma casinha onde um aparelho em desuso, foi que ele deu fé do algoz fantasma. Ao empurra a porta, semelhante rato caiu sobre si e ele teve tanto medo que se urinou todo.
--- Sai daí molestado! – espantava o bicho com as mãos em um desespero total.
Após alguns segundos, passado o susto, a garotada lá fora com as mãos da boca, e professoras igualmente a soltar um gritinho de temor, Josino mostrou o asqueroso guabiru feito de palha de aço a professora Maria da Penha, diretora da Escola, enquanto se ajeitava para ninguém perceber que o homem estava todo urinado.
--- Taí o lobisomem! Um rato de palha! – disse o homem e se ajeitar de qualquer jeito.
Com o susto passado, todo o pessoal voltou as suas salas. Os garotos comentavam a historia do rato entre uns e outros e a mocinha Elizabete foi a mais procurada por seus colegas de aula por ter visto também o ratão grandão que nem fazia medo. Ela desconversou e disse ter ele sido posto no seu bidé. E, com certeza, talvez tivesse pulado para o outro lado. A professora Maria Eugenia foi quem nunca acreditou na historia contada pela mocinha. E sempre duvidou das arteirices premeditada pelo seu outro aluno,  Joel Calassa e ainda lhe quis saber:
--- Que você acha Joel? – indagou a professora com os olhos querendo fechar.
E o garoto:
--- Era um ratão grandão. – disse sem sorrir o aluno Joel a deitar a sua cabeça na carteira sem olhar a cara da garota Elizabete.
Essa, por sua vez, olhava para Joel e franzia os olhos como quem dizia:
--- Eu te pego! – era o que pensava a mocinha.
Quando a sineta tocou todo o pessoal se levantou para sair da classe. Menos Joel. Esse ficou mais um tempo, pois a professora gostaria de conversar com o aluno. No entanto, com a hora avançada, Joel falou a sua mestra estar com vontade de urinar. Pois não saíra uma vez sequer da sua carteira. A professora, sem sorrir, ordenou ao moço  poder ir.
--- Mas volte! – falou grossa a professora Eugenia.
O mocinho saiu e no fim da escola Joel pulou o muro e saiu às escondidas pelo matagal alí existente, enveredou em busca do Mercado e desapareceu por fim. No outro dia estava chovendo e toda a rua alagada. O pessoal tirada a lama da casa, inclusive dona Isaura Calassa com a ajuda do seu único filho Joel. A torrencial chuva não parava um só instante. E os homens das casas próximas gritavam ao seu modo a retirar as aguas das casas mais baixas. Toda a manhã e larga parte da tarde choveu constante em toda a cidade. Os jornais do dia acompanharam desabamento de casebre e ampla área da urbe. Carros ficaram presos nos atoleiros formados em vasta área. Uma ponte ruiu e aglomerados bairros ficaram interditados de passar um carro de um lado para o outro.
--- É o fim do mundo! – gritou alguém ao desespero da sorte.

quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

ACASO - 23 -

- TIANA COSTA -
- 23 -
ENFIM
E os dois alunos saíram de mãos dadas rua a fora nem ouvindo as pilherias dos seus colegas de aula e de classe. A mocinha indagou por mais uma vez o significado da palavra dita pela mestra diretora para eles ao sair da modesta prisão de diretoria. O moço teve a coragem em dizer o sentido:
Joel:
--- Sublevado! – respondeu o garoto ao ser indagado por Elizabete.
Elizabete:
--- E o que esse nome? – indagou a mocinha por mais uma vez sem entender o seu significado.
Joel:
--- Insurreto! – respondeu o moço a sorrir.
E a menina quis largar à mão de Joel Calassa e esse fez força para poder ficar. Depois de muitos “unfos”  a menina se aquietou deixando ficar a sua mão unida a do moço. Com o passar das andadas Joel mostrou com severidade:
--- Tá vendo quem manda?! – disse mais o garoto ao apertar a mão da garota com fiel delicadeza e amparo.
A menina moça sorriu e os dois correram em uma pega não pega até chegarem à casa de Elizabete. Ao se despedir da mocinha, Joel lhe beijou a face delicadamente e se despediu com um até mais ver.
--- Até mais ver jumentinha. – disse Joel a sorrir para depois correr até a sua casa.
Elizabete:
--- Até mais meu Macarrãozinho! – respondeu a menina moça para o moço quase rapazinho de uma forma quem diz: “Eu te amo”. Muito embora não soubesse dizer tal frase.
Logo depois de poucos dias, os dois estavam agarrados na escola para espanto da professora Maria Eugenia. Ao ver a cena, a mestra perguntou:
--- Já foi feita a reconciliação? – e sorriu para ambos.
E Elizabete:
--- Coisa de quem quer! – sorriu a virgem menina ao responder a mestra.
A  mestra:
--- E você. Menino! Nada tem a dizer? – indagou sorrindo a Joel.
Joel:
--- Ela já disse. – e sorriu o mocinho acabrunhado com a frase de Elizabete.
A professora:
--- Então: Felizes para a eternidade? – perguntou a professora Eugenia.
Os dois sorriram e a classe toda aplaudiu com assobios e tudo. E na continuação da aula o garoto Joel Calassa fez uma indagação meia sem jeito à professora Eugenia cujo conteúdo deixou perplexa a senhora para responder com acerto:
Pergunta;
--- Licença professora! – pediu Joel a professora.
Resposta:
--- Pois não Joel. Qual a dúvida? – indagou a professora cheia de dúvidas.
Joel:
--- É o seguinte: o que significa ou o que é a gravidade? – indagou o garoto sem temor de errar.
A professora pesquisou em seu cérebro e chegou à conclusão:
--- Bem. Se você fala em força gravitacional, significa o resultado de um corpo de grande massa a alterar a curvatura do espaço-tempo. Por que a pergunta? – quis saber a mestra.
Joel:
--- Por nada. É que li sobre isso e não entendi nada. – reclamou o jovem aluno ao desprezo.
A professora sorriu por que de certo modo ela também nada entendia sobre a gravidade a não ser a questão da maçã caída do pé sobre a cabeça de Isaac Newton. E no mesmo instante ela foi mais além.
Professora:
--- Veja bem: a atração gravitacional da Terra confere peso aos objetos e faz com que caiam ao chão quando são soltos no ar. Entendeu agora? – perguntou a professora ao aluno.
Aluno:
--- Mais ou menos. Quer dizer que a Terra também se move em direção aos objetos? – indagou Joel a professora.
Eugenia:
--- Isso.  A gravitação é o motivo pelo qual a Terra, o Sol e outros corpos celestiais existem. E não me faça mais tais perguntas dessa natureza. Isso é assunto da Física. Você não me comprometa! – sorriu a mestra ao dizer tal fato ao aluno.
No recreio, a pergunta. A menina moça Elizabete ainda quis saber de Joel:
Elizabete:
--- O que é Física, amado Joel? – quis saber a menina moça.
Joel:
--- É a ciência que estuda a natureza e seus fenômenos em seus aspectos mais gerais minha amada e adorada jumentinha. – respondeu Joel a sua queria amiga Elizabete.
Elizabete:
--- Ô Joel! Você é tao macarrãozinho! – respondeu a mocinha querendo dizer: “você é tão inconsequente”! –
E com esse terno e amoroso afago os dois alunos foram logo comer bolo e beber o seu café com chocolate, nesse dia servido.
A tarde parecia nervosa prometendo chuva e temporais. Joel Calassa se lembrava de Elizabete Fogaça com um suspiro de anseio. Um dia eles estiveram em arengas e quase iam parar no mucura da escola. O mucura era a prisão da qual todos os alunos temiam de um dia embarcar para sempre. E assim, ele quis saber de seu pai o que significava mucura:
Joel:
--- Ô pai! O que é mucura? – perguntou do seu leito ao seu pai a estar desatento.
O pai:
--- Mucura? Rato! – respondeu da sala de visitas o homem a ler jornais e ouvir rádio em uma cadeira de estufo.
O garoto ficou a pensar naquele fato dele ser um rato. Teve medo e logo achou graça. Ele ser um rato? Era impossível. E por isso caiu em sorrisos. O caso lembrou novamente a sua amada Elizabete Fogaça. Ele pensou pregar uma peça na menina moça. Ele mandaria a namorada ao banheiro dos meninos, pois alí estava a tal mucura. Se ela fosse ao sanitário dos meninos, ele pegaria uma esponja de aço e faria dela um rato para apenas amedrontar a menina moça. E começou a rir como nunca. E foi isso o que fez. Certa vez perguntou à namorada se ela já vira a mucura da Escola.
Elizabete:
--- Não! Dizem ser muito feio! – falou a débil mocinha.
Joel:
--- É lá no sanitário dos meninos. Vai lá. – disse o mocinho com cara seria.
Elizabete:
--- Vou nada! Tenho medo! Depois tem gente lá dentro! – ressaltou a menina com temor.