sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

ACASO - 24 -

- Fernanda Vasconcellos -
- 24 -
MUCURA
O garoto sorriu pelo temor da garota, a sua bem amada e alegre namorada. Contudo, o garoto não desistiu da ideia de pregar um susto na sua infante menina quanto mais adorada. E fez questão em lhe dizer ter no sanitário masculino uma espécie de deposito e quem entrasse alí estaria a chegar ao local onde estava o popular mucura. Nem assim a mocinha acedeu a tal mirabolante ideia do seu bem amado Joel Calassa. Ele então ficou calado e esperou algum tempo para armar a temível ratoeira no aparelho masculino, em um canto exato onde nenhum garoto procurava ir por ser tao bem afastado dos demais. E assim, procedeu. A arma estava pronta. Esperava-se tao somente detonar. E então começou a aula em seu segundo tempo. Isso depois do popular recreio escolar. A mocinha Elizabete Fogaça estava intranquila com o correr do tempo. Chega o instante terrível de se decidir. E decidiu. Elizabete pegou da licença, um bloco de madeira de dez centímetros de sete e pediu:
--- Licença, professora. Tenho necessidade apertada. – respondeu a garota já com a licença na mão e se apertando como que.
A professora:
--- Licença concedida. – respondeu a professora Maria Eugenia.
E a menina moça saiu da classe levando a licença na mão e pegou o corredor das meninas até dobrar da esquina de trás do prédio onde podia chegar ao sanitário masculino. E Elizabete foi a caminhar pé ante pé, com todo o cuidado, da mão um dedo na boca como quem pede silencio, a olhar com certo receio para trás e para frente até chegar ao sanitário dos rapazes. Quando Elizabete estava prestes a entrar no salão dos aparelhos, eis que saiu de dentro um meninote com as calças arreadas, e ele segurando para não cair ainda mais, a gritar de pavor e pânico, a gritar um berro estridente como quem viu uma alma a sair para o lado a frente da Escola.
--- Um monstro! Um monstro! Um monstro! É o lobisomem! É o Lobisomem!  É o lobisomem! – gritava aterrado com um pânico supremo o garoto a puxar as calças para cima apesar das vestes não se segurar a contento.
A mocinha nem teve tempo de olhar para dentou do salão dos sanitários. Amedrontada com o gesto de terror do seu colega, Elizabete desabalou em plena correria e a gritar também, um berrar de medo e de pânico, a sair pelo outro lado da Escola em mortal correria até entrar em sua sala de aula com o coração batendo como a querer sair pela boca. Ela passou pelo birô da professora e sacudiu para cima, de qualquer jeito, a licença de madeira. Em seguida se sentou amedrontada enquanto a professora Maria Eugenia, amedrontada com o espanto da garota foi logo a indagar com pressa:
--- Que foi menina? Que foi? – perguntava a professora Eugenia com olhos aboticados.
A garota quase não podia articular coisa com coisa, a tremer de medo ou pânico e os colegas da sala a perguntar:
--- Que houve? Que houve? Que houve? – perguntavam os alunos a uma só voz.
A mocinha muito nervosa, atordoada pelo pavor nada podia responder a tanta gente do mesmo modo. Um barulho veio de uma sala vizinha e a garotada falava a gritar com o pânico atordoado de um garoto a delirar. Eram gritos para todo o lado. E a professora Maria Eugenia a perguntar a sua escolar o que estava a acontecer:
--- Um monstro professora! Um monstro! Ele pega quem vai lá! Um monstro! Um lobisomem! Um lobisomem! Um monstro! – gritava a garota sem dó nem piedade.
A professora de olhos regalados perguntou a garota:
--- Monstro? Que monstro? Onde está a fera? – perguntou Maria Eugenia querendo saber dos pormenores sobre o atacante misterioso.
E a menina quase a cair de pavor apenas disse, após alguns minutos.
--- No banheiro professora! No banheiro! Um lobisomem! Um monstro! – respondia com pavor   a garota em situação alarmante.
A professora, aturdida pela zoada da sala vizinha, ainda teve tempo de chamar o pacato vigia do prédio.
--- Seu Josino! Seu Josino! Seu Josino! Chamava a mulher na correria da sala para a área de saída dos alunos.
E seu Josino já estava a chegar pelo alarme da outra classe vinha a de Eugenia. Ao chegar na porta da sala ainda perguntou:
--- O que está havendo aqui? – perguntou amedrontado seu Josino.
A classe toda:
--- Seu Josino! Um lobisomem! Um lobisomem! Um lobisomem! – gritavam os escolares da casse de Eugenia.
Do mesmo modo vinha o grito de terror dos estudantes da sala vizinha. E quando seu Josino ainda nem saíra da porta da sala de Eugenia, um bando de alunos alarmado, com a outra professora à frente procurava socorro do velho homem.
--- Um monstro! Um lobisomem! – gritavam os alunos da outra classe.
Diante de tanta balburdia e a diretora já a chegar também com um grupo de professoras e das merendeiras amedrontadas, seu Josino começou a perguntar sobre o tal lobisomem. E não entendo coisa alguma, ele foi verificar no sanitário das moças a presença de alguém. E por lá ele não viu nada de diferente do que se podia notar. Os garotos e as professoras, inclusive a diretora Maria da Penha, vinham pé sobre pé para acompanha o exame feito por seu Josino no sanitário feminino. Após poucos instantes  o homem saiu da privada dizendo:
--- Não vi nada de gente! – relatou o homem â diretora. Em seguida partiu para o banheiro dos meninos sob o alarde de todos e a companhia das professoras com temor de haver gente do outro lado o homem marchou capenga por uma perna.
Josino foi e não viu nada de anormal. Mas ao entrar em uma casinha onde um aparelho em desuso, foi que ele deu fé do algoz fantasma. Ao empurra a porta, semelhante rato caiu sobre si e ele teve tanto medo que se urinou todo.
--- Sai daí molestado! – espantava o bicho com as mãos em um desespero total.
Após alguns segundos, passado o susto, a garotada lá fora com as mãos da boca, e professoras igualmente a soltar um gritinho de temor, Josino mostrou o asqueroso guabiru feito de palha de aço a professora Maria da Penha, diretora da Escola, enquanto se ajeitava para ninguém perceber que o homem estava todo urinado.
--- Taí o lobisomem! Um rato de palha! – disse o homem e se ajeitar de qualquer jeito.
Com o susto passado, todo o pessoal voltou as suas salas. Os garotos comentavam a historia do rato entre uns e outros e a mocinha Elizabete foi a mais procurada por seus colegas de aula por ter visto também o ratão grandão que nem fazia medo. Ela desconversou e disse ter ele sido posto no seu bidé. E, com certeza, talvez tivesse pulado para o outro lado. A professora Maria Eugenia foi quem nunca acreditou na historia contada pela mocinha. E sempre duvidou das arteirices premeditada pelo seu outro aluno,  Joel Calassa e ainda lhe quis saber:
--- Que você acha Joel? – indagou a professora com os olhos querendo fechar.
E o garoto:
--- Era um ratão grandão. – disse sem sorrir o aluno Joel a deitar a sua cabeça na carteira sem olhar a cara da garota Elizabete.
Essa, por sua vez, olhava para Joel e franzia os olhos como quem dizia:
--- Eu te pego! – era o que pensava a mocinha.
Quando a sineta tocou todo o pessoal se levantou para sair da classe. Menos Joel. Esse ficou mais um tempo, pois a professora gostaria de conversar com o aluno. No entanto, com a hora avançada, Joel falou a sua mestra estar com vontade de urinar. Pois não saíra uma vez sequer da sua carteira. A professora, sem sorrir, ordenou ao moço  poder ir.
--- Mas volte! – falou grossa a professora Eugenia.
O mocinho saiu e no fim da escola Joel pulou o muro e saiu às escondidas pelo matagal alí existente, enveredou em busca do Mercado e desapareceu por fim. No outro dia estava chovendo e toda a rua alagada. O pessoal tirada a lama da casa, inclusive dona Isaura Calassa com a ajuda do seu único filho Joel. A torrencial chuva não parava um só instante. E os homens das casas próximas gritavam ao seu modo a retirar as aguas das casas mais baixas. Toda a manhã e larga parte da tarde choveu constante em toda a cidade. Os jornais do dia acompanharam desabamento de casebre e ampla área da urbe. Carros ficaram presos nos atoleiros formados em vasta área. Uma ponte ruiu e aglomerados bairros ficaram interditados de passar um carro de um lado para o outro.
--- É o fim do mundo! – gritou alguém ao desespero da sorte.

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