- Vivien Leigh -
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BURACO NEGRO
De acordo com a Teoria Geral da Relatividade, um buraco negro é uma região do espaço da qual nada, nem mesmo objeto que se mova na velocidade da luz, pode escapar. Essa teoria é bem antiga, datada de 1783. E a professora Maria Eugenia nem lembrava ao certo mais de tantas coisas cuja matéria ensinava. Eugenia sabia sim. Mas a questão pertinente estava a fugir ao assunto. E se fosse explicar Eugenia ao menino levaria um bom tempo e a moça não teria tanta ocasião dessa forma. O garoto, abraçado a sua mestra, prestava atenção a sua memória. E pelo menos um buraco negro estava mesmo no centro da Via Láctea. Era natural a existência de outros buracos negros, pensava assim Joel. A professora Eugenia continuava a segurar o garoto como alguém que tem um filho amado. Delirante, a mulher, cingida, fazia um vai e vem com o menino a fazer ternura e doce afago.
Há certo tempo, a professora Maria Eugenia perguntou ao garoto se desejava estudar com mais afinco matérias de geografia de modo particular. Pois assim, um e outro aprenderiam mais e Eugenia poderia saber como o seu pupilo alcançaria a mente apropriada para saber de tanta coisa como nem a professora pensava. O menino então pensou e respondeu.
Joel:
--- Mas eu sei tudo o que a senhora pergunta. – revelou o garoto aconchegado ao colo da mestra.
A Mestra:
--- Tudo, não. Alguma coisa. – sorriu a professora ao garoto.
Joel:
--- É. Talvez. Tudo, não. Alguma coisa. – fez ver o garoto.
O homem do cavaco-chinês passava ao largo da escola e o garoto ouviu o tilintar do triangulo e de imediato pensou:
--- Cavaco-chinês. – sorriu o menino sem dizer a professora o que pensara.
Na rua, o rapaz do triangulo parou de tocar e atendeu aos clientes compradores, inclusive ao “magrão”. Esse apanhou um bom bocado e depois de pagar entro em seu casebre fechando a porta com as costas viradas para a rua. Disso o garoto não chegara a ver. Mas a mocinha Elizabete bem que viu e prestou atenção no “magrão”. Na verdade, o homem era magro mais parecendo uma caveira. A menina olhou bem para o rapaz e calou sem fazer coisa alguma. E prestou bem atenção ainda quando o “magrão” voltou e apanhou mais uns cavacos-chinês. A fome acelerou a barriga da ninfeta. Ela olhou para dentro do pátio, e as mulheres estavam pondo a mesa para servir a contento aos estudantes. Elizabete voltou para o terraço onde já encontrou o garoto Joel. E disse:
--- O magrão comprou cavaco. – falou Elizabete sem querer pedir para Joel comprar também.
O garoto fez com os ombros puxados para cima e para baixo:
Joel:
--- Eu! – como quem dizia – “Nem me importo”.
Elizabete:
--- Por que a professora suspendeu a prova? – indagou a mocinha a Joel.
Joel;
--- Não perguntei. – respondeu Joel de cabeça abaixada e mexendo os tijolos do assoalho com os pés.
Elizabete:
--- Você sabe. Porque não quer dizer! – falou a mocinha com a cara trombuda.
Joel:
--- Não perguntei. – disse Joel mais uma vez.
Elizabete:
--- Diga logo se não... – e resolveu parar.
Joel:
--- Se não o que sinhá burra? – perguntou o garoto já com bastante raiva
Elizabete:
--- Burra é a sua mãe. MACARRÃO! – respondeu a mocinha em cima da bucha.
Joel pensou duas vezes e acabou por sorrir.
A sineta tocou e era a hora do lanche. A professora Maria Eugenia arrumou os seus papeis de foi direto para a sala de Maria da Penha, diretora do Grupo Escolar. Chegando alí explicou a diretora que havia sustado a prova do dia por causa de assunto levantado por Joel.
Diretora:
--- Que assunto? – perguntou a diretora.
E Maria Eugenia se pôs a chorar com a cabeça abaixada no birô da diretora. Depois de algum tempo com carícia da diretora, ela respondeu.
---Um buraco? – respondeu a professora ainda a chorar.
Diretora:
--- Buraco? Que buraco? – indagou a diretora tomada de surpresa.
A professora Maria Eugenia chorava e sorria a um só tempo. E logo respondeu:
Eugenia:
--- Buraco negro! – e caiu no choro outra vez.
Depois de passar algum tempo a diretora declarou:
--- Ora minha filha. Todo mundo sabe que eles existem. Desde 1783. Ora. Ora. – acariciou a diretora a cabeça da sua amada amiga.
Eugenia:
--- Eu sei. Eu sei. Mas me deu um branco! – e voltou a chorar Maria Eugenia com a cabeça no birô.
A aula teve seu recomeço e a professora, de imediato, declarou a classe:
--- Bem. É o seguinte. Temos que fazer a prova. Mas, podemos fazer de uma forma diferente. Vocês, meninos, não respondam as perguntas. Apenas escrevam o que sabem sobre a matéria “Geografia”! Cada um deve escrever o que quiser. Está bom assim? – perguntou a professora aos alunos.
E começou o burburinho com alguém dizendo um palavrão. E a professora desceu de onde estava a sua mesa e foi direto para cima do garoto. E chegando lá foi logo a dizer:
--- Olhe! – com a régua em punho – Se você disser mais uma vez o que pensa, eu expulso você da classe! Ouviu seu mal-ouvido? - relatou a professora com altivez ao moço descabido.
E foi mais além.
--- Vá já pra frente! E escreva! ! “Eu nem sei nada de geografia!” Até preencher o caderno! Ora essa! E é prova mesmo! – fez ver com seriedade a professora Maria Eugenia completamente esbaforida.
O garoto foi pra frente da classe e pegou o seu caderno de linguagem preenchendo todo ele com a expressão dita pela a sua professora.
No fim de tudo, os alunos já começaram a sair e o garoto grande continuava a escrever: “Eu não sei nada de geografia”. A certo tempo, o garoto perguntou, quando a classe já estava sem ninguém.
--- Eu posso sair professora? – indagou o aluno a sua mestra.
A professora foi ver o caderno e ainda faltavam três páginas.
--- Complete o caderno! – falou Eugenia brutalmente.
Já eram doze horas da manhã quando o garoto terminou de fazer a sua tarefa. As merendeiras já haviam saído e o homem da sineta estava na frente da porta da sala de aula a espera que a moça desse a ordem para ele sair também.
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