- Liv Tyler -
- 20 -
NOVAS GALÁXIAS
No dia de aula, o garoto Joel estava em classe na companhia de sua amiga Elizabete e dos demais alunos do Grupo Escolar. Já era passado o tempo dos depoimentos de Joel perante a Bancada de Ensino da Secretaria de Educação. Era tudo normal no presente estado. Contudo, na aula de Geografia, Joel sempre causava surpresa a mestra Maria Eugenia, pois em um caso qualquer ele estava com uma das suas. É tanto que, naquele dia, o mocinho chegou com um assunto por demais novo e a professora Eugenia não sabia coisa alguma a respeito. Quando a professora anunciou:
--- Aula de Geografia. – falou a professora Eugenia.
E todos se viraram para Joel esperando duvidas apresentadas pelo moço. E foi o que deu. A aula seguia normal para todos até que:
Aluno Joel.
--- Da licença professora? – pediu licença Joel.
Diálogo:
--- É sobre o tema, senhor Joel? – respondeu a professora Eugenia.
E em seguida a professora Eugenia suspirou dizendo a si mesma:
--- Lá vem bronca. – foi o que a professora pensou.
Em seguida o aluno:
--- Professora. A senhora sabe me dizer se todas as galáxias são visíveis? – indagou o garoto bem serio e sem rodeios.
A professora:
--- Mas é claro! Por que a pergunta? – enfatizou a mestra já meio tonta.
O aluno.
--- Nada não! É que eu vi uma matéria sobre o assunto. A matéria falava de galáxias invisíveis. Só isso. – falou Joel e calou.
A mestra.
--- Como só isso? Qual revista você leu a matéria? – perguntou a professora a imaginar outra travessura de Joel.
Resposta:
--- Não sei. Foi uma revista que estava com um balaieiro. – falou o mocinho para se desculpar do incidente.
A mestra:
--- Ah foi. Quem era o homem das revistas? – indagou quase sem juízo a mestra.
O aluno:
--- Um que passa lá em casa duas vezes por mês. – respondeu Joel agora já cismado com tantas indagações da mestra.
A mestra:
--- Certo. É. Pode haver galáxias dessa natureza. Mas, como é essa galáxia? – indagou a professora querendo puxar o assunto mais a fundo.
Resposta:
--- É escura. Não reflete luz. Fica muito distante daqui. Ela é extremamente pequena e orbita um galáxia maior. – falou Joel com bastante convicção.
A professora Eugenia ficou de boca aberta para o garoto e olhou fixo para ele.
E pesquisou mais:
--- Onde fica a galáxia? – indagou sem mais juízo a professora Eugenia.
O aluno:
--- Distante. Muito distante. Sete bilhões de anos-luz de distancia. Eu nem penso em ir lá. É distante mesmo. – comentou o assunto o garoto Joel.
A mestra já estava suando por todos os poros e acabou por pensar:
--- Ir lá? Como ele pode ir a uma galáxia distante? Não! Eu estou delirando! Eu não penso mais na historia desse menino! Desisto! – complementou a mestra.
E o menino:
--- Ela bem longe. Mas há outra mais longe ainda. Essa mais distante está a dez bilhões de anos e distancia da Terra, - respondeu o garoto sem ser nem perguntado pela mestra.
Nem se sabe como, mas, de vez, a professora caiu sentada delirando na sua cadeira frente ao birô e baixou a cabeça como se estivesse a chorar. E o menino prosseguiu:
--- É verdade professora. As estrelas são muito fracas. Por isso não se pode avistar. – relatou a criança adulta.
E a professora levantou a cabeça do birô dizendo:
--- Chega menino! Chega! Você tem sonhos e vem discutir isso a escola? – falou com rispidez a professora Eugenia.
E a mestra pegou seus livros e cadernos de nota dizendo:
--- A aula terminou! Podem ir para o recreio! – falou a mestra com os olhas molhados de lágrimas. E dali, partiu para a sala da diretoria.
Quando entrou na sala da diretora Maria da Penha, a ilustre e magnânima professora Eugenia se desmanchava em lágrimas. A diretora Maria da Penha se inquietou e falou.
--- Mas o que está acontecendo? – perguntou a professora Maria da Penha diretora da Escola
E não teve meio de obter resposta, pois a mestra Eugenia se desmanchava em choro inquieto.
E o menino chegou devagar a sala da diretora e pediu licença para entrar. A professora deu licença. E o garoto acercou se de aria Eugenia a dizer.
--- Desculpe-me professora. Eu não pensava ser tão indelicado com a senhora. – falou o garoto se recostando ao ombro da sua mestra
A professora Maria Eugenia, como uma pequena e insegura escolar, apenas disse:
--- Filhinho! Não faça mais essas perguntas! Você nem sabe como dói em mim! Você não tem culpa alguma. Mas não me faça perguntas que eu não sei. – caiu em pranto Maria Eugenia abraçada ao seu pupilo.
E os dois ficaram alí abraçados com terna emoção. Os minutos se passavam como se fosse um tempo infinito onde não se ouvia ou mesmo pudesse se ver aquela imagem indolor do mais poro sentimento. Por entre a vidraça da janela ainda fechada via-se os filetes de pura luz amarelada. Era o sol da quente manhã a anunciar mais um tempo de impulsivo verão. Quem pudesse ver de longe, um homem magro saía da mercearia do outro lado a rua com algumas folhas de papel almaço de cores diversas. Ele caminhava do seu jeito, com uma parte maior do que a outra parecendo muito mais com uma ave de rapina para abocanha a sua presa. Mesmo assim, ninguém notou aquela figura estranha de um rapaz tão magro.
A sineta tocou a anunciar a hora do recreio. Eugenia ainda continuava a se agarra ao tenro corpo de garoto como a suplicar perdão por não saber de nada das estrelas escuras distantes demais da Terra. Ela ampara Joel como a mãe ampara o filho. Do seu canto, a diretora Maria da Penha apenas olhava o par ao aconchego sublime eterno na imensidão de um grande afago sem fim.
O menino:
--- Tocou a sineta. – disse por fim o garoto Joel Calassa.
E a mulher sequer ouviu o badalar da tal sineta. Apenas queria chorar ao agarrar o aluno parecendo um filho cujo tempo fora injusto em lhe oferecer.
Mas o garoto saiu e se foi para o recreio à procura das merendeiras onde teria o seu pão com leite. Bem perto estava a aluna Elizabete. E a mocinha, com um caderno a proteger o busto, disse apenas:
--- Leite quente! – falou a garota a queimar a boca.
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