- DURGA -
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A FUGA
No domingo, de manhã cedo, Aquiles Gafanhoto chegou a sua casa, mais ao sul da sede do município de Panelas, uma casa, para ele, bastante nobre até à frente da casa modesta onde ele morava por diversos anos em companhia de sua mulher Onilda. Ao entrar foi logo dizendo à esposa.
--- Vamos ajuntar os trapos que a situação não está boa. Vamos! Vamos! Vamos! – relatou avexado o homem dos tatus, agora, subtenente.
--- E o que foi aquilo que se deu na Serra? – perguntou a mulher Onilda ainda sem saber o que fazer.
--- Sei lá! Só sei que eles mataram quem estava morto. Vamos! Vamos! – chamou apressado o caçador de tatu enquanto pegava roupas para o seu uso.
--- Vamos pra onde? E eu tenho para onde ir? – indagou Onilda já com bastante raiva.
--- Tem. A gente arranja. Vamos embora. Aqui não dá mais. Olha como estou? Só fuligem das bombas! Parece até um retirante. – reclamou Gafanhoto do sujo pregado no corpo.
--- E tu não és retirante mesmo? Ora! Agora vem pra casa com toda ordem! – discutiu abusada a mulher.
O homem se levantou com a mochila e sorriu para a mulher lhe pedindo desculpas. Porém ele declarou ter informações de que os homens das estrelas estariam vindos a Terra nas próximas horas para levá-lo e à sua mulher além dos seus irmãos e outros entes queridos.
--- Tu achas que eu vou acreditar nessa besteira? – falou Onilda torcendo o rosto e caminhando para a nova cozinha da casa recém-adquirida por Gafanhoto.
--- Mulher! É a pura verdade. Eu falei com eles. – respondeu o homem caminhando até a cozinha atrás da sua cética mulher.
--- Vai pra lá. Vai pra lá. Eu estou com entojo hoje. – respondeu a mulher um tanto malcriada querendo dizer estar menstruada. Enquanto a mulher falava e levantava os braços.
E Gafanhoto estranhou tanto a mulher que ele não disse mais nada. E se voltou ao armário para procurar alguns documentos de suma importância para ele. Logo que os achou, pegou a mochila de pano e saiu apressado para avisar a seus outros irmãos a se juntar no parque da mangueira. Inclusive a irmã Acherópita a mais feia entre todos – homens e mulheres. Alguns apenas o observaram, mas Acherópita foi pouco mais esperta ao dizer:
--- Espera. Eu vou também com você. – falou Acherópita procurando arrumar as suas roupas e as de sua mãe, já bastante idosa. A mulher de Juvenal do Jumento era a Senhorinha Carmem.
Desse modo, com a sua mãe Senhorinha Carmem e a irmã Acherópita, o matuto rumou para o Parque da Mangueira bem próximo da Igreja matriz da cidade e por lá ficaram a esperar pela nave enquanto esquadrilhas de aviões voavam baixo sobre a Serra do Monte Sagrado despejando novas bombas no local e jatos de napalm cuidando para não haver mais um só sobrevivente. O bombardeio do sábado foi tão intenso que não escapou viva alma, inclusive os morcegos, víboras e os homens em forma de Serpente.
Mas a Base Aérea não tinha certeza de tudo que fora destroçado e continuava com a sua operação de guerra para evitar novos contratempos.
Durante a operação militar do sábado findo, com as aeronaves soltando bombas de napalm e sacudindo violentos torpedos sobre a Serra do Monte Sagrado, três naves estelares que estavam na estação de reparos da base espacial conseguiram furar o cerrado bloqueio aéreo e buscaram saídas de emergências alcançando o espaço em questão de segundos. Foi dessas aeronaves estelares que o homem forte do Colosso de Ouro pode assim saber e ver o compacto bombardeio a virar o dia inteiro e parte da noite do mesmo sábado. Em questão de segundos o assunto foi tratado da esfera de Altos Pensadores e se decidiu por uma ação urgente contra a Terra, salvando-se apenas as pessoas cujos pensadores escolhiam como “amigos”. Então, estavam Gafanhoto e seus parentes,; a esposa de Prana e seus parentes; os parentes de Prana e amigos por ele distintos além de demais pessoas em varias partes da Terra. Várias naves estelares foram qualificadas para essa ação, pois se sabia ser a Terra plenamente destroçada por um gás letal após ouvir a mensagem do Alto Pensador avisando da ação terrífica.
E foi assim que se deu a ação. Combinadas as forças de resgates dos amigos dos estelares para uma terra montanhosa, a mais elevada da Terra, nas cercanias ao norte da cordilheira do Himalaia, os escolhidos foram levado para o tal local a bordo das espaçonaves. Ao serem embarcados, os eleitos tiveram temor de não mais viver na Terra. Porém, cautelosamente, com bastante sapiência, os homens estelares disseram-lhes do milagre da Terra e que nenhum deles sofreria com isso. Todos satisfeitos nem pensavam o que estava a ocorrer nos seus locais de vida. Pois uma poderosa voz ecoou em vários idiomas advertindo aos governos das nações dos estragos sofridos pelos estelares, primeiros homens a habitar a Terra e nela frutificar os servos do vindouro. E foi assim que se deu em varias línguas transmitida pelo radio, tevês e por o próprio conhecer dos mais humildes seres.
--- Governantes da Terra. Cidadãos comuns! Somos homens estelares. Vós não nos conheceis. Porém nós os conhecemos. Fomos nós o fruto dos vossos seres então passados. Nós estamos decepcionados por vossas causas. Destruístes-vos as nossas nações. Destruístes-vos os Sumérios e os seus descendentes. Destruístes-vos os povos Incas, Maias, Astecas, Egípcios e até mesmo das mais longínquas terras de Páscoa. Agora vinde vós a destruir o mais sagrados dos nossos servos tao adorados e queridos. Pois isso é o final dos tempos. Como aprendestes a chamar: o Armagedon. Na verdade é “Har Meggido” ou a Colina do Megido. Essa é a batalha dos seres estelares contra a vossa casa. Não busqueis saídas para o futuro. Pois não há saída. A casta já foi consagrada para viver futuros tempos. Vós, não. Vós pagareis na igual moeda. Deste momento em diante nenhuma nave subirá da Terra; nem carros traçaram viagens; nem navios e trens trafegarão para lugar algum. Vós tendes tudo destroçados. A nuvem virá do oriente para o ocidente; do norte para o sul para aplacar a ira das estrelas. Olhai vós, pois a nuvem em forma de um clarão percorre toda a Terra e vós não tendes tempo para mais nada. Quando acabares de ouvir essa epístola é chegado o tempo final. – concluiu a voz do Alto Pensador.
E um clarão se fez presente de norte a sul, de leste a oeste e todos os habitantes da Terra tiveram morte instantânea e nada sentiram então. Todas as religiões da Terra foram expiradas. Apenas os escolhidos sobraram para viver na terra de Tattva, em um lugar remoto no cume do Himalaia. Alí, homens como Prana e a sua filha Navratri viveram mil anos e tiveram filhos e filhas para então fazer crescer a nova civilização de governo da Terra. A cada instante, homens das estrelas visitavam a terra do Himalaia e, em certa ocasião, um Alto Pensador chamou Prana, já bastante idos, para lhe entregar o marco:
--- Esse é o marco que a vós ofereço. De agora em diante, podeis vós habitar outras terras, pois o mal já foi terminado. Este marco tem o poder que tudo verá. Vós pondes em cima do Oraculo onde os concidadãos fazem reuniões para refletir sobre o universo. É um brasão feito de ouro e pérolas. Quando vós entenderes melhor, nós vos explicaremos a razão desse padrão de ouro. Vós sois abençoados pelos homens estelares, como aos teus que estão a ver tal símbolo guaraçapé. Não vos terrais nele um deus, pois o universo, por bem, é constituído a bilhões de anos. Ele não teve começo e nem terá final. O Universo é apenas o ser Universo, e nada mais. – concluiu o Alto Pensador.
E assim, chegou ao seu final o que relatou o homem estelar. O crepúsculo estava a nascer pela manhã quando o ser estelar partiu para o infindo.
FIM
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