- Scarlett Johansson -
- 07 -
O REPOUSO
Porém não
havia sangramento por questão de vasos. Houve sim; a ruptura uterina por
consequência das contrações fortes e contínuas num trabalho de parto. De um
modo ou de outro, Otília foi conduzia em um carro de Meu Veio motorista e
mecânico. O homem ajudou a levar a jovem moça para o hospital onde teria
maiores cuidados por parte de ginecologistas e obstetras a fazer plantão
naquele pronto-socorro do Estado. Nada demorou tanto assim. De imediato a
enfermagem colocou os tubos de medicamentos, soros e foi verificar o tipo de
sague de Otília para poder injetar na veia da paciente. Desacordada ou nada
sabendo, Otília se deixou fazer tais operações de imediato. A chuva era forte por demais no hospital. O
sistema de iluminação era próprio, pois não havia a energia normal em falta na
capital. O Hospital era um mundo à frente de toda a Cidade. Os cuidados com os
pacientes novem ou não eram mais do que se podia cuidar em uma casa ou um
quarto de pensão. As atendentes passavam vexadas e sem reclamar ou se perceber
ter alguma coisa em falta. Eram mulheres plenamente capacitadas para atender a
um idoso ou a um recém-nascido. Tudo feito no maior cuidado com presteza e
carinho. De nada se ouvia alguém falar da falta do medicamento. Os médicos
estavam sempre a pronto para dar a vida a um indigente ou a um paciente de
melhor condição no atender. De um lado estava à moça Otília, totalmente
indigente. E foi do mesmo modo no atender. Levou-se para a sala de pronto
socorro onde se submeteu Otília a laparoscopia onde os profissionais da saúde
podiam corrigir tudo o de errado cometido. Para os homens e mulheres da ciência
de nada importava o chicotear dos trovões a todo instante.
Enfermeira:
--- Que
venha o Céu! – dizia alguém na sala de cirurgia.
A
mecânica funcionou e ao cabo de uma ou duas horas a pacientes estava pronta de
novo para a vida. Ainda sedada, Otília nada se mexia. Gonzaga permaneceu no
hospital até o ponto de saber ter a moça sido posta em um quarto do hospital. O
homem se refez e ainda assim, quando saiu para casa, um trovão deveras assustador
se rompeu de repente bem acima do mar. O relâmpago clareou toda a colina.
No dia
seguinte, com a iluminação da sua casa plenamente refeita, dona Marina cuidava
dos pratos a servir a quem viesse. Isabel foi mais uma vez a única a trabalhar
com toda pressa a buscar e a levar pratos de uns e de outros consumidores da
manhã. O tempo havia clareado pela manhã logo cedo nem parecendo ter chovido a
píncaros durante a noite e madrugada. Nas oficinas próximas os operários já
estavam no serviço como se nada tivesse ocorrido. No bar, seu Arnaldo estava a
limpar todo o local com a ajuda de sua mulher, dona Iracema. Os funcionários da
Companhia de Águas estavam a chegar logo cedo do dia onde executavam as suas
obrigações. No setor havia quem dissesse:
Operários:
--- Que
chuva aquela! – dizia um operário a trabalhar.
--- Nem
me diga! Onde eu moro estava tudo empoleirado. – fez vez outro companheiro.
Na pensão
seguia a rotina diária. Café, pão, cuscuz, mungunzá, pé-de-moleque e outros
pratos para quem desejava comer do melhor. Por esse tempo, surgiu ainda
alquebrado pela noite de sono o senhor Gonzaga para comer sua leve refeição.
Isabel então perguntou ao homem com um gesto na cabeça:
Isabel:
---
Então? – indagou Isabel com respeito a Otília.
Gonzaga:
--- Passa
bem. Pelo menos, passava ontem a noite. – fez ver Gonzaga um pouco cansado.
Isabel:
--- Vai
ficar! Vai ficar! Tudo Deus pode! Se
Deus quiser! – comentou a moça a toda pressa
Dona
Marina vinha saindo e ainda perguntou ao homem com a cara assustada:
Marina:
--- Morreu?
– indagou a mulher.
Gonzaga:
--- Não.
A moça está bem! – disse o homem procurando um local para se sentar.
Marina:
--- Ô!
Pensei de o senhor dizer ter ela morrido! – falou a mulher com sua voz
arrastada.
Gonzaga
nada mais respondeu. E o seu costume de fazer cócegas nas outras pessoas sequer
pensou em inventar. Era o seu costume fazer um clic e depois remendar com graça
o que ouvira do companheiro. Se um colega dizia: “Brincadeira!” em tom de
reprovação Gonzaga apenas respondia: “Qual é a ‘eira’?” - e sorria a vontade. Costumeiramente Gonzaga
tomava café todas as manhãs com tudo o que se servia. Contudo, naquele dia
resolveu não querer coisa alguma. Por insistência de Isabel ele aceitou uma
pequena xicara com café e nada mais.
À tarde
Gonzaga foi a vista das três horas da tarde ver o moça como estava. Ele levou
maçãs e uvas para Otília. Com o tempo estio, Gonzaga adentrou no aposento da
moça e lhe fez presente as frutas adquiridas. Otília agradeceu e então sorriu.
Lagrimas rolaram pela face da mulher ao ver ter somente Gonzaga como seu
visitante. Mesmo assim, o homem declarou ter Isabel a intenção de vista-la
também. A moça então mais que chorou. Gonzaga, respeitando o local de silencio
ainda perguntou:
Gonzaga:
--- O
médico o que disse? – indagou sussurrado.
Otília:
--- Nada!
– respondeu a moça.
Entre
camas e outras, visitas afins, uma enfermeira se aproximou do homem a
perguntar.
Enfermeira:
--- O
senhor é o pai? – indagou quase sem falar a enfermeira.
Gonzaga:
---
Amigo. Eu trouxe a moça para ser atendida. – respondeu o homem.
Enfermeira:
--- Ela
está bem. Deve ter alta em breve. – replicou a enfermeira.
Gonzaga:
--- Assim
é melhor. Se assim a senhora acha. – disse o homem a contragosto.
A
enfermeira tomou o pulso e a pressão de Otília e nada falou. Apenas se dirigiu
a outra cama onda estava mais paciente. Otília estremeceu um pouco e isso
deixou preocupado o homem. Nesse momento ele perguntou se estava a sentir algum
incomodo. E a moça respondeu:
Otília:
---
Náuseas! - foi o que respondeu.
Gonzaga:
--- É bom
dizer a enfermeira. – disse o homem quase a soletrar.
A
enfermeira estava a passar quando Gonzaga a chamou com o seu tradicional
“psite”. Então a enfermeira se voltou e ouviu Gonzaga. O homem declarou ter a
moça um estremecimento naquele momento. A enfermeira declarou ter Otília de
sentir alguns calafrios. Porém não era nada de mais.
Enfermeira:
--- Isso
é normal. Passa com os dias. Dois dias. – relatou a enfermeira a sair depressa
o salão dos enfermos.
Gonzaga
se voltou para Otília e declarou está tudo normal. A moça ainda a lacrimejar
indagou a Gonzaga afinal o que faria ao sair do hospital.
Gonzaga:
--- Vai
para a sua casa. – disse com calma o homem.
Otília:
--- Mas
eu não tenho casa. Para a pensão a mulher não vai me querer. E eu não sei para
onde ir. O senhor tem quarto em sua casa? – perguntou a moça um tanto aflita.
O REPOUSO
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