- Jennifer Aniston -
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O ATAQUE
Fazia sol na manhã daquele dia. O
vento morno soprava do alto da montanha uivando feito lobo sagaz. Não se podia
ver viva alma por toda a redondeza daquele inóspito sertão. Apenas galhos
retorcidos pelo encontra da ventania a ladrar como um cão. O gado no pasto
temia ir mais distante, pois no agreste sertão faltava a ração própria dos
animais. Um grito furtivo ecoou de longe do monte. Eram hienas a desejar devorar
animal já quase morto. Xique-Xique e palmas eram os únicos recursos do
alimentar. Riachos e açudes viraram poeira. Não havia pasto e o capim virou
palha. Sem água e comida o gado agonizava. Na terra onde estava alojado o
prefeito de Alcântara o homem sertanejo não tinha como plantar e apenas chorava
de tormento ao ver o gado morrer. O giral era a forma de segurar o pouco gado
de pé. Estacas de madeira, cordas e um saco. Era o recurso do homem do campo
para manter o gado. O chão era quente e
os animais não tinham como reagir. No caminho se via muito bem as carcaças dos
animais, algumas já bastante secas. Era a sina do sertão. De momento se ouviu
uma contra senha.
Alguém:
--- Deus seja louvado! – gritou
um homem
Alvino:
---É de paz! – gritou Alvino.
Alguém:
--- Pois de paz seja. – falou o
homem a segurar o trinco da porta com a carabina na mão.
Alvino apareceu junto à porta e
em um ímpeto de desespero entrou e desarmou o prefeito Jorge Nepomuceno. Com
Alvino entraram mais cinco jagunços, todos bem armados, a render os demais,
todos eles jagunços, inexperientes, certamente. Foi uma confusão e tanto, com
jagunços investindo desesperados contra os homens do prefeito, pondo todos no
chão, atando em cordas as mãos e os pés. Chutes para todo o lado contra os
aprisionados, E a tapera estava cheia de gritos como:
Jagunços:
--- Chega prá lá! Chega prá lá!
Quer morrer! Quer morrer? – gritavam os jagunços de Alvino em desespero.
Outros J:
--- Socorro prefeito! Socorro! –
gritavam os rendidos jagunços;
Alvino e o Prefeito já estavam
fora da tapera e por ordem de Alvino. O prefeito foi posto em cima de um lombo
de um cavalo com a boca amordaçada, mãos atadas, pés por baixo da barriga do
cavalo também atados. Tudo isso feito em questão de segundos. O alvoroço da
tapera terminou com tiros a queima roupa dos invasores contras os prisioneiros
amordaçados e rendidos. Em seguida o bando saiu em cavalgada alucinante a levar
o prefeito Nepomuceno que suava como um louco. A certa distancia Alvino se
encontrou com bandoleiro Júlio Vento e seguiram em desespero pela campina onde
apenas se avistava gado morto torrado pelo sol da caatinga do sertão. Sobre
montes e pedras o grupo seguia alucinado tomando distancia de onde saiu. O sol
era quente por demais. Não se via um carcara em toda a região. Os riachos
estavam secos e as barragens também. Era a seca no sertão bruto. As chuvas
ocorreram bem abaixo da média de anos anteriores. Diante da escassez de água na
região nordestina nem pássaros resistentes à seca conseguiram sobreviver
escapando para outras regiões.
Um tiro. Um corpo caído. O
prefeito Nepomuceno foi atingido no peito. Os jagunços conseguiram escapar
entre morros da sanha assassina do atirador. O bandido estava à espreita no
alto de uma colina a espera do prefeito Jorge Nepomuceno. Fez disparo certeiro
com seu rifle. A agonia tomou conta de todos. Era um clamor só. Nesse instante Júlio
Vento caçou marcha em desespero a cata do pistoleiro. Esse atirou para matar e
se destinou a cavalo com toda a carreira a fugir dos acompanhantes do prefeito.
Júlio Vento não parou e quando subiu s colina divisou o bandido em louca
disparada. Ele calculou a distancia, pegou do seu rifle e apontou no alvo. Foi
tiro certeiro. O pistoleiro caiu com um grito e seu cavalo disparou sertão a
fora. Alvino e mais capanga chegaram à colina. Alvino divisou abatido o corpo
do pistoleiro. Ele, Júlio Vento e mais dois capangas foram até o local onde o
homem caíra morto.
Júlio vento chutou o facínora
para se certificar da façanha:
Alvino:
--- Morto! Louvado seja Deus! –
declarou Alvino.
Outros:
--- Para sempre seja louvado! –
disseram os demais tirando o chapéu de vaqueiro da cabeça e a postar no peito.
De volta ao local de onde saiu
Alvino indagou como estava o ferimento de bala detonada no prefeito Nepomuceno.
O homem sangrava constante e Alvino protegeu o ferimento com emplastro de ervas
com meio de estancar a sangria. O preito gemia de dor e querendo se soltar para
melhor ter condições de proteger o seu ferimento, Diante da negativa de Alvino
o homem se desesperou como pode a querer saber como um ferido não podia se
tratar.
Alvino:
--- Fique quieto! – respondeu
zangado o seu captor.
Júlio:
--- Eu concordo em deixa-lo como
está. Esse homem é arteiro! – prosseguiu Júlio.
E os tropeiros cavalgaram mais
três dias e três noite para onde deviam chegar. Exaustos e famintos, com muita
sede até, os pistoleiros, sob o comando de Jeronimo Alvino divisaram a fazenda
ás primeiras horas da manhã. Eram exatos quinze dias quando começou a caçada e
veio há terminar tantos dias após. O prefeito já não sangrava mais e o
ferimento tendia a curar de vez. O pistoleiro Júlio Medalha abriu caminho pelo
portão principal cumprimentado os demais jagunços e dizer ter alguém para
entregar ao Coronel Godinho.
Júlio:
--- Presente para o coronel! E se
possível deixe entrar os companheiros de viagem. – falou de modo amigável o
pistoleiro.
Os jagunços da fazenda
concordaram e abrirão o portão. A caminhada chegava ao fim. Na frente do
casarão estava Renovato Alvarenga, a moça Emília e a filha do coronel,
senhorita Ludmila. Tão logo o bandoleiro apeou veio gente de toda parte do
lugar para ver de perto o prefeito da cidade de Alcântara. E era um comentário
só:
Mulheres:
--- Como ele definhou! Ave Maria!
Está um cisco! – relatavam as mulheres dos vaqueiros
Elas colocaram a mão na boca ao
falarem assim. Os bandoleiros e jagunços retiraram o prefeito de cima da sela
do cavalo e o levaram para dentro da casa. A filha do coronel, senhorita
Ludmila foi bem prestativa e puxou cadeira para o prefeito.
Ludmila:
--- Pois se abanque! Pode se
abarcar! – recomendou Ludmila ao prefeito.
Esse, como bastante dificuldade
pediu água.
Nepomuceno:
--- Eu quero água! Agua! Faz tempo
que não engulo uma gota d’água! – relatou o prefeito a se arrastar com a
conversa.
Emília foi buscar água e Júlio
foi buscar o coiteiro Manoel Quelé. Instantes depois estavam à frente pai e
filho (de criação) abraçados e chorando. Há tempos que os dois não se avistavam
de perto ou de longe. Foi um abraço duradouro e Jerônimo Alvino, pistoleiro de
quatro costados não para de chorar. E muitos dos presentes à sala grande também
choraram.
Depois de se fazer refeição os
jagunços e pistoleiros saiam pelo campo a admirar a natureza. O prefeito
Nepomuceno teve de tomar um banho quebrado a frieza, por conta do seu ferimento
à bala de gente em tocaia, alguém por todos desconhecido. O mande ninguém sabe
quem foi, muito embora Nepomuceno em seu passado conturbado tiver deixado uma
esteira de rixas. Alguém poderia estar de espreita do homem para então mata-lo.
O Coronel Godinho chegou da
capital no final de semana e encontrou Nepomuceno um outro homem. Barba feita,
tomado banho, roupa nova e o ferimento à bala quase cicatrizado de vez, pois
ferimento tinha apenas uma proteção de gaze e nada mais. Se for para um
encontro de cordialidade, isso não se aventava. O coronel estava bastante
alterado pela cisma do pistoleiro Teodoro está com um levantamento de suas
andanças pela capital e sitio. E as anotações e prestação de contas do prefeito
de Alcântara. Enfim, tudo estava bem claro a terminar com a fuga de Jorge
Nepomuceno.
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