quarta-feira, 2 de maio de 2012

OS QUATRO CAVALEIROS - 37 -

- Jennifer Aniston -
- 37 -
O ATAQUE


Fazia sol na manhã daquele dia. O vento morno soprava do alto da montanha uivando feito lobo sagaz. Não se podia ver viva alma por toda a redondeza daquele inóspito sertão. Apenas galhos retorcidos pelo encontra da ventania a ladrar como um cão. O gado no pasto temia ir mais distante, pois no agreste sertão faltava a ração própria dos animais. Um grito furtivo ecoou de longe do monte. Eram hienas a desejar devorar animal já quase morto. Xique-Xique e palmas eram os únicos recursos do alimentar. Riachos e açudes viraram poeira. Não havia pasto e o capim virou palha. Sem água e comida o gado agonizava. Na terra onde estava alojado o prefeito de Alcântara o homem sertanejo não tinha como plantar e apenas chorava de tormento ao ver o gado morrer. O giral era a forma de segurar o pouco gado de pé. Estacas de madeira, cordas e um saco. Era o recurso do homem do campo para manter o gado.  O chão era quente e os animais não tinham como reagir. No caminho se via muito bem as carcaças dos animais, algumas já bastante secas. Era a sina do sertão. De momento se ouviu uma contra senha.

Alguém:

--- Deus seja louvado! – gritou um homem

Alvino:

---É de paz! – gritou Alvino.

Alguém:

--- Pois de paz seja. – falou o homem a segurar o trinco da porta com a carabina na mão.

Alvino apareceu junto à porta e em um ímpeto de desespero entrou e desarmou o prefeito Jorge Nepomuceno. Com Alvino entraram mais cinco jagunços, todos bem armados, a render os demais, todos eles jagunços, inexperientes, certamente. Foi uma confusão e tanto, com jagunços investindo desesperados contra os homens do prefeito, pondo todos no chão, atando em cordas as mãos e os pés. Chutes para todo o lado contra os aprisionados, E a tapera estava cheia de gritos como:

Jagunços:

--- Chega prá lá! Chega prá lá! Quer morrer! Quer morrer? – gritavam os jagunços de Alvino em desespero.

Outros J:

--- Socorro prefeito! Socorro! – gritavam os rendidos jagunços;

Alvino e o Prefeito já estavam fora da tapera e por ordem de Alvino. O prefeito foi posto em cima de um lombo de um cavalo com a boca amordaçada, mãos atadas, pés por baixo da barriga do cavalo também atados. Tudo isso feito em questão de segundos. O alvoroço da tapera terminou com tiros a queima roupa dos invasores contras os prisioneiros amordaçados e rendidos. Em seguida o bando saiu em cavalgada alucinante a levar o prefeito Nepomuceno que suava como um louco. A certa distancia Alvino se encontrou com bandoleiro Júlio Vento e seguiram em desespero pela campina onde apenas se avistava gado morto torrado pelo sol da caatinga do sertão. Sobre montes e pedras o grupo seguia alucinado tomando distancia de onde saiu. O sol era quente por demais. Não se via um carcara em toda a região. Os riachos estavam secos e as barragens também. Era a seca no sertão bruto. As chuvas ocorreram bem abaixo da média de anos anteriores. Diante da escassez de água na região nordestina nem pássaros resistentes à seca conseguiram sobreviver escapando para outras regiões.

Um tiro. Um corpo caído. O prefeito Nepomuceno foi atingido no peito. Os jagunços conseguiram escapar entre morros da sanha assassina do atirador. O bandido estava à espreita no alto de uma colina a espera do prefeito Jorge Nepomuceno. Fez disparo certeiro com seu rifle. A agonia tomou conta de todos. Era um clamor só. Nesse instante Júlio Vento caçou marcha em desespero a cata do pistoleiro. Esse atirou para matar e se destinou a cavalo com toda a carreira a fugir dos acompanhantes do prefeito. Júlio Vento não parou e quando subiu s colina divisou o bandido em louca disparada. Ele calculou a distancia, pegou do seu rifle e apontou no alvo. Foi tiro certeiro. O pistoleiro caiu com um grito e seu cavalo disparou sertão a fora. Alvino e mais capanga chegaram à colina. Alvino divisou abatido o corpo do pistoleiro. Ele, Júlio Vento e mais dois capangas foram até o local onde o homem caíra morto.

Júlio vento chutou o facínora para se certificar da façanha:

Alvino:

--- Morto! Louvado seja Deus! – declarou Alvino.

Outros:

--- Para sempre seja louvado! – disseram os demais tirando o chapéu de vaqueiro da cabeça e a postar no peito.

De volta ao local de onde saiu Alvino indagou como estava o ferimento de bala detonada no prefeito Nepomuceno. O homem sangrava constante e Alvino protegeu o ferimento com emplastro de ervas com meio de estancar a sangria. O preito gemia de dor e querendo se soltar para melhor ter condições de proteger o seu ferimento, Diante da negativa de Alvino o homem se desesperou como pode a querer saber como um ferido não podia se tratar.

Alvino:

--- Fique quieto! – respondeu zangado o seu captor.

Júlio:

--- Eu concordo em deixa-lo como está. Esse homem é arteiro! – prosseguiu Júlio.

E os tropeiros cavalgaram mais três dias e três noite para onde deviam chegar. Exaustos e famintos, com muita sede até, os pistoleiros, sob o comando de Jeronimo Alvino divisaram a fazenda ás primeiras horas da manhã. Eram exatos quinze dias quando começou a caçada e veio há terminar tantos dias após. O prefeito já não sangrava mais e o ferimento tendia a curar de vez. O pistoleiro Júlio Medalha abriu caminho pelo portão principal cumprimentado os demais jagunços e dizer ter alguém para entregar ao Coronel Godinho.

Júlio:

--- Presente para o coronel! E se possível deixe entrar os companheiros de viagem. – falou de modo amigável o pistoleiro.

Os jagunços da fazenda concordaram e abrirão o portão. A caminhada chegava ao fim. Na frente do casarão estava Renovato Alvarenga, a moça Emília e a filha do coronel, senhorita Ludmila. Tão logo o bandoleiro apeou veio gente de toda parte do lugar para ver de perto o prefeito da cidade de Alcântara. E era um comentário só:

Mulheres:

--- Como ele definhou! Ave Maria! Está um cisco! – relatavam as mulheres dos vaqueiros

Elas colocaram a mão na boca ao falarem assim. Os bandoleiros e jagunços retiraram o prefeito de cima da sela do cavalo e o levaram para dentro da casa. A filha do coronel, senhorita Ludmila foi bem prestativa e puxou cadeira para o prefeito.

Ludmila:

--- Pois se abanque! Pode se abarcar! – recomendou Ludmila ao prefeito.

Esse, como bastante dificuldade pediu água.

Nepomuceno:

--- Eu quero água! Agua! Faz tempo que não engulo uma gota d’água! – relatou o prefeito a se arrastar com a conversa.

Emília foi buscar água e Júlio foi buscar o coiteiro Manoel Quelé. Instantes depois estavam à frente pai e filho (de criação) abraçados e chorando. Há tempos que os dois não se avistavam de perto ou de longe. Foi um abraço duradouro e Jerônimo Alvino, pistoleiro de quatro costados não para de chorar. E muitos dos presentes à sala grande também choraram.

Depois de se fazer refeição os jagunços e pistoleiros saiam pelo campo a admirar a natureza. O prefeito Nepomuceno teve de tomar um banho quebrado a frieza, por conta do seu ferimento à bala de gente em tocaia, alguém por todos desconhecido. O mande ninguém sabe quem foi, muito embora Nepomuceno em seu passado conturbado tiver deixado uma esteira de rixas. Alguém poderia estar de espreita do homem para então mata-lo.

O Coronel Godinho chegou da capital no final de semana e encontrou Nepomuceno um outro homem. Barba feita, tomado banho, roupa nova e o ferimento à bala quase cicatrizado de vez, pois ferimento tinha apenas uma proteção de gaze e nada mais. Se for para um encontro de cordialidade, isso não se aventava. O coronel estava bastante alterado pela cisma do pistoleiro Teodoro está com um levantamento de suas andanças pela capital e sitio. E as anotações e prestação de contas do prefeito de Alcântara. Enfim, tudo estava bem claro a terminar com a fuga de Jorge Nepomuceno.

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