terça-feira, 1 de maio de 2012

OS QUATRO CAVALEIROS - 36 -

- Grace Kally -
- 36 -
ENCONTRO
Ao tentar sair da espelunca a qual se chamava de bodega, Júlio Vento sentiu a aproximação por trás de um alguém. O arrogante matador talvez se aproximasse a passos largos, porém sutil e seu caminhar sem fazer ruído. Apenas Júlio percebeu. O bandoleiro carregava seus dois revolveres na cintura. Mesmo não usou. Permitiu ter o atirador se aproximar e fazer a sua indagação. E foi a fatal questão. No momento exato o pistoleiro perguntou:
Pistoleiro:
--- Quem procura Alvino? – falou o pistoleiro com a arma encostada nas costas de Júlio Vento.
Quatro homens bem armados se chegaram também. Dois com suas armas engatilhadas a frente de Júlio Vento e outros dois, também armados, retiraram as duas armas da cintura de Júlio sem dizer palavra alguma. De certo momento Júlio Vento se sentiu totalmente nu e sem armas e perguntou ao pistoleiro se era possível se virar para poder conversar. O bandido se afastou dois passos e mandou os quatros bandidos afastarem-se também. Em seguida, com a sua arma preparada para disparar ao menor sinal de reação ordenou a Júlio Vento se virar. E esse obedeceu, sempre com as mãos para cima em sentido de desarmado. E falou a seguir:
Júlio:
--- É o senhor o seu Alvino? – falou calmo o bandoleiro.
O  bandido não disse sim nem não. Apenas voltou a pergunta.
Bandido:
--- Quem quer falar com Alvino? – perguntou outra vez o bandido.
Júlio sorriu breve e disse então.
Júlio:
--- É questão de terras. Eu não sei sena verdade é o senhor. Porém, seu Quelé mandou dizer que as terras estão à venda. – formalizou a resposta seu Júlio Vento.
Bandido:
--- Que terras? - perguntou o pistoleiro.
Uma voz de trás se ouviu.
--- Deixa Tomás. Eu cuido disso. ... – disse a voz.
E Júlio procurou quem estava a falar e notou um vulto alto, corpo forte, bem vestido ao seu modo e duas armas na cintura. Ele se aproximou e falou:
Alvino:
--- Como vai o velho? – perguntou a sorrir e bandoleiro Alvino.
E notando estar a falar com a pessoa certa, Júlio voltou à conversa verdadeira.    Ele perguntou se havia na bodega um local mais tranquilo e o bandido respondeu que sim. Ao passar por uma montanha de sacos Júlio ainda falou.
Júlio:
--- Até aqui dentro? – falou Júlio com um atirador a mirá-lo em cima dos sacos.
Alvino:
--- Desce dai Apolo! – deu a ordem a o outro homem.
E continuou a falar.
Alvino:
--- Temos de ter cuidados. – falou breve Alvino olhando para Júlio e caminhando em frente entre sacos e caixas.
Júlio sorriu a seu modo puxando apenas o canto da boca. E os dois homens caminharam com Alvino a perguntar sobre o velho, o que ele fazia como estava a saúde, se tinha tosse e tudo mais a atacar um velho pobre homem. Júlio respondia não ter bom conhecimento com Quelé e apenas estava naquela missão a mando do Coronel Godinho, homem forte de Alcântara, terra para onde Júlio fora convidado em incumbência mais outros três companheiros de luta.
Júlio:
--- Eu vi Quelé apenas uma vez. O Coronel queria saber certo caso e me mandou verificar com o senhor, pois Quelé foi quem disse ter o senhor condições de resolver. – respondeu Júlio.
Alvino:
--- Quelé onde entrou nessa historia? – indagou Alvino querendo puxar assunto.
Júlio:
--- Pelo que eu soube, Quelé está um homem depauperado. Nós fomos resolver um caso e depois surgiu a filha do coronel. Foi então ter Quelé surgido. Ele informou o paradeiro. ... – e Júlio olhou a seu redor vendo sei jagunço a acompanha-lo, todos bem armados e, um, com as armas de Júlio em suas mãos. Ele falou baixo para Alvino... – Esses homens são de confiança? – perguntou Júlio a Alvino
Alvino:
--- Eles são da minha confiança. Mas em todo caso. ...  - relatou Alvino a Júlio.
E deu ordens para todos ficarem fora da conversa. E pediu as armas de Júlio. E com elas as entregou ao bandoleiro. Júlio agradeceu e foi aos termos do assunto. Após tudo contado, Júlio falou ter sua missão procurar Alvino éter com ele à incumbência de encontrar o prefeito Jorge Nepomuceno. Esse estaria homiziado em terras de Pernambuco. Apenas Alvino saberia com certeza localiza-lo.
Júlio:
--- Foi o que o seu pai informou. – ressaltou o bandoleiro.
Alvino se pôs a refletir e após longo espaço deduziu:
Alvino:
--- Ele está na redondeza. Agora, leva tempo. Eu tenho de empreitar alguém de fora para me informar. – afirmou Alvino um tanto preocupado.
Júlio:
--- Deixo a seu encargo. Eu tenho dinheiro para o senhor. Não sei bem quanto é, porém tenho quantia razoável. – falou Júlio a Alvino.
Alvino:
--- Deixa prá lá. Eu quero ver a segurança do meu pai. Isso é o mais que importa. – resolveu Alvino um tanto preocupado com o velho Manoel Quelé.
Júlio Medalha então ficou calado. A obediência do filho era mais forte do que o dinheiro. De certo modo o bandoleiro pensava do mesmo jeito: mãe, pai e tudo mais. Foi católico por um tempo. Depois, a seca, o gado morrendo, o tiro fatal. E a escapada para o mundo. Era assim a historia de Júlio Vento e de mais um monte de gente do interior nordestino.
Daquele dia em diante Júlio Vento e Jerônimo Alvino dormiam no mesmo cubículo. Um vigiando o outro. Alvino ainda tinha cisma de Júlio. E o bandoleiro não confiava muito em Alvino e nos seus sequazes. Para dizer: eles dormiam com um olho aberto. Porém, com o passar do tempo o negocio se acostumou. O quadrilheiro Jeronimo Alvino mandou buscar um espião em local bem longe e demorou certo tempo o espião chegar. Seu nome era por justo engraçado: Pixe. Não se sabia o seu nome verdadeiro. Apenas Pixe. Ao cabo de quase uma semana de espera, Pixe chegou com o seu acompanhante Apolo. E de certa forma estava sabendo o paradeiro de Jorge Nepomuceno. Os três se reuniram no cubículo para sondar a forma de entrar no esconderijo do homem. Pixe alertou para uma senha e contra senha. E assim foi feito. Alvino marcou a data e, com Pixe, largou o passo para a tapera onde estava escondido Nepomuceno. Ao chegar próximo ao casebre Alvino gritou de longe:
Alvino:
--- Louvado seja Deus! – gritou Alvino para o interior do casebre.
Foi dada a espera para a resposta.

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