- Grace Kally -
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ENCONTRO
Ao tentar sair da espelunca a
qual se chamava de bodega, Júlio Vento sentiu a aproximação por trás de um
alguém. O arrogante matador talvez se aproximasse a passos largos, porém sutil
e seu caminhar sem fazer ruído. Apenas Júlio percebeu. O bandoleiro carregava
seus dois revolveres na cintura. Mesmo não usou. Permitiu ter o atirador se
aproximar e fazer a sua indagação. E foi a fatal questão. No momento exato o
pistoleiro perguntou:
Pistoleiro:
--- Quem procura Alvino? – falou
o pistoleiro com a arma encostada nas costas de Júlio Vento.
Quatro homens bem armados se
chegaram também. Dois com suas armas engatilhadas a frente de Júlio Vento e
outros dois, também armados, retiraram as duas armas da cintura de Júlio sem
dizer palavra alguma. De certo momento Júlio Vento se sentiu totalmente nu e
sem armas e perguntou ao pistoleiro se era possível se virar para poder
conversar. O bandido se afastou dois passos e mandou os quatros bandidos
afastarem-se também. Em seguida, com a sua arma preparada para disparar ao
menor sinal de reação ordenou a Júlio Vento se virar. E esse obedeceu, sempre
com as mãos para cima em sentido de desarmado. E falou a seguir:
Júlio:
--- É o senhor o seu Alvino? –
falou calmo o bandoleiro.
O
bandido não disse sim nem não. Apenas voltou a pergunta.
Bandido:
--- Quem quer falar com Alvino? –
perguntou outra vez o bandido.
Júlio sorriu breve e disse então.
Júlio:
--- É questão de terras. Eu não
sei sena verdade é o senhor. Porém, seu Quelé mandou dizer que as terras estão
à venda. – formalizou a resposta seu Júlio Vento.
Bandido:
--- Que terras? - perguntou o
pistoleiro.
Uma voz de trás se ouviu.
--- Deixa Tomás. Eu cuido disso.
... – disse a voz.
E Júlio procurou quem estava a
falar e notou um vulto alto, corpo forte, bem vestido ao seu modo e duas armas
na cintura. Ele se aproximou e falou:
Alvino:
--- Como vai o velho? – perguntou
a sorrir e bandoleiro Alvino.
E notando estar a falar com a
pessoa certa, Júlio voltou à conversa verdadeira. Ele perguntou se havia na bodega um local mais tranquilo e o
bandido respondeu que sim. Ao passar por uma montanha de sacos Júlio ainda
falou.
Júlio:
--- Até aqui dentro? – falou
Júlio com um atirador a mirá-lo em cima dos sacos.
Alvino:
--- Desce dai Apolo! – deu a
ordem a o outro homem.
E continuou a falar.
Alvino:
--- Temos de ter cuidados. –
falou breve Alvino olhando para Júlio e caminhando em frente entre sacos e
caixas.
Júlio sorriu a seu modo puxando
apenas o canto da boca. E os dois homens caminharam com Alvino a perguntar
sobre o velho, o que ele fazia como estava a saúde, se tinha tosse e tudo mais
a atacar um velho pobre homem. Júlio respondia não ter bom conhecimento com
Quelé e apenas estava naquela missão a mando do Coronel Godinho, homem forte de
Alcântara, terra para onde Júlio fora convidado em incumbência mais outros três
companheiros de luta.
Júlio:
--- Eu vi Quelé apenas uma vez. O
Coronel queria saber certo caso e me mandou verificar com o senhor, pois Quelé
foi quem disse ter o senhor condições de resolver. – respondeu Júlio.
Alvino:
--- Quelé onde entrou nessa
historia? – indagou Alvino querendo puxar assunto.
Júlio:
--- Pelo que eu soube, Quelé está
um homem depauperado. Nós fomos resolver um caso e depois surgiu a filha do coronel.
Foi então ter Quelé surgido. Ele informou o paradeiro. ... – e Júlio olhou a
seu redor vendo sei jagunço a acompanha-lo, todos bem armados e, um, com as
armas de Júlio em suas mãos. Ele falou baixo para Alvino... – Esses homens são
de confiança? – perguntou Júlio a Alvino
Alvino:
--- Eles são da minha confiança.
Mas em todo caso. ... - relatou Alvino a
Júlio.
E deu ordens para todos ficarem
fora da conversa. E pediu as armas de Júlio. E com elas as entregou ao
bandoleiro. Júlio agradeceu e foi aos termos do assunto. Após tudo contado,
Júlio falou ter sua missão procurar Alvino éter com ele à incumbência de
encontrar o prefeito Jorge Nepomuceno. Esse estaria homiziado em terras de
Pernambuco. Apenas Alvino saberia com certeza localiza-lo.
Júlio:
--- Foi o que o seu pai informou.
– ressaltou o bandoleiro.
Alvino se pôs a refletir e após
longo espaço deduziu:
Alvino:
--- Ele está na redondeza. Agora,
leva tempo. Eu tenho de empreitar alguém de fora para me informar. – afirmou
Alvino um tanto preocupado.
Júlio:
--- Deixo a seu encargo. Eu tenho
dinheiro para o senhor. Não sei bem quanto é, porém tenho quantia razoável. –
falou Júlio a Alvino.
Alvino:
--- Deixa prá lá. Eu quero ver a
segurança do meu pai. Isso é o mais que importa. – resolveu Alvino um tanto
preocupado com o velho Manoel Quelé.
Júlio Medalha então ficou calado.
A obediência do filho era mais forte do que o dinheiro. De certo modo o
bandoleiro pensava do mesmo jeito: mãe, pai e tudo mais. Foi católico por um
tempo. Depois, a seca, o gado morrendo, o tiro fatal. E a escapada para o
mundo. Era assim a historia de Júlio Vento e de mais um monte de gente do
interior nordestino.
Daquele dia em diante Júlio Vento
e Jerônimo Alvino dormiam no mesmo cubículo. Um vigiando o outro. Alvino ainda
tinha cisma de Júlio. E o bandoleiro não confiava muito em Alvino e nos seus
sequazes. Para dizer: eles dormiam com um olho aberto. Porém, com o passar do
tempo o negocio se acostumou. O quadrilheiro Jeronimo Alvino mandou buscar um
espião em local bem longe e demorou certo tempo o espião chegar. Seu nome era
por justo engraçado: Pixe. Não se sabia o seu nome verdadeiro. Apenas Pixe. Ao
cabo de quase uma semana de espera, Pixe chegou com o seu acompanhante Apolo. E
de certa forma estava sabendo o paradeiro de Jorge Nepomuceno. Os três se
reuniram no cubículo para sondar a forma de entrar no esconderijo do homem.
Pixe alertou para uma senha e contra senha. E assim foi feito. Alvino marcou a
data e, com Pixe, largou o passo para a tapera onde estava escondido Nepomuceno.
Ao chegar próximo ao casebre Alvino gritou de longe:
Alvino:
--- Louvado seja Deus! – gritou
Alvino para o interior do casebre.
Foi dada a espera para a
resposta.
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