sábado, 8 de dezembro de 2012

O FIM DO MUNDO - 27 -

- Eva Mendes -
- 27 -
O PORCO
Quando chegou a hora do almoço o coronel não se conteve. O  gigante porco estava à mesa, totalmente assado e deliciosamente cheiroso. No restante da mesa feita de carvalho, própria se receber visitas, estavam ainda peru e galinha, também assados. Além disso, estavam os complementos, como arroz, farofa e bastantes saladas de variados estilos. Porém, o Coronel arregalou os olhos diante do majestoso porco assado, todo coberto de folhas e uma maçã em sua boca. Aquilo era mesmo um suíno na verdade. E para o Coronel, notadamente não tinham palavras para descrever.
Coronel:
--- Um porco?!! Ora veja só! Um magnifico e suculento porco! É a recepção a noiva! – gargalhou o Coronel nem querendo por sua mão no suíno.
Vanesca:
--- Ora meu pai! O almoço é de todos! Lamento dizer ter seu Homero seus problemas de saúde! De resto, todos pode abocanhar uma porção! – falou a sorrir a moça.
Coronel:
--- Mas, isso é um porco! Eu estava sevando para a páscoa! – falou elegante o coronel.
Corina:
--- Do ano que entra? – indagou meio séria a mulher governanta.
Coronel:
--- E já passamos as Festas? – indagou o coronel se virando para um lado e para outro.
Corina:
--- As Festas ainda virão. Mas a Semana Santa já foi há bastante tempo! – afirmou a governanta.
Coronel:
--- Então em homenagem ao senhor “Honório”. – fez ver o Coronel a sorrir.
Otto:
--- Queira me desculpar Coronel. O nome do meu pai é Homero! – disse o rapaz a sorrir.
Coronel:
--- Que seja. Mas o importante é Homero está entre nós. E agora, melhor do que nunca! – falou o Coronel com seu vozeirão.
Vanesca:
--- Só imagino no Quartel! – sorriu a moça olhando para o noivo.
Otto:
--- Que houve no Quartel? – perguntou em voz sussurrante o namorado.
Vanesca:
--- Ele era a enciclopédia ambulante. – sorriu a moça.
E todos se sentaram à mesa grande de almoço. O velho Homero nem sequer falava. Ajudado por sua filha deglutia uma perna da galinha ou mesmo um peito de frango. Era uma verdadeira comilança e ninguém podia falar de tanta a boca cheia. Vinhos, licores, conhaques e ponches não faltaram. O Coronel de um lado e a sua mulher do outro. Os noivos Vanesca de Otto ficaram sentados juntos, mas sem poder conversar de tanta boca cheia. Os botijões de vinho corriam para um lado e para outro, num traça-traça, num vai e vem de dar gosto. Corina se postou ao lado dando às ordens as empregadas para não deixarem faltar nada. O Coronel procurava conversar com a mão a segurar uma fatia de porco. Contudo não falava nada e somente balançava a fatia de porco no ar, pois sua boca estava cheia de comida. Os demais procuravam não sorrir pelo medo de se engasgar com um pouco de farofa ou de arroz. Pimenta não faltava. O velho Coronel abocanhava uma porção de porco e fogueava com pimenta. E só fazia apenas:
Coronel:
--- Hum! – queria dizer com certeza estar muito bom, pois sua cabeça virava para um lado e para outro.
Vanesca olhava o noivo e tocava a sorrir. Otto apenas dizia:
Otto:
--- Come se não esfria! – relatava o noivo abocanhado um pedaço do porco.
E o almoço durou até duas horas da tarde quando então o Coronel já podia falar alguma coisa.
Coronel:
--- Vocês sabem? Eu nunca comi tanto na vida! – disse o homem a gargalhar.
Após o almoço, era a vez de lavar as mãos, a boca e tirar uma sesta ou siesta pela grafia original espanhola. O tempo estava estio e o sono levou a todos os convivas a dormirem um pouco da tarde, afinal fazia tempo que os viajantes não dormiam um minuto sequerer. Já estava a boca da noite quando o sino forte tocou na Igreja. Um badalar compassado e sonoro. O sino da morte. Era o que dizia o povo. Em sua fazenda, o Coronel estava a escutar as badaladas, mesmo sendo distante. O homem se levantou da rede armada no alpendre e foi até a entrada do alpendre. Ernesto estava atento e de imediato indagou:
Ernesto:
--- Quem morreu? – indagou surpreso o vaqueiro.
Coronel:
--- Gente importante. – destacou o coronel olhando para o lado da igreja.
Ernesto:
--- Se foi alguém importante o Coronel já tinha sido avisado. – falou o vaqueiro.
Coronel.
--- Não sei. Pode ter chegado naquele instante a noticia. – fez ver o coronel procurando a todo custo ver a Matriz.
Ernesto:
--- Eu vou saber. – reclamou o vaqueiro.
Coronel:
--- Não. Deixa. Alguém vem me trazer notícia. – declarou o Coronel olhando a esmo.
Ernesto:
--- Já sei. Eu mando um jagunço. – reclamou o vaqueiro um tanto abusado.
Dito e feito. Porém, quando o jagunço se montava no cavalo para saber do ocorrido, um coroinha chegou apressado à casa grande e procurou logo o Coronel Araújo. E foi pronto a dizer ter sido o prefeito da cidade que morreu. O Coronel se alarmou ainda mais:
Coronel:
--- Que você está dizendo? – perguntou um tanto zangado o coronel.
Coroinha:
--- O carro tombou em uma ribanceira na chegada da Capital. Tinha um carro quebrado da estrada. Tudo está um buraco só. O motorista puxou para o lado direito e o carro mergulhou no buraco enorme onde era a estradada. – falou bem calmo o coroinha.
Ernesto:
--- Não estou dizendo?! Isso é o fim do mundo. Agora foi o prefeito. Depois, quem será? – indagou perplexo o vaqueiro.
Otto:
--- A estrada está toda quebrada. Nós viemos pelo raso da montanha. Já havia noticia de 15 mil mortos. – destacou o rapaz.
Vanesca:
--- O Prefeito morreu? – indagou assombrada a moça vinde de dentro da casa grande.
Otto;
--- Sim. Você o conhecia? – indagou o rapaz.
Vanesca:
--- Nem fede, nem cheira. Era um bom homem. Como a filha. Eu vou me arrumar e chego lá. – informou a moça correndo aflita para o interior da casa.
A sua mãe veio para onde estava o marido e perguntou:
Matilde:
--- O prefeito? – indagou a mulher um tanto confusa.
Coronel:
--- Assim me disse o garoto. – declarou cismado o coronel.
Matilde:
--- Não é possível. Tanta luz! – reclamou a mulher.
Coronel;
--- E o motorista. Desse ninguém fala. – comentou o homem


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