quinta-feira, 30 de maio de 2013

"NARA" - 67 -

- Fernanda Vasconcellos -
- 67 -
CASAMENTO
No dia seguinte, uma hora quando se encontravam no apartamento do Hospital a mãe de Jonas, a senhora Clotilde, sua filha Fabiana e Magela, amigo quase inseparável de Jonas, o enfermo pegou todos de surpresa. Em certo momento o enfermo declarou:
Jonas:
--- Minha mãe! A senhora já foi avisada do casamento? – falou o enfermo.
A mulher ficou assustada porque o casamento de Eurípedes estava previsto para ser no final do ano. E por isso declarou:
Clotilde:
--- Que casamento? Não vai ser em dezembro? – perguntou assustada a mulher.
Jonas;
--- Que nada! Esse é o casamento de “Baiacu”! É o outro! – replicou o enfermo.
Magela;
--- Quem é esse tal de Baiacu? – indagou o visitante;
Fabiana soltou uma boa risada e finalmente falou com sua voz embargada de tanto tossir.
Fabiana:
--- Eurípedes. – e voltou a gargalhar e tossir.
Jonas;
--- Cuidado! Riso também mata. Bem. Minha mãe, não sabe quem vai casar? Pois fique sabendo agora: Essa! – e apontou para a sua irmã Fabiana.
Fabiana:
--- Essa o que? Quem vai casar? – corou a virgem a indagar do seu irmão.
Jonas:
--- Pergunte a ele! – e apontou para o amigo Magela.
Esse quase morre de assombro. E indagou surpreso:
Magela:
--- Quem vai casar e com quem? – indagou surpreso o amigo de Jonas.
Jones:
--- Homem! Já está tudo certo? Você me prometeu! Vai casar com minha irmã. E a enfermeira. Foi? – indagou sorrindo o doente.
Clotilde:
--- Eu não cavaco ao que você me conta. Tudo mentira! – reclamou a mão de Jonas.
Jonas:
--- Mas tá! Agora sou eu quem mente? – reclamou o doente.
Fabiana:
--- Mentira seu suíno. Levanta as costas. Vou passar unguento nas assaduras! – falou a moça um tanto abusada.
Magela:
--- Verdade! Não teve nada disso senhora. É galhofa de Jonas. – reprovou com temor.
Clotilde:
--- Ele é assim mesmo! A “finada” é quem teve sorte! – concluiu a mulher
Alguns instantes depois Magela saiu do apartamento hospitalar a conversar consigo mesmo e logo atrás vinha a enfermeira Fabiana com bastante pressa. Ao chegarem à porta de saída do apartamento os dois se chocaram e a virgem sorriu sem querer. Entre pega e tranca a porta afinal a moça decidiu quem devia fazer: ela mesma. Ao sair do apartamento ela procurou desconversar a dizer ter o amigo de Jonas ficado aborrecido por tanta celeuma. Magela sorriu e negou está aborrecido, pois já era costume antigo do homem em fazer tantas piadas para ele apenas sorrir. E assim foram os dois a conversar já na saída do Hospital. Foi quando Fabiana indagou do rapaz:
Fabiana:
--- A tua mulher não briga? – perguntou a virgem querendo saber se Magela  era casado.
O rapaz olhou a virgem e disse após alguns segundos.
Magela:
--- Eu sou solteiro. E moro com minha mãe e duas irmãs. Uma e casada. A outra separada. – serio amargo o rapaz..
Fabiana:
--- Ave Maria! Desculpe-me se fui tão atrevida. Mas o senhor parece até um bom moço. Não tem vícios? – indagou a virgem.
Magela:
--- Bem. Vícios todos têm. Agora: não bebo não fumo e nem jogo. O resto eu procuro fazer. – gargalhou o rapaz.
Fabiana:
--- Nossa Senhora! Nem tem namorada? – perguntou curiosa.
Magela:
--- Necas de pitibiriba. Mulher é problema. É  bom dizer: eu não sou homossexual. Tem mais. Apenas frequento umas sessões de uma casa espírita. Mas não sou “devoto”. Eu vejo aquilo como algo de que se busca resposta. E eu mesmo me pergunto: Deus existe mesmo? É por isso que eu sempre vou à sessão. Mas vou também a Missa. Ninguém é perfeito. – gargalhou o rapaz.
A virgem sorriu ao tempo em que contemplava o mar e a vista sempre colorida da praia de Copacabana, o encanto da natureza. O vento morno soprou de repente fazendo a moça se proteger junto ao rapaz temendo de algo como uma tempestade. E sem restar atenção olhou para o céu plúmbeo do inicio da noite a divisar as nuvens escuras do momento. Os primeiros pingos de chuva começaram a cair. Fabiana correu junto do Magela para um pequeno Bar alí existente logo após os edifícios da frente para o oceano. O rapaz retirou a sua capa e cobriu a virgem para dar maior agasalho pelas vultosas intempéries. A noite já estava a se iniciar. Carros a passar tragando a lama, gente das diversas repartições, meretrizes, drogados e tudo mais o que havia. A sala bar se encheu de gente em um só instante. De momento Fabiana sorriu para o seu acompanhante se agasalhando por completo com a capa. O ribombar de um trovão se fez presente. Raios cobriram o céu opaco da Avenida Atlântica. As ostensivas nuvens enegrecidas cobriram o firmamento do belo Rio. Aquele era tempo de inverno sem momento de acabar. Toda encolhida em seu manto de capa a virgem falou;
Fabiana:
--- E agora? O que se faz? – indagou já a tremer a bela virgem.
Magela:
--- Dormir! – e gargalhou como tal.
O taxi parou em frente à residência de Fabiana para que ela saltasse. Nesse instante, a virgem deu um beijo na face de Magela e logo após ela falou com suave forma de amar.
--- Me liga, querido. Eu já sei que te amo. – disse a virgem logo a saltar do taxi.
Magela sentiu um tremor e nada pode dizer em retribuição. Apenas deu um cartão com o seu telefone enquanto a virgem fazia o mesmo. Sorrisos e afagos não faltaram nesse momento. E logo após o taxi rumou para o seu destino. Todo encolhido, Magela despertou para a nova emoção de sua vida. Um pouco de tempo após Magela ligou para Fabiana para dizer ter havido concluído a sua estafante viagem. E gargalhou de modo inigualável. Fabiana também sorriu e a conversa demorou por mais de horas. Cada qual a se lembrar da velha cidade do Natal. E ele dizia nunca mais ter viajado para a sua cidade
Magela;
--- A minha mãe é viúva. O meu pai faleceu há pouco tempo. Ele era da Naval. Deixou a casa onde hoje moramos. Minhas irmãs também moram com minha mãe. Ela já está idosa. Todo dia vai  a Igreja.  Assiste a Missa e volta para não mais sair. E eu fico assumindo parte das despesas. Agora apareceu você na minha vida. Eu tenho que mudar de curso. – gargalhou o rapaz.
Fabiana:
--- Eu não quero insistir em coisa alguma. Você já está com a idade que tem. Sua mãe precisa de algum apoio. E quem eu sou para atrapalhar a sua vida? Eu tenho esse apartamento. Foi muito dinheiro naquele tempo. Se precisar, meu pai me ajuda. E assim vou levando à vida. – expressou a virgem sem acanhamento.
 

terça-feira, 28 de maio de 2013

"NARA" - 66 -

- Isabelle Drummond -
- 66 -
UM MÊS
Um mês depois os exames clínicos do senhor Amaro Borba Castro estavam concluídos e o homem teria de se submeter a uma cirurgia de próstata aparentemente benigna, pois não havia enfermidade na qual o comprometesse. De um modo ou de outro ele chorou por demais e deu adeus ao novo membro da loja de produtos para o gado. José Tomaz se fez de forte e disse apenas estar o velho muito em breve na fazenda. O seu filho, o médico Eurípedes tranquilizou de forma carinhosa e não falou em risco algum durante a cirurgia. O velho Amaro era um homem bastante forte capaz de aguentar tais atropelos. Enquanto isso, dona Clotilde continuava no Rio de Janeiro na esperança de ter o filho de volta muito em breve. Fabiana, a sua filha fazia plantão no Hospital para dar maior atenção ao seu irmão Jonas. Ele, um doutor formado em advocacia, mantinha seu emprego no Ministério da Fazenda. Por isso mesmo, o quatro de visitas era intenso nos primeiros dias. Depois amornou e já estando a um mês de hospitalização quase ninguém do Ministério aparecia salvo um amigo mais chegado de nome Magela. Esse rapaz de mais de quarenta anos todas as tardes se acercava do Hospital para cumprimentar Jonas e sorrir a vontade com qualquer pilheria dita pelo enfermo.
Magela:
--- E aí? – perguntava Magela ao doente.
Jonas:
--- Esperando que a chuva passe para dar minhas cambalhotas. – respondia sem sorrir.
Nesse ponto era tudo o esperado por Magela para então gargalhava às pencas. E depois de muito sorrir o rapaz voltava a indagar.
Magela:
--- Não rapaz. Eu estou falando sério. E aí? – ele fazia a igual pergunta
E mesmo assim o homem respondia.
Jonas:
--- Não estou afirmando! Cambalhotas! – respondia sem sorrir
Com isso, o rapaz de quase meia idade voltava a sorrir com toda a graça que Deus lhe deu. Ele, apesar de ainda jovem, não era casado e se tinha algo escondido, era bem escondido, uma vez não falar do assunto a ninguém. Magela morava na companhia de duas irmãs, sendo uma casada e a outra separada como se costumava falar. Foi nesse tempo que urgiu a enfermeira a verificar o estado de saúde do doutor Jonas e dar seu parecer na tabuleta. Nesse instante Magela olhou de forma atraente a enfermeira, mas sem nada falar. Jonas o observou e deu seu parecer para o visitante na frente da enfermeira;
Jonas:
--- Que tal? É boa? Uma potranca dessas! – olhou a enfermeira e fez sinal para Magela a declarar para ele avançar.
Magela, temeroso, não disse nada. Apenas pigarreou. Ele quis sorrir mais não teve coragem. E preferiu ficar calado com seus olhos delicados a observar apenas Jonas sem ao menos sorrir. Então Jonas, sempre metido, falou sem vergonha.
Jonas:
--- Vai lá homem. Atraca a fera. Ela está esperando. – declarou o rapaz.
A moça sorriu e quis desmanchar o curativo feito no braço do homem, com a cara ligeiramente maldosa e por fim foi dizendo:
Fabiana:
--- Vem! Vem! Prá ver o que eu faço! Vem! Corno frouxo! – respondeu a irmã do enfermo.
Jonas:
--- Olhe! Não faça isso! Eu digo ao padre! – disse o irmão diante de Magela sem saber serem os dois de uma só família.
Fabiana;
--- Pois vem! Você não presta mesmo. E esse? Parecem dois porquinhos! Comem no mesmo coxo! – disse a irmã de Jonas a sair toda atraente em direção à porta do apartamento solitário.
Ela foi saindo e da porta estirou a língua para o irmão. Nesse ponto Magela, cabisbaixo,  tremendo de medo, indagou do enfermo:
Magela:
--- Quem é? Tua parenta? Homem! Você me colocou em uma tremenda enrascada! – falou temeroso o visitante.
Jonas:
--- Que nada! É minha irmã! Eu “brigo” com ela para azucrinar! Mas ela é gostosa, não achas? – indagou o paciente ao seu amigo.
Magela:
--- Homem! Ela a tua irmã! – sorriu condescendente e face ligeiramente envergonhada.
A fala branda de Magela ao se referir ao pensar não foi muito além do irmão de Fabiana. Mesmo assim e de qualquer forma, Jonas continuou a perturbar o moço para sentir o ponto do mesmo gargalhar ou de ir embora. Não que Jonas quisesse expulsar Jonas do seu amargo e silencioso apartamento. Porém pelo fato de se divertir cada vez melhor. Há certo instante o enfermo vacilou e pediu a Magela de falar algo de sua vida. O rapaz levantou a face e se pôs a gargalhar. Inconformado, Magela indagou:
Magela:
--- Que pretendes saber? – indagou o rapaz a gargalhar
Jonas:
--- Nada. Apenas para mudar de conversa. – rebateu o homem.
Magela gargalhou como nunca e não disse coisa alguma. Apenas gargalhava quando olhava a cara de Jonas. Uma situação incoerente a dos dois amigos de repartição. Diante de todo o exposto Jonas mergulhou mais calmo e voltou a indagar.
Jonas:
--- O teu nome é Geraldo Magela Gonçalves. Disso eu sei. Nasceu em Natal, Rio Grande do Norte. Também sei. Data de nascimento; 02 de janeiro de não sei quanto. Isso é segredo. Mas falta-me saber a hora exata do parto. – sorriu o enfermo.
Essa foi à conta: Magela gargalhou de bater a cabeça no joelho. E rodopiou até cair sentado. Depois de demorado tempo o rapaz se levantou de onde caíra e olhou a cara sem vergonha do amigo e voltou a gargalhar batendo com as mãos na face. Nesse momento entrou no apartamento do Hospital a virgem Fabiana. A olhar com temeroso espanto o resto de homem se arrastando no chão foi a vez de indagar;
Fabiana:
--- O que está havendo aqui Santo Deus? Ave Jesus! – foi o que pode dizer sem mais assunto.
Nesse momento Magela se levantou de onde estava e foi declarar ser o Jonas culpado de tudo aquilo, mesmo ainda a gargalhar. Ele apontava apenas o indicador.
Magela:
--- Foi ele. Esse imprestável. – respondeu a gargalhar o rapaz.
Jonas:
--- “Foi ele” uma ova! Eu perguntei apenas a hora de nascimento dele! – disse o rapaz a sorrir.
Fabiana:
--- Você não presta mesmo. – cuidava Fabiana da mudança do lençol da cama.
Jonas:
---E tem mais: Ele quer casar com você. Disse a mim: “Como uma moça tão bela como Fabiana não arranja um namorado?”. Foi ele quem disse. Foi ele! – apontou o indicador para Magela.
Magela:
--- É conversa dele dona. Eu não disse nada disso. Ele é quem se apaixonou pela senhora. – respondeu Magela a gargalhar com a mão a cobrir o rosto.
Fabiana:
--- O senhor também parece ser igual ao traste! – respondeu Fabiana arranjando a cama.
Magela:
--- Eu? Eu? É danado! Agora sou eu? – indago a gargalhar o visitante.
Fabiana;
--- Para mim nenhum dois presta. – aventou a moça arrumando a cama do doente.
 

domingo, 26 de maio de 2013

"NARA" - 65 -

- Lucy Hale -
- 65 -
DIÁLOGO
E a conversa de Amaro de Tomaz durou um longo tempo ao ponde do velho esquecer-se dos ensinamentos de compra e venda dos artigos ofertados ao homem do campo para falar um pouco mais da II Guerra terminada fazia pouco tempo. Tudo começou pela compra de mercadoria do homem germânico Humberto Paulo mudo do seu verdadeiro nome: Karl Hélder, General do Alto Comando do Exército nazista. O vaqueiro quis saber um pouco mais da situação do Brasil no conflito. O fazendeiro se prontificou a falar. E foi desse modo:
Amaro;
--- Bem. Isso todo mundo sabe. O Brasil era governado por um regime ditatorial simpático ao modelo fascista. Acontece que nesse período, desde o começo da guerra, em 1939, o Governo norte americano começou a tecer suas cordas para o Brasil ficar do seu lado. Em 1941, em Natal, não tinha nada de capo de aviação. Era tudo mato. Mas alguns aviões chegavam a pousar em um campinho improvisado desde muito antes da Guerra. Até aviões da Alemanha. Isso, bem antes da conflagração. Quando o Brasil declarou “GUERRA”  à Alemanha foi depois da vinda do presidente norte americano, Franklin Roosevelt assinar documento em Natal. Então começou a batalha. Em Natal era um formigueiro de norte-americanos. De mortos da Guerra, o Brasil teve menos de quinhentos homens. E só. – afirmou o negociante.
Tomaz:
--- Mas teve a questão de não se acender nem vela durante a noite! – falou com bastante   temor o vaqueiro.
Amaro:
--- Ah! Isso teve! Prenderam até um nazista que estava mandando informações por meio de código Morse para a Alemanha da movimentação em Natal. E teve um tempo que os alemães queriam descer em uma praia de Natal, lá bem longe. Prá mim, os alemães estudaram toda a rota feita por um antigo alemão, Jacob Rabi. Esse homem era cruel. Ele matou gente como os seiscentos diabos. -  relatou com firmeza.
Tomaz:
--- Isso foi agora? – indagou assustado e de olhos esbugalhados.
Amaro:
--- Do tal Rabi? Não! Isso faz tempo! Quando se descobriu a capital do Estado. – falou o velho sem medo de está errado.
Tomaz:
--- Ah Bom! Já batia meu coração! E mataram o homem? – perguntou assustado.
Amaro:
--- Dizem que mataram. Dizem que mataram. Mas faz tempo! –relatou o velho comerciante.
Tomaz:
--- E os alemães? E os alemães? – indagou temeroso o vaqueiro.
Amaro:
--- Os alemães? Isso foi agora! Na guerra! O outro nem se tem notícia! Faz tempo! Tempo que nem mareia. – reclamou o fazendeiro.
Tomaz:
--- E esse homem que esteve aqui? – perguntou assustado.
Amaro:
--- O Humberto? Esse lutou, seu País perdeu. E tudo acabou. Agora se está reconstruíndo o que sobrou de verdade. Os americanos de um lado e os comunistas do outro. – disse sem temor.
Tomaz;
--- Comunistas? E nesse negócio tem comunista? – perguntou desesperado.
Amaro:
--- Tem. Tem toda a classe de “merda”.  Comunistas, japoneses, ingleses, americanos. É uma bosta só. – relatou o velho sem ânimo.
Após esse tempo, com os consumidores entrando e saindo com suas porções estranhas Amaro continuou a explicar os métodos de compras e vendas. Guardar certas porções. Pôr em abalo crédito o que não fosse a contento. E tudo que o vaqueiro nem ouvira falar de certo. Não se podia comparar um homem quase rude com a experiência devotada de um exímio comprador e vendedor de rações de gado, ovinos, equinos e tudo mais. Tudo o demonstrado por Amaro, o vaqueiro poderia ficar ciente com o decorrer da vida. Enquanto isso o telefone tocou para seu Amaro atender. Era do Rio de Janeiro. O seu filho foi quem falou. Após tomar a benção, foi a pergunta dos exames. E quando ficou de levar para o especialista. E Rócia? Manda um recado para a família de Nara como se na residência da moça não tivesse telefone. Após uma larga com a notícia de morte de Claudia Rizzo e o estado de saúde do seu filho Jonas foi à vez de falar a sua mulher Clotilde. Entre lágrimas a mulher apenas pedia cuidado com a saúde do esposo e não se metesse em comidas extravagantes.
Clotilde:
--- Estou farta de ver mortes. O meu filho nada sabe. Ainda estou chocada com o sepultamento da minha dileta Claudia. – e terminou em um prato de morte.
Amaro:
--- Tão moça ainda. Mas é a vida. Tenha cuidado minha velha. Muito cuidado. - respondeu o velho Amaro não deixando também de chorar.
Passada uma semana, com Nara a conhecer os locais turísticos da Cidade Maravilhosa: Leme, Leblon, Urca, Pão de Açúcar, Cristo Redentor, Santa Teresa, Jardim Botânico, Quinta da Boa Vista e algo mais, por fim, Eurípedes teve que voltar à sua terra deixando a senhora Clotilde a cuidar do filho amado. Nesse meio tempo, Jonas estava desperto e o médico informou da morte de Claudia Rizzo. Teve o médico o cuidado miraculoso em não despertar angustia. De modo que Jonas recebeu a notícia com tranquilidade a perguntar pelos dois filhos amados  mesmo ainda entorpecido de medicamentos. Ele estava em uma cama ortopédica com uma perna levantada por força de um aparelho mecânico e o braço aberto para o lado esquerdo. As costelas fraturadas tiveram de serem postas engessadas e um prazo de dois meses para sarar de vez. A sua irmã, enfermeira Fabiana passava um tempo dando assistência. E em outra parte a sua mãe Clotilde ficava no apartamento hospitalar. Todos os dias Rócia e Eurípedes fazia ligações para saber do estado do seu irmão
Quando era noite, já em seus habituais domínios, Nara e Eurípedes trocavam conversas com todo o receio de ocorrer qualquer problema. O mestre Sisenando continuava a ler seu grosso volume à espera de alguma notícia. Em certa ocasião, Sisenando leu um trecho do livro para o seu futuro genro:
Sisenando;
--- Veja só: Esse livro diz ter Planetas em uma região de cem mil estrelas. Impressionante. Na constelação de Pégaso há cinquenta anos luz de distância uma estrela salta e oscila com extrema violência. A estrela é do tamanho do Sol aqui da Terra. Chegou-se a conclusão se tratar de um planeta. O planeta recebeu o apelido de Belerofonte. E pelo que diz o escritor, a sua temperatura é de mil graus Celsius. E ele tem quase cento e cinquenta vezes à massa da Terra. É um gigante gasoso como Júpiter. Ele é composto do Hidrogênio de Hélio. Diz o autor ser essa uma classe completamente nova de Planetas. Agora, veja só, esse Belerofonte é permanentemente dia de um lado e da mesma forma noite do outro. – sorriu o mestre.
Eurípedes ficou curioso e pediu o livro por empréstimo por um instante. Sisenando não fez questão e o passou. Com o livro nas mãos Eurípedes verificou atento todo o conteúdo e ficou de certo modo abismado ao chegar a um termo.
Euripedes:
--- Veja bem. O planeta orbita seu sol em apenas 4,2 dias. Nenhum dos planetas em nosso sistema solar leva um tempo tão curto. – respondeu o médico.
Sisenando:
--- Os planetas são o subproduto da formação das estrelas. Quando as estrelas se formam, elas têm um disco de poeiras e detritos a sua volta. E desses detritos formam-se os planetas. A radiação da estrela gera um disco estelar que empurra para longe a poeira. Parte dessa poeira sobrevive e permanece em órbita ao redor da estrela recém-nascida. – explicou por sua vez o mestre.
Eurípedes:
--- Durante bilhões de anos a poeira vai se juntando até virar planetas.  – rebateu o médico.
Sisenando:
--- E tem mais: esses planetas ficam através do disco até que encontram uma órbita estável. Mas acontece que o cientista explica que se está observado uma estrela obscura há cento e cinquenta anos luz da Terra na constelação de Pégaso. Essa é a mesma região onde Belerofonte foi descoberto seis anos antes. Esse é diferente do anterior. Ele é chamado de Ozires, o deus egípcio dos mortos. É um nome terrível. – explicou o mestre.
Nesse ponto, Eurípedes notou sua noiva adormecida pelos assuntos tratados entre os dois homens. Então ele a forçou para acordar. A virgem meio tonta pelo sono olhou para o seu noive e respondeu:
Nara:
--- Deixa-me dormir! Conversem! – respondeu a moça ao cair na poltrona plena adormecida. 

sexta-feira, 24 de maio de 2013

"NARA" - 64 -

- Sandy -
- 64 -
VISITA
Um dia depois de se submeter aos exames laboratoriais e de ir à loja de artigos de animais, o velho Amaro Borba recebeu a visita em sua casa do vaqueiro José Tomaz a quem chamou com a devida pressa à sua residência. Após conversas de miolos de quartinha, o velho foi ao que interessava de fato. Houve atropelos com o vaqueiro renegando certas coisas. Mesmo assim, Amaro Borba fez ver boas formas a relatar serem bem mais alvissareiras, pois o vaqueiro teria melhores ganhos e, para todos os efeitos, o homem havia de compor uma sociedade até certo ponto. A conversa se prolongou por muito tempo com o velho a falar de preços e fornecedores de ração e negócios mais complicados. Formas de pagamento, estoques e promoções, artigos de primeira linha. O embutido nos valores. Os tempos de crises. A fartura. Preços em elevação ou não. Saber dos atravessadores quanto faturavam. Enfim: a vida de um senhor de negócios.
Amaro:
--- O senhor só aprende fazendo. É bobagem eu explicar como se faz. – relatou o comerciante.
Nessa ocasião José Tomaz coçou a cabeça como quem não entendia patavinas do negócio. Porém confessou com certeza ser preciso ele adivinhar para poder ter a certeza de fazer a qualquer custo.
Tomaz:
--- Mas tem um, porém: a minha família onde fica? – indagou José Tomaz.
Amaro:
--- Isso se ajeita. Tem casa no Alecrim. Custa barato. Nesse caso eu até assumo o compromisso de se pagar sem tirar do seu ordenado. – falou o velho a olhar por baixo.
Tomaz;
--- Mas a mulher tem arrimo. – relatou o vaqueiro.
Amaro.
--- Mas não é problema. Se a sua família vier, quem for arrimo também vem. – frisou o velho.
Uma vez mais o vaqueiro coçou a cabeça. E levou tempo a pensar. Tomaz olhava para o chão e observava a rua. Os moleques a tirar mangas dos pés. A anarquia a fazer, negócio não visto no campo. Uma mulher a vender brilhantina em uma maca na cabeça. Um idoso quase a cair de tão torto que era. Dois homens, pai e filho, a mangar do tempo. Eram eles dois loucos de correr pedras. Um homem com o seu tabuleiro de doce de geleia. Era então todo o mundo a girar. O sol esquentava a cada minuto com o vaqueiro a indagar:
Tomaz:
--- Isso vai dar certo, seu Amaro? – quis saber o vaqueiro.
Amaro:
--- Homem! Se não der certo você volta. Topa? – perguntou o patrão.
Novamente a cabeça do vaqueiro esquentou. Ele olhou para o chão e levantou de vez:
Tomaz:
--- Vamos ver. Eu topo a empreitada! – falou por fim o vaqueiro.
Amaro:
--- Isso rapaz. Assim é que eu gosto de ver. Pôs se prepare que nós vamos mais tarde para eu lhe ensinar tudo o que tem a fazer. – sorriu entusiasmado o velho.
E assim aconteceu. Após o almoço, onde Tomaz ingeriu os alimentos com a cara fastiosa por notar o cozido de uma forma diferente com bastante tempero e muito sal para o seu paladar, ele afinal se mostrou sem bastante apetite enquanto o velho Amaro nada comeu por estar aos cuidados de recomendação médica para manter distancia de toda gordura e assados foram os dois para a loja. Nesse meio tempo o velho reclamava bastante não poder comer o que gostava apenas por causa do seu filho, o doutor Eurípedes, médico da família. 
Amaro:
--- Um bosta daqueles quer saber mais do que eu! – era a reclamação de velho Amaro.
Tomaz:
--- E ele está de viagem? – perguntou o vaqueiro.
Amaro:
--- Foi para os lados do Rio (de Janeiro) visitar o irmão. – respondeu o velho mal humorado.
Tomaz:
--- É longe pra “daná”. -  reclamou o vaqueiro cismando a distância.
Amaro:
--- Um tanto. Um tanto. – disse o velho fazendo esforço para dispensar um flato.
Quando eles estavam no escritório da “Casa da Fazenda”, uma loja de produtos para animais grandes e pequeno, e velho conferia o estoque do que faltava de imediato, explicando ao vaqueiro José Tomaz com bastante atenção, não percebeu esse um senhor a entrar na casa e buscar um saco de farelo. Alenka Calheiros atendeu com presteza o visitante. Logo em instantes o homem forte, alto, pele rosada e cabelos ruivos, deixou a casa. No exato momento em que o homem saía o velho, a olhar por cima dos óculos perguntou a Tomaz:
Amaro;
--- Sabe quem é esse? – indagou o velho em surdina.
Tomaz olhou depressa e viu apenas o homem a entrar no seu carro. E respondeu:
Tomaz:
--- Não! Quem? Governador? – indagou surpreso o vaqueiro.
E o velho Amaro respondeu:
Amaro:
--- Não! Ele é um fugitivo da Guerra! Um general do Exercito de Hitler. Quando a Guerra acabou, os maiores fugiram. Cada qual para o seu destino. A maioria veio para a América do Sul. Esse veio parar aqui no Rio Grande. Tem documentos falsificados. Certa vez a moça perguntou por seu nome e ele disso ser “Humberto”. Mas o nome dele é outro: “Karl Hélder”. Ele mudou de nome e documento. Agora é chamado de Humberto Paulo. Nome bem diferente por sinal. Isso para ninguém desconfiar que ele seja alemão. Mais parece com um inglês. Tudo isso com autorização do Governo do Brasil. Ele era General se bem me informo. Serviu na Batalha da Normandia, França. Ele comandava o Alto Comando do Exército. Homem rico. Tem fazendas de gado. Tem os fardamentos militares. E a Cruz de Ferro. Alta patente que pode ter um General. A bandeira nazista desfraldada em um quarto de sua mansão. Ouro. Muito ouro extraído dos Judeus. Quando vem a Capital é trajando roupas simples, quase molambo. Ninguém dá nada por ele. Sabe de várias línguas, até o português acanhado. E quem o conhece diz também que o chefe deles, Adolf Hitler está homiziado na Argentina. – relatou de modo angustiado o velho fazendeiro.
Tomaz:
--- Mas quem disse ao senhor? – indagou cismado.
Amaro;
--- Todo mundo sabe. Um corno desse! – e cuspiu no balde de lixo.
Tomaz:
--- Parece que o senhor não gosta do homem. – articulou o vaqueiro
Amaro;
--- E quem gosta de um bosta desses? Ele só presta para o “inferno”. – disse aborrecido o velho.
Tomaz:
--- Mas o senhor o conhece? – indagou preocupado.
Amaro:
--- Nem quero! Nem quero! Só me interessa o dinheiro dele. – falou o cuspiu novamente.
Tomaz:
--- A gente recebia instrução para matar seja lá quem fosse suspeito de nazista. – fez ver o vaqueiro.
Amaro:
--- O senhor serviu ao Exército? – indagou de modo estranho.
Tomaz;
--- No Grupamento de Caicó. Eu era um simples soldado. Ainda assim passei quatro anos na farda. – comentou o vaqueiro.
 
 

quinta-feira, 23 de maio de 2013

"NARA" - 63 -

- Rita Guedes -
- 63 -
CHUVA
Quando Eurípedes, a sua noiva Nara e a sua mãe, Clotilde chegaram ao Rio de Janeiro o tempo era de chuva. Muita chuva. Do aeroporto ao Hotel demorou e tanto. O taxi levou bastante tempo por causa do transito e as enxurradas. Quase faminto, pois no avião ele nada comeu por ser refeição não apreciável. O rapaz não sabia se aliviava gases do estomago vazio ou se rumava à pé, enfrentando chuva e buracos. Já estava passando horas e ele impaciente. A sua mãe Clotilde apenas rezava o oficio de forma calada. A noiva Nara reclamava da chuva. Nada se percebia por volta de cinquenta metros. Após a espera irritante com os seus comentários evasivos, por fim, o taxi parou em um Hotel. Eurípedes nem perguntou qual a classe. Apenas buscou os pertences levados também pelo taxista e quase a vomitar pediu as chaves dos apartamentos que fossem ligados um ao outro. O recepcionista atendeu ao hóspede com presteza, mas tinha no rosto uma expressão enfadonha. Hospedes e frequentadores do salão de jogos seguiam para um lado e para outro. Um hóspede procurou sair, porém desistiu, pois a chuva era intermitente e cada vez volumosa. O frio enregelou os ossos na noiva de Eurípedes. Em um dado instante a moça se encolheu toda a dizer:
Nara:
--- Frio! – falou a moça totalmente encolhida.
Carros passavam pela rua larga a espalhar a lama em todas as direções. As pessoas a passar  procuravam se livrar de um total banho. Namorados a sorrir buscavam a proteção de um amparo qualquer. Meretrizes vagavam molhadas pelo temporal. Ébrio fazia discurso com a mão para cima e um dedo apontando para o Céu a falar algo incompreensível.  O temporal implacável rugia pelo som dos trovões e se iluminava pelas fagulhas dos relâmpagos. O mar parecia sentir todo o fragor da tempestade. Um uivo distante era ouvido parecendo o ladrar de uns cães selvagens. O inferno aplacou suas selvagens garras como titãs cruéis. E caiu de vez com brutais ondas de terror a invadir o chão noturno do calçamento da Avenida Atlântica na praia de Copacabana. Volumosas ondas abocanhavam sinistras suas vitais arrebatantes entranhas de horror. Vidros se estilhaçavam caindo ao chão vindo das imensas alturas dos arranha-céus. Era o verdadeiro terror a enfrentar as vertiginosas ondas do intranquilo oceano. Um quiosque se arrebentou de repente na estranha fúria do mar caindo por cima de todos e tudo. Mais a frente o mar cruel avançou arrogante a penetrar com raiva em um Hotel de verdadeiro luxo. As ondas bárbaras devastavam tudo aquilo encontrado pela frente. Era o caos. A exata e apreensiva desordem. Ao furor da tempestade o médico Eurípedes galgou depressa com a sua mãe e a noiva amada para o apartamento de esmerado luxo a procura de qualquer agasalho para os intranquilos hóspedes.
Nara:
--- Ave Maria! Que tempestade! É o furor dos deuses! – disse a moça ao recordar seu pai.
Euripedes:
--- Isso somente é uma chuva de passagem. Amanhã está tudo calmo. – foi o que o rapaz falou
Clotilde:
--- Meu filho amado. É o que eu penso. – disse a mulher a rezar sem parar com seu oráculo.
Já pleno de aborrecimento o rapaz pediu ligação externa para a capital do País. A telefonista de imediato atendeu. E feito o chamado a irritante espera. Demorou certo período até uma voz do outro lado do fio responder. Pelo visto era uma doméstica. De qualquer forma o rapaz indagou se era da residência de doutor Jonas:
Eurípedes;
--- Quem fala é o seu irmão Eurípedes. Preste-me uma informação. Eu estou no Rio. Como ele está? Depressa por favor. – perguntou intranquilo o rapaz.
Demorou certo período até a voz falar.
Voz:
--- Ele está no Hospital. – disse com receio a voz.
Eurípedes;
--- Sei. Mas como está! O estado de saúde. É grave? – perguntou o médico
Voz:
--- Não sei dizer. Mas eu acho que não. Mas o senhor é médico? – indagou.
Eurípedes:
--- Sim. Mas isso não vem ao caso. Em que hospital está Jonas? – indagou intranquilo.
A voz parou de responder até outra pessoa atender. E foi perguntando se ele era o medico e onde estava naquele momento. O medico respondeu e quis saber do estado de saúde de Jonas e da sua esposa Claudia. Houve silêncio. Com pouco de tempo a voz falou:
Milena:
--- Eu sou Milena. Minha irmã veio a óbito. – e caiu em prantos.
O rapaz se inquietou de repente. Porém se manteve tranquilo perante a sua mãe. O silencio permaneceu por alguns segundos. E na sequência o medico indagou a que horas houve o óbito e a moça informou ter sido coisa de duas horas mais ou menos. O sepultamento do corpo seria na manhã ou à tarde do dia seguinte. Milena informou ainda ser a enfermeira. Tudo isso a moça dizia a chorar. Havia mãe, pai e outros irmãos no Hospital naquele momento. O esposo não sabia do estado de saúde da mulher. Por sinal ele estava dopado. Além de medicado, Jonas estava engessado das costelas, braço e perna. Ele não podia se mover. A perna direita estava imobilizada. Os médicos mantinham severa vigilância de paciente. Por isso, o homem ficara totalmente anestesiado. A visita apenas pela tarde.
Eurípedes:
--- Como pela tarde? Eu quero meu irmão em uma sala de primeira qualidade. Eu vou seguir até esse Hospital. Eu sou médico. E os médicos devem entender muito bem disso! – reclamou ostensivamente.
O tempo continuou carrancudo com relâmpagos e trovões a todo instante sem dar a menor trégua de amenizar. Eram cinco horas da manhã do dia seguinte quando tudo se acalmou de verdade. O mar deixava as suas manchas no calçamento e, mesmo assim, os habitués já estavam a fazer o seu caminhar diurno como se nada houvesse a temer na Avenida Atlântica, na praia de Copacabana. O vento frio deixava antever a manhã de sol. Os rapazes do banho de mar já estavam a surfar com suas pranchas desde a Leme até o Forte. Os menos atrevidos faziam o percurso em pleno calçadão. No Hotel, o serviço de quartos começava a atender aos visitantes da noite e outros dias. Dona Clotilde após a sua prece da manhã tomou o seu café com leite e bolachas enquanto Nara estava em seu banho. O seu filho bateu à porta e entrou. De instantes verificou se tudo estava certo e logo foi dizendo.
Eurípedes:
--- Eu vou um pouco antes para saber como está Jonas. A senhora deve ir ao sepultamento de Claudia, às dez horas da manhã. Eu irei também É um clima de luto. A senhora deve trajar vestido escuro, uma malha. Leve também o terço. – falou muito calmo o rapaz.
Clotilde:
--- Eu sei disso. Não precisa lembrar! – falou áspera a mulher.
O rapaz não sorriu. Esperou apenas por sua noiva para dar iguais recomendações. E perguntou a esmo.
Eurípedes:
--- E Nara tem trajes para tal? – indagou cismado.
A sua mãe não respondeu. Apenas ficou a lambiscar os biscoitos molhados no café com leite. Em dado instante, Nara surgiu do banheiro. E vendo o noivo ali perto se trancou de novo. E foi logo dizendo:
Nara:
--- Preciso sair! Fora! – falou a moça em tom de desespero.
Eurípedes:
--- Eu sei. Vou sair. Pergunto se você tem trajes de sepultamento! – indagou sem motivos.
Nara:
--- Não. Agora cai fora! – discursou a moça.
Euripedes:
--- É bom adquirir um vestido no magazine. E agora eu vou embora. Imagine! Quem te viu nua! – gracejou o rapaz.
A moça ouviu e arremessou uma sandália contra o rapaz indignada com a alusão por conta dos exames feitos na Maternidade quando a moça teve de se mostrar aos médicos na hora da hemorragia uterina.  O  médico se livrou da agressão e saiu do quarto a gracejar.
Nara:
--- Bruto! Estúpido! Néscio! – falou magoada.
Logo depois das sete horas, Eurípedes já estava no Hospital, todo paramentado, inclusive com seu crachá a procura do médico de plantão. Após o dialogo com o médico, foi de pronto autorizada à transferência para novo apartamento. O sepultamento de Claudia Rizzo ocorreu às dez horas da manhã daquele dia.