sexta-feira, 31 de agosto de 2012

ISABEL - 41 -

- Guilhermina Guinle -
- 41 -
PEIXE
Por volta às oito horas da manhã daquele mesmo dia, Maria José, já em casa de Isabel, de frente para o mar, estava a fazer o almoço do meio dia para a senhora Salete e demais pessoal, incluído o seu próprio filho, Paulo. Naquela hora o garoto brincava com os pedaços de ossos. Ele chamava aquela diversão de boi ou de caminhão. Os bois andavam nos caminhões. E era assim a brincadeira. O seu colega, Francisco, tinha caminhado para o jardim. Dessa forma, Paulo se encontrava só. Ele e a sua brincadeira com os ossos. A mãe estava a tirar a carne da geladeira e cortar os pedaços para quem comesse inclusive Salete ou dona Salete se assim a moça a tratasse. Foi nessa hora que um rapaz chegou até a porta da casa oferecendo peixes. Ela olhou de repente e logo falou:
Maria:
--- Quero não! – respondeu a mulher a espantar as moscas de seu rosto.
Pescador:
--- Faço barato prá senhora. – disse o pescador.
Maria:
--- Nem de graça. – respondeu a mulher.
Pescador:
--- São oito por cinco reais. – insistiu o homem.
Maria:
--- Virgem Nossa! Ainda tem peixe na geladeira. – respondeu a mulher sem achar graça.
Pescador:
--- Mas esses são novos. Eu peguei agora. – sorriu o rapaz a levantar a enfieira de peixe.
Maria:
--- Ora que abuso. Já disse não e pronto! – falou ríspida a mulher.
O pescador sorriu e saiu da porta da casa. A mulher veio de dentro e fechou a porta para não ter mais que ouvir tanta lamentação de pescador nenhum. Porém ela ouviu o tilintar no bolso de sua saia e, então, isso lhe prestou uma ideia. Ela puxou do bolso as moedas e o dinheiro de papel. Apenas contou o tanto e viu que dava para negociar. Maria José se voltou apressada e abriu novamente a porta para chamar o pescador. Debalde. O homem já havia desaparecido da rua. Ela então voltou para dentro da casa fechado a porta com certa força. Ao passar pelo quarto observou a mulher se estava acordada ou não. E nesse ponto, a mulher, deitada, falou para Maria José:
Salete:
--- O pescador. Ele está perto da casa. – falou mando a mulher.
Maria
--- Senhora? Como a senhora sabe? – indagou a mulher com surpresa.
Salete
--- O pescador. Ele está perto da casa. – falou com solidão a mulher.
Maria
---  Nossa! A senhora escuta? – indagou perplexa a mulher Maria
E a mulher nada mais respondeu. Salete se deitou como se fosse dormir. Maria José, num supetão, correu para a sala, abriu a porta e se topou com o pescador que ainda estava na porta a oferecer o pescado. E ele disse:
--- Compre essa enfieira. Não custa muito. A senhora me ajuda bastante. Compre. – recitou o pescador de pouca idade agarrando os seus peixes a altura do seu rosto quase a chorar.
Maria:
--- Tá bom. Eu fico com a corda. Mas sou dou esse trocado. Não tem muito. Depois o senhor passa por aqui e lhe dou o restante. – falou a mulher com voz serena.
Pescador:
--- Está bom. Eu passo depois. Amanhã, talvez. Sempre venho do mar. – e apontou para o mar.
Maria José olhou para o mar e se voltou para os pescados. Logo a seguir pôs o pescado em suas mãos e já estava a partir quando o rapaz indagou:
Pescador:
--- A senhora pode me arrumar um copo d’água? Estou morto de sede. – falou o rapaz.
Maria:
--- Posso. Pois não. Espere um instante. – falou a mulher inda para dentro da casa.
E lá por dentro sempre a olhar o pescador, apesar da porta está fechada, ela depositou a água em um copo e voltou com pressa para servir ao rapaz. Esse bebeu e depois indagou a mulher.
Pescador:
--- A senhora é daqui? – indagou o pescador a Maria José.
Maria:
--- Por que me faz essa pergunta? – falou a mulher recuando da porta.
Pescador:
--- Porque é a primeira vez que a observo. – falou o rapaz.
Maria:
--- Sou de perto. – falou a jovem moça querendo fechar a porta.
Pescador:
--- Ah bom. Na certa é casada. – falou desiludido o rapaz.
Maria:
--- Sou sim. Meu marido não tarda a chegar. – respondeu a jovem moça.
Pescador:
--- Ah Bem. Feliz é o homem que tem uma mulher como esposa. – disse o pescador com a cara de desiludido.
Maria:
--- Pois é. Ele é um bom homem. – falou a mulher.
Pescador;
--- Um bom? Pena! Eu seria bem melhor que isso se arranjasse uma esposa. – disse o pescador meio desiludido.
Maria:
--- Ah bom! Já conversou demais para o meu gosto. Dá licença! – e se apressou em bater a porta.
O rapaz saiu cabisbaixo, com as pernas das calças levantadas até ao meio da canela. E Maria ficou a escutar o passar do homem e nada mais. Num espaço curto de tempo ela ouviu uma voz lamuriosa a cantar uma modinha a falar de uma sertaneja. O cantar o homem vinha dos mares profundos e bravios com então um eterno namorado. Na canção ele pedia a Deus que lhe desse espaço para voar e ter o tempo de percorrer a natureza para não ver a sua amada a chorar. E o rapaz cantou a musica de forma tão suave a não momentos de espera para a virgem amada. Maria José sorriu e deixou o moço mergulhar os seus sentimentos imprevistos nas mágoas de uma nativa. A fonte do amor partido era mesmo o sacudir as ondas onde sereias de encanto navegam contemplativas para o fundo abismal da natureza.
O menino Paulo chamou a sua mãe por que nem mais. Apenas ele chamou. A mulher ouviu e correu para saber o que estava a se passar. E o menino abaixou a cabeça e tornou a empurrar o seu carro de animação. E depois de um curto tempo a criança indagou:
Paulo:
--- Mainha! Quando a gente volta? – indagou o garoto a brincar com seu carro de osso.
A mãe ficou a pensar no que responder. E de pronto lhe disse:
Maria:
--- Breve. Filho. Breve. – respondeu a mãe a enganar a criança.
Paulo:
--- Breve é quanto? – indagou o menino empurrar o seu carro fantasma.
Maria:
--- Breve é breve, filho. – e sorriu para a criança.
 

quinta-feira, 30 de agosto de 2012

ISABEL - 40 -

- Sylvia Kristel -
- 40 -
A PARTIDA
Nesse mesmo dia em uma casa de campo, o salão estava com os mais senhores da situação onde o deputado estadual Sandoval Quaresma era o líder do bando. Pouco se conversava entre os demais presentes. Apenas um deles chamou pela atenção do deputado para reportar ter o nome de Mão Branca ser espalhado pelas emissoras de rádio e televisão. Nos jornais, apenas no dia seguinte. O parlamentar ouviu o relato do seu peito-largo e olhou em volta podendo a cada qual falar. Ele queria saber se alguém a não tinha mais nada para contar. Como ninguém se moveu, ele mesmo falou:
 
 
 
Quaresma:
--- Bom! É melhor assim! Enquanto a Policia diz ter sido morto o tal, nós não temos nada a temer. Agora, eu não aprovo o erro de Mão Branca em atacar um homem inocente. E por que ele errou, pergunto eu. – e voltou a olhar os seus cruéis pistoleiros.
Ninguém falou. Nem mesmo o próprio assecla Mão Branca. Isso deixou muito mais irritado o deputado por o homem não querer falar. E fez o deputado perguntar de viva voz:
Quaresma:
--- Heim? Heim? Heim? Fale quem fez esse “desastre”. – gritou o parlamentar a detestar o silencio feito..
O deputado se levantou se sua cadeira estofada e, com as mãos traz com a sua barriga enorme começou a voltear a mesa de reunião. O  passo miúdo fazia do parlamentar uma verdadeira fera capaz de esganar todos e a tudo.  Após um curto espaço de tempo, um fulano falou:
Mão Branca:
--- Bem Deputado! Eu agi pensado ser aquele o homem marcado para morrer como o senhor mandou. – parou desconfiado de falar.
Quaresma:
--- Eu mandei? Eu mandei? Eu mandei? Quem viu  eu mandar matar aquele pobre miserável! – indagou o deputado com a maior ira do mundo.
Mão Branca:
--- Eu cumpro ordens, senhor deputado. – respondeu Mão Branca um pouco cabisbaixo.
Quaresma:
--- Cumpre ordens? Cumpre ordens? Cumpre ordens? Pois devolva a vida do vendedor de verduras, ou seja, lá o que for. Você é um borra botas! OUVIU BEM! Heim? Heim? Heim? BORRA BOTAS! -  instigou o parlamentar apoiado à mesa com olhar sério e voz calorosa.
Mão Branca:
--- Isso eu não posso fazer. Devolver a vida do infeliz. – chorou Mão Branca com a cabeça abaixada.
Quaresma:
--- O que eu vou falar ao Governador e meus velhos parlamentares do interior do Estado?!  Lindolfo! Cumpra o que tem a fazer! – falou o homem tremendamente constrangido.
Lindolfo:
--- Sim senhor Coronel! Levanta cabra frouxo!  - disse em seguida o pistoleiro de aluguel.
Mão Branca:
--- Espere aí! Você não pensa em me matar?! – falou Mão Branca sacando o seu revolver.
Em seguida soaram três disparos. Era o feito de Lindolfo. Mão Branca se encolheu todo com a mão do ventre, cara amarga e revolver para cima. Com isso detonou a arma. A bala pegou no teto da casa. Mão Branca caiu ao chão se contorcendo pra morrer.
Após esse incidente, o deputado estadual Sandoval Quaresma se deslocou até ao Palácio do Governo onde fez um relato a portas fechadas sobre o acontecido a dizer ser o rapaz morto pela manhã um alguém. Em nada o rapaz estava no programa da eliminação de bandoleiros, caso a resolver apenas com os pistoleiros contratados pelo Governo, apesar de não se saber ao certo quem era o arquiteto do plano. O Governado ouviu o deputado Quaresma e, após algum tempo o despachou como se nada de mais tivesse ocorrido. No plano do Governo tinha gente do alto interior, e os quatro-paus eram homens destemidos para matar ou até morrer. Os quatro-paus eram elementos criados do cerrado e viviam prontos para qualquer chamado, não importa do qual lado. A ação havida horas antes foi motivo de “apagar” sem deixar vestígios um erro cometido pelo criminoso Mae Branca, chamando assim por causa de um par de luvas conduzidos pelo quadrilheiro quando era encaminhado para matar. No seu lugar, outro assumia, pois o anterior já estava morto e fincado em local seguro.
Porém a ação do deputado vasou depressa. Uma cozinheira ouviu os disparos de arma de fogo quando foi morto o tal Mão Branca. Apesar de ser empregada do deputado Quaresma, a doméstica se assustou com os tiros e não foi por acaso ter a mulher contada à sua filha o fato ocorrido. Nervosa como tal, a cozinheira amedrontada apenas dizia.
Cozinheira:
--- Não diga nada a ninguém! A ninguém! Ouviu? – ela indagou temerosa.
Filha:
--- E eu com isso? Ora! – e deu uma rabissaca, fez um thunc e saiu de perto da cozinha da casa.
Três bandoleiros bem armados saíram da casa de campo a levar o corpo de Mão Branca para deixa-lo ao leu entre as matas intricadas, fechadas mesmo, onde nem cobra se ouvia, pois a praga de gafanhotos dizimou as serpentes. E lá sacudiram a carcaça e lá o marginal ficou até quando o Deus dará.  Na cozinha da casa a mulher sempre olhava para um lado e para outro a ver se alguém de fora chegara. Não avistou nada, Apenas os três pistoleiros. Esses voltaram de sua missão e se enfurnaram na casa grande. A mulher ouviu uma discussão entre os marginais e não deu a maior ou menos importância. Os marginais queriam saber quem ficava como o líder do grupo depois da morte de  Mão Branca.
Marginal 1
--- Vamos votar pra ver quem dá as cartas. – alegou o quadrilheiro.
Marginal 2
--- Votar que nada! O patrão já decidiu! Fica Lindolfo! – relatou o segundo com tirania.
Marginal 3
--- Eu prefiro o voto! – fez vez um terceiro todo esticado na cadeira de quatro pernas.
Marginal 4
--- Uma bala nem falar! – acudiu o quarto pau mandado insinuando a ordem emanada do deputado Quaresma.
Marginal 5
--- Homem! Vocês decidam, pois eu vou tirar uma soneca. – falou o pistoleiro Lindolfo puxando o chapéu a cobrir os olhos e alí mesmo dormitar na cadeira fofa do parlamentar.
Os quatro jagunços se entreolharam e apostaram em Lindolfo como o homem pronto para assumir a missão, pois nada havia mais a discutir.
Marginal 3.
--- Tá bom. É assim mesmo. Fica Lindolfo. Passem as luvas brancas para ele. – discursou o bandido sanguinário.
As luvas brancas era um estilo dos quadrilheiros em usar quando eram marcados para matar alguém. Podia ser um Príncipe ou outro pau-mandado ou peito-largo. Após tanta acirrarão o grupo passou as luvas para Lindolfo. Esse estava como a cochilar com as pernas esticadas sobre a mesa e o chapéu a cobrir-lhe os olhas que nem sequer a dar importância ao fato. Lindolfo tinha um corpo esguio, ligeiramente alto, mãos alvas, dedos rápidos e usava duas armas estilo 45. Ele passava o dia disparar com suas armas para ter certa a pontaria. Quando não era um revolver, ele usava um rifle. Os demais jagunços também faziam o mesmo. Mesmo assim, nem todos acertava o alvo como Lindolfo fazia sempre. Depois de atirar em garrafas ou em outras espécies de mira o bandoleiro guardava a sua arma não deixando de fazer uma roda com o revolver para poder colocar no coldre. Essa era a sina diária dos pistoleiros criados das gotas do sertão bruto onde o destino era atirar para matar.
Têm casos peculiares dos bandoleiros, Um dele foi o de carregar a arma para atirar. Esse tal pistoleiro fez o seu carro e ficou de tocaia para matar um homem rico da idade para a qual fora mandado, Passou o dia com o jagunço à espreita da vítima. Mas o sono foi maior, Ele dormia quando foi acordado por um tropel de cavalo, De imediato o home acordou e foi para onde poderia acertar do homem. E fez mira, puxando o gatilho para acertar no alvo, Atirou e errou, Um tiro certeiro se voltou contra o jagunço. O homem atirou certeiro e o pistoleiro foi acertado. Depois de alguns minutos, o homem chegou até o bandoleiro e observou ter o homem morrido com um único disparo de sua arma. Nesse ponto o homem procurou a identidade do bandoleiro e pode ver que ele era o único despachado da matar a sua pessoa àquela hora do dia. O homem saiu e partiu para onde devia ir, O cadáver ficou exposto ao sol quente da tarde. Eram para mais de três horas e fazia calor infernal naquelas pedreiras.
 

quarta-feira, 29 de agosto de 2012

ISABEL - 39 -

- Noomi Rapace -
- 39 -
CHEGADA
Nesse ponto ouviu-se um ruído de entrada na porta do quarto quando entrava o enfermo Toré, ainda sonolento. O carro de mão no qual vinha o enfermo era empurrado por um rapaz forte e negro. A frente o enfermo estava uma enfermeira orientando o rapaz a conduzir o carrinho de modo a não afetar em qualquer coisa o enfermo cirurgiado. Após esse rapaz a conduzir Toré vinha outro, um pouco moreno, magro, afilado e sempre a sorrir. Com esse segundo moço estava uma auxiliar de enfermagem com uma tabuleta presa em uma espécie de prancha com as indicações do enfermo. Tão logo a auxiliar entrar foi direto para a cama de Toré a pregar a tabuleta. Depois, a moça ficou ao lado dos maqueiros. A enfermeira orientava os rapazes enquanto a família do enfermo caía em pratos. A mãe de Toré era a mais nervosa possível a argumentar:
Dulce:
--- Meu filho. Meu filhinho. Como está você? – perguntava a mulher aos prantos.
A enfermeira mandava a mulher ficar ao lado. Enquanto isso a esposa Otilia, soluçava constante a procurar agarrar a mão do rapaz. E enfermeira falado moderado dizia:
Enfermeira:
--- Ele está sonolento. – respondia a enfermeira preocupada em sentar o rapaz na sua cama.
A filha Silvia e a irmã de Toré nada diziam. A mulher Luiza aguardava se por o rapaz  na cama. Do lado de fora estava o investigador Silva. Esse nada reportava. Apenas ligava em seu rádio para o delegado informado ter Toré já em seu quarto e perguntava se saía de onde ficara a manhã inteira. A resposta negativa veio com outra indagação.
Silva:
--- Em preciso de muda de roupas. – falou baixo o investigador.
Delegado:
--- Aguarde! Mando já as suas roupas! – falou grave o delegado.
Silva:
--- E a história de Mão Branca? – indagou para saber.
Delegado:
--- Aguarde! – disse o homem e desligou o rádio de comunicação.
Silva:
--- Merda. Eu matei Mao Branca. – falou baixo o investigador fora do fone.
E com a cara obtusa o homem largou o rádio comunicação e ficou na porta do quarto com o semblante de quem não gostava nem um pouco de estar no seu lugar.
No interior do quarto os maqueiros firmaram o enfermo em seu lugar. A enfermeira disse para Otilia algo dele está sem a roupa de baixo, pois tudo estava sujo de sangue. E  mesmo se ele precisasse urinar, um aparador estava em baixo da cama.
Enfermeira:
--- Hoje ele não faz mais outras necessidades. Ele foi submetido a uma lavagem estomacal. Eu vou fazer uma injeção contra dores e outras necessidades mais urgentes. A auxiliar vira a cada duas horas ver o estado de saúde do paciente. Seria melhor ter menos gente no quarto. – relatou a enfermeira. E chamou a auxiliar a dizer ter ela de ficar no quarto para alguma necessidade. A auxiliar teceu um sorriso amargo e concordou.
Nesse pontou a enfermeira saiu com um bolo de papel nas mãos.
Enquanto isso a noticia de Toré chegava ao Bar de Isabel através de um mecânico. Ele não muito que contar e apenas disse:
Mecânico:
--- Toré foi internado. Levou um balaço no peito! – falou o mecânico se mais histórias.
Isabel:
--- Toré?! Quando?! – perguntou surpresa a mulher.
Gonzaga:
--- Toré? Você esta brincado! – vez ver o homem assustado.
Mecânico:
--- Sério! Hoje de manhã. O ladrão atirou nele. – falou sem mentir o rapaz
Isabel:
--- Vou já prá lá. Você cuida das coisas! Das Dores! Ajuda aqui! Ai meu Deus! Otilia! – disse Isabel meio atormentada.
Das Dores:
--- Pode deixar. Eu ajeito. Ora mais! – responde a mulher.
Isabel saiu apressada direto para o Hospital a procura de maiores informações sobre o enfermo. A chegar na porta de atendimento se topou com Luiza, irmã do enfermo, e a filha de Toré, a menina Silvia. Ela então se dirigiu a Luiza, com a face de desespero. E perguntou:
Isabel:
--- Otilia! Como está Otília! – indagou apressada a mulher.
Luiza até se assombrou com tal situação. Mesmo assim, respondeu:
Luiza:
--- Ela está bem. Você pode subir. Ela está fazendo companhia a Toré. Minha mãe saiu um pouco mais cedo. – respondeu a irmã do doente.
Isabel:
--- Ave Maria! Você nem sabe como eu fiquei triste com essa notícia. Eu fiquei sabendo inda há pouco. Eu tinha de vir depressa. Ave meu Deus. Otilia está bem? E Toré? – indagou apressada a mulher.
Luiza:
--- No momento ele está dormindo. Mas, Otilia, depois de muita gritaria, ela vai passando normal. – relatou a irmã do enfermo.
Isabel:
--- Gritos? Houve gritos? – indagou Isabel tomada de surpresa.
Luiza:
--- É. Você sabe como é Otilia. Ela chegou ao desespero no hospital. Mas agora está calma. E vai ficar. A enfermeira disse que Toré vai passar uns três dias no quarto. – falou a simpática Luiza.
Isabel:
--- Ave Maria! Só rezando! Eu vou subir! Posso? – indagou mais uma vez a moça.
O investigado Silva esteve no banho para trocar de roupa. O outro investigador trouxe a roupa para Silva e uma ordem do mesmo ficar por mais algumas horas até chegar o seu substituto. Isabel não viu o investigador Silva. Ela falou apenas como o segundo investigador para poder entrar no apartamento de primeira classe.  E assim a mulher entrou no quarto estreito, porém bem ornamentado, coberto de cortinas. A cama onde Toré se encontrava estava coberta com um véu transparente de seda. Isabel nem olhou esse luxo. A auxiliar estava na quina da cama no aguardo de algo para ser feito. Outra auxiliar entrou depressa para examinar as injeções aplicadas no doente. A mulher averiguou e fez um aceno para a outra auxiliar como quem dizia “tudo bem”. E voltou para outros cômodos. Isabel se abraçou com Otilia e se pôs a chorar com a situação do doente. Otilia também chorou. Então as duas ficaram solitárias e procuraram se sentar em um acolchoado para por em dias a situação de Toré.  
Otília:
--- Eu não vi coisa alguma. Apenas cheguei quando a multidão estava alarmada. E então fiquei sabendo ser  vitimado o meu marido. Eu entrei em pânico. Arrumei um carro não sei de quem e estou aqui desde as oito horas. – relatou a mulher ainda em prantos.
Isabel:
--- Mas mulher? Como foi isso? – indagou perplexa a mulher
Otilia:
--- Eu não sei. Não ouvia nada. Tive desmaios ao chegar aqui. E pronto! – respondeu Otilia.
Isabel:
--- O povo está falando em Mão Branca? Não é possível! – comentou com tristeza a mulher.
Otília:
--- Mão Branca? O criminoso? Não é possível! – fez vez Otilia um tanto assombrada.
Isabel:
--- Pois é. Eu digo o mesmo. – vez ver a mulher.
 

segunda-feira, 27 de agosto de 2012

ISABEL - 38 -

- Isabella Rossellini -
- 38 -
MÃO BRANCA
No decorrer das horas a família estava a sentar em sofás de rara beleza no quarto de primeira reservado ao moço Toré, tão logo ele voltasse da cirurgia a ser submetido. Entre os demais estava a sua irmã Luiza a se deitar em um acolchoado de lã e a pesar no ferimento do irmão. A mãe do rapaz estava de cabeça baixa e a mulher ainda não tinha se recomposto do temor da morte. Por isso mesmo, sempre Otilia chorava acariciado a sua filha ao lado. Luiza se recompôs e se levantou do acolchoado e foi até a janela do quarto para ver ninguém. Nesse meio tempo, Luiza pegou em um jornal do dia e começou a folhear sem nenhuma pretensão. E foi assim ter ela abordado uma página onde estava impressa a notícia corriqueira daquela época. Era a fértil história de MÃO BRANCA, temível desordeiro. O facínora da Polícia havia matado tanto homens quanto a gripe espanhola na sua época. A moça, sem querer, leu a matéria do novo crime de Mão Branca na cidade. Para Luiza era uma nova morte e não tinha a ideia de saber ou não. Apenas a moça leu a matéria. Contavam-se as arruaças do forasteiro e Luiza não se interessava mais nem um pouco sobre os acontecidos.  Por isso, com a mão no queijo, sentada à margem da cama, Luiza passou a vista na matéria sem grandes preocupações. Era contato ter o bandido feito uma nova vítima, talvez outro delinquente contumaz.  Ela olhava a matéria como se observava ovos na prateleira. Nada demais importava a Luiza. Foi lendo aquilo sem ao menos interrogar as circunstancias. Porém, foi em um ponto de maior tensão ter a mulher sentir em maior contemplação. O facínora dos morros e arrabaldes havia matado um negociante de verduras. Aquela tragédia foi um equivoco do famigerado  bandido Mão Branca. O negociante caminhava tarde da noite para a sua casa quando um disparo a queima roupa lhe tirou a vida. Três disparos feitos para ter Mão Branca acertado no homem. Ainda olhou para ter certeza da morte do homem e então fugiu em caminhonete com destino incerto. O  crime foi visto por outro vendedor ambulante. Esse se encostou a uma porta para ter a certeza de não ser visto. O crime foi praticado por engano, pois o negociante não teve inimigo nem discutia com ninguém. O assassino apenas o confundiu com outro comerciante. O crime seguia o mesmo principio de outros em Estados diferentes. Tal famigerado Mão Branca era um reles matador e ganhou celebridade por sua ação. Com os seus feitos divulgados pela impressa, então o matador ganhou fama de um grande assassino a qualquer preço. A mulher observou a matéria e se lembrou do caso com o seu irmão, Toré.
Luiza:
--- Nossa! Esse criminoso pode ter sido o mesmo desta manhã. – comentou a mulher.
Silva:
--- Por que dizes isso? – perguntou o investigador.
Luiza:
--- O matador não tinha certeza de quem matava. – disse meio alucinada a mulher.
O investigador não disse coisa alguma, pois bem seria aquele o facínora de outros crimes havidos na cidade nos últimos tempos. E mesmo sendo identificado como o homem do relógio, o algoz poderia também sacrificar vítimas a bel prazer. A Polícia andava na captura do baixo elemento apesar de haver conversas do celerado está sob a guarda de políticos influentes na capital e interior. Não havia sinal algum de quais políticos a eles servia o crápula. Porém, a polícia política do estado tinha suas informações sigilosas e esperava topar com o marginal a qualquer instante do dia ou da noite. Os investigadores já estavam orientados para o que desse e viesse ao se dopar com o quadrilheiro.
E após alguns minutos, ainda no quarto de Toré, o investigador Silva foi chamado por sua atenção ao notar a conversa entre dois serviçais do Hospital quando eles passavam apressados e um deles dizia:
Serviçal 1
--- Tu sabes quem foi morto? – perguntou um deles meio apressado.
Serviçal 2.
--- Não. Quem? – indagou o outro com as mãos com bandeja servida.
Serviçal 1
--- Mão Branca. Eu ouvi um rapaz falando. – disse o primeiro.
Serviçal 2
--- Foi nada! Quando? – perguntou o segundo.
Serviçal 1
--- Inda agora. A polícia encontrou o bandido. – responde o primeiro.
Serviçal 2
--- Foi nada! Onde? – indagou o segundo com atenção.
Serviçal 1
--- Na Rua do Comércio. Ele tentava matar um homem e a polícia chegou na hora. Foram dois balaços e o jagunço morreu. – relatou contente o primeiro serviçal.
Serviçal 2
--- Ah, É por isso que, quando eu vinha para o trabalho vi um monte de gente na Rua. O ônibus partiu e alguém disse: “Mataram um”. Foi. Eu vi. Coisa danada. Eu vi com meus próprios olhos a multidão. Eu não sabia que era o morto. Agora tu me contas. Eu vi! Menino, eu vi! – respondeu com alegria p segundo serviçal.
Serviçal 1
--- Pois foi. Deu no Rádio inda agora: Bandido Mão Branca foi Morto. Foi à reportagem do homem que fez lá de onde estava o corpo do morto. -  destacou o primeiro serviçal.
Serviçal 2.
--- Vou já escutar a notícia! – e saiu correndo para fora o segundo serviçal.
Silva estava a ouvir a conversa dos dois serviçais e, de imediato, passou um rádio – de dois metros – para o distrito policial. Ele teria de verificar a verdade da informação colhida. Após uma breve conversa com a delegacia, Silva voltou e falou com a senhora Luiza prestando a informação por ela apontada.
Silva:
--- O rapaz não demora mais. Ele já foi cirurgiado. E a propósito: o morto já foi identificado pela polícia. Era mesmo o Mão Branca. Agora sossegue. – falou Silva e saiu do local.
Otília estava a pensar no marido e, diante de novas informações, de supetão se voltou da cadeira onde estava. Com os olhos perguntadores, alarmou:
Otilia:
--- Quem? – indagou com pressa a mulher.
Luiza:
--- Nada não. Toré chega com um pouco de tempo. – declarou a irmã do rapaz.
Otília:
--- Não foi isso que eu ouvi. Foi do morto. Quem era? – indagou alarmada a mulher.
Silva:
--- Tenha calma. Foi isso mesmo o que a senhora Luiza declarou. – falou de forma mansa o investigador.
Otília:
--- Ah. Não foi! Eu quero saber a verdade. Quem atirou em Toré? – indagou exaltada a mulher.
Silva:
--- Tenha calma. Foi uma pessoa. A Polícia vai descobrir o nome. – relatou com mansidão o investigador.
Otilia:
--- Não foi isso o que eu ouvi. Mão Branca? O que tem Mão Branca? – indagou mais que exasperada a mulher feita uma fera.
Luiza:
--- O bandido foi morto. Foi isso. Tenha calma. – falou séria a irmã de Toré.
Dulce:
--- Mão Branca? O que tem Mão Branca? – perguntou por sua vez a mãe de Toré ao se voltar da poltrona.
Silvia:
--- Quem é Mão Branca, mainha? – indagou por seu lado a garota.
Luiza:
--- Ô meu Deus! Tá vendo no que deu. Agora todos querem saber dessa peste. Ele morreu! Pronto! É isso que querem saber?  Morreu! Deu no rádio! Ora essa! Ninguém pode nem sequer falar? Mão Branca morreu! – falou exasperada a irmã de Toré.
Otilia:
--- Quem matou? Falou aos berros a esposa de Toré.

domingo, 26 de agosto de 2012

ISABEL - 37 -

- Isabelle Adjane -
37
ENFERMEIRA
A enfermeira se apressou e, sem contar conversa, fez uma injeção no braço da mulher, dona Dulce Pontes, para tornar. Foi tão rápida a ação que ninguém se deteve para ver, a não ser o enfermeiro Josino e a filha Luiza. O ruge-ruge de pessoas continuava no corredor estreito. Gente passando; gente a espera; gente com um dedo nos lábios a reclamar da demora. Gente de toda classe. A enfermeira colocou a mulher em sentido normal a evitar maiores dissabores para a família. A outra senhora, dona Otilia, também ao desmaio, estava sendo atendida em outra parte do Hospital, vez ter a mesma ficando lúcida, apesar de um pouco tranquila. O vozeiro das pessoas. Os maqueiros a passar com os indigentes; o barulho que se fazia. Tudo isso deixava Luiza intranquila naquela hora da manhã. Josino enfermeiro procurava controlar a mulher com palavras amenas. A enfermeira ainda sorriu para Josino e disse ter a mulher Dulce a se recuperar em instante. E de imediato  se levantou da cadeira feita de pau onde demais pessoas esperavam respostas dos seus doentes. Josino indagou a enfermeira com estava a passar o filho de Dulce e a enfermeira disse:
Enfermeira:
--- Volto já! – disse a enfermeira.
E saiu dali como se estivesse a fazer as suas obrigações. Josino se, pois em ação para ver como estava o enfermo Toré. De imediato, uma auxiliar se aproximou de Luiza a perguntar e a mulher era parenta do internado doente.
Luiza:
--- Sou irmã. A mulher dele está ali.. – fez ver a mulher.
Com uma prancha na mão a auxiliar respondeu precisar de informes mais precisos do paciente cujo problema dava a impressão de ser feita cirurgia. Por isso mesmo a auxiliar indagou do nome completo; estado civil; se já fizera algum tipo de cirurgia; o seu estado de saúde; se tomava algum medicamento; se ele se alimentara naquela hora. E tudo mais. Alguma resposta Luiza tinha de pronto. Outras, só a mulher sabia. Dona Otilia.
A moça agradeceu e saiu. Por alguns minutos voltou à enfermeira a dizer ter o rapaz de ser cirurgiado ainda naquele dia. Disse isso e saiu. Luiza ficou preocupada:
Luiza:
--- Então ele vai ficar internado? – indagou a irmã.
A enfermeira já indo embora se voltou e sorriu. Luiza procurou falar com a esposa de Toré para lhe contar as ultimas informações. A sua mãe ainda estava sentada com a cabeça para trás em estado de sono. Otilia já pouco mais tranquila pelo efeito do remédio, apenas ouviu o dito. Ela não sabia o que fazer naquela hora. O enfermeiro Josino voltou com as suas informações a dizer ter Toré de ficar um dia ou mais.
Josino.
--- Ele vai ser cirurgiado. Deve ficar um dia ou mais. Fica na indigência? – perguntou o enfermeiro.
Luiza:
--- Heim? Indigência? Claro que não. Ponha numa sala mais confortável. – disse a mulher.
Josino:
--- De primeira classe? – perguntou o enfermeiro.
Luiza:
--- Deve ser. – respondeu a mulher de olhos bem abertos.
Josino:
--- Os médicos estão vendo a hipótese de ser feito de forma mais tranquila. Talvez hoje à tarde ele esteja recuperado. – falou o enfermeiro.
Luiza:
--- Ainda bem. Deus te ouça. – reclamou a irmã do enfermo.
De outro lado, a rua onde se deu a tragédia estava toda guarnecida pela Polícia. O corpo do homem continuava exposto no chão. Alguém trouxe uns jornais  para cobrir o cadáver. Toda a área ficou isolada deixando passar apenas pela parte defronte ao defunto. Muita gente a olhar o trágico incidente. Cada qual tivesse sua história. Uns até em desacordo com Toré.
Alguém:
--- Esse Toré tem instinto de mau. – relatava.
Outro:
--- Até não acho. – respondeu.
Terceiro:
--- Quem é Toré?  O defunto? – perguntava um desavisado.
Mulher:
--- Coitado do doido! Ele era doido, era? – indagava a mulher a passar.
Homem:
--- Pra mim está morto e bem servido! – fez vez um homem ao passar.
O sol era aplacado pelas sombras das árvores plantadas no meio da rua. Eram árvores gigantes, de seus vinte metros. As casas, mais sobrados. Defendiam a quentura solar. Nem por isso deixava de fazer calor em todo meio-ambiente. A polícia, em duas viaturas guarnecia o corpo da vítima. O rabecão chegou depois das dez horas. Um médico olhou o corpo e mandou por dentro do rabecão. Ele fez as anotações devidas e não disse nada. Dez e meia: tudo estava liberado. Então ficaram apenas os comentaristas de oportunidade. Um repórter tomou nota e saiu. A equipe de reportagem da Tv já estivera no local instante antes. Fez a reportagem e saiu com pressa. O homem a vender sorvete continuava a oferecer a sua mercadoria. Menino a vender castanhas; outro a vender pirulito. Um bêbado se equilibrava para não cair em meio dos carros estacionados. O rabecão saiu. A  policia, também. Enfim, tudo voltava ao normal. E a vida continuava. Em meio de toda a conversa alguém atinou:
Alguém:
--- Eu vi o morto instante antes. Aliás, ele estava por aqui há três dias. – refletiu o homem.
Outro:
--- E quem era ele? – perguntou um passante.
Terceiro:
--- Talvez fosse inimigo de Toré. – disse o homem e prosseguiu viagem.
O caso foi parar na delegacia. A identificação não foi possível fazer. A vítima não conduzia documentos.  O caso correu para o setor de investigação. Dois policiais foram destacados para se por de frente ao hospital. Um dos tais indagou a Silva, colega de oficio, se tinha a conhecer o homem morto.
Silva:
--- Não sei quem era. Ouvia apenas o disparo de arma. – comentou o policial.
Policial:
--- Esse homem há uns tempos esteve da DP a procura de um relógio. – fez vez o segundo policial quando estava no hospital.
Polivial-1
--- E por que você só disse agora? – perguntou o policial 1.
Policial-2
--- Eu estava querendo lembrar aquela fisionomia. Somente agora atinei. – relatou o homem da polícia.
Silva:
--- Justamente. Você tocou na ferida. É o irmão do suicida. – comentou alegre o investigador.
Policial-1.
--- É melhor a gente voltar para contar a versão. – relatou om agente 1.
Silva:
--- De qualquer forma o rapaz não vai receber alta hospitalar agora. Eu vou ficar aqui e vocês podem ir. – disse o investigador.
Na hora do almoço o pessoal de Toré não sabia como procurar comida. Silva conseguiu uma quentinha e foi saborear defronte ao hospital. Josino enfermeiro arranjou um almoço para as mulheres e a criança Silvia, filha de Toré. Ele mesmo se serviu na cozinha do hospital onde trabalhava dia sim, dia não. Com o acerto feito com a direção do hospital, arranjou-se de imediato um apartamento no primeiro andar da casa de saúde. As ajudantes de enfermagem cuidavam de levar todos os parentes de Toré para o devido quarto bem arejado. Apesar de simples, era um quarto de primeira classe. Havia próximos a equipe de enfermagem e outros a trabalhar constante. Um homem em seu computador a dedilhar os seus afazeres. A moça nem pestanejava. Era apenas a digitar os casos de emergência. Uma enfermeira saiu com pressa do recinto.