quinta-feira, 23 de agosto de 2012

ISABEL - 34 -

- Adianna Birolli -
- 34 -
BOI SELADO
Quando era a tarde logo após o almoço, Gonzaga puxou um assunto com Isabel, pois estava confuso com a pendência da questão. Era o nome verdadeiro do seu primeiro marido, negócio ter ela não falado até aquele ponto da situação. O homem, um pouco encabulado pesquisou o assunto e depois de tanto pensar foi à pergunta decisiva:
Gonzaga:
--- Ô querida! Como se chamava o teu primeiro esposo? – indagou o homem esperando qualquer resposta.
Isabel estava na tina a lavar os pratos servidos e Gonzaga estava sentado da cadeira de palha da sala da cozinha com a mão no queixo. A moça estranhou a pergunta e olhou em direção de Gonzaga respondendo, pois:
Isabel:
--- Hum? Argemiro! Por quê? – e voltou à cara para a tina.
O homem ficou quieto para depois de alguns segundos ele responder:
Gonzaga:
--- Por nada. É que ouvi a moça chamar o rapaz de “Boi Selado”. Estranho! – respondeu o homem meio desconfiado.
Isabel não teve mais espaço para coisa alguma. De imediato soltou uma bela gargalhada sem ter mais tamanho. E sorriu o quanto pode até mesmo se urinar com a conversa de Gonzaga. E sorriu e sorriu. E gargalhou até demais, correndo para o sanitário, largando tudo o que estava a fazer e assim, arranjando as plenas necessidades, gargalhou até demais não podendo nem ouvir a fala do seu marido. E o homem, abestado, perguntou:
Gonzaga:
--- Que foi que eu disse de mais? – indagou o homem querendo desfazer o dito.
Então foi que a mulher gargalhou, ficando presa no banheiro, se escorando logo depois na parede, mal pedindo uma saia a Ludmila, pois a que estava não prestava mais para coisa alguma, pois encontrar-se toda molhada de urina. E gargalhou, gargalhou o quanto pode saindo depressa da casinha indo se espojar no quintal, debaixo de uma mangueira frondosa sem ao menos querer ouvir a fala do marido, pois de onde estava apenas podia sorrir  abertamente.  Nesse instante, Ludmila chegou apressada ao ponto onde estava deitada e sentada com a cabeça encoberta entre as pernas a gargalhar desregradamente. E Ludmila um tanto aturdida ainda perguntou:
Ludmila:
--- Que bicho te mordeu mulher? – indagou perplexa a moça.
E Isabel só fazia abanar o vento pedindo depressa que ela trouxesse um vestido, tudo isso sem falar. Apenas a apontar a sua saia e mandar trazer um agasalho enquanto gargalhava. E cuidava de por a cabeça entre as pernas. E da outra vez levantada para traz sempre a gargalhar sem sossego.
Isabel:
--- A roupa! A roupa! Depressa! A roupa! – dizia entre as gargalhadas que soltava.
O homem ficou desnorteado com a situação e procurou saber a mulher Ludmila o que havia ele dito a fazer tão mal assim a Isabel.  E Ludmila respondeu:
Ludmila:
--- Boi Selado! Ela não pode ouvir esse nome que se urina toda! – sorriu a mulher a correr em busca do vestido para socorrer a Isabel.
Gonzaga:
--- Oxente! Eu não sabia de nada! Puxa! – respondeu o homem um tanto desconfiado.
Por isso mesmo Gonzaga olhou para onde estava deitada Isabel e cuidou de ir até o local pedir-lhe desculpas pelo atropelo. A mulher não se deu por vencida. Olhado depressa para trás se levantou e se pôs a correr para trás de uns pés de laranja advertindo ao marido para ele ir embora,  pois a mulher não aguentava mais de tanto sorrir.  O marido ouviu a explanação e disse ter naquela hora ir para o Saco, porquanto já era tarde para trazer a moça Soraia. E então, saiu levemente acabrunhado. Na metade do caminho até a casa de Ambrósio, o homem continuava a dizer:
Gonzaga:
--- Boi Selado! Ora que coisa! Pudera! – reclamava o homem a pensar no destino do rapaz.
E esse foi o tema da conversa mantida ao longo do caminho com Ambrósio, o homem a comentar ter a mulher toda se urinado quando ele perguntou pelo nome do rapaz. E Ambrósio sorriu afirmando ser, na verdade, o apelido dado a Argemiro, há tempos passado. E Gonzaga não se espantasse com isso, uma vez ter muita gente onde ele morava com nomes estranhos como o sapateiro “Né”.
Ambrósio:
--- Esse homem, os matutos o chamam de seu “Su”. Ele fica uma fera! – gargalhou o homem.
Gonzaga:
--- Seu Su? E o que há demais nisso? – indagou o homem a dirigir seu carro.
Ambrósio:
--- Junte os nomes para ver no que dá! – sorriu Ambrósio a comentar.
Com um pouco mais o carro avançou pela estrada devoluta, bem mal conservada, como uns pontos de péssimos trajetos até chegar ao local do Saco das Imburanas. Os ocupantes do veículo amargaram tudo o que o diabo enjeitou até chegar a casa bem mal conservada da moça Maria José, conhecida também por Maria de Cícero. Ao chegar à porta da casa seu Ambrósio bateu palmas e atendeu a mulher do sargento. Nesse ponto, ele ouviu uma voz dizer do interior do quarto.
Maria José:
--- Chego já! Já vou! – e a voz de Maria José calou.
A mulher do sargento pediu licença e caminhou de volta ao interior da casa. O homem saiu da porta e voltou ao carro, onde também o motorista havia saltado e se espreguiçava todo por conta da viagem feita ainda no dia passado. E reclamou:
Gonzaga:
--- É uma viagem longa. E nem pensava que fosse tão longa a casa de Isabel. – falou o homem
Ambrósio:
--- Fica depois de Aroeiras. É a sede do município. Aqui estamos nas brenhas do município. O  Saco das Imburanas. E tem mais outros Secos. Lá pra diante. – falou o homem a comentar os novos Sacos existentes  com os braços estirados para adiante.
Gonzaga.
--- Imagino. Tem serra que só “beia”  nesse mundo de meu Deus. – comentou o motorista.
Ambrósio:
--- Ora se tem. Tem a Serra dos Dois. Fica para lá do Remanso. – falou o homem.
Gonzaga:
--- Por certo. – remendou o homem a se esticar todo.
Nesse ponto chegava à porta e então ao carro a moça Maria José, com seu menino nos braços. De um lado, a trouxa de, por certo, vestimentas da criança. Mas o pacote era tão grande e assim o homem notou ser mais de uma veste simples. Mesmo assim, não disse nada. Apenas perguntou pela moça:
Gonzaga:
--- E a moça? – indagou por seu lado.
A mulher se aquietava no banco de trás e após  esse desconforme respondeu a miúdo.
Maria:
--- Ela não vai mais. O pai não deixou. Eu vou em seu lugar. Vumbora! – respondeu a mulher.
Ambrósio:
--- Oxente! Mas não deixou mesmo? – indagou espantado o homem.
Maria:
--- Não. Eu vou e3m seu lugar. Até por que já estava cheia dessa vida molestada. Só tem amargura. Eu nem sei o que vai dar. – recitou a moça atormentada.
Gonzaga:
--- E a moça? – indagou perplexo à mulher.
Maria:
--- Deixa prá lá. Eu? – comentou a discordar da posição da moça.

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