quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

O FIM DO MUNDO - 40 -

- ELKE SOMMERS -
- 40 -
O FIM
 
Na capital, os senhores do mar, procuravam ouvir qualquer sinal de telegrafia vindo de algum canto qualquer. O Universo parecia está emudecido. Em todas as frequências, as mais remotas, nada havia de sinal telegráfico. Eikki Launis, já cansado e aborrecido deixou tudo de mão, pois sabia não ter mais comunicação, a menor possível com algum macanudo de onde fosse. As outras naus igualmente se desvaneciam após intensas horas de procura. O temporal continuava a cair com maior intensidade e relâmpagos vomitavam seus raios em contenda com as bolas de fogo da cauda do cometa. Em ligeira oportunidade Eikki resolveu partir com seu barco para ancorar no trapiche de amarração do cais onde estava o Yate Clube. E as demais embarcações também fazia o mesmo trajeto. Seria a última oportunidade para se resguardar da tempestade do céu. A ventania soprava com mais firmeza destroçando pedaços de tarugo onde os barqueiros costumavam a amarrar as suas barcas. Eikki notou tudo ao abandono na parte do Yate. Poucos homens restavam no local capaz de amarrar um barco. Em tal instante o capitão Eikki do barco de nome “Morena”, referencia a um lugar da Finlândia indagou de outro capitão.
Eikki:
--- O senhor não quer ir para o trapiche do Yati?  - foi o que tencionou saber do companheiro do mar.
Capitão-Um:
--- Está tudo ao abandono. Talvez eu siga viagem para o mar aberto! – reclamou o marinheiro.
Eikki:
--- Eu suponho não seguir viagem. O tempo está em fúria. – destacou o homem.
O outro capitão olhou para o céu totalmente escurecido por um nevoeiro denso e nada reportou. Na sua cabine, o capitão da barca “Morena” ouviu um leve sinal de Morse. E de imediato procurou saber de onde era o sinal a chegar. E foi logo a responder. Então ele ficou, a saber, ser de um barco pesqueiro. O dialogo se firmou e então as notícias chegaram de formas mais frias do possível. O telegrafista passou um rádio informado ser a Terra um ponto nefrálgico do fenômeno “Gato”, pois a cauda do cometa estava furiosa em sua perseguição. E o capitão Eikki se deteve para ouvir o sinal onde o telegrafista informava ser aquele o fim da Terra, pois haveria terremotos, maremotos gigantescos. Ventos solares eram os mais comuns a provocar caos na Terra. E seguia o telegrafista a informar sobre predições catastróficas. Havia notícia das Filipinas onde houve erupção de um vulcão a causar morte de um milhar de pessoas. E da Sibéria, houve um asteroide cuja explosão atingiu para além de 60 quilômetros de distância. Asteroide esse de mais de 100 toneladas. A sua explosão equivaleria a mil bombas do tamanho da de Hiroshima. A explosão causou estragos a distancia de dois mil quilômetros. As calotas polares estão se desmanchando. A morte dos recifes de coral é caso inacreditável. Um radioamador dos Estados Unidos predisse ser esse o fim do mundo e logo após desligou seu transmissor.  E Eikki solicitou aos seus companheiros dos demais barcos a ouvir a transmissão desse telegrafista feita em dezessete metros.
Capitão Um
--- Pergunto: Quem opera e de onde? – passou o radio para o telegrafista.
Telegrafista:
--- Eu estou num barco de pesca perdido no meio do mar. Na China houve desastre. Casas foram tragadas por enorme fenda no chão. – relatou o telegrafista ao desespero.   
Na cidade, era tudo escombros. As poucas pessoas andavam como sombras e nada mais a procura de algo para se alimentar entre pedras demolidas dos outrora augustos edifícios dos seus opulentos ocupantes. Soldados do Exercito percorriam todos os amofinados caminhos sem saber de mais coisa alguma a fazer. Eles estavam a cumprir ordens do Comando. Apenas isso. A tempestade das águas transformada em lama não parava de cair. E as bolas de fogo seguiam sua rotina dia e noite. Fazia mais de um mês de tanta angustia a acudir o pobre povo da cidade outrora bela. No Quartel General em pandarecos seguia o seu ritmo normal do dia a dia. No caso, foi à vez de se apresentar ao Comando o velho Coronel Araujo, já no gozo de sua reserva. Quando estava à procura de sepultar a sua mãe foi à filha lhe dizer de forma alheia o que disse a anciã pouco antes de morrer. O Coronel Araujo tomou um susto com o dizer da moça Vanesca e logo após, com chuva e tudo resolveu partir para o Comando. Nesse ponto, Otto teve de encontrar o corpo do seu pai engalhado entre arbustos, já sem vida. Otto também providenciou o sepultamento em um cemitério do lugar levando o corpo metido em uma rede, da mesma forma como foi sepultada a anciã Anunciada, mãe do Coronel Araujo.  
No Quartel General, o Coronel Araújo se apresentou ao Superior pela escala, o Major Edmundo Campos conhecido por Major Campos. O Major cumprimentou o Coronel e foi fazer um relato da atual situação e informar ter sido o comandante do Exercito acometido de um AVC o que fez forçar o homem assumir o posto maior. Falou mais ter o Comandante chamado o Coronel Araújo, antes mesmo de adoecer com o intuito de fazê-lo assumir algo para por em dias a grave situação da instituição e das demais sob o seu comando. O coronel Araújo coçou a cabeça e falou:
Coronel:
--- E não tem quem assuma? – indagou o coronel se coçando todo.
O Major Campos sorriu e se levantou da poltrona onde estava e mostrou as suas vestes. Uma calça esfarrapada apenas. A túnica cobria os farrapos. E falou:
Major:
--- Está vendo ao extremo que nós chegamos? E eu até estou bem vestido! Tem praça andando sem ceroulas. – respondeu o major vendo-se cair lágrimas dos seus olhos.
Coronel:
--- Isso é um insulto! Como é que pode uma coisa dessas? – respondeu o homem cheio de cólera.
O Major voltou a sentar na poltrona e esperou a resposta do Coronel Araújo sobre o destino a tomar naquela tarde de muita chuva, relâmpagos, trovões e o pavor das tormentas vindas do céu em forma de ogivas de fogo. Um fogo eterno para bem se dizer. O vento rugia temeroso por todos os cantos sem se importar com o que fosse menor ou maior mais o fragor da morte. Vento norte, vento sul. Vendavais de todos os recantos da Terra. Um calafrio deu em cima do major Campos e esse se encolheu todo com temor e arrebatamento. Não havia sol sobre a Terra. Nem tampouco estrelas ou mesmo a Lua esquiva. A morte rondava a todos os vivos como um uivo do louco e feroz lobo voraz. Nem ao menos o canto triste da coruja se fazia ouvir ou do rato, do sapo e mesmo da serpente. Tudo era cor de luto naquela tarde de tempestade voraz. E o Coronel Araújo á frente do major mordia os lábios.
Coronel:
--- E o Governador? – indagou preocupado o coronel.
O Major Campos sorriu antes de responder.
Campos:
--- Fugiu! Desapareceu! Com certeza deu uma de louco! Pelo que eu rastreei, a sua mulher morreu quando o edifício onde morava desabou. A mulher e a filha. Talvez outros parentes. Morreram quase todos os deputados. Outros escapuliram. E também o Prefeito da cidade. Caso terrível esse. Quem ficou ou morreu depois ou virou esmoler. A cidade é tudo um escombro. – falou chorando o major.
Araújo:
--- E o que se pensa em fazer? – indagou intranquilo o coronel.
Campos:
--- Eu? – (sorriu) – Entregar as chaves ao senhor meu General. – reportou o homem a sorrir.
O Coronel Araújo nem deu fé ser ele General e nada comentou de pronto. Porém, demorado uns segundos, ele abriu o cenho e se declarou:
Araújo:
--- Eu? Como eu? E o que eu vou fazer? General? – falou de forma inquieta o homem.
No dia seguinte já com o seu fardamento de General o ex Coronel Tomaz de Araújo caminhava em seu Jeep augusto e solene enfrentando fortes temporais, faíscas de raios, relâmpagos a não dar trégua, trovões e as impensadas fortes e terríveis bolas de fogo caídas da cauda do cometa para a primeira reunião com os destacados chefes das três armas. Ele estava para se apresentar como o Comandante em Chefe Geral das Armas do Exército aos outros Comandos então sediados na Capital do Estado. O Jeep Willys MB do Exercito era um tipo magro e sem conforto algum, mas muito corajoso e carismático. Ele foi utilizado como veículo de reconhecimento e toda Companhia ostentava seu orgulhoso “magrelo”. Foi num veículo desse tipo ter o General Araújo ido ao encontro dos outros comandantes da Marinha e Aeronáutica. Homem forte e decidido era ele capaz de enfrentar guerras e batalhas nos confins do universo ardente como já estava a encarar as temíveis bolas de fogo arremessada da cauda do cometa. Antes de entrar no Jeep Willys, o Comandante foi saudade pelo motorista do veículo a lhe bater continência. O General Araújo tomou até um susto dado o costume ter esquecido se de tal formalidade. Ele agradeceu e perguntou apenas ao cabo motorista:
General:
--- Como está o “magrelo”. – perguntou o homem com gesto de sorrir.
Cabo:
--- Ótimo General. Eu não o deixo faltar nada! – respondeu sem mais nem menos o motorista.
General:
--- Velho carro. Velho e ótimo. Eu a pensar em dirigir um carro desses! – comentou a sorrir o General.
E logo em seguida o General seguiu viagem para se encontrar com os outros componentes das Forças Armadas em reunião a ser realizado no Cassino dos Oficiais, prédio amplo e bem cuidada onde o vento, a chuva, relâmpago e trovões não acoitavam de qualquer modo. As ogivas de fogo continuavam a cair no morro como se não tivesse nada para matar ou morrer. Cada ogiva vinha direto para a Terra do alto de sua cauda.
 
 
 

quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

O FIM DO MUNDO - 39 -

- ANNE HATHAWAY -
- 39 -
ONDA
A onda intensa se avolumou pelas dependências da casa não favorecendo a ninguém ouvir o clamor alarmante de alguém no meio de tanta confusão. Gritos apavorantes de crianças, homens procurando se segurar em alguma pilastra, mulheres sem poder nada fazer na condição na qual se encontravam. Todas as vítimas da onda eram querer o fazer de se aguentar em algo para se proteger no desesperado instante de tremendo  horror. Brados assombrosos de tanta gente. Era isso o ouvir no meio da horrorosa tragédia os bramidos das crianças. Quando a vaga deixou a casa puxou também em seu leito o homem paraplégico, pai de Otto. E foi então o clamoroso grito dado por Eleanor ao observar em êxtase o velho Homero sugado pela lama da onda no meio de sofás, cadeiras e tantas coisas mais. A moça tentava correr ao desespero, mesmo assim, galhos de matos, cadeira, objetos da residência e as pessoas ao desatino não permitia. Ela era o clamor crucial diante de tantos brados da parte das pessoas a se segurar em algo qualquer para enfim sobreviver. A onda gigante levou a cama e o velho Homero para o interior da lagoa de uma única vez. Assustada com todo o seu alvoroço Eleanor gritou pelo irmão. Esse estava a segurar a sua mãe para evitar ter a mulher de ser sugado pela lama. E Otto quase não ouvia diante de tanto alarido das pessoas da residência e de outros casebres tentando ao desespero também escapar.
Eleanor
--- Meu pai Otto! Meu pai! – gritava ao desespero a moça.
O rapaz não tinha tempo de olhar por causa da gritaria infernal dos meninos, mulheres e até mesmo de pessoas idosas. Era uma tremenda algazarra de parte das vítimas da onda da lagoa. Mesmo assim. Otto conseguiu ouvir com melhor atenção o dizer de sua irmã. Mesmo assim nada podia fazer agarrado que estava a segurar sua mãe. E essa, nesse momento, também disse:
Luiza:
--- Homero! Homero! Homero!- vez ver a mulher ao desespero.
No mesmo instante, Otto se voltou e pode ver a cama onde estava o seu pai sendo tragada com rapidez para o interior da lagoa onde a onda começou por conta de uma pedra de fogo caída da cauda do cometa. Ele soergueu a sua mãe para um canto mais seguro de onde estava e pulou na lama. Entre entulhos e galhos de árvores, palhas de coqueiros, caixão e muita coisa da sala além da própria lama, Otto se mostrou valente para empatar de vez o homem já todo caído de boca para baixo engolindo a lama. Ele notou outras pessoas ao desespero procurando seus parentes entre o lamaçal. Crianças eram tragadas a todo instante pela volumosa onda. E Homero já havia sumido nos entulhos da lagoa. Já entrado em meio a destroços e gente aflita, Otto procurou encontrar a cama de seu pai. Crianças aflitas se agarravam a Otto e o pobre rapaz fazia o maior sacrifício para salvar quem encontrava, nadando das águas turbulentas.  Novos impactos fizeram voar pelos ares imensas quantidades de água. Eram outros novos impactos de vertiginosa pedra de fogo.
Otto:
--- Cuidado! – gritou o rapaz para uma moça a tentar salvar o seu cão.
Moça:
--- Meu Bilu! Meu Bilu! – chorava a moça a socorrer o cão.
Outras pessoas procuravam gentes idosas e moços tragados pela onda e perdidos no lago. E o impacto de nova pedra de fogo deixou mais aflito o rapaz. Por mais ter Otto procurado encontrar a cama, nada pode ver então. O tempo se fechou de novo e a chuva torrencial caiu sobre toda a região. De sua casa, o motorista Ademar saiu de qualquer modo para ajudar o seu hospede Otto a encontrar seu pai. Outro homem, o rádio telegrafista Eugenio foi por bem decidido ao se acercar do motorista e com ele tentar encontrar o pai de Otto. A moça Eleanor ficou mais próxima da margem do lago suportando toda chuva caída insistentemente. Dezenas de pessoas das taperas alagadas também procuravam alguém da sua família ou apenas conhecido. Uma ventania insistente irrompeu de momento uivando como um lobo na ravina. A mulher do motorista procurava ajudar a esposa de Homero por estar inconsolável. As mulheres que acompanharam o Coronel Araújo variam tudo para fora como forma de por mais sossego na casa. O próprio Coronel ficou atento a procura do velho Homero. A sua filha Vanesca se mostrava inconsolada e aflita com a demora de Otto encontrar seu pai. Esses estavam na beira do batente da casa e sempre gritavam para Otto:
Vanesca;
--- Mais pra frente! Mais pra frente! – gritava quase louca a noiva.
Coronel:
--- Ele procura no lugar errado. – comentou sem esperança o homem.
A mulher de Homero não se aguentava. Era todo choro. E rezava preces por ela decoradas. E o tempo fechou de vez. Uma nuvem pesada e escura encobriu o clareado do tempo. Como se fosse um agouro a nuvem teve a intenção de afogar a lagoa com maior força de água. O volume das águas subia cada vez mais a chegar ao topo da calçada da casa do motorista. A sua mulher gritou em desespero.
Mulher:
--- Cuidado! Cuidado! O tempo fechou de vez! Tem agua varrendo a calçada! – gritava ao desatino.
Trovões e relâmpagos varriam o espaço. Crianças de outras taperas eram obrigadas a voltar. Alguém dizia.
Alguém:
--- Eu mato um “peste” desse se não vier! – soluçava uma mãe aflita.
A aflição de uma mulher era o paradigma de uma porção de gente habitante dos casebres e choupanas. Quase todas as palhoças estavam à beira de um crucial abismo. Não se tinha mais alguém para amparar de fato. O temporal ruiu por cima de toda a gente e assim, as pessoas corriam para cima do monte a não se importar com arvores arrastadas pelo vendaval de terra abaixo. Cobras, lagartos, cotias entre outros bichos do mato eram levados pela enxurrada de monte abaixo. E cada qual se importasse em fazer sua defesa. Uma palmeira veio abaixo no tempo imprevisto e várias pessoas conseguiram escapar do tombo da árvore.  Entanto a torrencial chuva caía sobre a lagoa aumentando o volume das águas. Otto perseguia não sua intenção de encontrar seu pai entre galhos e árvores partidas pelo vendaval. O motorista Ademar já estava ao lado com o seu companheiro de labuta, o telegrafista Eugênio, no intento de ajudar na busca do ancião Homero, desaparecido entre troncos, galhos e velhas mobílias a encher todo o espaço possível.
Após longa busca e enfrentando o caos da tempestade da chuva a cada vez mais intensa, Otto desvaneceu da busca e ouvindo bem o motorista Ademar igualmente entristecido pelo trágico desaparecer do ancião. E a hora avançava para a noite de brumas nebulosas com as águas a chegar sem mais ou menos ao topo do muro da casa de seu Ademar. O homem estava entristecido com o insucesso da busca. Vanesca, Eleanor e a esposa do ancião, senhora Luiza não paravam de lamentar por ter a perda de Homero um caso por demais desnecessário. A chuva era mais forte acompanhada de relâmpagos e trovões. A cada estalo de um relâmpago sobrevinha o intenso trovejar de forma grotesca parecendo uma porção de timbales e tambores gigantes de uma terrível orquestra medieval. O açoite das pedras de fogo despejadas pelo cometa metia medo nos seres viventes. Entra as demais oportunidades, teve uma vez que a trovoada entrou em conflito com as pedras de fogo. A cada uma que surgia no céu, o relâmpago açoitava com intensa fúria à sua entrada na Terra. Era a vez da luta entre relâmpagos e pedras de fogo. Uma luta terrível se fez em conta entra as forças da natureza.
Enquanto isso, moquecado em um canto da garagem onde estava o caminhão de Ademar, a soluçar incontido estava Otto lamentando a perda do seu pai. Ele estava sentado num tronco de árvore a chorar sem verter lágrimas. Apenas chorava a olhar a face da lagoa a cada instante mais forte ponde suas águas na parte baixa da calçada onde morava Ademar e a sua família.  De perto, estava o telegrafista Eugenio a acalmar o homem em seu desespero. Era como dizer ter calma, pois tudo se arranjava. Na parte de dentro da casa, a anciã Anunciada, mãe do coronel Araújo chamava para a sua emprestada cama a sua neta Vanesca. Obediente a moça se acercou da anciã para ouvi-la dizer algo surpreendente.
Anunciada;
--- O teu pai deve se apresentar ao Comando. – relatou de forma baixa a anciã.
A moça, sem entender muito bem, ainda perguntou quem disse a sua avó. E a anciã confirmou.
Anunciada:
--- O Comando está a sua procura. – relatou a anciã com sua voz trêmula e ofegante.
Vanesca:
--- O Comando? Mas ele está aposentado faz é tempo! – respondeu a moça sem muito entender.
Anunciada:
--- Lembre-lhe. Agora me dê à benção. Já  é hora de me ausentar da cama. – falou a mulher com tremida.
Vanesca:
--- Está bem. Eu o aviso. ... VÓ!!! MINHA AVÓ!!! – falou quase a gritar a moça.
Nesse momento uma luz se abriu na face da anciã e ela descansou em paz. As pessoas que estavam na cozinha vieram ver o acontecido. A mulher morrera de forma inesperada. E a moça gritada a todos os pulmões como que pedia socorro. De imediato, veio o Coronel Araujo para ver o sucedido. Em extase a moça apenas lamentou ofegante o passamento da anciã.
Coronel:
--- Solta! Deixa-me ver! ...Mãe! Minha mãe! Mãezinha! – gritou o coronel sem nada poder fazer.
De fora, uma mulher se cercou a anciã e disse apenas:
Mulher:
--- Morreu, Coronel! A velha morreu! – disse a mulher com bastante calma.
 
 

sábado, 19 de janeiro de 2013

O FIM DO MUNDO - 38 -

- Angelina Jolie -
- 38 -
MORTOS
Nesse mesmo dia e instante, Eikki Launis indagou pelo rádio a outros companheiros embarcados. Ele sentiu no ar um forte odor vindo de terra, mais do que o odor do mangue ali existente. O mangue lança um forte odor e coisa podre. Mas, acostumado com os mangues, Eikki não deu muita importância ao fato. E quando indagou foi apenas para ter certeza de que o odor não era apenas do estrume do manguezal. E foi isso o que aconteceu:
RA 1
--- É carniça. Gente morta. Putrefata. Dos edifícios. – respondeu o companheiro até a sorrir.
Com o comentário, Eikki se levantou e olhou fora vendo os carcomidos prédios altos todos arriados como brincadeira de papel. Eikki observou bem para os edifícios mais distantes, contudo nada se podia fazer. Eles estavam totalmente arriados. Dos altos e magníficos edifícios apenas restavam sombras e nada mais. Ainda Eikki pode observar na parte de baixo da cidade, os barqueiros despejado seus peixes capturados na pescaria em alto mar. E o capitão pouco desatento ainda pode observar mulheres e meninos a colher entre sargaços os peixes miúdos.  Logo em seguida Eikki retornou a banca do rádio.
Eikki:
--- E a cidade não tem prefeito? – indagou perplexo o capitão.
RA 1
--- Tinha! Tinha! Mas fugiu para local incerto. – respondeu o outro radio amador a sorrir.
Eikki:
--- E o Governador? – voltou a perguntar o capitão meio assustado.
RA 1
--- Pegou a mesma canoa. – gargalhou o confrade.
Eikki:
--- O mau cheiro é dos corpos? – indagou assustado o capitão.
RA 1
--- De gente e bicho. Os vivos não puderam tirar todo mundo morto. E nem os animais. – declarou o radio amador novamente a gargalhar.
Eikki:
--- Mas alguém tem que fazer algo. O negócio não pode continuar do jeito que está! Toma-se dinheiro emprestado e faz-se alguma coisa! – falou inquieto o capitão.
RA 1.
--- Munheca! Veja bem! Dinheiro nessas alturas é a coisa que menos importa. Dinheiro não vale nada nessa terra. Se você quiser comprar qualquer coisa tem de levar ao vendedor um objeto de troca. Se ele tiver interesse o negocio é fechado. Do contrario você volta sem nada ter feito. – declarou o rádio amador.
Eikki:
--- Mas assim não é possível. Há instante eu indaguei se havia aqui Usina de Gás. Agora, vejo que não se pode fazer gás, álcool e óleo diesel. Pelo visto está tudo parado!!! – fez vez com assombro o capitão.
RA – 1.
--- Isso é claro. A Usina de gás está lacrada por causa do fenômeno cometa. Esse deixa de sobressalto os engenheiros. Quando surge uma faísca os engenheiros correm para debaixo do chão. – vez ver o rádio amador.
Eikki:
--- Mas...E o futuro? – indagou atrapalhado o capitão.
RA – 1.
--- Não há futuro. Esse é “hoje”. As autoridades, mesmo de outros países, nada falam.  Pelo visto nós estamos no fim. – declarou o companheiro ao seu amigo.
Eikki:
--- Mas deve haver um “futuro”! Deve haver! – reclamou o novato capitão.
RA – 1.
--- Deve. Isso é certo. Mas o amigo sabe da situação do Haiti? Pois bem. Lá o negócio foi bem mais fraco  do que ocorre nesse mundo. Hoje, não tem energia na Inglaterra, França, Itália, Japão, China e Rússia. Por fim, em nenhum País. Nem nos Estados Unidos. Uma geleira imensa do tamanho da Inglaterra vem para matar os nativos dos Estados Unidos. Você deixou o seu País em boa hora. Pois os habitantes da Finlândia estão  no mesmo pavor. Essa é verdade. Se você quiser ser mau visto, apareça com uma nota de cem dólares para comprar qualquer coisa! Dinheiro não vale nada. Nem aqui e nem em outros recantos do mundo. – relatou o radio amador quase a cansar de tanto falar.
Eikki:
--- Mas os Estados Unidos são imensos. – relatou o capitão cheio de temor.
RA – 1.
--- É isso mesmo. Pois o desastre vai do Maine à Flórida. Além do Canadá. – falou já irritado o outro capitão
Eikki:
--- Bom. É esperar. Não adianta temer pelo acontecido. E agora eu vou olhar um pouco o que se faz na Marinha. Cambio, Cambio. – reportou o capitão já plenamente chocado com a situação.
Em igual tempo, na cidade, tratores do Exército enchiam os caminhões basculantes com restos dos edifícios desabados onde somente a lama e as pedras podiam ser avistadas. Outra equipe de civis e militares procuravam localizar algum resto de corpo por ventura já em decomposição. As equipes usavam máscaras no rosto como forma de proteger da entrada de objetos contundentes ou de apenas para evitar sentir o forte odor dos cadáveres. Cães farejadores ajudavam as equipes a encontrar corpos ainda soterrados. As equipes do Exercito tomaram conta do serviço desde que o Governo do Estado  se ausentou da cidade juntamente com o Prefeito. Em seu lugar assumiu o Comandante Militar da esfera federal e era esperado a qualquer instante se decretar estado de sítio em todo território do Estado. Os comentários vasava de boca em boca em igual sentido. O Comando Militar já adorara o toque de recolher para os que não tivessem marcados pelo esquema de prontidão da Guarda. Todas as viaturas particulares bem como motoristas alheios ao serviço militar foram convocadas com a devida ordem. Um aterro sanitário foi aberto nos confins da cidade para o depósito de corpos identificados ou não. Os entulhos eram despejados em outros locais ainda mais distantes. A Igreja Católica serviu de base para os oficiais de o Comando despachar as suas equipes. Foi privada a saída de pessoas da cidade para qualquer outro local sem a devida ordem do Comando da Guarda. Os Hospitais Militares foram credenciados como pronto-socorro para o atendimento de pessoas gravemente enfermas. O Hospital do Estado continuava superlotado de doentes. Um capitão foi designado para responder por tudo o que houvesse naquela instituição.  O trem era outro a fazer parte do comboio de ajuda humanitária. Foram erguidas pontes de ferro nas partes danificadas pelas chamas celestes e com isso se passou a atravessar de caminhões, basculantes, tratores e até pequenos veículos. Foi à luta do Exercito, Marinha e Aeronáutica a socorrer famílias moradoras em diversos municípios do interior.
E desta feita, houve empenho de chamar antigos componentes das Forças Armadas para segurar com brio a trincheira um tanto desprevenida. Nesse ponto, alguém se lembrou do Coronel Tomaz de Araujo, velho forte de guerra. A notícia correu campo do Exercito a procurar de saber do seu paradeiro. Houve o momento em que um dos chefes das Armadas vaticinou:
Chefe:
--- O Comandante está morando na fazenda. Esse é perto de  tal município. Não sei bem qual. – relatou o militar.
Comandante:
--- Passe uma ordem geral para que o Coronel Araújo seja chamado com urgência. – relatou o homem forte
A notícia correu depressa por todos os cantos da esfera. Ordem de encontrar o Coronel Araujo. E, no meio de tanto tumulto, o coronel Araújo, reformado das fileiras do Exército estava bem longe do seu município. No momento, ele lutava com bravura contra uma cheia da lagoa por conta de uma onda gigantesca a invadir a casa do motorista Ademar. Esse, por sinal tinha o mesmo cuidado em deter a cheia de sua casa tomada de pronto pela onda. Ouviam-se gritos e real desespero por todo o recanto com as pessoas desnorteadas a todo custo a procura de se segurar em algo sustentável para não cair de casa afora. Nas outras casas vizinhas também eram gritos de tormentas:
Voz:
--- Cuidado! – dizia o primeiro.
Voz Dois:
--- Ai minha mãezinha! – gritava outra fora de si.
Voz três:
--- Socorro! – gritava uma mulher ao ser levada pela maré da lagoa.
E na casa de Ademar motorista era a mesma angustia com as pessoas a gritar e proteger uns aos outros.  A onda surpreendente arrancou de um só instante as débeis pessoas. Alguém se esforçava para socorrer um dos que estavam inseguros em direção a porta de frente da casa aberta a todo custo pela forte vaga. Cavalos, bois, jumentos e demais animais se esforçavam para pular o cercado e fugir da onda. Enquanto na casa ouvia-se o gritar de gente para socorrer os seus parentes. Era uma tremenda fúria da onda a arrastar de volta pessoas. Um grito se ouviu:
Voz:
--- Meu pai!!! – gritou alguém com espanto.

sexta-feira, 18 de janeiro de 2013

O FIM DO MUNDO - 37 -

- Kassandra Marr -
- 37 -
COMETA
Na capital do Estado tinha aportado o capitão Eikki Launis, navegador dos mares do norte, comandante de um navio veleiro saído a alguns meses do porto da cidade de Espoo, Finlândia em busca dos mares do sul tendo parado em diversos arquipélagos na sua trajetória, caso comum para os navegadores. Depois de ingressar na barra do rio Amarelo o capitão Launis ficou a espera da documentação enviada para poder permanecer na cidade. De noticio, o capitão ficou sabendo do terremoto e maremoto os quais atingiram a capital do Estado. Por isso mesmo ainda ele viu tudo ao desacerto e logo pensou na sua documentação. Sem energia, a Alfandega não atuava de modo algum. Outros barcos também fundearam no rio a espera da documentação. Em conversa pelo rádio, Eikki Launis ficou inteirado da real situação do Estado. A situação de calamidade. Por todos os recantos da capital o mar invadiu como uma calamidade. Os moradores com vida sumiram para o interior. O Governo do Estado e o Prefeito da Cidade conseguiram escapar para lugares mais distantes possíveis. Os edifícios, em sua maior parte, vieram totalmente a baixo. E os que não desmoronaram, por fim, ficaram inabitáveis, por certo. Muita gente morreu no acidente devastador para uma capital pequena. Um sentido avassalador, por conseguinte. Havia falta de água, em sua maior parte, e de luz, para o total das moradias. Nessa esperança ficaram de foram os hospitais e os aeroportos. Nesses locais a carência era suprida pela navegação ainda que miseravelmente fraca.
Eikki Launis, finlandês, falou ter percebido o cometa há duas semanas quando estava ancorado no porto das ilhas dos Açores, de Portugal.  O cometa estava bem próximo da Terra e ouvira pelo rádio a advertência do risco de morte ao passar próximo ao globo terrestre. A sua velocidade era impressionante, de acordo com a medição e visão do finlandês.
Eikki:
--- É impressionante a velocidade do cometa. Eu não sei nem mesmo explicar. Desse aquele momento eu fiquei seguindo a sua trajetória dia e noite. – falava o homem pelo rádio com outros navegantes.
Outro:
--- Eu também avistei a cerca de duas semanas. Ele ainda estava distante da Terra. – relatou o segundo
Terceiro:
--- A BBC deu essa descoberta há coisa de oito meses. O cometa estava bem distante da Terra. – fez ver o outro navegante.
Quarto:
--- Eu vejo sempre os cometas. Contudo esse foi o maior de todos. Se continuar vindo para a Terra vai ser uma catástrofe. – comentou um quarto navegador.
E a conversa entre os quatro navegantes continuou por mais um longo tempo com depoimento de uns referindo-se aos estudiosos dos cometas e demais satélites a se perder no espaço. A conversa girava em um só tempo ouvindo-se de cada qual a exposição de astrônomos. Esses estudiosos já haviam prevenidos as autoridades dos países para um desastre assombroso com a passagem do cometa “Gato” próximo a Terra. Para os estudiosos o cometa se dirigia para o Sol e sua cauda era de um estrepitoso tamanho.
Eikki:
--- Acredita-se ter esse comenta “navegado” desde a “Nuvem de Oort”. Talvez ele tenha tamanho superior a 40 quilômetros. – relatou o navegador.
Segundo:
--- Ele de ser uma imensa rocha. – fez ver o outro navegante.
Eikki:
--- Rocha, gelo, gases. -  relatou o homem.
Terceiro:
--- Ele é descrito como “bola de gelo sujo”. – comentou o terceiro.
Quarto:
--- Eu ouvi pela BBC ter ele uma cauda de 50 quilômetros. – pesquisou o outro navegante.
E a conversa prosseguiu por bom tempo quando, de repente, um estrondo sacudiu o espaço. Foi um barulho tão grande que o comandante Eikki foi posto ao chão com um baque surdo. Os demais rádios amadores também sofreram igual impacto. Assombrados com a explosão titânica um deles por fim ainda indagou o que havia ocorrido. Nada de resposta. Uma onda gigante se aproximou do barco de Eikki e o sacudiu para o alto. O mesmo aconteceu com as demais embarcações fundeadas no rio. O barulho ensurdecedor era intenso. Eikki se soergue após a onda passar e foi ver se estava bem como os demais. O radio tocou e ele atendeu.
Terceiro;
--- Você viu o que houve. Over! – indagou o terceiro homem.
Eikki:
--- Parece que foi uma marola. Over! -  respondeu Eikki ainda traumatizado com a sacudida do barco.
Terceiro:
--- Tem fogo na Marinha. Parece que o estrondo foi por aquele canto. Over! – respondeu o terceiro.
Segundo:
--- Foi na Marinha. Uma traineira está em chamas. Over! – respondeu um segundo radio amador.
Eikki:
--- Eu estou vendo. Está pegando fogo. Certamente foi alguma explosão. Over! – respondeu o navegador se encaminhando para fora do barco.
Com esse enigma os capitães das escunas ouviram as sirenes de alarme a tocar. Eles conversavam entre si a indagar se houve fogo ou algo semelhante. O grave foi à onda gigante vinda do porto da Marinha a cerca de uma légua de distancia de onde os barcos estavam fundeados. A observar com mais atenção, o capitão Eikki Launis pode ver a ação da Marinha para evitar a passagem de barcos de compras e de gente para o lado oposto do rio. E ainda Eikki pode ver o movimento de marujos a tentar apagar o incêndio que tomava conta do píer naval. Pelo visto, algo acontecera em um barco da Marinha. Pelo estrondo deve ter sido uma caldeira ou algo mais danoso. No Céu, o homem via a passagem de asteroides e atingir a montanha. Gente muita havia à beira do rio. Eram populares a investigar o estrondo havido no píer naval. Helicópteros do Corpo da Marinha sobrevoavam o local, com certeza a inspecionar a deflagração do vertiginoso estrondo. Duas Fragatas se afastavam do píer. Havia forte movimento foram do Quartel. Um barco que foi impedido passar percorreu outro rio e veio sair no cais onde estavam fundeados os barcos estrangeiros. O  homem do bote gritou a todo vento:
Homem:
--- Foi uma bomba caída do céu! – gritou alarmado o barqueiro.
Eikki Launis entendeu com certa dificuldade o que o barqueiro declarou, pois o homem apontou para cima e fez como se tivesse uma bola (de fogo) caída em cima (ou dentro) da traineira, certamente. O capitão novamente pesquisou o desastre para verificar onde a bomba explodiu com insistência. Na certa não se tratava de “bomba”. Porém de uma parte da cauda do cometa. Durante todo o tempo em que se encontrava ancorado com seu barco, Eikki observava quedas de fagulhas de cauda do cometa “Gato”, como soube há um bom tempo quando ainda estava navegando por mares do norte. E seus amigos de viagem disseram-lhe ser “Gato” o nome do cometa. Quando “algum rádio amador lhe falou ser “Gato””, o capitão até sorriu e declarou ser o miado muito grande do cometa.
O movimento era intenso na Base Naval.  Logo duas lanchas ancoradas no porto naval da cidade, largaram para o local do acidente. Apesar da falta de energia elétrica. Eikki procurou se certificar caso houvesse vítimas no acidente para onde seriam encaminhados. Outro rádio amador lhe disse:
RA-UM
--- A Base tem hospital próprio. – o rádio amador embarcado.
Eikki
--- E a energia? – indagou surpreso.
RA-UM
--- A Marinha tem estoques de óleo. E eu observei a chegada de um barco ainda ontem a trazer carregamento de óleo para os barcos. A Marinha tem abastecido os Hospitais da Cidade para não faltar energia. – explicou o radio amador.
Eikki:
--- E não há meios de transportes para a cidade? – indagou preocupado o capitão.
RA-UM:
--- As rodovias foram cortadas. Apenas a Marinha recebe combustível vindo pelo mar. – voltou a explicar
Eikki:
--- E não tem outros meios? Por exemplo: álcool ou gás liquefeito? – ainda quis saber o capitão.
RA-UM.
--- Deve haver a fusão entre gás liquefeito e o álcool. Deve haver. – respondeu o outro capitão.
O movimento durou todo o dia com embarcações tentando apagar as intensas chamas. O movimento no porto da Cidade foi reduzido, mais ainda do que estava sendo por falta de combustível. Quando não, o Porto de atracagem de navios mercantes fazia um acordo com os capitães dos navios gigantes e esses despejavam nos tanques do Porto certa quantidade de combustível para o cais se abastecer a contento. O clima era de dificuldade em os Portos do País. Os grandes navios já estavam se escasseando de entrar na barra, pois sentiam dificuldade deles mesmo se reabastecerem. De Países da Europa, Ásia e Estados Unidos, tais embarcações estavam com séria dificuldade em controlar seus estoques de óleo para eles próprios. Na verdade, era o caos em todas as partes do mundo.
 
 

quinta-feira, 17 de janeiro de 2013

O FIM DO MUNDO - 36 -

- Sinone Sinoret -
- 36 -
SOCORRO
 
Quando a canoa com o Coronel Araújo se aproximou bem da embarcação naufragada, aconteceu de ser também a chegava do telegrafista Eugenio, com sua também canoa. Os dois começaram o resgate dos náufragos. A carroça estava quase totalmente afundada. Apenas os dois náufragos se sustentavam em pedaço de madeira quando o socorro chegou. Otto foi resgatado por Eugenio e Vanesca, por sua vez, pelo seu pai.  A moça já tremia de frio  com total pavor de morrer afogada. Otto, por sua vez indagou ao Coronel Araujo para onde eles deviam seguir. E o coronel respondeu:
Coronel:
--- Vamos para onde eu vim! E logo! Vanesca está passando mal! – respondeu com altivez o homem
E as duas canoas, uma com cada um dos parentes de Coronel Araújo, seguiram para o lugar distante. O Coronel tinha o seu remador. A outra canoa era conduzida por Eugenio ajudada por Otto. O tempo se virou por completo e já mostrava sinais de chuvas. Os embarcadiços tomaram empenho para chegar o quanto antes na margem onde o Coronel tinha pegado a embarcação, propriedade de um motorista de caminhão conhecido por Ademar Motorista, homem que fazia viagem de caminhão quando o temo favorecia. Com as agruras do momento, Ademar encostou o caminhão a espera de alguém a fazer reparos da pista rompida desde o começo do terremoto.
Enquanto isso, fora e bem longe da lagoa, estava a cidade onde o Coronel Araújo tinha morado por longos períodos. Na sede do Município estava tudo consumido. Mercado nada vendia; a buraqueira no chão; mortos por todo lado;, casas caídas;, gente a lamentar as suas vítimas;, Hospital de portas abertas embora ninguém trabalhasse;, a Prefeitura de portas fechadas;, Juiz nem se falava. Muito pior era a chefatura de Policia. O lugar era um desprezo. As poucas ainda vivas faziam os enterros dos parentes quando o tempo deixava, pois o lugar era a sede do bombardeio de meteoros em espaço constante. Meninos, moços ou velhos eram as principais vítimas. Para se sepultar um corpo escolhia-se qualquer lugar ou se deixava ao desalento para os urubus fazer a festa. Na verdade, era uma pobreza total. Crianças chorando por ter perdido a sua mãe; homens aflitos por não ter a quem mais recorrer; mulheres desoladas por não haver o mínimo de comida em sua casa:
Mulher:
--- Isso é uma bosta! Até as galinhas sumiram. – dizia revoltada a mulher.
Outra:
--- E as cabras? E as cabras? Foram todas para o buraco. – outra dizia com bastante raiva.
Terceira:
--- Quando acabar não tem um homem nessa casa! – era a terceira mulher profundamente magoada.
Quarta:
--- Uma cidade sem Prefeito! – reclamava a quarta mulher.
Quinta:
--- Ora mais! Que serventia ele teve? – indagou outra com a mão no queixo aparando o cachimbo.
E a cidade virou vila, não tardando em ser aglomerado de taperas. O homem da bodega ficou com as mãos no queixo a espera de boa vontade do tempo.
Bodegueiro:
--- Só tem chuva nessa porqueira! – reclamava com tristeza o bodegueiro
E assim vivia o povo pobre da então vila do desterro. As repartições federais, estaduais e municipais não mais funcionavam. Lojas não havia; comércio nem se fala; indústria? Esse não funcionava. A criação de ovelhas e galetos estava parada. O único setor a operar era o de sepultamento dos mortos. Mesmo assim, era de graça. A choradeira era franca de pessoas a perder entes queridos. A única coisa a perdurar no vilarejo era o bombardeio feito pelas bolas de fogo. Algumas chegavam a destroçar em plena vila. Os motoristas de caminhão de carga pegaram o caminho que eles romperam e seguiram para longe, pois na vila não tinha sequer água. Os burros de carga eram os fazedores de serviços. Mesmo assim, eles eram bem poucos. Os seus tangedores – almocreves, se bem sabiam o seu significado – comiam fumo a passar de um lugar a outro. O carregamento era de modo principal de caixões de defunto. E assim passava o dia a coletar corpos de defuntos e alocar em caixão – se ainda tivesse – e levar para um local feito cemitério. Quando não tivesse caixão, o carrego era mesmo em rede de dormir.  Os seguidores do enterro eram quatro ou cinco parentes do morto. Quando o enterro era de uma criança, se levava outras duas ou quatro crianças vivas para se mostrar ser o enterro de um “anjo”.  Mulheres carpideiras, essas eram de franqueza. Em todo o enterro se levava algumas carpideiras para agourar a “morte”.  Os “ricos”, pessoas de “posses”, esses  eram os mais “lacrimosos” do vilarejo.
UM –
--- Coitada da morte! Não dá prá quem quer! – era o que se ouvia falar por parte da matutada.
Dois –
--- Eu que não quero estar na vida dela! – dizia alguém virando as costas.
Três –
--- O defunto era tão bom! – lamentava um terceiro
Quatro:
--- ‘Pru’ fogo! ‘Pru’ fogo! – respondia uma quarta pessoa.
Quinto;
--- Não diga isso meu rapaz!  Não diga isso! .... Tem gente muito pior do que o morto! – respondia o homem com os olhos torcidos para o quarto personagem.
Quarto:
--- Isso é comigo? É comigo? Se for diga logo! – ressaltou de forma enfezada o homem ajeitando a faca na cintura.
E o negocio para por aí o se matava alguém por tudo ou por nada.
Quando os dois barcos com os seus passageiros chegaram à beira d’água da lagoa, já começava a chover de modo fraco. Eugenio olhou para o céu e não quis dizer o que ele pensava. Otto e Vanesca se apressaram em descer. Vanesca tinha maior cuidado por conta do seu pai. Otto caminhou olhando para trás e buscou se informar do velho Homero, relojoeiro aposentado por causa da trombose sofrida.
Eleanor respondeu a pergunta como eles se sentiam em uma casa não sendo mesmo a deles. A moça nada respondeu e fez apenas um sacudir de ombros. Logo a seguir Otto pediu a benção de sua mãe, Luiza, e foi até o local onde estava o velho Homero. Ele não disse nada. Apenas fez um afago passando a mão na cabeça do seu pai.  Nesse momento apareceu na sala o dono da casa, conhecido por Ademar motorista. Os dois fizeram amizade e logo o rapaz Otto indagou como estava a vida por aquele local. O homem, ainda moço, respondeu ter pavor das bombas do céu.  O rapaz sorriu e explicou ser apenas um cometa.
Ademar:
--- É por isso mesmo. Com os seiscentos diabos! Esse negócio estragou minha vida. Agora não posso mais nem sair de casa! – replicou o homem.
Otto soltou uma bela gargalhada e tentou explicar ser cometa um corpo do nosso sistema. Ele, quando passa próxima a Terra, provoca um ‘coma’.
Otto:
--- Esse teve origem há 200 anos. Era previsto a sua passagem pela Terra. ‘Coma’ é o que se dá igual a cometa. Coma = cometa. É isso. Ele tem uma cauda enorme, de vários quilômetros. E essa cauda tem uma estrutura de centenas de quilômetros. – explicou com ênfase o rapaz.
Ademar.
--- É esse “porcaria” quem vem cair em cima de nós? – indagou perplexo o motorista.
Otto:
--- Isso mesmo. Pelo visto, o senhor Eugenio informou ter recebido mensagens de várias partes informando ter o cometa destroçado Usinas Nucleares e até mesmo em nossa Terra, já rompeu um reservatório muito grande. Imenso até. É provável não se ter energia elétrica pelo um bom tempo. – fez ver o rapaz.
Ademar:
--- Porcaria! Bem! Eu estou acostumado a carbureto e lamparina! Energia nem me faz falta. Mas a mulher reclama a bessa pela falta de luz. Eu não sei o que faça! – reclamou Ademar por sua vez.
Quando todos já estavam dentro da casa e jumentos, cavalos, bois, vacas e mesmo o caminhão de Ademar dormiam o sono das mil e uma noites, um estrondo se ouviu. Nesse ponto o rádio telegrafista tinha saído em seu barco a rumar para a sua casa. Mas o estrondo pegou toda a gente de surpresa a ponto do Coronel Araújo perguntar de repente:
Coronel:
--- Que diabo foi isso? – indagou alarmado o homem.
E não se teve tempo para nada. Uma vaga gigante provocada por uma enorme bola de fogo veio a cair no centro da lagoa. A explosão do impacto deveu-se a vertiginosa rapidez da bola de fogo vazando por todo o recanto da baía e espalhando a lama por imensos campos. O Coronel Araújo quis abrir a porta da casa, mas a onda de lama foi bem mais rigorosa. Todas as casas pequenas de perto da lagoa foram cobertas pela imensa onda. A casa de Aderbal, mais afastada das outras casas, sofreu menos impacto. Mesmo assim, de qualquer forma só deu tempo ao homem se levantar, pois a brava onda gigante atravessou toda a sala, quebrando portas e janelas e penetrado por toda a moradia. Foi um impacto tão violento que ninguém pode se esquivar. Tudo estava consumado.