terça-feira, 8 de janeiro de 2013

O FIM DO MUNDO - 34 -

- Irene Jacob -
- 34 -
DESTINO
Desse momento em diante, quando o dia começava a finda, o Coronel Araújo ficou pensativo qual destino era o de sua família. Enquanto Eugênio observava a face estranha do Coronel, ele ficou taciturno a olhar o céu nublado e o cometa a estar bem além da Terra, embora não tivesse oportunidade de enxergar. Apenas as bolas de fogo a vir e incendiar as árvores nas alturas do monte. Em diversos lugares, era o que ventilava Eugenio. As bolas de fogo a incendiar as usinas atômicas e outras produções de energia, carro, moto e tudo mais. Era uma calamidade a se devastar na Europa, Ásia, Estados Unidos, Brasil, Oceania e África.
Eugenio:
--- É no mundo todo, para bem dizer. As bolas caem assustadoramente. E tocam fogo em tudo. Não é só na mata. Navios, barcos de pesca, veículos e nas indústrias sem se contar com as cidades. – refletiu o homem com a cabeça abaixada a coçar o barro com seus pés.
Coronel:
--- Não me diga uma coisa dessas! Até a Marinha? – indagou alarmado o senhor.
Eugenio:
--- Isso nem se conta. Marinha, Aeronáutica, Exército e outras organizações. Os gigantes reservatórios de água da China e ou mesmo do Brasil. Esses estão desmoronando! – relatou o homem quase a chorar.
Otto:
--- Na capital já sofremos esses desmandos. E no agreste está da mesma forma. Eu não sei nem o que diga. Não adianta se esconder. Eu já estava informado dessa tragédia há algum tempo. Mas não era assim. O cometa de uma cauda enorme. Vai ser chuva de pedras por muito tempo. - refletiu o jovem
Coronel:
--- Em outras palavras: Não há escapatória! – pronunciou o coronel Araújo.
Eugenio:
--- Não digo tanto. Mas quem puder se esconder que se proteja. – falou lacrimoso o homem.
O Coronel Araújo olhou para a distância como a procura de algum lugar encravado em uma montanha, porém não disse nada. O sinal da noite se aproximava, pois o sol encoberto das cinco horas já estava a mostrar ser uma noite aquecida em meio às explosões das bolas de fogo caídas do céu. De momento, Otto olhou para a distância e relatou;
Otto:
--- Talvez chova ainda hoje. – relatou o jornalista olhando o tempo.
Eugenio:
--- É provável. Pelo visto, é provável. – disse o ermitão.
Coronel:
--- Assim, é melhor seguir um pouco mais enquanto é dia. – falou o coronel coçando  barba inexistente.
Em tal momento Otto falou para o sogro para ele ser melhor ficar com o ermitão Eugenio, uma vez ter o homem um equipamento de rádio escuta e Otto estava a par de tais comunicações, apesar de não ter a mesma destreza de Eugenio. Nesse momento, Vanesca correu para Otto dizendo:
Vanesca:
--- Se você fica eu também fico! – abraçou o rapaz pelo braço com uma cara ingênua.
Otto olhou de repente e falou:
Otto:
--- É melhor você ir com a família.  É mais seguro. – reportou o rapaz.
Eugenio:
--- Se ela quiser, pode ficar também. Comida não falta. Tudo plantado na minha horta. – falou o enigmático senhor.
Otto:
--- Eu sei. Mas as bombas são constantes. Pode um cair logo em cima da casa. – relatou com maior temor.
Eugênio:
--- A propósito: o senhor entende de rádio? – indagou o ermitão.
Otto:
--- Fiz o curso. Algum tempo tive um transverte. Mas com a mudança de casa, deixei tudo desligado. Ligava apenas para aquecer. – respondeu com receio o rapaz.
Eugenio:
--- Eu opero mais em telegrafia. Mas tem fonia também. Com o tempo assim, creio não haver mais gente fazendo rodada. – explicou desconfiado o eremita..
Vanesca voltou para onde estava o pai para dizer-lhe ter de ficar com o seu noivo, pois não queria deixa-lo só no meio do mato e do fogo.
Coronel:
--- Eu não concordo. Mas se é assim que você quer nada posso fazer. – respondeu o velho pai.
A caravana partiu em direção incerta e o casal rumou para a casa de Eugenio temendo as bolas de fogo ameaçando cair a qualquer instante próxima a residência do ermitão. Quando cerrou a noite a ventania forte sacudiu todas as árvores ao redor. Com a ventania veio à chuva. No inicio, devagar. A continuar, bem mais forte arrastando tudo mato afora. O cata-vento gerava igual a um louco. A chuva ácida tinha características de um avassalador temporal onde não se podia enxergar há um metro de distancia. Trovões e relâmpagos cortavam o céu de luto enfrentando as ogivas vindas do cometa. Tudo era verdadeira loucura entre os assombros da tormenta e o rasgar da cauda do cometa. Na casa onde estava Otto, Vanesca e Eugenio procuraram mais seguro abrigo. O homem ermitão chamou os dois namorados para descer por um galpão onde o homem guardava alimentos. Era um celeiro para os dias de seca. No espaço, se guardava de tudo um pouco, coisas do plantio do quintal. Muito bem protegido o local dava abrigo a quem fosse mesmo diante de tanta chuva. De fora, as porta da sala batiam sem temor como se fossem brinquedos de crianças. No celeiro, sem luz, apenas com um lampião, mesmo assim Vanesca tremia de frio e temor.
Vanesca:
--- Isso é uma loucura infernal! – relatou a moça com maior temor da vida.
Eugenio:
--- É chuva mesmo minha senhora. – disse o homem a sorrir.
Uma zoada foi ouvida e Vanesca se assustou. Temerosa correu para os braços do noivo a perguntar tão assombrada  estava.
Vanesca:
--- Que é isso? – olhando para baixo e com um levantado.
Eugenio sorriu e respondeu:
Eugenio:
--- Ratos. Tem alguns por aqui. Mas não ofendem. – sorriu o ermitão.
Vanesca:
--- Ratos? – e procurou se trepar com as duas pernas em cima de Otto.
Otto:
--- É. Ratos. Ratos silvestres. Devem estar correndo com medo da chuva. – explicou o noivo.
Vanesca:
--- Ai meu Deus. Tira-me daqui. Tenho nojo de ratos. – disse a moça se esperneando toda.
Otto:
--- Ora! Eles só querem fazer cócegas nos teus pés. – argumentou o noivo diante do medo da moça.
E a briga contra os ratos não demorou muito tempo. Um trovão assustador espocou próximo a casa e o barulho feito foi tremendo. A moça se exasperou e de momento quis correr para algum lugar por temor ao fogaréu do relâmpago. Assim, o noivo se sentiu livre do peso da moça. Em seguida Otto torceu os braços e fez uma:
Otto:
--- Ufa! Que peso! – sorriu o homem.
O ribombar dos trovões e o corte célere dos relâmpagos tornaram a enxurrada mais forte do lado de fora da casa de Eugenio. Uma tormenta sem par a descer de morro abaixo colhendo tudo a sua frente. A chuva intensa se tornou mais ainda acolhida pelo trovejar e os partidos troncos das árvores a descer na vertiginosa tormenta. Era impressionante para quem podia divisar a hecatombe avassaladora da cheia provocada pela tormenta. Árvores retorcidas em meio à montanha de lixo formado pelos galhos e folhas vindas do cimo do morro. Os amantes acompanhados de Eugenio nada podiam relatar do sofrido chão aberto em pela noite pelo dilúvio advindo. Montanhas de entulhos se foram casa afora denotando ser aquele o dia final.
Vanesca:
--- Meu pai! – gritou a moça ao desespero.
 

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