quinta-feira, 30 de junho de 2011

DESEJO - 62 -

- Audrey Hepburn -
- 62 -
Eram quatro horas da tarde de terça-feira quando o carro parrou em frente ao portão da casa da moça Suzana Barreto. E o seu proprietário, Paulo Barra, tocou a buzina do veículo por duas vezes a chamar a moça. Nesse mesmo momento, Suzana saiu de casa beijando a sua filha e recomendando ter cuidado para não fazer “artes”. A doméstica estava ao lado a pequena e sorriu para a menina Cristina. E respondeu a jovem mãe.
--- Pode deixar. – sorriu de novo a domestica
A chuva já estava parada àquela hora da tarde. Chovera muito na cidade por volta das duas horas, porém o tempo voltou ao normal e pondo Suzana Barreto ao desconforto por não saber se ainda cairia temporal durante a noite, na hora em que ela largasse do emprego por volta das sete horas. De um modo ou de outro, ela chegou até o carro e agradeceu a oferta do homem em fazer aquele serviço talvez à contra gosto. E por isso mesmo a moça fez questão de agradecer, por certo, da demora não havida. Paulo Barra sorriu e disse não haver nada a agradecer. No percurso para a redação do Jorna ele olhou o céu e não mais viu as nuvens trovejantes havidas à tarde, no começo da tarde. Com certeza, para ele não haveria mais progresso de chuva. E lembrou-se de perguntar a moça Suzana Barreto sobre o pai de Cristina, a filha da moça.
-- Você é casada? – indagou o homem preocupado com a resposta.
--- Não. O pai de Cristina morreu próximo ao nosso casamento. – relatou Suzana envergonhada
--- Ah, Bom. E sua morte foi natural? – voltou a indagar Barra.
--- Nada. Acidente de carro. Ele voltava do interior e ao passar pela linha do trem foi colhido de repente. Teve morte no local. – respondeu a moça.
--- Uma pena. E a menina já havia nascido? – questionou o homem.
--- Eu estava no sétimo mês de gravidez. Um negócio que não gosto nem de lembrar. – falou a moça olhando o campo ao redor por onde o carro transitava.
--- Desculpe então. Perguntei até demais. – falou Barra de modo arrependido.
--- Não há de que. Na verdade o senhor ainda não sabia de fato sucedido. – argumentou a moça querendo chorar.
--- Verdade. Estamos no mesmo barco. Eu perdi a esposa. – falou tenso Paulo Barra.
E o silencio se formou entre os dois ocupantes do veículo. O vento frio, consequência da chuva do inicio da tarde, soprava nos cabelos da fêmea e doce ninfa. Ela, distraída com a conversação apenas pensava em seu amor antigo cuja fatalidade o levou para sempre. E assim, a moça não pensava mais em ter outro amor para completar a sua solidão compensada apenas pela meiga e infantil criança fruto do seu primeiro amor. O carro correu rápido e ao chegar ao bairro da Ribeira ainda se pode ver a consequência do temporal de duas horas passadas. Paulo Barra teve apenas que circundar a rua até chegar ao local onde o homem teria de trabalhar naquele fim de tarde.
Em contra partida, Armando Viana, deixando a sala de reuniões do Conselho, pois teve seu prestigioso conceito reconhecido pelo Presidente Coimbra, partiu para a residência de sua noiva, Norma Vidigal para saber como estava passado à namorada. Ele pensou em passar primeiro pelo Cartório onde Norma trabalhava, porém resolveu ir direto a sua moradia poucos metros adiante do Cartório. A sua cabeça fervia de temor com o acontecido no dia que passou, pois daquele instante nada mudara afinal. Armando desceu do carro e foi até a porta da casa onde bateu palma dizendo o seu nome. Uma empregada veio de dentro como se chorasse e foi até a porta onde o rapaz estava. Armando, de logo indagou por sua noiva Norma. A empregada de vez chorou. O homem não suportando perguntou:
--- O que há de novidade? – quis saber Armando.
A mulher chorava bastante quase sem poder falar. Prantos e soluços. Ela era um mero feitio de gente como sem poder viver. Afinal apontou apenas para o local distante:
--- Que há de novo mulher! Diga-me! – falou atarantado o rapaz.
Entre soluços e lagrima a mulher conseguiu falar.
--- No hospital! – declarou a mulher bastante aflita e com imenso choro.
--- Como no hospital? Quem mandou para lá? Fale de vez! – falando serio e cheio de temor assim falou Armando.
--- O doutor! – ao dizer tal coisa a mulher caiu no choro tal como uma criança.
--- Foi com a mãe e o pai? – indagou Armando para tirar duvidas.
--- Todo mundo foi com ela. A pobre está com um negócio na cabeça. – e voltou a chorar cada vez mais intenso.
--- Cabeça? Que cabeça? – indagou com surpresa o  namorado de Norma.
--- A dela! Não desperta! Está quase morrendo! – respondeu a mulher aos prantos.
Em seguida, sem mais conversa, apressado, Armando Viana entrou em seu automóvel, ligou a chave e desandou em tremenda carreira por cima de pau e pedra. Ele nem pensava o que estava a  fazer. Homens gritavam desaforos, mulheres corriam para os cantos das lojas, um guarda de transito apitou pelo desmando do automóvel. Peças de lama da chuva caída durante a tarde era o menor fato de Armando a prosseguir viagem. Na memoria do rapaz apenas vinha Norma Vidigal e o seu coração pulsava mais forte ainda ao saber de um mal talvez não sabido por ele, a família de Norma e nem mesmo pelos médicos. O suor lhe descia a fronte ao percorrer o destino do Hospital àquela hora final da tarde. Pássaros voavam ao passar do carro em desabala carreira. Gente olhava com o tal sucedido: o homem sozinho a dirigir sem paz.
--- Ave  Maria! Que homem louco. – dizia uma mulher católica.
Sem ouvir os reclamos das alarmadas pessoas Armando Viana trafegou até chegar ao hospital onde estava a sua amada em uma central de UTI, com certeza. De imediato, o rapaz brecou o carro e saltou do automóvel um tanto temeroso à procura de alguma informação. Ele, completamente exausto a ponto de desmaiar, encontro de surpresa o pai de Norma quase como a mãe, ambos tementes, preocupados e chorosos. As irmãs também estavam na entrada do Hospital em pé, passeando com temor de um lado para outro a espera de uma boa notícia da infeliz irmã. Armando se dirigiu ao velho pai e indagou:
--- O que foi que houve? Por que está aqui? Quem mandou? E como vai Norma? – indagou desesperado, a todo custo, o rapaz.
 Teodomiro alheio a toda a conversa apenas refletiu e declaro:
--- Não sabemos de nada. Ela foi levada para dentro, talvez na UTI e esperamos resposta. – declarou Teodomiro, atormentado de dor.
A um lado estava Maria Helena, mãe de Norma Vidigal, totalmente a chorar baixinho em uma verdadeira angustia de dor e desespero, como se mundo terminasse para ela por saber da sua filha está bem doente assim. Uma de suas filhas se aproximou da mãe e consolou contrita na esperança de que o medico viesse de repente para dar a boa noticia de sua irmã. No salão quase não havia ninguém e a plantonista era a única pessoa alheia a tudo na esperança de algum telefonema de alguém. Uma enfermeira veio de dentro com um pacote de papeis e largou em cima do birô da telefonista. E disse após:
--- É para o médico de plantão. – disse isso e saiu com pressa.
Por certo, naquele embrulho não havia notícia de Norma, com certeza. Essa notícia somente era fornecida pelo o medico que atendera Norma, com toda a certeza. A família olhou para a enfermeira e o pacote de papes, mas nada perguntou. Apenas uma das irmãs declarou:
--- Que demora!! – disse a irmã de Norma certamente apreensiva.
Armando Viana foi quem falou depois de alguns minutos de espera.
--- Eu vou ficar aqui também, a espera de ver Norma. – falou Armando como a chorar.
Teodomiro calou, mas entendeu o rapaz dizer. Talvez o médico viesse dar alguma satisfação convincente nos próximos minutos. Depois de uma hora a porta se abriu e dois maqueiros passaram vexados para prestar auxilio a outro doente na parte de fora e que acabara de chegar em uma ambulância. A família do novo paciente também acompanhava o doente e foi até a moça atendente e prestou as informações devidas. O salão de entrada do hospital era um corredor de cerca de dez metros de comprimento por quatro metros de largura. Do lado direito do salão tinha duas portas. Essas portas Armando não deu atenção por conta da confusão mental em favor de Norma. Do lado esquerdo, tinha também duas portas todas altas. Ele se lembrou da cor das paredes do salão: era branca. A mãe de Norma em certo momento pediu a Irmã Religiosa que abrisse uma das portas da capela que estava ao lado esquerdo para poder rezar em favor de sua filha. A Irmã Religiosa compreendeu e pediu um só momento para apanhar as chaves. A Freira saiu depressa e com mais rapidez voltou, abrindo a porta da capela. Dona Maria Helena agradeceu e entrou na Capela onde se via a imagem de Nossa Senhora Protetora dos Aflitos. Era a padroeira da capela. Ao lado tinha Jesus Crucificado e do outro lado à imagem de uma santa a olhar para Nossa Senhora como quem pedia sua proteção.
Eram seis horas da tarde. O sino plangente repicou a hora o Ângelus. Nada era mais tão solitário do que aquele momento onde os corações contritos pediam a Santa Virgem Maria a sua proteção. Na capela, imbuído de igual pensamento a família de Norma também fazia igual prece. Era a Ave Maria, Rainha do céu a proteger os cristãos de todo o mundo. A hora do Ângelus era o mais precioso momento para se pedir em prece um momento de penitencia. O sino a tanger. A lenta agonia dos familiares de Norma também estava a pedir a proteção da Santa em favor da jovem moça presa no seu quarto de enferma. Sinos tangiam como alma dorida recordando o tempo de se fazer a prece. Na rua, um carro buzinou tristonho. Do outro lado do Hospital as sirenes das ambulâncias acudiam aos enfermos a entrar a procura de socorro. Tudo aquilo acontecendo como uma prece lenta de agonia e de dor. Nesse instante, um médico adentrou ao templo da capela a trazer notícias de Norma. A mãe da moça olhou fraternal ao médico e lembrou-se de distantes momentos em que ali estivera.  

DESEJO - 61 -

- Diane Kruger -
- 61 -

Quando o dia bem não começava, o Governador pediu uma ligação para a residência de Paulo Barra, atual redator chefe do Jornal A IMPRENSA. No outro lado do fio atendeu uma mulher.  A mulher ao ser informada ser o Governador, ela mais que depressa foi até a cama do seu patrão, insistindo para acordá-lo de um sono profundo. Barra tinha vindo às primeiras horas do dia do seu cercado onde criava porcos. Sono pesado o homem tinha. Como não havia acordo em acordá-lo a mulher resolveu voltar e dizer ter o patrão dormido naquela hora. O Governador não se conteve e, acintosamente mandou a empregada acordá-lo com toda a pressa.  A mulher ficou sem saber o que dizer ao Governador. E deixou o telefone desligado e procurou acordar Paulo Barra por mais uns instantes.
--- Merda! Esse homem quando pega no sono parece um porco barrão. Nem responde. Bosta! – reclamou a empregada em desaforo.
E ao passar pelo telefone deixou o aparelho desligado, pois daquela maneira ninguém mais haveria de importuná-la.
--- Fica aí, peste! – reclamou a mulher pegando a vassoura velha e roída foi para fora de o apartamento olhar o dia nascer.
Por acaso de há muito o dia já havia nascido para os notívagos por volta das cinco horas e trinta minutos. Contudo, a doméstica queria apenas ver o movimento de gente no ir e vir, buscado o pão na padaria o que ela achava bastante gratificante para os seus olhos. Almerinda era uma típica mulher de uma cidade do interior. Qualquer coisa lhe causava surpresa ou lembranças de homens empurrando o carrinho de mão oferecendo o pão quentinho. Por ali ela ficou um bom tempo e quando passava pelo telefone dependurado sempre dizia:
--- Peste! – e torcia a cara para um lado.
Por volta das nove horas, Barra acordou e se levantou, indo para o banheiro. Ele fez as suas necessidades e de volta foi até a escrivaninha ler o jornal A IMPRENSA para ver se tudo saíra certo, pôs o conteúdo ele já sabia. Na ocasião ele notou fora do gancho o seu velho telefone e, de imediato indagou a Almerinda:
--- Quem pôs esse telefone fora do gancho? – perguntou direto para a cozinha, ele sentado onde estava sentado.
A mulher de onde estava, respondeu com uma desculpa:
--- Só não fui eu. Deve ter sido o gato. – respondeu Almerinda torcendo a cara e lavando as panelas.
--- Gato? Que gato? Aqui não tem gato! – respondeu o homem Barra irrequieto.
--- Não tem? Ora essa! Tem e muito! – respondeu a domestica sorrindo baixo.
--- Pois ponha pra fora todos eles! – resmungou Barra.
--- Ponho, mas voltam. E derrubam tudo o que encontram pela frente. – sorriu a mulher.
--- Bosta de gato. E se alguém telefonou para a minha casa? – perguntou Barra folheando o jornal.
--- Telefona de novo. Só dava ocupado, na certa! – sorriu a doméstica bem baixinho.
A manhã passou rápida sem maiores atropelos. Antes do almoço, Barra avisou ter de sair para ver as revistas e voltava em dez minutos, tempo de a mulher terminar seu almoço. Quando desceu do seu apartamento se encontrou com um motorista de um veículo oficial do Governo do Estado. Barra de imediato pensou em ter sido a matéria a publicada de forma errada. Porém não era nada de matéria.
--- O Governador está a vossa espera. – confessou o motorista.
--- A mim? – perguntou o homem com os olhos arregalados.
--- Sim senhor. – respondeu o motorista.
--- Agora mais essa. O que o Governador está querendo? – indagou cismado o homem.
Ele teve que voltar ao seu apartamento para dizer ter de voltar mais tarde, pois teria maior compromisso na cidade.  A doméstica entendeu de pronto e guardou o prato posto à mesa. E assim, Paulo Barra pegou do seu veículo e seguiu o outro com apenas o motorista. No meio do caminho ele pensava em mil e uma maneiras de enfrentar o Governador.
Ao chegar no Gabinete do Governador se deparou com um punhado de gente a conversar. Barra não deu a menor importância. Apenas disse a secretária  ter ele sido chamado pelo o chefe do Estado.
--- Por favor, avise que estou aqui. – falou Paulo Barra enxugando a testa molhada de suor.
Demorou apenas um pouco e a secretaria permitiu ele entrar no Gabinete.
Às duas horas da tarde do mesmo dia Armando Viana chegou à redação do Jornal A IMPRENSA quando um rapaz chegou até ele e disse estar informando de uma reunião dos membros da Diretoria Executiva naquela hora. E a sua presença era por demais imprescindíveis para tal. Armando estranhou o acontecimento, pois nunca fora chamando pela Diretoria Executiva do Jornal em qualquer ocasião. Ele conhecia muito bem os três membros da Diretoria. Porém ser chamado para tal acontecimento era por veras estranho. De qualquer forma Armando indagou a que horas era para estar na sala de reuniões.
--- Se possível agora. – respondeu o rapaz sem qualquer gesto de sorriso.
--- Logo agora. Eu tinha que telefonar... Mas. Deixa pra lá. – falou Armando aborrecido com o convite.
E então logo foi à reunião no prédio vizinho onde era impresso o jornal. A IMPRENSA carecia de espaço físico, pois funcionava em uma parte a feitura do matutino e sua impressão era feita em outro prédio. A tarde prometia chuva, pois o céu estava nublado e começava a ventar forte um sinal de chuva a qualquer instante. No comércio da Rua Visconde do Uruguai o pessoal corria às pressas temendo um banho de chuva a qualquer hora. As casas de comércios protegiam as entradas com sacos de pó de serra. No Jornal, os operários se preparavam para o pior com as toneladas de papel sendo arranjadas em locais mais seguros. Era um fervilhar de gente já àquela hora temendo a chuva. Era um vento frio e forte a soprar. Armando entrou no prédio do Jornal e procurou saber onde era a reunião para a qual foi chamado.
--- Aqui nessa porta. Pode bater. – sorriu o rapaz que o chamou no prédio vizinho.
--- Ah. Bom. – e Armando agradeceu a presteza e tocou na porta para poder entrar.
Dentro da sala, ao abrir devagar, Armando Viana viu de imediato ao fundo um quadro de uma pintura de Santa Maria Madalena mostrado o seu ventre proeminente invocando ser uma mulher em estado de gravidez. A pintura era de um metro por setenta centímetros de largura. A imagem dominava a sala para quem entrava. No birô feito em Marfim, todo coberto com um agasalho de almofada de veludo vermelho. Um tinteiro estava em cima do birô. Outros importantes documentos também estavam espalhados por todo o birô. Por fim, uma Bíblia bem ao meio do móvel confrontando com o homem em pé. Ele era magro, vestia traje de alfaiataria, toda branca, inclusive a camisa, gravata e paletó. O homem era conhecido por Mateus Ernesto de Coimbra e certamente era o presidente da Diretoria Executiva chamada também de Conselho. Ao seu lado, sentado, tinham dois outros Conselheiros ocupados em fazer cálculos e a leitura de jornais do dia. Olhando para trás Armando viu a imagem soberana do Cristo Redentor dependurada mais acima da porta por onde ele entrou. Ao lado do Cristo, pela direita, via-se a imagem de Maria Mãe e  do outro, a sua esquerda, via-se Maria Madalena de braços cruzados em prece – Maria Mãe – e a de Madalena de olhar fixo para o rosto de Jesus. Ele notou tudo isso calado. Umas poltronas tinham ao redor da sala. E para ele, uma poltrona recoberta de alcatifa, igual ao recobria o birô do presidente Coimbra, como era então chamado o senhor daquele vetusto Conselho. Por fim, ao passo de alguns eternos segundos o presidente de rosto afilado convidou a Armando para se sentar ao seu lado.
--- Podemos sentar. Esteja à vontade. Os dois ilustres Conselheiros estão atentos ao que vamos conversar. – e fez a apresentação dos demais Conselheiros.
Na conversa bastante longa o doutor Coimbra fez um amplo relato do saber de Armando; de seu ordenado no Jornal e de casos terminados à tarde do dia anterior, como foi o do Secretario de Comunicação do Governo. E quis saber de viva voz do rapaz o motivo da renúncia do cargo de Secretario ao que disse Armando Viana ser questão de foro íntimo. E ele não entrou em detalhes por não saber para que fosse chamado ao Gabinete do Conselho.
--- Bem. Muito bem. Eu então convido o senhor para ser o membro do Conselho, por vários motivos e, principalmente pele fato do senhor ser um jovem. – relatou Coimbra se sorrisos.
--- Eu não sei nem o que dizer. Para mim é um cargo muito alto. – sorriu Armando Viana.
--- Ah. Bem. Isso não é. O senhor irá ter a função de secretariar as reuniões do Conselho vez que o nobre cavalheiro secretario já está bem cansado de vistoriar os assuntos em pauta. – falou Coimbra apontando para o atual secretário.
--- Terei tempo para pensar? – perguntou Arando a tremer todo.
--- Sem dúvida. Desde que não seja muito tempo esse. -  falou o doutor Coimbra.
--- Eu pergunto: não irá afetar a minha função de jornalista? – indagou o rapaz.
--- Qual nada. O velho secretário ainda tem a função de promotor público. – relatou o velho Coimbra.
O tempo passou depressa como ninguém esperava. A chuva copiosa caída aos píncaros por toda a Ribeira deixava as pessoas temerosas de novo alagamento das lojas ao seu redor. Uns corriam. Outros se encolhiam nas portas de farmácia, lojas de discos e em armazéns. O tempo fechou como um todo e a escuridão vieram com a ventania ocupar seu espeço desejado. Na sala do Conselho Armando sozinho a pensar no que dizer. E por fim, ele se levantou e disse:
--- Aceito o Cargo de Secretario. – fez ver Armando ao presidente.


quarta-feira, 29 de junho de 2011

DESEJO - 60 -

- Kate Winslet -
- 60 -
No dia seguinte, terça-feira, Armando Viana estava no café do povo do Mercado da Cidade quando chegou com aquele jeito cambaleante o seu amigo Canindé. Nada conversou e nada lhe foi perguntado então. Ele verificou o relógio de pulso e viu as horas. Sentiu que havia atrasado um pouco do costume. A turma conversava animadamente sobre preços das comidas. Elas estavam sempre a subir cada vez mais. Para os assíduos frequentadores aquilo não passava de um roubo uma vez não se ter notícia de baixa. Os homens da venda de carne verde continuavam a oferecer o seu produto pelo mesmo preço do dia anterior. A mulher da tapioca também oferecia o seu produto por igual preço. O sapateiro manco chegava por àquela hora lembrando ter o preço do sapato sido mantido da mesma forma. Mas os homens da venda de peixe já não mantinham a mesma conversa. Na banca, o preço subira. E quem perguntasse o motivo, logo eles diziam ter sido consequência de um “vulcão”.
--- Vulcão? Onde? – perguntava um consumidor.
--- Está no Jornal A IMPRENSA. É só olhar. – argumentava o vendedor de peixe.
Pura mania para se aumentar o preço. Inventar ter sido um vulcão a morte do peixe. Um rapaz entrou no café e logo pediu um café para Armando Viana. A questão é que Armando pagaria. E esse não fez questão. Pediu a dona Glória um café a mais para o rapaz pedinte. Esse agradeceu o favor. Ele estava todo de braços cruzados sobre os peitos de como sentisse um imenso frio. A sua cara mostrava um sorriso de desprazer. Seu porte era de um rapaz ligeiramente gordo ou inchado por tomar cachaça. Ninguém notava a sua presença no recinto do Mercado. Ele era mais um dos que costumavam aparecer de repente e sair de repente também. Dona Glória trouxe o café e Armando lhe ofereceu pão ou mugunzá. E o rapaz aceitou a oferta do mugunzá para bem forrar o seu estomago. Canindé apenas observava de revés o rapaz como se estivesse preparado para fazer uma foto. Armando não observava Canindé. Entre goles de café e um pouco de mugunzá, o rapaz, de imediato, fez a pergunta:
--- O senhor sabe o que é o Santo Graal? – o comeu mais um pouco de mugunzá.
Armando Viana, todo atento disse:
--- Não. Do que se trata? Santo? – fez de conta que não sabia do caso o homem.
--- É. Mas não é um Santo. Ela é uma Santa. Já visitou o Convento? -  indagou o rapaz.
--- Já estive no Convento, mas não vi a tal Santa. – argumentou Armando.
--- Ah. Bom. Mas não se vê a Santa. É que no convento tem uma biblioteca. E na biblioteca o senhor encontra livros do Santo Graal. – respondeu o rapaz aparentemente sujo de roupa.
--- E o que falam esses livros? – perguntou Armando ao rapaz.
--- Toda a estória do Santo Graal. É só procurar. – respondeu o rapaz comendo o seu mugunzá.
--- Ah bom. Qualquer dia desse eu vou. Como é o teu nome? – perguntou Armando Viana.
--- Não tenho nome. Todos me chamam de Maluco. – sorriu o demente sorvendo o café.
--- Nossa! Mas isso não é nome. De certo você um nome de batismo. – retorquiu Armando.
--- Não. Minha mãe me dizia que eu era Maluco. Só isso. – sorriu o débil mental
--- Sua mãe? E o seu pai? – indagou de repente em cima da hora Armando Viana.
--- Não tenho pai. Nunca tive. Minha mãe morreu. – respondeu Maluco emborcando o prato de mugunzá na boca.
--- E se você não tem parente como sabe da história do Convento? – perguntou Armando.
--- Eu morei no Convento. Era quem varria o chão. Até mesmo da Biblioteca. E vi todos os livros existentes naquele lugar. – pontificou o Maluco.
--- E como te chamavam no Convento? – perguntou Armando para sabe a verdade da história.
--- Maluco mesmo. – sorriu o rapaz e se despediu do homem que lhe prestou ajuda.
--- Maluco! Ora merda! – destacou Armando olhando o rapaz se perder por entre as pessoas que faziam feira no Mercado.
--- Eu fiz a foto dele. – respondeu Canindé a seu amigo Armando.
O rapaz nem notou a principio por estar observando o rumo tomado por Maluco. Porém, em seguida observou Canindé e deu por encerrada a questão. Contudo ficou em sua mente consultar a Biblioteca do Convento qualquer dia desses. No momento ele tinha que sair para visitar a noiva, logo as primeiras horas da manhã e saber de seu estado emocional. O dia passado foi demais para Norma, caso de não passar de uma só vez. Ele olhou para o seu relógio de pulso e viu ser ainda muito cedo para procurar a noiva. Com certeza seria prudente ir até ao Cartório, quando o relógio marcasse as oito horas. Então, Armando observou Canindé como fosse uma figura estranha. Ele olhou bem para Canindé e voltou a perguntar:
--- O que você disse? – indagou Armando ao fotógrafo.
--- Nada. – respondeu Canindé.
Com isso, ambos saíram no Café de dona Glória a procuram de um destino incerto. Canindé foi quem disse ter de passar no Palácio e depois seguir para o Jornal.
Ao bater as oito horas no campanário da Catedral, Armando já estava no Cartório de Norma. O pessoal já estava atento ao serviço e Norma não aparecera logo cedo do dia. Após indagar sobre a moça ele ficou ciente de Norma estar em casa, certamente. O rapaz agradeceu e saiu para a residência de Norma. Ao chegar à residência da noiva, ele então foi recebido por uma doméstica. A doméstica sorriu e abriu a porta para que ele entrasse mando aguardar um momento. O rapaz estava nervoso por tudo o que acontecera no dia passado. E sempre olhava o relógio para ver as horas, sem precisão. E veio a sua mente o quadro de destroços como ficou a mansão “Mundo Velho”. Quase nada sobrou da mansão como também das demais casas da vizinhança. Ele refletia no texto do Jornal apontando as ondas gigantes como a causa principal do acidente com um meteorito. Um jornal foi posto na porta por um gazeteiro, naquele momento. Ele, depressa, pegou o exemplar do Jornal A IMPRENSA. O fato importante do jornal era o incidente ocorrido na vila de Três Bocas. Armando não folheou mais o matutino como o que tudo impresso era vazio para ele. 
Em instantes surgiu à porta da sala pelo corredor da casa a senhora mãe de Norma com a cara de desalento. Ela não tinha nada a contar sobre a mansão. Apenas deu bom dia ao rapaz e fez o obséquio para que ele se sentasse. O rapaz esperou pela mulher se sentar e em seguida tomou assento em um sofá.
--- Norma ainda dorme a esta hora. – falou a senhora Maria Helena, mãe de Norma.
--- Ele sofreu o grave revés com o acidente. Agora, não sei se fiz bem ou se fiz mal em leva-la – argumentou o jovem Armando Viana.
--- Creio que fez bem. De qualquer jeito ela saberia e teria que ir a mansão. – relatou mulher.
--- É. Eu sei disso. Mass, nunca se sabe o que vai acontecer com a pessoa ao ver o seu mundo destroçado. – falou Armando com a cabeça baixa.
--- Mas não sobrou nada? – perguntou Maria Helena.
--- Quase nada. Quase nada! – recompôs o rapaz.
--- Teodomiro também sofreu bastante quando soube do acidente. – descreveu Maria Helena.
--- Ele está em casa? – perguntou Armando.
--- Lá dentro. Sentado. Com a mão na cabeça. Pensando. Coitado. – respondeu Maria Helena após verificar o estado do seu marido.
--- E as outras filhas? – indagou Armando.
--- Foi um pranto só. – respondeu a mulher começando a lacrimejar.
--- Estou para ver. – relatou Armando a se conformar com a sorte.
--- Norma aguentou bem. Ao que parece. Passou quase a noite toda acordada. Pegou no sono já de manhã, quando o dia clareava. – disse por mais uma vez Maria Helena.
O silencio emudeceu aos dois. Ele ouviu lá de dentro as domesticas fazendo a arrumação dos pratos, xicaras e bule como se tudo estivesse desorganizado. Uma chaleira fervia no fogo. As panelas eram postas para cozinhar o almoço. De repente, um arrastar de pés se fez ouvir. Era Teodomiro Vidigal a caminhar sonolento e entorpecido vindo até a sala de visita. Ao chegar, o homem cumprimentou o rapaz. Esse recebeu o abraço do homem em recíproca verdadeira.
--- Que trabalho nós estamos dando ao senhor. – relatou em certo pranto o homem.
--- Não seja por isso. Trabalho tem o senhor ao ver destruída a mansão do seu avô. – lamentou profundamente Armando Viana.
--- O que Deus dá, Deus tira. – fez ver Maria Helena.
--- É verdade. – relatou Armando.
--- Norma está inconsolável. – respondeu Teodomiro a assuar o nariz.
--- Nós estivemos no domingo. E nada tinha ocorrido. Veio a segunda e o céu se abriu por completo despejando um meteoro em pleno mar fazendo vagas enormes, destruindo tudo pela sua frente. Ondas gigantes. Descomunal mesmo. – relatou Armando ao casal.
Ao passar do tempo Armando Viana notou as horas passadas e, enfim, com Norma a dormir, ele resolveu sair por ter de ir ao Palácio transferir o cargo de Secretario ao seu sucessor, pois não queria mais saber de desaforos propalados pelo Governado, como foi capaz de ouvir no dia anterior. Armando não pensava nem mesmo em falar para o seu sucessor e apenas lhe entregaria o Gabinete são e salvo. Após esse passo, ele voltaria a escrever no Jornal como sempre fez. E ajudaria a Paulo Barra na feitura do matutino, se fosse preciso. Em outros momento faria matérias especiais como qualquer repórter.

DESEJO - 59 -

- Rachel Weisz -
-59 -
--- Acauã? – indagou perplexa a jovem Marta Rocha.
 --- É. Acauã. – respondeu o fotógrafo.
--- E por que você não disse logo? – voltou a querer saber Marta.
--- Segredo de estado. – sorriu Canindé.
--- Isso é uma bosta! E o que é que tem lá? – perguntou Marta inquieta.
--- Isso a gente vai saber! – relatou o fotógrafo.
--- Pra que tanta gente assim? – indagou Norma assustada.
--- Reportagem. – respondeu Armando Viana.
--- Aonde? – ficou inquieta a moça já sabendo que o caso era em Acauã.
--- Entre e sente. No caminho vou te dizer o que apurei. – respondeu Armando.
--- É para Acauã mesmo, menina? – perguntou Norma a Marta.
--- Estou sabendo agora. – respondeu Marta Rocha.
--- É em Acauã? – perguntou Norma a Armando.
--- É. Entre! – respondeu Armando tremendo de pavor.
--- Não estou brincando! É verdade mesmo? – relatou Norma então a se tremer.
--- Vamos embora. Estou atrasado. É lá. Uma tromba d’água. Parece. O Casarão foi afetado. Vamos embora. – disse mais uma vez Armando.
--- Não brinque com isso. Eu não estou gostando. – disse Norma a Armando.
--- Vai ou não. Já disse o que sei. É pegar ou largar! – voltou a falar Armando.
--- Espere um instante. Vou pegar a bolsa. – disse Norma já assustada.
Não demorou muito e Norma estava de volta tomando o assento do carro ao lado de Armando e puxou conversa para saber os detalhes da conversa. Ele não disse muita coisa a não ser de que a Mansão “Mundo Velho” havia sido atingida por uma vaga gigante. Outras moradias também sofrerão o mesmo vexame. O prefeito do Município de Acauã estaria no do incidente procurando levantar a gravidade da situação daquela manha de segunda-feira. E isso era tudo o secretário sabia informar, com certeza.
--- Ô meu Deus. Minha casa!!! – reclamava a jovem Norma com os olhos cheios de lágrimas.
O carro seguia a toda pressa quando Armando lembrou-se de avisar ao chefe de reportagem de mandar um repórter a Universidade saber de maiores detalhes e consequências. Então ele parou o carro na primeira farmácia aberta. E pediu ao farmacêutico a permissão de ligar para a capital. Armando se identificou como Secretário de Comunicação. Feita a ligação, o repórter informou estar havendo algo no município de Acauã. Algo como tromba d’água ou coisa parecida. Que o chefe de reportagem mandasse averiguar, pois ele já estava seguindo para a região. Outra ligação ele fez para a casa do governador. A pessoa que recebeu a ligação telefônica informou que o Governador já estava em Palácio. Armando voltou a ligar para o Gabinete do Palácio a procura de falar com o Governador. Algo atrasou a ligação e ele fez de novo pedindo para a telefonista passar a ligação para o Gabinete do Governador. A moça muito delicada informou que Armando esperasse. E isso levou um tempo e tanto. Quando o Governador atendeu foi logo dizendo:
--- O seu local de trabalho é em meu gabinete! Não nas quebradas por onde anda! – vociferou o Governador bastante malcriado e neurastênico.
--- Mas Excelência algo grave ocorreu em Acauã. É preciso eu estar lá. – comentou o Secretario
--- Eu dou meia hora para o senhor estar aqui de volta para o seu trabalho. Do contrario considere-se demitido. – e desligou o telefone nas ventas do secretário.
O Secretario de Comunicação voltou ao seu veiculo após agradecer a gentileza recebia de parte do dono da farmácia. Nada expressava a sua cara de contentamento com os desaforos recebidos da parte do Governador. E assim. Deu partida no veículo lembrando que acima de tudo estava a sua profissão de Jornalista. Ao ser perguntado pela noiva o que de fato tinha ocorrido, ele respondeu apenas:
--- Sou apenas um ex-secretário de Comunicação. – e dirigiu com toda pressa para o local da tragédia, na região de Três Bocas.
Ao chegar à região afetada ele logo notou a Mansão “Mundo Velho” parcialmente destruída e olhando mais além viu os estragos causados pelas vagas gigantes. A inundação era completa. Já àquela hora, a maré estava calma, porém o pessoal percorria todas as migalhas derradeiras dos escombros das residências destroçadas pelo volume das águas. Norma correu para dentro do que restou da Mansão e Marta percorreu vasta região indagando dos homens e mulheres como tinha ocorrido o acidente da manhã. Colhendo informações esparsas de um e de outro foi anotando tudo para ver se chegava a alguma conclusão.
--- Minha filha eu não vi nada. – disse uma mulher.
--- Meu marido foi quem viu uma estrela gigante. – relatou outra.
--- Parecia o fim do mundo. – consertou alguém.
--- E o prefeito? Alguém viu? – perguntou Marta angustiada com tanta miséria.
--- Eu vi logo cedo para aquele mundão de casebres quebrados. – enfatizou um homem.
Armando caminhou pelo resto da Mansão vendo se sobrara algo de certa importância. Nesse momento, Ângela chegou aos escombros do casarão procurando por Norma. Ela avistara o carro estacionado próximo ao resto do casarão e correu para ter com Norma as conversas de sempre. Armando já estava no local e Ângela lhe disse:
---  Foi o fim do mundo. – relatou Ângela.
--- O que houve mesmo? – indagou Armando.
--- Eu não sei por que estava dormindo. Mas um homem disse ter sido o céu que se abriu. Parece! – disse a moça com cisma.
--- Céu não se abre. Pode ter sido um resto de cometa. – disse de vez o repórter.
--- Eu não sei por que não vi esse negócio. – falou enfim a moça.
Em poucos instantes um avião passou por cima de onde houve o acidente. Era o Governador do Estado. Afinal ele entendera o havido. Um helicóptero pousou na beira mar e dele saltaram três cidadãos e caminharam para as casas destruídas. Armando, vendo os três homens reconheceu serem da Universidade, do Departamento de Sismologia. De imediato, Armando seguiu para próximo aos três técnicos e quis saber o que sucedera afinal naquela parte do Estado. Um dos três foi mais cauteloso e disse apenas estar averiguando os escombros. Talvez fosse possivelmente o resto de um cometa. O caso seria estudado com melhor propriedade para se emitir uma opinião mais abalizada.
--- E difícil se definir com precisão. – relatou outro técnico.
--- Ao que parece aqui ocorreu à queda de um meteorito. Esse é o fenômeno mais com de ocorrer. Eles se desintegram em contato com a atmosfera. Porém acontece de alguns não se desintegrarem facilmente e atingem a Terra. E se chegam ao mar, eles podem provocar vagas enormes, dependendo do seu tamanho. – alertou o terceiro astrofísico.
--- Quer dizer ter sido o mais provável um meteoro? – indagou Armando ouvindo o relato.
--- É provável. – relatou o físico.
Enquanto isso o avião do Governador fez mais um sobrevoou e saiu enfim a procura do seu aeroporto na capital do Estado. O caso foi bastante temeroso com o chefe da Casa Militar tentar convencer o Governador a sobrevoar o ponto de impacto daquela manhã, pois assim teria o Governador à noção exata do ocorrido. O Secretario de Comunicação estava no local e, então, o Governador tinha então amplo poderes em dizer ter o seu governo assumido todo o potencial para socorrer os desabrigados. Porém o Governador não sabia informar de mortos na tragédia, enquanto o Secretario tomou conhecimento de nove mortos pela vaga do mar. As ondas atingiram casebres mais ao longe da beira da praia. As melhores casas, como o “Mundo Velho”, ficaram totalmente destruídas.  E Armando Viana depois de pesquisar o caso foi até4 onde estava Marta Rocha para comparar as devidas informações. Com esses pontos em mãos ele procurou então a sua noiva. Essa estava sentada na soleira da escada, com as mãos postas na cabeça, e as lágrimas a chorar copiosa.
---- Vamos querida. Vamos lutar para refazer tudo de novo. – comentou o noivo.
--- Para mim, tudo acabou. Só restos de madeiras. – chorava abundante a moça.
--- Eu cuido da senhora. – disse por fim a amiga Ângela.
Ao final da tarde o automóvel trazendo os companheiros de viagem já estava de volta a capital e Norma Vidigal ficou em sua casa para contar a desgraça ocorrida com a Mansão “Mundo Velho” Logo após Armando Viana seguiu caminho até a redação do Jornal onde desceram a repórter Marta Rocha e o fotógrafo Canindé. Logo depois, Armando se despediu dos dois dizendo que voltaria em breve para fazer a parte do tema meteorito caído do céu. Marta e Canindé subiram a redação e Armando seguiu depressa para o seu Gabinete ainda como Secretário de Comunicação. No gabinete já não estava mais a sua secretária. Ele não teceu a menor importância. A sua permanecia no local demorou apenas cinco minutos tempo que Armando levou para bater o pedido de exoneração de Secretário. Em seguida ele saiu e foi até o Gabinete do Governador onde fez entrega a secretária de uma carta em envelope fechado. Fez isso e depois saiu depressa para a redação do jornal na Rua Visconde do Uruguai, no bairro da Ribeira, ponto do alto comércio da capital. O bairro já estava cerrando suas portas no elegante comércio, pois era quase seis horas da tarde. As damas da noite se avizinhavam a procura dos seus amantes de cada hora. Os bares se enchiam de notívagos frequentadores. Era o início da noite calma.

terça-feira, 28 de junho de 2011

DESEJO - 58 -

- Keira Knightley -
- 58 -

Na segunda-feira, pela manhã, logo cedo do dia, por volta às oito horas, Armando Viana e Canindé fotógrafo entrou em Palácio para cumprir suas obrigações como sempre os mesmos faziam. Canindé seguiu para a estação de rádio onde trabalhava o seu amigo Garcia e Armando seguiu para o seu gabinete de trabalho onde já estava a secretária do mesmo. Ao entrar em seu gabinete, ele ouviu o telefone chamar. A moça atendeu e disse apenas:
--- Um momento! – falou a secretária.
Em seguida avisou a Armando ser para ele a chamada. Armando atendeu no birô da secretaria ao telefonema. Era o prefeito de Acauã, José Catingueira. O homem, ao telefone, estava sobressaltado e quase não dia coisa com coisa. O Secretário Armando Viana tinha estado no vilarejo de Três Pontas na tarde passada e não havia coisa alguma para por o prefeito naquele estado de desamor. Mesmo assim, ele pediu apenas um momento para atender melhor o prefeito direto do seu telefone onde estaria mais descansado para ouvir as reclamações, por certo. Foram apenas alguns segundo e Armando Viana atendeu de pronto a José Catingueira. E ouviu do prefeito um relato sem pé nem cabeça de algo acontecido no interior do município. Dizia o prefeito estar apavorado com o que sucedera naquela triste manhã de segunda feira. O prefeito derramado em lágrimas apenas relatava ter sido um horror. Do outro lado da linha, sem entender tal absurdo, o Secretário de Comunicação pediu maio calma ao prefeito, pois não havia entendido muito bem o que o chefe municipal lhe estava a dizer. 
--- Foi um desastre, secretario. Um desastre! – relatava o prefeito José Catingueira, apavorado.
--- Até aí entendi. Mas um desastre de que? – indagou o Secretário ao Prefeito.
--- O céu se abriu e caiu um pedaço em cima do mar. – disse o prefeito a chorar.
--- O céu se abriu? Ora. Mas o céu não se abre! Não teve um avião ou coisa assim? – perguntou Armando quase querendo achar graça.
--- Não!!! Foi o céu!!! – reclamou o prefeito chorando..
--- Mas o céu não se abre desta forma. Não teria sido algo caído? Uma parte de uma estação orbital? – articulou o Secretário querendo sorrir.
--- Não! Secretário! Foi o céu! – relatou o prefeito a chorar.
--- É danado mesmo. Só sendo nesse Estado. E o que é que o senhor prefeito está querendo ou precisando? – perguntou Armando ao prefeito.
--- Eu? Nada! Eu vou para o distrito de Três Bocas para ver de perto o céu como está. – relatou o pobre prefeito.
--- Espere! O senhor disse Três Bocas? Onde eu voltei ontem de lá? – perguntou já um tanto alarmado o Secretario.
--- É isso. Três Bocas! É o que queria dizer! Casas foram embora. Inclusive a Mansão do Coronel Epaminondas! – dizia em prantos o prefeito.
--- Mas a Mansão do Coronel? – indagou alarmado o secretário de Comunicação.
--- Até a mansão  “Mundo Velho”! – respondeu o prefeito a chorar.
--- Isso não pode. A Mansão Mundo Velho? Somente o céu se abrindo! – proferiu alarmado o Secretário.
--- Não estou dizendo ao senhor? Foi uma onda enorme vindo do mar! A onda engoliu todas as casas na beira da praia! – enfatizou o prefeito José Catingueira.
--- Está entendido. Eu vou para Acauã. Obrigado. Eu vou agora. – relatou Armando Viana tremendo e suando frio.
E desligou o telefone. Em seguida pediu para a secretária fazer uma ligação para a casa do Governador. E com urgência. A moça atendeu ao pedido e fez a ligação. Do outro lado da linha uma voz atendeu:
--- Casa do Governador. As suas ordens! – respondeu a voz de mulher.
--- Bom dia senhora! O governador está acordado? Por favor? Aqui quem fala é o Secretário das Comunicações, Armando Viana. Por favor! – falou sem pressa Armando Viana.
--- O Governador está dormindo. Quer deixar algum recado? -  disse a voz feminina.
--- Pois não. Quando ele acordar, diga-lhe que foi o Secretario das Comunicações. Eu vou ter que sair para o município de Acauã pois algo estranho sucedeu no lugar. – descreveu Armando
--- Estranho como? – perguntou a voz de mulher.
--- Não sei bem. Um maremoto, talvez. – respondeu o Secretário Armando Viana.
--- Pois não. Transmitirei o recado. Obrigada! – disse a voz de mulher.
Nesse momento, entrou no Gabinete de Armando o fotógrafo Canindé, plenamente assustado com a estória do maremoto sucedido no município de Acauã. Suando pelas bicas, o fotógrafo ajeitando a sua câmera foi logo reportando ao secretario. Ele tremia como vara verde.
--- Quer saber da novidade? – perguntou Canindé a Armando.
--- Se foi o caso de Acauã, eu já estou ciente. – confessou Armando tremendo de medo.
--- E o que se faz agora? – perguntou Canindé assustado.
--- Vá procurar Marta para nós irmos viajar. Não diga nada. Eu vou falar com Norma. Ela não deve saber da estória. – relatou Armando tremendo todo.
--- Agora mesmo. Trago a moça para a Secretaria? – perguntou o fotógrafo.
--- Traga. Traga. Eu vou discar para Norma. – disse aflito o rapaz.
E então ele fez a ligação para a sua noiva. Demorou um pouco em atender e por fim alguém respondeu do outro lado da linha.
--- Pronto. Do Cartório. As suas ordens. – relatou o homem que atendeu a ligação.
--- Norma Vidigal, por favor! – falou Armando se contenho de medo.
--- Um momento. Quem fala? – perguntou o homem.
--- Armando Viana, o noivo de Norma. – disse o secretario.
E o tempo passou mais que depressa para Armando até Norma atender ao telefone. E veio logo dizendo coisa de quem não sabia de estórias mais cruéis. Armando, aproveitando a deixa, foi logo perguntando a sua noiva.
--- Vamos viajar? – indagou Armando muito calmo.
--- Seu besta. Não está satisfeito? Quando? – respondeu Norma sorrindo
--- Agora. Já. Em um instante. Posso passar aí? – respondeu Armando sorrindo forçado.
--- Não posso. Tenho uma audiência às nove horas. – expôs Norma a sorrir.
--- Está bem. Mas se eu disser para onde você vai? – perguntou Armando.
--- Hoje, não. Estou cheia de serviços. – respondeu Norma a sorrir.
--- Bem. É para Acauã. E você, eu creio que deva querer ir também. – articulou Armando.
--- Seu besta. Você não tem nada o que fazer? – perguntou Norma a sorrir.
--- Eu tenho. Por isso estou convidando a minha noiva. – sorriu sem querer Armando.
--- Hum. É casamento? – perguntou Norma querendo tirar prosa.
--- Antes fosse. Mas não é. Pelo que eu sei é a sua casa! – falou serio Armando.
--- Hum. E o eu é que em na minha casa? – perguntou sorrindo Norma.
--- Só se a gente for lá é que vai saber. Agora não dá. – descreveu Armando muito tenso.
--- Hum! Caiu um avião em cima? – indagou a moça separando os papeis na mesa.
--- Antes fosse. Mas não foi. Foi coisa pior! – pronunciou Armando com medo.
--- Não brinca. Diz o que é! E seja rápido. – reclamou a moça olhando atenta aos papeis.
--- Bem. Vou ser rápido. Alguma coisa sucedeu na Mansão. E temos que ir para saber. Trata-se de algo muito grave. Só isso! – relatou o homem sem cismas.
--- Não brinca. Diga logo para onde você vai! – perguntou Norma ao rapaz.
--- É isso. Eu passo já aí. Deixa a audiência para outra hora. Certo? – perguntou Armando
--- Você está brincando. Eu sei que está. Diga logo. Vai. – respondeu a moça.
--- Chego já. – e desligou o telefone.
--- Besta. – e Norma caiu na risada.
Em poucos minutos Marta já estava no carro de Armando ao lado de Canindé sentado no banco de trás. Armando deixou um recado para o governador relatando o episodio sucedido no município de Acauã sem entrar em detalhes. Em seguida saiu para o Cartório para apanhar a sua noiva Norma Vidigal. Ao chegar ao Cartório buzinou e a moça correu para atender ao noivo. Ele apenas disse:
--- Entre e sente. Vamos para Acauã. – relatou o noivo a sua noiva.
--- Diga logo para onde vai! – sorriu Norma sem acreditar em nada.


DESEJO - 57 -

- Mara Melo -
- 57 -
Eram mais de oito horas da noite daquele dia quando Paulo Barra deu por encerado o serviço de diagramação. Alguns repórteres ainda estavam na redação do Jornal concluindo matérias para serem publicadas posteriormente. Nesse ponto, Paulo Barra descansou e foi visitar toda a sala de redação seguindo até a sala de arquivo de fotos. Entrou para o recinto e cumprimentou a secretaria de arquivos de foto com se ainda não tivera visto. A moça em troca retornou o cumprimento recebido com um leve sorriso enquanto juntava as fotos em cima do birô de trabalho. A redação era tomada por outro pessoal da noite. Esse pessoal teria a função de corrigir e colar o jornal. Paulo Barra olhou de relance quando duas coladeiras passavam a conversar. A moça do arquivo tinha nome:
--- Seu nome é? – indagou Barra.
--- Suzana. – sorriu a moça.
--- Ah. Suzana. Lindo nome. E tem namorado? - voltou a perguntar o homem.
--- Não. Ainda não. – sorriu Suzana a guardou o pacote de fotos na estante.
--- Ah. Bom. Ainda é muito jovem para ter casamento. -  salientou Barra, com um leve sorriso.
--- É. Casar é um negocio complicado. – respondeu Suzana voltando ao birô.
--- Eu tenho dois filhos. Uma filha e um filho.  Ambos casados. – respondeu Barra procurando ver as fotos estendias no birô.
--- E a mulher? – quis saber a moça.
--- Eu sou viúvo. A mulher morreu há alguns anos. Depois disso eu não me preocupei em casa de novo. – respondeu Barra olhando as fotos que sobraram.
--- De que a sua mulher morreu? – averiguou Suzana voltando a guardar lentamente os envelopes de fotos.
--- Câncer. Foi rápido. – respondeu Barra olhando as fotos.
--- A doença do século. – contrapôs Suzana ao novo chefe de redação.
E demorou um instante para Paulo Barra perguntar a Suzana sobre outro assunto.
--- Faz tempo que trabalha aqui? – indagou Barra olhando uma foto.
--- Poucos dias. Meu pai arranjou. Ele trabalha na Assembleia. – sorriu Suzana e olhou para o chefe de redação.
--- Ah Bom. Então foi fácil. – sorriu Barra para Suzana batendo com uma foto na mão.
--- É. Deve ter sido. – sorriu leve a moça.
--- O nome dele? – quis saber Paulo Barra.
--- Arnóbio Barreto. – sorriu a moça concluindo o seu trabalho.
--- Ah. Arnóbio Barreto. Suzana Barreto. – sorriu leve o chefe Barra.
--- É. E mais três irmãos e irmã. – concluiu a moça ajeitando sua bolsa.
Quando Suzana já estava de saída do Jornal Paulo Barra indagou da moça onde ela morava. Ela respondeu ser no Conjunto Novo Mundo. E outra indagação foi feita se ele teria como ir para a sua casa. Suzana respondeu ter de ir de ônibus. Então Paulo Barra lamentou ter a distancia da sua residência e se por acaso ela não desejava ir ao carro dele, pois Barra morava em um apartamento próximo ao Conjunto. A moça ficou com temor. Porém logo passou e seguiu com Barra em seu automóvel. O motorista do jornal ainda estava na porta de saída e observou a cena sem nada comentar. Simplesmente respondeu:
--- Até logo – respondeu o motorista aos dois responsáveis pelo jornal.
--- Até amanhã. – replicou Suzana a sorrir de leve.
E dai então Paulo Barra seguiu viagem em companhia da jovem moça em direção ao Conjunto Novo Mundo. A noite prometia ser quente e nas avenidas se podiam ver as damas de alcovas a perambular sorridentes com seu seus amantes casuais. Eram cada uma aconchegada aos ombros dos divinos cavalheiros. O ponto onde Paulo Barra estava a sair era, à noite, era um intenso comércio da prostituição onde homens de forte brio perdiam sua quietude em busca de um parco amor de poucas horas. A moça nada falou a respeito daqueles agarrados. Apenas, Suzana se esquivou e encostou-se à porta do veículo pelo lado de dentro. Ela era seria até demais na companhia do seu chefe de redação. E com isso, a sua sisudez, Suzana nada falou as mulheres de vida alegre. A algum ponto do trecho da viagem Paulo Barra foi quem tomou a palavra para dizer ser aquele o bairro mais poluído da cidade, certamente à noite. Suzana ouviu e nada respondeu. Ela recostou a cabeça no assento do carro e fechou os olhos como se estivesse a dormir.  Então, Paulo Barra resolveu perguntar:
--- Estas com sono? – indagou o homem.
--- Cansada, apenas. – sorriu Suzana procurando esquecer o caminho.
O transito fluía com poucos veículos na rua. Paulo Barra resolveu parar por pouco tempo no estacionamento de veículo de um shopping Center onde desceu para comprar algo comestível para si e para Suzana como forma de agradar a jovem. Por isso pediu licença enquanto descia e com certeza voltaria muito em breve. Suzana despertou do seu inquieto sono e concedeu a permissão pensando tão somente em chegar a sua casa. Em sua volta Paulo Barra veio cheio de encantos com uma porção de bolos, queijo, chocolates e refrigerantes. Ela abriu a porta do carro e se sentou dizendo ser tudo para Suzana e não queria saber de resposta negativa. A moça então sorriu e disse:
--- Eu não como tudo isso. – sorriu Suzana ao ver os presentes em suas pernas.
--- Pois leve para a sua mãe. – sorriu Barra de jeito afetuoso.
--- E nem tenho mãe. - - sorriu Suzana ao confessar o seu destino.
--- Então, para o seu pai. Arnóbio. – sorriu Paulo passando marcha no carro e seguindo viagem.
--- É. Pode ser. Se ele não estiver alcoolizado a essa hora. – sorriu à moça a contra gosto.
--- E ele bebe? – indagou Barra.
--- Come com farinha. – relatou a sorrir a moça.
--- Nossa! Assim é fogo. O jeito que tem é você comer tudo. – fez questão em dizer o homem.
--- É. Talvez. -  respondeu a jovem de um modo triste a se lembrar de sua mãe.
O automóvel pegou a pista derradeira onde Suzana Barreto morava. Outro automóvel passou veloz com um punhado de rapazes e moças quase todas adolescentes a cantar aos gritos musicas da ocasião. Os cabelos de uma delas esvoaçavam ao romper do automóvel de passeio, com o seu capuz arriado. O homem apenas disse:
--- Mocidade! – e levemente sorriu.
--- Eles devem ir para a praia. – comentou Suzana prestando atenção as arruaças do grupo.
E ao contrario carros ia e carros vinham. Uns mais apressados que os outros. A lua estava sombria e toda cheia àquela hora suave da noite calma. Um suave e carinhoso som veio a soprar de alguma de alguma radiola posta em uma residência da alameda onde Suzana morava cheirando a qualquer canção cujo interprete era talvez Dóris Day onde as suas melodias fossem com certeza as mais doces e inebriantes do momento. Naquele ensejo, Suzana bem prestou a sua admirável e meiga atenção querendo fazer parar o tempo para apenas ouvir as mais belas canções onde o tempo não apagava. Uma lágrima de furto rolou em seu rosto ao sentir a saudade de sua queria mãe. O álcool do marido fez com que a dama se separasse do esposo de uma vez por todas. Ela não mais suportara as desavenças tiranas do seu marido. Então, um belo dia saíra de casa para morar com a sua família de onde um dia de alegria festiva com certeza também migrara para um novo lar. Suzana, não raro, visitava a sua mãe em casa de seus avós, sempre aos domingos após a Santa Missa. Quando era tempo de festas, como o final do ano, a Semana Santa e mesmo o Carnaval a fase era da maior importância para a moça. Aqueles doces ganhos por parte de Paulo Barra ainda mais fez Suzana se lembrar dos dias de festas e a canção entoada pela cantora foi o derradeiro momento para recordar. Tal como menina a moça apenas lembrava-se dos aconchegos maternos da bela mulher.
--- Estás chorando? – indagou Barra, surpreso.
--- Coisas de criança. – falou a moa enxugando a lágrima com um lenço.
--- Você teve uma infância difícil? – quis saber Barra se preocupando com aquele pranto.
--- Nada não. Apenas foram recordações. – respondeu a moça.
O homem se recatou e nada mais veio a falar. Ao chegar à casa de Suzana apenas se despediu prometendo voltar no dia seguinte quando a levaria para o trabalho no Jornal, pois era a hora dele pegar no oficio. Um veículo passou em desesperada carreira por Barra, com a turma de jovens a cantar melodias do momento. O homem surpreso se assustou com o carro, porém nada declarou. Apenas olhou para Suzana e sorriu. E em seguida Barra prometeu voltar no dia seguinte. A moça aceitou a oferta.
--- Nada de choro! – disse Barra a moça.
No momento, Suzana procurava entrar em casa, abrindo o portão da frente. Uma menina veio a correr receber a moça e se agarrou em suas pernas. Barra fez um aceno para a pequena, mas a menina, desconfiada, cobriu o rosto por entre as pernas de Suzana. A moça se desculpou daquelas justificativas e, por fim, declarou ser aquela a sua filha predileta.
--- Eu sou quem fico envergonhado. – respondeu o homem.
--- Até mais. E obrigada. – falou a moça pegando a sua filha nos braços e caminhando para a entrada da casa.
--- Qual seu nome. Princesa? – indagou Barra sorridente.
--- Diga: eu sou Cristina, tio. – disse Suzana a sorrir beijando afetuosamente a filha.