segunda-feira, 20 de junho de 2011

DESEJO - 48 -

- Doris Day -
- 48 -
Eram dez horas da manhã quando Armando Viana chegou ao seu Gabinete. Antes, porém ele teve de passar no seu apartamento onde mudou de roupa. Canindé rumou para a redação do Jornal A IMPRENSA onde faria a revelação dos filmes os quais obtivera naquela manhã de chuva. Do seu Gabinete, Armando Viana telefonou para José Fernandes procurando saber como estava a redação naquela manhã. A resposta veio em cima da hora:
--- Aqui só tem Marta Rocha. E toda molhada. A oficina do Jornal está com cinquenta centímetros de água da chuva. Não tem quem possa trabalhar nessa espelunca. O homem do ti ri ti ti também esta aqui. E isso é tudo. O bairro está naufragado. Eu me molhei da cabeça aos pés. Como você faz um jornal desse jeito? – reclamou José Fernandes aos horrores.
--- Calma. Calma. Tudo se ajeita. Já sofri piores momentos. Isso passa. Eu tenho um farto material da chuva em toda a cidade. Eu e Canindé fomos de bairro em bairro. E levo para você tão logo termine. – respondeu Armando.
--- Quero só ver o que você fala. – retrucou Fernandes enraivecido.
--- Calma. Calma. – proferiu Armando  ao seu colega.
Nesse instante chegava ao escritório da Ribeira o fotógrafo Canindé molhado da cabeça aos pés. Ele foi de carro, pois se fosse a pé não chegaria por lá. O bairro era toda uma poça de lama e entulhos. Ele entrou e correu para o interior do laboratório onde tirou a roupa ficando apenas de cueca colocando toda a roupa no ar condicionado para secar. E por lá esteve por vários minutos. Logo depois, Cione Damásio chegou ao escritório da redação toda molhada pela chuva. Ela veio aos berros:
--- Veja esta merda!!! – gritou a moça toda encharcada de água.
Faltava pouco para o meio dia quando Marta chegou ao Palácio do Governo. De repente a moça foi na direção do Gabinete do Secretario de Comunicação, Armando Viana a procura do mesmo. Ao chegar ao Gabinete ela encontrou apenas uma moça, talvez a secretaria particular de Armando. Então Marta Rocha perguntou pelo Secretário e recebeu a informação feita por um só dedo da moça ter ele ido lá para cima:
--- Está lá em cima. – fez a moça com um só dedo. E nada falou.
--- Certo. Obrigada! – respondeu Marta saindo às pressas do local.
Então Marta Rocha correu as escadas e subiu depressa para o primeiro andar no salão de Imprensa onde o Governador estaria a dar entrevista aos jornalistas. Ao chegar à porta encontrou outro repórter entrando também e sorriu para a moça ao perguntar:
--- Você está atrasada também? – sorriu o rapaz ao indagar de Marta.
--- Não. Estou aqui por outro motivo. – respondeu a moça sem sorrir.
--- Ah bom. Foi o que pensei. – sorriu o rapaz.
--- A sala é essa?- perguntou Marta apressada para entrar.
--- É sim. Vamos entrar. – sorriu o rapaz.
--- Meu nome é Marta. – disse a moça ao rapaz caminhado com pressa para entrar da sala.
--- Eu sou Gilvandro. – relatou por seu lado o rapaz.
--- Tem é gente. – sorriu a moça acanhada.
--- É entrevista coletiva do Governador. – relatou Gilvandro.
--- Ah bom. Deve ser isso. – fez de conta que sabia a moça.
Entre outros repórteres, Marta Rocha se envolveu a procura do Secretário de Comunicação, procurando por todos os recantos possíveis sem encontrá-lo. Um grupo de repórteres se formava em um canto da sala e outros em outros locais. Eles sorriam a valer. E Marta nem se importava com o fato. Gilvandro disse a Marta de mansinho ter a entrevista a presença do Prefeito da Capital e apontou um rapaz. Era ele o Secretário de Imprensa da Prefeitura.
--- Olha ali. Aquele. – falou Gilvandro.
--- Estou vendo. – disse a moça.
--- É o Samuel Alencar. –
--- Já ouvi falar. Eu não tenho o costume de vir a essas solenidades. – falou Marta em tom baixo.
--- Eu sempre venho. – sorriu o rapaz.
De onde estava, no meio de tantos repórteres, Marta Rocha procurava vislumbra alguém do seu conhecimento. Porém não avistava nenhum repórter do jornal onde trabalhava. Esticava ela o pescoço para observar, e nada conseguia ver. Há pouco instantes, uma porta na quina do prédio se abriu e Marta viu surgir Canindé com sua câmera. De imediato, pedindo licença aos demais repórteres, ela se encaminhou até onde estava o fotografo e lhe fez um aceno. O fotografo noto Marta e se encaminhou enquanto torcia a câmera de um lado a outro.
--- Você viu Armando? – indagou a moça a sorrir.
--- Está na outra sala. – respondeu Canindé se ajeitando com a sua câmera.
--- Ele vem para cá? – perguntou Marta com os olhos bem abertos.
--- Vem. Vem já. – reportou Canindé olhado a câmera se estava direita.
--- Ah bom. Vou esperar. – sorriu a moça sem motivo algum.
A conversação tomava conta do salão entre os jornalistas. Risada homérica se ouvia. Era tudo  a falar sobre noticia não divulgada e acontecida. Marta ouvia as risadas e nada dizia. Canindé passou para outro canto da sala e ficou por lá ajeitando sua câmera. Com um pouco de tempo surgiu Armando Viana ajeitando o paletó.  A moça ficou inquieta para chegar até o Secretario de Comunicação o mais breve possível. E assim fez. Marta chegou até Armando Viana e disse baixinho como se fosse ao pé do ouvido.
--- Preciso falar com você! – disse Marta ao rapaz.
--- Pode falar. – respondeu Armando.
--- Aqui não. Em outro canto. – sorriu a moça.
--- Vamos para outra sala. Depressa. O Governador vai dar entrevista. – e puxou a moça para outra sala.
Marta caminhou apressadinha, com os seus pés arrastando no chão e caminhou com Armando até o canto reservado da outra sala. Sorriu como uma criança e então disse o que tinha para dizer enquanto Armando a ouvia.
--- Sabe o que é? Nada demais! (sorriu). Eu estou a perigo. Preciso de dinheiro para almoço. – garantiu a jovem ao secretario de Comunicação.
--- Só isso? – Armando puxou a carteira do bolso de onde tirou a cédula para pagar o almoço.
--- Só! – sorriu Marta Rocha animada com o pedido.
--- Agora, você pode fazer refeição na cantina do Palácio. Não paga nada. Você tem o crachá que te dei? – indagou Armando a Marta.
--- Tenho. Está aqui dentro da bolsa. – e pegou a bola para retirar o crachá.
--- Pois faça isso. – sorriu Armando afagando a cabeça de Marta.
--- Quer dizer que o dinheiro... – ela refreou na sua pergunta.
--- Deixa pra lá. Eu vou para a entrevista. Um beijo. – falou Armando.
--- Tá bom. Outro! – e Marta beijou Armando no rosto.
Armando sorriu e se ausentou antes de passar o lenço no rosto por recomendação de Marta temendo ter deixado a marca de batom. Ela, ao mesmo tempo caminhou para a porta da frente do gabinete obedecendo à recomendação de Armando de sair por outra porta do gabinete anexo. Ao sair, Marta observou a entrada na porta da Imprensa de uma jovem de nome Ana Julia, jornalista do mesmo jornal onde Marta estava a trabalhar. Ana Julia fez uma aceno para a jovem e perguntou:
--- Já começou? – falou Ana Julia para Marta Rocha.
--- Ainda não. – respondeu Marta. E sorriu.
--- Vai entrar? – perguntou Ana Julia a Marta.
--- Não. Vou à cantina. – sorriu Marta lisonjeada em poder dizer o que havia de dizer.
--- Você é que é feliz. Entrando! – e a moça abriu a porta e fechou em seguida.

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