terça-feira, 28 de junho de 2011

DESEJO - 58 -

- Keira Knightley -
- 58 -

Na segunda-feira, pela manhã, logo cedo do dia, por volta às oito horas, Armando Viana e Canindé fotógrafo entrou em Palácio para cumprir suas obrigações como sempre os mesmos faziam. Canindé seguiu para a estação de rádio onde trabalhava o seu amigo Garcia e Armando seguiu para o seu gabinete de trabalho onde já estava a secretária do mesmo. Ao entrar em seu gabinete, ele ouviu o telefone chamar. A moça atendeu e disse apenas:
--- Um momento! – falou a secretária.
Em seguida avisou a Armando ser para ele a chamada. Armando atendeu no birô da secretaria ao telefonema. Era o prefeito de Acauã, José Catingueira. O homem, ao telefone, estava sobressaltado e quase não dia coisa com coisa. O Secretário Armando Viana tinha estado no vilarejo de Três Pontas na tarde passada e não havia coisa alguma para por o prefeito naquele estado de desamor. Mesmo assim, ele pediu apenas um momento para atender melhor o prefeito direto do seu telefone onde estaria mais descansado para ouvir as reclamações, por certo. Foram apenas alguns segundo e Armando Viana atendeu de pronto a José Catingueira. E ouviu do prefeito um relato sem pé nem cabeça de algo acontecido no interior do município. Dizia o prefeito estar apavorado com o que sucedera naquela triste manhã de segunda feira. O prefeito derramado em lágrimas apenas relatava ter sido um horror. Do outro lado da linha, sem entender tal absurdo, o Secretário de Comunicação pediu maio calma ao prefeito, pois não havia entendido muito bem o que o chefe municipal lhe estava a dizer. 
--- Foi um desastre, secretario. Um desastre! – relatava o prefeito José Catingueira, apavorado.
--- Até aí entendi. Mas um desastre de que? – indagou o Secretário ao Prefeito.
--- O céu se abriu e caiu um pedaço em cima do mar. – disse o prefeito a chorar.
--- O céu se abriu? Ora. Mas o céu não se abre! Não teve um avião ou coisa assim? – perguntou Armando quase querendo achar graça.
--- Não!!! Foi o céu!!! – reclamou o prefeito chorando..
--- Mas o céu não se abre desta forma. Não teria sido algo caído? Uma parte de uma estação orbital? – articulou o Secretário querendo sorrir.
--- Não! Secretário! Foi o céu! – relatou o prefeito a chorar.
--- É danado mesmo. Só sendo nesse Estado. E o que é que o senhor prefeito está querendo ou precisando? – perguntou Armando ao prefeito.
--- Eu? Nada! Eu vou para o distrito de Três Bocas para ver de perto o céu como está. – relatou o pobre prefeito.
--- Espere! O senhor disse Três Bocas? Onde eu voltei ontem de lá? – perguntou já um tanto alarmado o Secretario.
--- É isso. Três Bocas! É o que queria dizer! Casas foram embora. Inclusive a Mansão do Coronel Epaminondas! – dizia em prantos o prefeito.
--- Mas a Mansão do Coronel? – indagou alarmado o secretário de Comunicação.
--- Até a mansão  “Mundo Velho”! – respondeu o prefeito a chorar.
--- Isso não pode. A Mansão Mundo Velho? Somente o céu se abrindo! – proferiu alarmado o Secretário.
--- Não estou dizendo ao senhor? Foi uma onda enorme vindo do mar! A onda engoliu todas as casas na beira da praia! – enfatizou o prefeito José Catingueira.
--- Está entendido. Eu vou para Acauã. Obrigado. Eu vou agora. – relatou Armando Viana tremendo e suando frio.
E desligou o telefone. Em seguida pediu para a secretária fazer uma ligação para a casa do Governador. E com urgência. A moça atendeu ao pedido e fez a ligação. Do outro lado da linha uma voz atendeu:
--- Casa do Governador. As suas ordens! – respondeu a voz de mulher.
--- Bom dia senhora! O governador está acordado? Por favor? Aqui quem fala é o Secretário das Comunicações, Armando Viana. Por favor! – falou sem pressa Armando Viana.
--- O Governador está dormindo. Quer deixar algum recado? -  disse a voz feminina.
--- Pois não. Quando ele acordar, diga-lhe que foi o Secretario das Comunicações. Eu vou ter que sair para o município de Acauã pois algo estranho sucedeu no lugar. – descreveu Armando
--- Estranho como? – perguntou a voz de mulher.
--- Não sei bem. Um maremoto, talvez. – respondeu o Secretário Armando Viana.
--- Pois não. Transmitirei o recado. Obrigada! – disse a voz de mulher.
Nesse momento, entrou no Gabinete de Armando o fotógrafo Canindé, plenamente assustado com a estória do maremoto sucedido no município de Acauã. Suando pelas bicas, o fotógrafo ajeitando a sua câmera foi logo reportando ao secretario. Ele tremia como vara verde.
--- Quer saber da novidade? – perguntou Canindé a Armando.
--- Se foi o caso de Acauã, eu já estou ciente. – confessou Armando tremendo de medo.
--- E o que se faz agora? – perguntou Canindé assustado.
--- Vá procurar Marta para nós irmos viajar. Não diga nada. Eu vou falar com Norma. Ela não deve saber da estória. – relatou Armando tremendo todo.
--- Agora mesmo. Trago a moça para a Secretaria? – perguntou o fotógrafo.
--- Traga. Traga. Eu vou discar para Norma. – disse aflito o rapaz.
E então ele fez a ligação para a sua noiva. Demorou um pouco em atender e por fim alguém respondeu do outro lado da linha.
--- Pronto. Do Cartório. As suas ordens. – relatou o homem que atendeu a ligação.
--- Norma Vidigal, por favor! – falou Armando se contenho de medo.
--- Um momento. Quem fala? – perguntou o homem.
--- Armando Viana, o noivo de Norma. – disse o secretario.
E o tempo passou mais que depressa para Armando até Norma atender ao telefone. E veio logo dizendo coisa de quem não sabia de estórias mais cruéis. Armando, aproveitando a deixa, foi logo perguntando a sua noiva.
--- Vamos viajar? – indagou Armando muito calmo.
--- Seu besta. Não está satisfeito? Quando? – respondeu Norma sorrindo
--- Agora. Já. Em um instante. Posso passar aí? – respondeu Armando sorrindo forçado.
--- Não posso. Tenho uma audiência às nove horas. – expôs Norma a sorrir.
--- Está bem. Mas se eu disser para onde você vai? – perguntou Armando.
--- Hoje, não. Estou cheia de serviços. – respondeu Norma a sorrir.
--- Bem. É para Acauã. E você, eu creio que deva querer ir também. – articulou Armando.
--- Seu besta. Você não tem nada o que fazer? – perguntou Norma a sorrir.
--- Eu tenho. Por isso estou convidando a minha noiva. – sorriu sem querer Armando.
--- Hum. É casamento? – perguntou Norma querendo tirar prosa.
--- Antes fosse. Mas não é. Pelo que eu sei é a sua casa! – falou serio Armando.
--- Hum. E o eu é que em na minha casa? – perguntou sorrindo Norma.
--- Só se a gente for lá é que vai saber. Agora não dá. – descreveu Armando muito tenso.
--- Hum! Caiu um avião em cima? – indagou a moça separando os papeis na mesa.
--- Antes fosse. Mas não foi. Foi coisa pior! – pronunciou Armando com medo.
--- Não brinca. Diz o que é! E seja rápido. – reclamou a moça olhando atenta aos papeis.
--- Bem. Vou ser rápido. Alguma coisa sucedeu na Mansão. E temos que ir para saber. Trata-se de algo muito grave. Só isso! – relatou o homem sem cismas.
--- Não brinca. Diga logo para onde você vai! – perguntou Norma ao rapaz.
--- É isso. Eu passo já aí. Deixa a audiência para outra hora. Certo? – perguntou Armando
--- Você está brincando. Eu sei que está. Diga logo. Vai. – respondeu a moça.
--- Chego já. – e desligou o telefone.
--- Besta. – e Norma caiu na risada.
Em poucos minutos Marta já estava no carro de Armando ao lado de Canindé sentado no banco de trás. Armando deixou um recado para o governador relatando o episodio sucedido no município de Acauã sem entrar em detalhes. Em seguida saiu para o Cartório para apanhar a sua noiva Norma Vidigal. Ao chegar ao Cartório buzinou e a moça correu para atender ao noivo. Ele apenas disse:
--- Entre e sente. Vamos para Acauã. – relatou o noivo a sua noiva.
--- Diga logo para onde vai! – sorriu Norma sem acreditar em nada.


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