quarta-feira, 29 de junho de 2011

DESEJO - 59 -

- Rachel Weisz -
-59 -
--- Acauã? – indagou perplexa a jovem Marta Rocha.
 --- É. Acauã. – respondeu o fotógrafo.
--- E por que você não disse logo? – voltou a querer saber Marta.
--- Segredo de estado. – sorriu Canindé.
--- Isso é uma bosta! E o que é que tem lá? – perguntou Marta inquieta.
--- Isso a gente vai saber! – relatou o fotógrafo.
--- Pra que tanta gente assim? – indagou Norma assustada.
--- Reportagem. – respondeu Armando Viana.
--- Aonde? – ficou inquieta a moça já sabendo que o caso era em Acauã.
--- Entre e sente. No caminho vou te dizer o que apurei. – respondeu Armando.
--- É para Acauã mesmo, menina? – perguntou Norma a Marta.
--- Estou sabendo agora. – respondeu Marta Rocha.
--- É em Acauã? – perguntou Norma a Armando.
--- É. Entre! – respondeu Armando tremendo de pavor.
--- Não estou brincando! É verdade mesmo? – relatou Norma então a se tremer.
--- Vamos embora. Estou atrasado. É lá. Uma tromba d’água. Parece. O Casarão foi afetado. Vamos embora. – disse mais uma vez Armando.
--- Não brinque com isso. Eu não estou gostando. – disse Norma a Armando.
--- Vai ou não. Já disse o que sei. É pegar ou largar! – voltou a falar Armando.
--- Espere um instante. Vou pegar a bolsa. – disse Norma já assustada.
Não demorou muito e Norma estava de volta tomando o assento do carro ao lado de Armando e puxou conversa para saber os detalhes da conversa. Ele não disse muita coisa a não ser de que a Mansão “Mundo Velho” havia sido atingida por uma vaga gigante. Outras moradias também sofrerão o mesmo vexame. O prefeito do Município de Acauã estaria no do incidente procurando levantar a gravidade da situação daquela manha de segunda-feira. E isso era tudo o secretário sabia informar, com certeza.
--- Ô meu Deus. Minha casa!!! – reclamava a jovem Norma com os olhos cheios de lágrimas.
O carro seguia a toda pressa quando Armando lembrou-se de avisar ao chefe de reportagem de mandar um repórter a Universidade saber de maiores detalhes e consequências. Então ele parou o carro na primeira farmácia aberta. E pediu ao farmacêutico a permissão de ligar para a capital. Armando se identificou como Secretário de Comunicação. Feita a ligação, o repórter informou estar havendo algo no município de Acauã. Algo como tromba d’água ou coisa parecida. Que o chefe de reportagem mandasse averiguar, pois ele já estava seguindo para a região. Outra ligação ele fez para a casa do governador. A pessoa que recebeu a ligação telefônica informou que o Governador já estava em Palácio. Armando voltou a ligar para o Gabinete do Palácio a procura de falar com o Governador. Algo atrasou a ligação e ele fez de novo pedindo para a telefonista passar a ligação para o Gabinete do Governador. A moça muito delicada informou que Armando esperasse. E isso levou um tempo e tanto. Quando o Governador atendeu foi logo dizendo:
--- O seu local de trabalho é em meu gabinete! Não nas quebradas por onde anda! – vociferou o Governador bastante malcriado e neurastênico.
--- Mas Excelência algo grave ocorreu em Acauã. É preciso eu estar lá. – comentou o Secretario
--- Eu dou meia hora para o senhor estar aqui de volta para o seu trabalho. Do contrario considere-se demitido. – e desligou o telefone nas ventas do secretário.
O Secretario de Comunicação voltou ao seu veiculo após agradecer a gentileza recebia de parte do dono da farmácia. Nada expressava a sua cara de contentamento com os desaforos recebidos da parte do Governador. E assim. Deu partida no veículo lembrando que acima de tudo estava a sua profissão de Jornalista. Ao ser perguntado pela noiva o que de fato tinha ocorrido, ele respondeu apenas:
--- Sou apenas um ex-secretário de Comunicação. – e dirigiu com toda pressa para o local da tragédia, na região de Três Bocas.
Ao chegar à região afetada ele logo notou a Mansão “Mundo Velho” parcialmente destruída e olhando mais além viu os estragos causados pelas vagas gigantes. A inundação era completa. Já àquela hora, a maré estava calma, porém o pessoal percorria todas as migalhas derradeiras dos escombros das residências destroçadas pelo volume das águas. Norma correu para dentro do que restou da Mansão e Marta percorreu vasta região indagando dos homens e mulheres como tinha ocorrido o acidente da manhã. Colhendo informações esparsas de um e de outro foi anotando tudo para ver se chegava a alguma conclusão.
--- Minha filha eu não vi nada. – disse uma mulher.
--- Meu marido foi quem viu uma estrela gigante. – relatou outra.
--- Parecia o fim do mundo. – consertou alguém.
--- E o prefeito? Alguém viu? – perguntou Marta angustiada com tanta miséria.
--- Eu vi logo cedo para aquele mundão de casebres quebrados. – enfatizou um homem.
Armando caminhou pelo resto da Mansão vendo se sobrara algo de certa importância. Nesse momento, Ângela chegou aos escombros do casarão procurando por Norma. Ela avistara o carro estacionado próximo ao resto do casarão e correu para ter com Norma as conversas de sempre. Armando já estava no local e Ângela lhe disse:
---  Foi o fim do mundo. – relatou Ângela.
--- O que houve mesmo? – indagou Armando.
--- Eu não sei por que estava dormindo. Mas um homem disse ter sido o céu que se abriu. Parece! – disse a moça com cisma.
--- Céu não se abre. Pode ter sido um resto de cometa. – disse de vez o repórter.
--- Eu não sei por que não vi esse negócio. – falou enfim a moça.
Em poucos instantes um avião passou por cima de onde houve o acidente. Era o Governador do Estado. Afinal ele entendera o havido. Um helicóptero pousou na beira mar e dele saltaram três cidadãos e caminharam para as casas destruídas. Armando, vendo os três homens reconheceu serem da Universidade, do Departamento de Sismologia. De imediato, Armando seguiu para próximo aos três técnicos e quis saber o que sucedera afinal naquela parte do Estado. Um dos três foi mais cauteloso e disse apenas estar averiguando os escombros. Talvez fosse possivelmente o resto de um cometa. O caso seria estudado com melhor propriedade para se emitir uma opinião mais abalizada.
--- E difícil se definir com precisão. – relatou outro técnico.
--- Ao que parece aqui ocorreu à queda de um meteorito. Esse é o fenômeno mais com de ocorrer. Eles se desintegram em contato com a atmosfera. Porém acontece de alguns não se desintegrarem facilmente e atingem a Terra. E se chegam ao mar, eles podem provocar vagas enormes, dependendo do seu tamanho. – alertou o terceiro astrofísico.
--- Quer dizer ter sido o mais provável um meteoro? – indagou Armando ouvindo o relato.
--- É provável. – relatou o físico.
Enquanto isso o avião do Governador fez mais um sobrevoou e saiu enfim a procura do seu aeroporto na capital do Estado. O caso foi bastante temeroso com o chefe da Casa Militar tentar convencer o Governador a sobrevoar o ponto de impacto daquela manhã, pois assim teria o Governador à noção exata do ocorrido. O Secretario de Comunicação estava no local e, então, o Governador tinha então amplo poderes em dizer ter o seu governo assumido todo o potencial para socorrer os desabrigados. Porém o Governador não sabia informar de mortos na tragédia, enquanto o Secretario tomou conhecimento de nove mortos pela vaga do mar. As ondas atingiram casebres mais ao longe da beira da praia. As melhores casas, como o “Mundo Velho”, ficaram totalmente destruídas.  E Armando Viana depois de pesquisar o caso foi até4 onde estava Marta Rocha para comparar as devidas informações. Com esses pontos em mãos ele procurou então a sua noiva. Essa estava sentada na soleira da escada, com as mãos postas na cabeça, e as lágrimas a chorar copiosa.
---- Vamos querida. Vamos lutar para refazer tudo de novo. – comentou o noivo.
--- Para mim, tudo acabou. Só restos de madeiras. – chorava abundante a moça.
--- Eu cuido da senhora. – disse por fim a amiga Ângela.
Ao final da tarde o automóvel trazendo os companheiros de viagem já estava de volta a capital e Norma Vidigal ficou em sua casa para contar a desgraça ocorrida com a Mansão “Mundo Velho” Logo após Armando Viana seguiu caminho até a redação do Jornal onde desceram a repórter Marta Rocha e o fotógrafo Canindé. Logo depois, Armando se despediu dos dois dizendo que voltaria em breve para fazer a parte do tema meteorito caído do céu. Marta e Canindé subiram a redação e Armando seguiu depressa para o seu Gabinete ainda como Secretário de Comunicação. No gabinete já não estava mais a sua secretária. Ele não teceu a menor importância. A sua permanecia no local demorou apenas cinco minutos tempo que Armando levou para bater o pedido de exoneração de Secretário. Em seguida ele saiu e foi até o Gabinete do Governador onde fez entrega a secretária de uma carta em envelope fechado. Fez isso e depois saiu depressa para a redação do jornal na Rua Visconde do Uruguai, no bairro da Ribeira, ponto do alto comércio da capital. O bairro já estava cerrando suas portas no elegante comércio, pois era quase seis horas da tarde. As damas da noite se avizinhavam a procura dos seus amantes de cada hora. Os bares se enchiam de notívagos frequentadores. Era o início da noite calma.

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