segunda-feira, 27 de junho de 2011

DESEJO - 56 -

- Leane Fonseca -
- 56 -
No caminho para a Universidade, Marta Rocha indagou do fotógrafo Canindé a quem se dirigia naquele momento quando chegasse a Universidade. Canindé respondeu ser preferível buscar informações ao Departamento de Sismologia, apesar de ter sido primeiro detectado pela Defesa Civil do Estado. A moça deveria perguntar onde se deu o maremoto, qual teria sido a sua profundidade, sinais de vagas marinhas na costa do Estado, tipo do movimento, magnitude do sismo e a possibilidade de chagar ao Estado uma vaga marinha gigantesca. Era isso o mais interessante. Ao chegar ao Departamento de Sismologia da Universidade, Marta Rocha foi logo a busca de informações ao dizer ter sido informada pela Defesa Civil do Estado.  Ao indagar do responsável pelo tremor, esse disse ter havido um terremoto no Oceano a quase 1.300 quilômetros da costa não havendo risco de ver a ter uma vaga marinha gigante. Então, Marta Rocha apanhou um trabalho que dava conta do abalo no mar.
--- Esse epicentro foi localizado a uma profundidade a 9 km, abaixo do fundo do mar. – respondeu o professor responsável pelos abalos verificados em todo o nordeste.
--- Onde mais foi sentido o tremor? – fez a indagação a repórter Marta Rocha.
--- Bem. Esse tremor teve a magnitude de seis graus na Escala Richter o foi sentido também pelo Centro Nacional de Informações sobre Terremotos dos Estados Unidos. – respondeu o professor sorrindo a cada indagação.
--- Mas há risco de instabilidade do tremor. Quero dizer, Ondas Gigantes? – indagou a repórter
--- Não. Não  possibilidade de haver uma onda, pois o abalo ocorreu em sentido horizontal e não no vertical. De baixo para cima. Você entende? – perguntou o professor a sorrir leve.
--- Ah,. Entendo. Mas já houve tremores desse tipo no Oceano Atlântico? – voltou a querer saber a repórter.
--- Isso é comum. Há na verdade, históricos de tremores no Oceano Atlântico, principalmente por cima de uma falha geológica como a desse dia. – respondeu o professor.
--- Por que não ocorrem vagas gigantes com esse terremoto? – voltou a indagar Marta Rocha.
--- Porque o sismo ocorreu em um local de águas profundas, conforme já te expliquei. – sorriu o mestre.
--- Isso. Isso. Sei que o senhor já explicou. Mas a pergunta é por que esse sismo não oferece dano maior? – voltou a indagar Marta Rocha.
--- Veja bem. Para haver uma vaga, era preciso ter havido um sismo mais forte e mais próximo da costa. Tem que ter determinadas características de como a rocha é rompido. E a vaga acontece em determinadas ocasiões. – sorriu o professor.
--- Mas essa falha geológica não está mais para o Brasil? – quis saber a repórter.
--- Bem. A falha geológica fica entre as placas tectônicas da África e da America do Sul. He um movimento constante de separação dessas placas, o mesmo que provoca um afastamento de em média 10 centímetros por ano entre os dois continentes. – explicou o mestre.
--- Está bom. – agradeceu a moça retornando ao carro para seguir a redação do jornal.
Ao ver tudo o que obtivera Marta Rocha se deu por satisfeita.
O Governador do Estado tinha despacho com o seu secretário de Comunicação sobre que seria substituto de José Fernandes. Na ocasião, Armando Viana sugeriu o nome do professor universitário Francisco Wanderlei. Porém, o Governador disse não prestar.
--- Esse homem foi meu desafeto! – reclamou o governador em cima do ato.
--- Bem. Tenho o nome de Paulo Barra. É também professor. Já esteve na editoria de um Jornal e hoje vive a cuidar dos seus porcos. – relatou Armando Viana.
--- Hum! Não tem outro? – perguntou o Governador.
--- Tenho inúmeros nomes. Mas advogo por Paulo Barra. Ele é um homem sóbrio. Não faz o que pensa. Sempre está de acordo com o Governo. Não tem essa de empreguismo! Ele é um nome. – relatou Armando Viana.
--- Sendo assim, chame-o. Quero conhecer a fera. – disse o Governador sem outra objeção.
E Armando saiu do Gabinete do Governador, indo para o seu Gabinete. Por lá estava o ex-editor do Jornal A IMPRENSA a sua espera. Tão logo entrou na sala, José Fernandes veio lhe pedir desculpas, pois naquela hora ele estava de cabeça “quente”, o motivo de recusar a colocar a noticia do estupro. Armando Viana lhe falou ter o caso assumido ao Governador e naquela hora já não podia mais nada fazer.
--- Por favor, cara! O caso é sério! – relatou José Fernandes quase a chorar.
--- É sério mesmo. Agora, não cabe mais a mim. Já tem outro da edição. – confessou Armando.
--- Puta-merda. Assim é foda. Como é que pode? – indagou como um menino o jornalista.
--- É foda mesmo. Eu estava na editoria do jornal com a sua saída. Agora se tem um novo nome para assumir o cargo. – fez ver Armando a José Fernandes.
O rapaz ainda ficou um tempo por ali e depois saiu. No mesmo instante, Armando Viana pediu a auxiliar ligação para o professor Paulo Barra, em sua casa. E demorou um pouco para ser feita a ligação. Quando atendeu ao telefone a voz de mulher perguntou quem era:
--- É Armando Viana. Secretário de Comunicação do Governo. – respondeu o homem.
--- Um momento. – respondeu a voz no outro extremo da linha.
Outra demora e Armando ouviu o chiar de um chinelo e alguém a falar ao telefone. Após a conversa inicial Armando falou a Paulo Barra ter procurado o professor, pois queria saber a possibilidade de assumir a edição do Jornal A IMPRENSA. A voz do outro lado demorou um pouco a responder. E foi na conversa:
--- Quanto paga? – e sorriu o acadêmico ao falar.
--- Quando vale? – perguntou a sorrir Armando do outro extremo da linha.
--- Tenho que ir ai? – perguntou o professor.
--- A principio no meu Gabinete. Depois, no Jornal. – sorriu Armando já sabendo que o mestre teria aceitado a proposta.
--- Mais tarde, serve para você? – indagou Paulo Barros ao Secretario.
--- Pode ser. A que horas você vem? – perguntou Armando muito satisfeito com o chamado.
E marcada hora, à tarde, os dois mestres estavam já a definir o trabalho de editor geral ao seu mestre. Disso nem precisava, pois Paulo Barra já sabia como sempre e salteado. Apenas, Paulo fez questão em apertar a mão do Governador para o qual estaria a trabalhar naquela ocasião. Foi breve a conversa com o governador e logo após Armando e Paulo Barra seguiu de carro para a editoria do Jornal onde o homem foi apresentado aos três diagramadores, aos repórteres, ao fotografo e a alguém que lhe servia na editoria. Ao entrarem na sala, Armando trancou a porta e falou sobre a competência de cada um dos repórteres; o trabalho de seus diagramadores, sendo uma diagramadora responsável pela feitura do segundo caderno. Esse os assuntos especiais. Apontou ainda para o chefe de reportagem, homem sabedor de quase tudo; e o fotógrafo Canindé, o rapaz apanhador de noticia, às mais quentes do dia.
--- Só ele sabe como consegue. Não diz a ninguém. – sorriu Armando ao dizer tal fato.
--- Esse homem é o quero mais. – respondeu o Editor a sorrir.
Enfim, o chefe de edição do Jornal A IMPRENSA descansou em sua cadeira almofadada. A matéria chave era o terremoto ocorrido no mar pela manhã. Além dessa, tinham outras do Governo e outras mais bem comuns até. Quando olhou a matéria do terremoto, o chefe de edição do Jornal quis saber quem a fizera. Armando Viana disse então:
--- Parece ter sido Marta. Aquela menina magra. Olhe! – apontou para Marta o Secretário.
--- Muito boa a matéria. Há quanto tempo ela trabalha aqui? – perguntou Paulo Barra ao Secretário, assombrado com o texto.
--- Negócio de quatro meses, ao que parece! Quer chamá-la?  - indagou Armando.
--- Não é preciso. Mas quatro meses? Ela vem de onde? – perguntou o editor de forma baixa.
--- Ela é daqui mesmo. – sorriu Armando ao responder a indagação.
--- Não me recordo dela no curso. – falou Barra ao secretario.
--- Ela não tem diploma. Esta aqui como estagiária. É de uma família pobre. O pai é enfermo. Uma boa moça, por sinal. – relatou ao chefe Barra o Secretário de Comunicação.
--- Essa menina vai longe. – confessou  Barra ao Secretário.
--- Espero! – sorriu Armando ao editor.
--- Espera é? Namorados? – indagou  Paulo Barra.
--- Não. Que é isso? Ela é solteira, não tem namorado ao que parece e vive para o seu trabalho – relatou Armando a Paulo Barra.
--- Vou dar destaque à matéria. – recomendou o homem já com bastante euforismo.
E assim começou o seu dia, no final da tarde, o novo editor geral do Jornal A IMPRESSA. Os diagramadores estavam a fazer o jornal, cada um com sua página. Um dos tais alegou ter posto para o dia seguinte a matéria sobre Mosteiro, pois naquele dia o impresso estava tomado pela propaganda comercial. Armando concordou com a decisão do diagramador e não fez mais nenhum comentário a esse respeito, a não ser o de indagar:
--- Onde vai sair? – perguntou Armando Viana meio cabisbaixo
--- No segundo caderno. – falou o diagramador.

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