terça-feira, 8 de janeiro de 2013

O FIM DO MUNDO - 33 -

- Paula Oliveira -
- 33 -
CARAVANA
A caravana parte em busca do desconhecido a perambular com imenso cuidado para não ser atingida por algumas das bolas de fogos arremessadas com brutalidade do céu. Cuidado era pouco para se falar. Pelo caminho perseguido pelos andarilhos a mata virgem em chamas era o risco de vida. Animais pequenos e médios mortos era o sinal dos tempos. Animais ainda vivos percorriam desesperado em busca de outras paragens. O coronel Aguiar olhava a mata e notava ser prudente buscar outros caminhos. Por certo instante Otto brecou o seu carroção e foi saber do coronel algo de melhor alcance. O Coronel, pois a mão  no pescoço como a limpar de tanto sujo, e informou apenas isso:
Coronel:
--- Vamos caminhar. Essas bolas de fogo. ... – e olhava para o céu
Otto, supresso com tamanhas bolas de fogo a cair do Céu e sem poder ver, pois o sol estava encoberto por uma nuvem densa de cor escura. As bolas de fogo atravessavam a nuvem como se nada tivesse para atrapalhar e vinha a cair aos montes na serra. As árvores ardiam em chamas com a pancada das bolas. O calor ao meio da tarde era intenso parecendo à boca de um forno quente, acesso. Por todos os recantos vinham às labaredas assustadoras como a vomitar em chamas sobre as oleiras de barro iguais ao deus pó. Em dado instante Vanesca, atormentada, correu para junto do seu noivo. Ele estava a trocar ideias com o coronel e quase não a notou:
Vanesca:
--- Estou com medo benzinho! Essas bolas de fogo! – disse a moça a olhar para o firmamento.
A tarde não parecia tarde. Tudo estava opaco. A nuvem escura encobria o sol. Talvez a essa altura o eclipse da lua já havia passado. Apenas a cauda do cometa sacudia fagulhas de fogo sobre todos os cantos remotos, inclusive a Terra. E a caravana do Coronel não sabia onde estava o cometa, o monolítico gigante a passar perto da Terra. Em termos máximos, o cometa era 140 vezes maior que a Terra. Um verdadeiro monstro de pedra a se arrastar em direção ao Sol de tamanho colossal. Calado de sua parte, apenas jogava fagulhas de sua cauda de tamanho vertiginoso o monstruoso cometa. Desde o maremoto havido semanas antes a invadir a capital, era o efeito do cometa Gato ao se aproximar da Terra. Toda uma confusão se tornou em volta, e pelo visto o temível aguaceiro tomado em todas as partes, a impressa ficou atada de informações. Nesse igual período, as informações corriam lentas dos cinco continentes. Na Serra, um rádio amador, mesmo com a falta de energia, conseguiu montar o seu aparelho e, de forma precária, ouvia a transmissão em código Morse de um navio a solicitar “socorro” através do código SOS e, por aí, o patrulheiro das horas incertas ouviu igual solicitação de outro barco. A transmissão precária informava sobre forte maremoto e em outros casos do afundamento de parte da Terra em algumas partes do globo. O radio amador ele continuou na escuta dia e noite ouvindo diversas estações de rádio, todas em código Morse, a informar sobre o afundamento de Usinas Atômicas em varias partes dos países, incluindo a Europa, Ásia, as Américas e até mesmo países do Oriente Médio.
Rádio amador:
--- É uma catástrofe! – dizia atormentado o homem.
E assim, com paciência e muito cuidado o radio amador prosseguiu em sua pesquisa procurando outras estações a qual pudesse dar maiores informações a respeito da catástrofe. Como radio amador, já aposentado do serviço público, quando era inspetor da Polícia Rodoviária Federal, o homem seguiu para a Serra, onde mantinha uma fazenda de poucos alqueires de terra. Para cuidar do oficio de radio amador, seu “luxo”, o homem pesquisava dia e noite as estações nacionais e internacionais. Ele era um homem aos seus cuidados de radioamadorismo. Para ter energia em sua casa, ele montava um cata-vento a servir para fornecer água para a casa e ao mesmo tempo para gerar energia, inclusive para o seu rádio. Dia e noite o homem estava na escuta. Em 10, 15, 17, 20 ou mesmo em 40 metros. Vez por outra se aborrecia quando uma estação lhe faltava e dava um grito baixo:
Radio amador:
--- Hah! – o homem fazia.
Tipo baixo, cor morena, olhos vivos, mãos suaves. Era ele o homem à toda prova. E não tinha hora para largar a sua tarefa, quer de dia ou mesmo à noite/madrugada. Ele conseguia contato com seus desconhecidos companheiros do interior do país ou mesmo de outros territórios. E as noticias eram por demais lineares.
Alguém:
--- O mundo está se acabando! – transmitia um “macanudo” de alguma parte onde havia um rádio amador na expectativa de dias melhores.
Outro:
--- É fogo por toda a parte! – salientava extasiado alguém.
MAIS:
--- Vou cair fora! – respondia outro bastante temeroso.
Mesmo assim, o rádio amador tarimbado continuava na escuta do Morse quando ele não estava a firmar contato. O mar gigante continuava a subir e as paredes do continente africano cediam a cada instante. No seu País, poucas informações eram dadas. Quando não, um telegrafista do Governo dedilhava estar a situação sob controle. Homem astuto conhecedor das armadilhas do Poder, ele cuspia de lado com tal informação descabida. Na fronteira sul do País chegava pelo código Morse que o imenso reservatório de água projetado a abastecer os três pais acabara de desmoronar.
Rádio amador.
--- Ê lasqueira! É agora! – comentou o homem  a se levantar da cadeira estofada.
Com as mãos na cabeça ele foi olhar os retumbantes incêndios provocados na mata do alto da montanha pelas reluzentes bolas de fogo caídas a todo instante. De sua casa, ele viu as carroças embaixo a passar. Os andarilhos estavam desolados com tais fogos. O radio amador também olhou e estava desolado. Pequeno em seu porte, ele, Eugenio, era um gigante quando por trás de um radio ou mesmo na tarefa que um dia exerceu durante longos tempos da vida. Ele olhou bem a caravana e apostou em seu cavalo. E foi a seguir os desanimados homens e mulheres para dizer tudo o que sabia até àquela hora. E nesse ponto ele reconheceu o dono caravana. Mesmo estranhando o porquê das andanças, Eugenio se mandou a cavalo para saber do ocorrido. E cavalgou uns bons minutos até chegar a carroça da ponta. E ao chegar na ponta foi logo cumprimentado.
Eugenio;
--- Olá caravaneiros! Boa tarde! Para onde estão a seguir! – indagou esfoliado o telegrafista.
O Coronel Araújo não entendeu bem a conversa e voltou à pergunta. A cada passo, os dois homens foram se entendendo e o Coronel foi a dizer estar a procura de um local mais seguro. Eugenio saltou da montaria e foi a dizer ter um cometa ao redor da Terra e pelo que conseguiu saber, era um gigante.
Eugenio:
--- Os oceanos, em toda parte, estão se avolumando. Parte da África sucumbiu. As calotas polares estão a se desmanchar. Com isso, o volume das águas cresce bem mais. Os barcos estão como folhas soltas. E o rompimento de uma barragem foi a pior noticia. – relatou com tristeza o homem.
O Coronel Araújo junto com o seu genro e sua filha, ficou atônito com a informação. O Coronel conhecia muito bem o radio telegrafista Eugenio. Entretanto o considerara um excêntrico ermitão. Por certo os dois nunca trocaram palavras. Naquele instante ambos estavam lado a lado. O Coronel Araújo saltou da carroça e perguntou ao ermitão.
Coronel:
--- Como o senhor está sabendo dessa historia? – indagou um tanto sem querer saber.
O ermitão Eugenio fez um sorriso e comentou em seguida:
Eugenio:
--- Radio. Eu sou radio amador. Tenho seguido a trilha do cometa. É provável ser nossa costa invadida pelo mar. Ondas gigantes ameaçam a Terra. – comentou o ermitão sem sorrir.
O Coronel se voltou para o jornalista esse levantou apenas os ombros como se afirmasse o dito. Em seguida, o Coronel se voltou para o ermitão e lhe fez perguntas:
Coronel:
--- Como eu vou ter certeza do mar invadir nossa Terra? – indagou meio cismado o homem.
O ermitão pigarreou e respondeu:
Eugenio:
--- Nunca se tem uma prova. Apenas dedução. As geleiras se derretem e vem parar em alguma costa. Então, nós deduzimos ser a nossa costa a mais provável. Tem os Estados Unidos também. E outras terras, como Oceania de América Central. Enfim, tudo forma um único bloco. A África já está sofrendo as consequências. E se tem a Itália e o Japão. Tudo é muito simples. – comentou muito sério o ermitão.
Coronel:
--- Coisa estranha! O cometa vir destruir a Terra? – pesquisou em sua mente o homem.
O telegrafista sorriu e ficou serio para poder responder.
Eugenio:
--- Um super cometa. Veja que estamos afrontando um bloco de pedra bem maior do que a Terra. É de descomunal tamanho. – relatou bem calmo o homem.
Otto sorriu e por fim declarou ser verdadeira a informação dada pelo ermitão.
Otto:
--- É seguramente certa a informação do rádio telegrafista.

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