sábado, 19 de janeiro de 2013

O FIM DO MUNDO - 38 -

- Angelina Jolie -
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MORTOS
Nesse mesmo dia e instante, Eikki Launis indagou pelo rádio a outros companheiros embarcados. Ele sentiu no ar um forte odor vindo de terra, mais do que o odor do mangue ali existente. O mangue lança um forte odor e coisa podre. Mas, acostumado com os mangues, Eikki não deu muita importância ao fato. E quando indagou foi apenas para ter certeza de que o odor não era apenas do estrume do manguezal. E foi isso o que aconteceu:
RA 1
--- É carniça. Gente morta. Putrefata. Dos edifícios. – respondeu o companheiro até a sorrir.
Com o comentário, Eikki se levantou e olhou fora vendo os carcomidos prédios altos todos arriados como brincadeira de papel. Eikki observou bem para os edifícios mais distantes, contudo nada se podia fazer. Eles estavam totalmente arriados. Dos altos e magníficos edifícios apenas restavam sombras e nada mais. Ainda Eikki pode observar na parte de baixo da cidade, os barqueiros despejado seus peixes capturados na pescaria em alto mar. E o capitão pouco desatento ainda pode observar mulheres e meninos a colher entre sargaços os peixes miúdos.  Logo em seguida Eikki retornou a banca do rádio.
Eikki:
--- E a cidade não tem prefeito? – indagou perplexo o capitão.
RA 1
--- Tinha! Tinha! Mas fugiu para local incerto. – respondeu o outro radio amador a sorrir.
Eikki:
--- E o Governador? – voltou a perguntar o capitão meio assustado.
RA 1
--- Pegou a mesma canoa. – gargalhou o confrade.
Eikki:
--- O mau cheiro é dos corpos? – indagou assustado o capitão.
RA 1
--- De gente e bicho. Os vivos não puderam tirar todo mundo morto. E nem os animais. – declarou o radio amador novamente a gargalhar.
Eikki:
--- Mas alguém tem que fazer algo. O negócio não pode continuar do jeito que está! Toma-se dinheiro emprestado e faz-se alguma coisa! – falou inquieto o capitão.
RA 1.
--- Munheca! Veja bem! Dinheiro nessas alturas é a coisa que menos importa. Dinheiro não vale nada nessa terra. Se você quiser comprar qualquer coisa tem de levar ao vendedor um objeto de troca. Se ele tiver interesse o negocio é fechado. Do contrario você volta sem nada ter feito. – declarou o rádio amador.
Eikki:
--- Mas assim não é possível. Há instante eu indaguei se havia aqui Usina de Gás. Agora, vejo que não se pode fazer gás, álcool e óleo diesel. Pelo visto está tudo parado!!! – fez vez com assombro o capitão.
RA – 1.
--- Isso é claro. A Usina de gás está lacrada por causa do fenômeno cometa. Esse deixa de sobressalto os engenheiros. Quando surge uma faísca os engenheiros correm para debaixo do chão. – vez ver o rádio amador.
Eikki:
--- Mas...E o futuro? – indagou atrapalhado o capitão.
RA – 1.
--- Não há futuro. Esse é “hoje”. As autoridades, mesmo de outros países, nada falam.  Pelo visto nós estamos no fim. – declarou o companheiro ao seu amigo.
Eikki:
--- Mas deve haver um “futuro”! Deve haver! – reclamou o novato capitão.
RA – 1.
--- Deve. Isso é certo. Mas o amigo sabe da situação do Haiti? Pois bem. Lá o negócio foi bem mais fraco  do que ocorre nesse mundo. Hoje, não tem energia na Inglaterra, França, Itália, Japão, China e Rússia. Por fim, em nenhum País. Nem nos Estados Unidos. Uma geleira imensa do tamanho da Inglaterra vem para matar os nativos dos Estados Unidos. Você deixou o seu País em boa hora. Pois os habitantes da Finlândia estão  no mesmo pavor. Essa é verdade. Se você quiser ser mau visto, apareça com uma nota de cem dólares para comprar qualquer coisa! Dinheiro não vale nada. Nem aqui e nem em outros recantos do mundo. – relatou o radio amador quase a cansar de tanto falar.
Eikki:
--- Mas os Estados Unidos são imensos. – relatou o capitão cheio de temor.
RA – 1.
--- É isso mesmo. Pois o desastre vai do Maine à Flórida. Além do Canadá. – falou já irritado o outro capitão
Eikki:
--- Bom. É esperar. Não adianta temer pelo acontecido. E agora eu vou olhar um pouco o que se faz na Marinha. Cambio, Cambio. – reportou o capitão já plenamente chocado com a situação.
Em igual tempo, na cidade, tratores do Exército enchiam os caminhões basculantes com restos dos edifícios desabados onde somente a lama e as pedras podiam ser avistadas. Outra equipe de civis e militares procuravam localizar algum resto de corpo por ventura já em decomposição. As equipes usavam máscaras no rosto como forma de proteger da entrada de objetos contundentes ou de apenas para evitar sentir o forte odor dos cadáveres. Cães farejadores ajudavam as equipes a encontrar corpos ainda soterrados. As equipes do Exercito tomaram conta do serviço desde que o Governo do Estado  se ausentou da cidade juntamente com o Prefeito. Em seu lugar assumiu o Comandante Militar da esfera federal e era esperado a qualquer instante se decretar estado de sítio em todo território do Estado. Os comentários vasava de boca em boca em igual sentido. O Comando Militar já adorara o toque de recolher para os que não tivessem marcados pelo esquema de prontidão da Guarda. Todas as viaturas particulares bem como motoristas alheios ao serviço militar foram convocadas com a devida ordem. Um aterro sanitário foi aberto nos confins da cidade para o depósito de corpos identificados ou não. Os entulhos eram despejados em outros locais ainda mais distantes. A Igreja Católica serviu de base para os oficiais de o Comando despachar as suas equipes. Foi privada a saída de pessoas da cidade para qualquer outro local sem a devida ordem do Comando da Guarda. Os Hospitais Militares foram credenciados como pronto-socorro para o atendimento de pessoas gravemente enfermas. O Hospital do Estado continuava superlotado de doentes. Um capitão foi designado para responder por tudo o que houvesse naquela instituição.  O trem era outro a fazer parte do comboio de ajuda humanitária. Foram erguidas pontes de ferro nas partes danificadas pelas chamas celestes e com isso se passou a atravessar de caminhões, basculantes, tratores e até pequenos veículos. Foi à luta do Exercito, Marinha e Aeronáutica a socorrer famílias moradoras em diversos municípios do interior.
E desta feita, houve empenho de chamar antigos componentes das Forças Armadas para segurar com brio a trincheira um tanto desprevenida. Nesse ponto, alguém se lembrou do Coronel Tomaz de Araujo, velho forte de guerra. A notícia correu campo do Exercito a procurar de saber do seu paradeiro. Houve o momento em que um dos chefes das Armadas vaticinou:
Chefe:
--- O Comandante está morando na fazenda. Esse é perto de  tal município. Não sei bem qual. – relatou o militar.
Comandante:
--- Passe uma ordem geral para que o Coronel Araújo seja chamado com urgência. – relatou o homem forte
A notícia correu depressa por todos os cantos da esfera. Ordem de encontrar o Coronel Araujo. E, no meio de tanto tumulto, o coronel Araújo, reformado das fileiras do Exército estava bem longe do seu município. No momento, ele lutava com bravura contra uma cheia da lagoa por conta de uma onda gigantesca a invadir a casa do motorista Ademar. Esse, por sinal tinha o mesmo cuidado em deter a cheia de sua casa tomada de pronto pela onda. Ouviam-se gritos e real desespero por todo o recanto com as pessoas desnorteadas a todo custo a procura de se segurar em algo sustentável para não cair de casa afora. Nas outras casas vizinhas também eram gritos de tormentas:
Voz:
--- Cuidado! – dizia o primeiro.
Voz Dois:
--- Ai minha mãezinha! – gritava outra fora de si.
Voz três:
--- Socorro! – gritava uma mulher ao ser levada pela maré da lagoa.
E na casa de Ademar motorista era a mesma angustia com as pessoas a gritar e proteger uns aos outros.  A onda surpreendente arrancou de um só instante as débeis pessoas. Alguém se esforçava para socorrer um dos que estavam inseguros em direção a porta de frente da casa aberta a todo custo pela forte vaga. Cavalos, bois, jumentos e demais animais se esforçavam para pular o cercado e fugir da onda. Enquanto na casa ouvia-se o gritar de gente para socorrer os seus parentes. Era uma tremenda fúria da onda a arrastar de volta pessoas. Um grito se ouviu:
Voz:
--- Meu pai!!! – gritou alguém com espanto.

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