quarta-feira, 22 de agosto de 2012

ISABEL - 33 -

- Demi Lovato -
- 33 -
SURPRESA
Um homem a caminho a levar seu carrinho de mão oferecia côco verde a quem quisesse comprar àquela hora da manhã. Quase ninguém desejava perguntar pelo preço até porque aquele homem já era conhecido de toda a vizinhança. Ele deveria levar seus côcos para vender na feira da cidade, pois faria melhor negócio. Mesmo assim, nesse momento, Gonzaga rebuscou  seus bolsos e pediu ao homem um côco, oferecendo outro ao seu companheiro, Ambrósio, pois era sol forte e deveras calorento. O homem Ambrósio aceitou a oferta e quando não mais pensava eis vindo chegar à moça ou senhora dona Maria José, mulher dos seus 25 anos de idade a trazer no colo a criança, aparentemente sua filha. O sol quente fervia os miolos de quem se expusesse ao relento. Maria José nem deu importância ao carro parado em frente a sua casa, pois o mais temido era o sol com o garoto a choramingar constante parecendo ter o remédio por ele aplicado não ter feito efeito algum. Isso, ao que parecia. Os dois cavalheiros conversavam cargas d’água no interior do carro e nem deram por fé a chegada de Maria José. A mulher da casa foi quem apontou para o carro talvez dizendo algo como o homem estivesse à espera da mulher moça. Maria José olhou para o carro de repente para ver se conhecia algum dos dois, mas não teve a lembrança imediata. Desse modo pediu favor a mulher a segurar o menino de colo e foi até a porta do carro a perguntar por que os homens esperavam. Foi surpresa tamanha,  pois nenhum estava com a lembrança de ter a espera a moça. Maria José então sorriu e pediu desculpas. Então a conversa seguiu.
Maria José:
--- Eu sou Maria José. Em que posso servir? – indagou.
Ambrósio com o susto nem percebia a presença da mulher. E depois de alguns segundos foi que falou:
Ambrósio:
--- Mas que susto. (sorriso). Mas é a senhora Maria José? Pois aqui está esse moço. Ele é o marido da sua amiga, Isabel. Nós estamos à procura de uma moça que possa tomar conta da “velha” mãe de Isabel. A senhora conhece quem possa? – perguntou ele.
Maria José:
--- Isabel? Isabel? Ela está aqui no Saco? Isabel? Mas que medonha! – disse de vez a moça apertando o coração de tanta emoção com um sorriso aberto na face.
Gonzaga sorriu também e declarou sem emoção.
Gonzaga:
--- Ela não veio com nós.  Está tomando conta da “velha”. Mas indicou ser o Saco o local onde a senhora morava. Eu peço desculpas. Mas foi isso mesmo. Ela está na cidade. Se quiser ir com a gente, pode dizer. – falou o homem com sorrisos.
Maria José:
--- Mas aquela danada! Se quero? Eu vou já! Mas Isabel pede o que? – indagou a moça cheia de emoção.
Gonzaga:
--- Como disse seu Ambrósio. Ela mandou saber se por aqui tem uma moça querendo ir à capital para tomar conta de sua mãe. É só isso. Se tiver ela combina o preço. – sorriu Gonzaga ao falar tudo de uma só vez.
Maria José:
--- Deixa eu ver se acho. Eu tenho a lembrança de uma moça. Ela estava para ir a capital. Não sei! - (baixou a cabeça) – Mas espere. Vou alí e volto logo. O senhor é quem? – indagou a moça
Gonzaga:
--- Gonzaga. Marido de Isabel. Esse é Ambrósio. Achou que a senhora o conhece. – sorriu a ditar quem era ele e o outro.
Maria José:
---- Ambrósio! O senhor era da Polícia? Ora se conheço! Ambrósio! Era porque tudo passou tão depressa que eu nem atinei. – sorriu a moça a olhar Ambrósio e a queimar os pés do chão quente.
Ambrósio:
--- Não é nada, minha senhora. Eu também nem percebi quem era. A senhora cresceu demais desde que a vi. Pequeninha! – sorriu Ambrósio se desculpando a tirar o chapéu com um gesto na cabeça.
Maria José:
--- Pois é. Eu era menina. Vivia a brincar com Isabel por essa rua. ...Mas deixa eu ir ali. Volto já. Espere, viu? – respondeu a mulher a sorrir
Ambrósio:
--- Pois é! Pois é! – disse Ambrósio.
Maria José:
--- Isabel “viveu” uns tempos com o meu primo, Boi Selado. Mas o destino o levou. Desgraça! – respondeu a moça ao sair.
 
De um salto a moça galgou à calçada e correu bem mais depressa. A mulher que estava na porta, permaneceu ali a segurar o menino a olhar os homens e a moça, amaciando a criança para não mais chorar. O tempo passou depressa e com dez minutos Maria José voltou em companhia de outra moça. Como a mulher da porta já dissera, a moça era Soraia, com certeza. E tão logo as duas mulheres chegaram, a moça se apresentou a sorrir encurvada para ver bem o homem dito marido de Isabel. E o homem Gonzaga saiu do carro para ver a moça de forma atenciosa. Maria José circundou o veículo e chegou perto de Soraia pelo lado esquerdo do veículo com um sorriso imenso a iluminar a face. E Gonzaga tratou com a moça o combinado ficando de voltar à tarde para levar a  moça com a sua bagagem de mão.
De volta daquela manhã primaveril Ambrósio ainda  falou sobre o pessoal do campo como a gente gosta de ajudar os seus amigos e parentes em qualquer situação, mesmo na total desesperança. Homens, mulheres e crianças. Eles fazem de tudo para ajudar a alguém quando  essa pessoa está em total desesperança.
Ambrósio:
--- Para o senhor ver como é o homem do campo. Ele ajuda de qualquer jeito a pessoa até a sacrificar a sua própria vida. – disse o homem com forte angustia.
Gonzaga:
--- É isso compadre. Eu também sou homem do campo. Se hoje moro na capital é porque por acolá tem vida melhor. Mas o campo é minha sina. – respondeu o homem ao dirigir o seu veículo.
Já estava ao meio dia quando os dois conhecidos chegaram à vila do Carvalho próximo ao centro da cidade. Pouca gente na rua. Criança, quase nenhuma. Algumas a comprar na bodega uma coisa qualquer. Talvez a sua mãe a esperar na porta do casebre com a mão enfiada na cintura e a gritar.
Mãe:
--- Chega menina! Ora que peste! – dizia a mulher com mal humor.  
Isabel estava na cozinha na casa preparando o almoço do menino Francisco enquanto a sua mãe se deitava na cama de solteiro ajudada por Ludmila, pois acabara de almoçar naquela hora do dia. Gonzaga chegou e cumprimento a velha – ainda moça de 50 anos, pois a angustia lhe dava mais idade – e a moça se voltou para ver quem estava na porta do quarto. Após breve saudação o homem se dirigiu a cozinha da casa. O calor era sufocante. Ambrósio se despediu logo na porta de saída prometendo voltar com um pouco mais. Isabel se voltou ao marido e indagou se eles encontraram a casa de Maria José:
Gonzaga:
--- Foi fácil. Ela vem logo à tarde para conversar com você. A moça vem também. Ela mora próximo da casa de Maria José. – respondeu meio cansado da viagem que fez.
Isabel:
--- Jura? Ah sinhá safada! – respondeu Isabel a sorrir.
 

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