- Demi Lovato -
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SURPRESA
Um
homem a caminho a levar seu carrinho de mão oferecia côco verde a quem quisesse
comprar àquela hora da manhã. Quase ninguém desejava perguntar pelo preço até
porque aquele homem já era conhecido de toda a vizinhança. Ele deveria levar
seus côcos para vender na feira da cidade, pois faria melhor negócio. Mesmo
assim, nesse momento, Gonzaga rebuscou
seus bolsos e pediu ao homem um côco, oferecendo outro ao seu
companheiro, Ambrósio, pois era sol forte e deveras calorento. O homem Ambrósio
aceitou a oferta e quando não mais pensava eis vindo chegar à moça ou senhora
dona Maria José, mulher dos seus 25 anos de idade a trazer no colo a criança,
aparentemente sua filha. O sol quente fervia os miolos de quem se expusesse ao
relento. Maria José nem deu importância ao carro parado em frente a sua casa,
pois o mais temido era o sol com o garoto a choramingar constante parecendo ter
o remédio por ele aplicado não ter feito efeito algum. Isso, ao que parecia. Os
dois cavalheiros conversavam cargas d’água no interior do carro e nem deram por
fé a chegada de Maria José. A mulher da casa foi quem apontou para o carro
talvez dizendo algo como o homem estivesse à espera da mulher moça. Maria José
olhou para o carro de repente para ver se conhecia algum dos dois, mas não teve
a lembrança imediata. Desse modo pediu favor a mulher a segurar o menino de
colo e foi até a porta do carro a perguntar por que os homens esperavam. Foi
surpresa tamanha, pois nenhum estava com
a lembrança de ter a espera a moça. Maria José então sorriu e pediu desculpas.
Então a conversa seguiu.
Maria
José:
---
Eu sou Maria José. Em que posso servir? – indagou.
Ambrósio
com o susto nem percebia a presença da mulher. E depois de alguns segundos foi
que falou:
Ambrósio:
---
Mas que susto. (sorriso). Mas é a senhora Maria José? Pois aqui está esse moço.
Ele é o marido da sua amiga, Isabel. Nós estamos à procura de uma moça que
possa tomar conta da “velha” mãe de Isabel. A senhora conhece quem possa? –
perguntou ele.
Maria
José:
---
Isabel? Isabel? Ela está aqui no Saco? Isabel? Mas que medonha! – disse de vez
a moça apertando o coração de tanta emoção com um sorriso aberto na face.
Gonzaga
sorriu também e declarou sem emoção.
Gonzaga:
---
Ela não veio com nós. Está tomando conta
da “velha”. Mas indicou ser o Saco o local onde a senhora morava. Eu peço
desculpas. Mas foi isso mesmo. Ela está na cidade. Se quiser ir com a gente,
pode dizer. – falou o homem com sorrisos.
Maria
José:
---
Mas aquela danada! Se quero? Eu vou já! Mas Isabel pede o que? – indagou a moça
cheia de emoção.
Gonzaga:
---
Como disse seu Ambrósio. Ela mandou saber se por aqui tem uma moça querendo ir
à capital para tomar conta de sua mãe. É só isso. Se tiver ela combina o preço.
– sorriu Gonzaga ao falar tudo de uma só vez.
Maria
José:
---
Deixa eu ver se acho. Eu tenho a lembrança de uma moça. Ela estava para ir a
capital. Não sei! - (baixou a cabeça) – Mas espere. Vou alí e volto logo. O
senhor é quem? – indagou a moça
Gonzaga:
---
Gonzaga. Marido de Isabel. Esse é Ambrósio. Achou que a senhora o conhece. –
sorriu a ditar quem era ele e o outro.
Maria
José:
----
Ambrósio! O senhor era da Polícia? Ora se conheço! Ambrósio! Era porque tudo
passou tão depressa que eu nem atinei. – sorriu a moça a olhar Ambrósio e a
queimar os pés do chão quente.
Ambrósio:
---
Não é nada, minha senhora. Eu também nem percebi quem era. A senhora cresceu
demais desde que a vi. Pequeninha! – sorriu Ambrósio se desculpando a tirar o
chapéu com um gesto na cabeça.
Maria
José:
---
Pois é. Eu era menina. Vivia a brincar com Isabel por essa rua. ...Mas deixa eu
ir ali. Volto já. Espere, viu? – respondeu a mulher a sorrir
Ambrósio:
---
Pois é! Pois é! – disse Ambrósio.
Maria
José:
---
Isabel “viveu” uns tempos com o meu primo, Boi Selado. Mas o destino o levou.
Desgraça! – respondeu a moça ao sair.
De
um salto a moça galgou à calçada e correu bem mais depressa. A mulher que
estava na porta, permaneceu ali a segurar o menino a olhar os homens e a moça,
amaciando a criança para não mais chorar. O tempo passou depressa e com dez
minutos Maria José voltou em companhia de outra moça. Como a mulher da porta já
dissera, a moça era Soraia, com certeza. E tão logo as duas mulheres chegaram,
a moça se apresentou a sorrir encurvada para ver bem o homem dito marido de
Isabel. E o homem Gonzaga saiu do carro para ver a moça de forma atenciosa.
Maria José circundou o veículo e chegou perto de Soraia pelo lado esquerdo do
veículo com um sorriso imenso a iluminar a face. E Gonzaga tratou com a moça o
combinado ficando de voltar à tarde para levar a moça com a sua bagagem de mão.
De
volta daquela manhã primaveril Ambrósio ainda
falou sobre o pessoal do campo como a gente gosta de ajudar os seus
amigos e parentes em qualquer situação, mesmo na total desesperança. Homens,
mulheres e crianças. Eles fazem de tudo para ajudar a alguém quando essa pessoa está em total desesperança.
Ambrósio:
---
Para o senhor ver como é o homem do campo. Ele ajuda de qualquer jeito a pessoa
até a sacrificar a sua própria vida. – disse o homem com forte angustia.
Gonzaga:
---
É isso compadre. Eu também sou homem do campo. Se hoje moro na capital é porque
por acolá tem vida melhor. Mas o campo é minha sina. – respondeu o homem ao
dirigir o seu veículo.
Já
estava ao meio dia quando os dois conhecidos chegaram à vila do Carvalho
próximo ao centro da cidade. Pouca gente na rua. Criança, quase nenhuma.
Algumas a comprar na bodega uma coisa qualquer. Talvez a sua mãe a esperar na
porta do casebre com a mão enfiada na cintura e a gritar.
Mãe:
---
Chega menina! Ora que peste! – dizia a mulher com mal humor.
Isabel
estava na cozinha na casa preparando o almoço do menino Francisco enquanto a
sua mãe se deitava na cama de solteiro ajudada por Ludmila, pois acabara de
almoçar naquela hora do dia. Gonzaga chegou e cumprimento a velha – ainda moça
de 50 anos, pois a angustia lhe dava mais idade – e a moça se voltou para ver
quem estava na porta do quarto. Após breve saudação o homem se dirigiu a
cozinha da casa. O calor era sufocante. Ambrósio se despediu logo na porta de
saída prometendo voltar com um pouco mais. Isabel se voltou ao marido e indagou
se eles encontraram a casa de Maria José:
Gonzaga:
---
Foi fácil. Ela vem logo à tarde para conversar com você. A moça vem também. Ela
mora próximo da casa de Maria José. – respondeu meio cansado da viagem que fez.
Isabel:
---
Jura? Ah sinhá safada! – respondeu Isabel a sorrir.
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